sábado, janeiro 31, 2004

Medida de esquerda? Chamem-lhe o que quiserem.

O Público de hoje dá a conhecer que o Ministério da Justiça vai alargar este ano a todo o país a substituição das penas de multa ou inferiores a um ano de prisão por trabalho comunitário. Já ouvi vários socialistas afirmarem que esta é uma medida de esquerda, pois, segundo eles, a direita é mais repressiva no que concerne ao tema da segurança.
Pois bem, a verdade é que nos seis anos que o PS esteve à frente dos destinos do País, pouco ou nada se fez na questão da reinserção dos presos e, é agora, a direita a propôr uma medida que valoriza as capacidades dos condenados de pequenos delitos, já como o tinha feito aquando da aposta nas pulseiras electrónicas.
Esta é uma medida de louvar, pois a substituição de multas ou penas leves pelo trabalho comunitário beneficia o condenado e a sociedade. Pouco interessa saber se é de esquerda ou de direita. É deste Governo e ponto final.

sexta-feira, janeiro 30, 2004

Em defesa da família. Sempre!

Um dos temas que neste blogue costuma registar mais comentários é o que anda à volta do "triângulo" família-casamento-homossexulalidade. Proponho-me, agora e aqui, apresentar a minha opinião fundamentada, de modo a esclarecer todos aqueles que afirmam não compreender a postura dos que defendem o conceito tradicional da família (tradicional enquanto união de um homem com uma mulher).
Convém, primeiramente, chamar a atenção de que sou católico, mas que tenho também o discernimento e capacidade suficientes de pensar pela minha cabeça. Depois, quero alertar os mais precipitados que tenho uma visão aberta da realidade actual, pelo que nada me move contra a condição homossexual.
O que não admito na minha forma de ver um mundo cada vez mais globalizado e liberto de preconceitos (e ainda bem nalguns aspectos!) é a banalização com que alguns pretendem considerar o conceito de família, enquanto instituição que se materializa, quanto a mim, na união estável e leal de um homem e uma mulher. Não me podem obrigar a alterar o significado de um conceito que tem milhares de anos e pelo qual rejo a minha forma de estar na vida, sobretudo enquanto cidadão que constituiu a sua própria família.
Nada me move contra os casais homossexuais enquanto isso mesmo, casais, mas daí a virem invocar que são uma família e que exigem que lhes seja permitido casar e adoptar crianças vai uma distância, que quanto a mim é incomportável.
A sociedade actual passa por mudanças ao nível das mentalidades e dos comportamentos, cuja velocidade dificulta a análise fria e serena de novas realidades, como é o caso da união entre homossexuais. Não me deixo levar por essa velocidade. Pelo contrário, penso não haver qualquer obstáculo a que se constituam casais homossexuais, mas já no que se refere a que a estes sejam concedidos os direitos e deveres inerentes ao de uma família, já não me parece razoável. E, isto por uma razão muito simples: a família, enquanto união de um homem e uma mulher, é, para mim, a célula fundamental da sociedade e, deve ser a partir dela que se deve fomentar a descendência. Logo, a formação e educação de uma criança deverá ser concedida, quanto a mim, apenas aos casais heterossexuais, pois uma criança que cresça num ambiente dominado pela homossexualidade terá sempre dificuldade (nem que seja inconscientemente) de descobrir e exteriorizar a sua tendência sexual, já para não falar da falta que lhe fará a figura do pai ou da mãe.
Dito isto, volto a frisar que nada me move contra os homossexuais e aqueles que se querem constituir como casais, mas têm de compreender que, e desculpem-me a comparação se for ofensiva, tal como alguém que nasceu sem jeito para a pintura não poderá aspirar a ser um grande pintor, também aqueles que nasceram homossexuais, não poderão, no meu entender, desejar contrair matrimónio e, muito menos adoptar crianças.
O mundo não nasceu igual para todos...

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Descalabro, afirma o Ministro.

E com toda a razão! Os resultados das provas de aferição realizadas aos alunos dos 4º, 6º e 9º ano de escolaridade em 2002 foram hoje divulgados e são arrepiantes. Nos próximos dias muito se irá escrever sobre as causas destes resultados e avançar-se-ão com medidas que visem mudar o panorama.
Como professor, aqui deixo apenas uma dessas causas que, quanto a mim, provoca a desmotivação dos alunos pelo estudo. Como é possível que com um currículo com mais de dez disciplinas se consiga ter uma aprendizagem de conhecimentos minímamente equilibrada? Repare-se que, por exemplo, no 7º ano de escolaridade os alunos têm um quadro curricular composto pelas áreas de Língua Portuguesa, Inglês, Francês, História, Geografia, Ciências Naturais, Matemática, Físico-Química, Educação Visual, Educação Física, Área de Projecto, Estudo Acompanhado, Formação Cívica e alguns alunos ainda têm Religião e Moral e pertencem a diversos clubes.
Ora, como é possível exigir a muitos dos nossos alunos que consigam "encaixar" tanta matéria diferente nas suas cabeças, leccionada quase sempre por professores diferentes e com disciplinas que têm apenas uma vez por semana?

Proibir um véu islâmico? (continuação)

No debate que se tem desenrolado sobre a recente proposta de lei do Governo francês, a propósito da proibição do uso ostensivo de símbolos religiosos nas escolas do Estado, a maioria dos intervenientes parece querer fugir ao termo "ostensivo" que a lei incorpora no seu texto. Ou seja, aqueles que estão contra esta proposta de lei defendem a sua posição, argumentando que a liberdade religiosa (independentemente dos seus princípios) é superior a qualquer tipo de imposição legal.
No entanto, penso que esta proposta de lei não vai contra a liberdade religiosa, precisamente porque no seu texto surge a palavra "ostensivo", no sentido de não quebrar essa liberdade. O que se pretende, penso eu, não é proibir o uso de um qualquer símbolo da religião muçulmana, judaica ou outra, mas sim proibir o seu uso ostensivo, o que equivale a dizer que todo o símbolo externo que signifique, por exemplo, um sinal de menorização ou inferioridade, como o é o véu islâmico quando usado de forma ostensiva, é assim proibido.
Esta proposta de lei não proíbe o uso de símbolos discretos, seja a cruz ao pescoço de um católico, uma estrela de David no casaco de um judeu ou a mão de Fátima na carteira de uma muçulmana. Agora, tudo o que signifique castração de direitos ou inferiorização da mulher (e o véu islâmico significa isso mesmo) é, desta forma, proibido. Ora, tal ideia não me choca, ainda para mais nas escolas, onde as crianças devem assimilar a igualdade de direitos que deve haver entre homens e mulheres.

quarta-feira, janeiro 28, 2004

Proibir um véu ofensivo? Porque não?

Nos últimos tempos, muito se tem escrito e falado sobre uma proposta de lei que vai ser votada na Assembleia Nacional Francesa no próximo mês e que prevê a proibição de utilização de sinais que manifestem ostensivamente a confissão religiosa dos alunos nas escolas, colégios e liceus públicos. Esta proposta está a ser, em larga medida, criticada e recusada pela população muçulmana a viver em França e o seu debate já chegou a Portugal, nos órgãos de comunicação social e aqui, na blogosfera.
A minha opinião é muito simples em relação a este assunto. Penso que a palavra "ostensivamente" aplicada na proposta de lei é clara no sentido de evitar que as jovens muçulmanas se desloquem para a escola com a cabeça escondida. Não vale a pena comparar a utilização de um crucifixo ao pescoço de uma jovem católica (que em nada é uma atitude ostensiva) com um véu islâmico, este sim um símbolo castrador da liberdade das mulheres muçulmanas.
Por isso, esta proposta de lei não me choca em nada, visto que o que se pretende é tão simplesmente acabar com os símbolos religiosos que são ofensivos para a igualdade de direitos entre homens e mulheres. E, a verdade é que o véu islâmico o é... Se é necessário legislar para impôr a igualdade entre homens e mulheres que se legisle! Por alguma razão existem as leis...

terça-feira, janeiro 27, 2004

Política baixa...

Perante a recente notícia avançada pelo Jornal de Negócios de que o Ministério da Justiça, tutelado por Celeste Cardona, reteve os descontos para a Segurança Social feitos a 580 trabalhadores com contratos a prazo em 2003, num montante superior a 670 mil euros, já se veio dizer que esta situação configura um crime fiscal perante o qual a Ministra da Justiça deve ser responsabilizada e, caso se venha a confirmar, eventualmente, condenada a pena de prisão. Pois bem, esta ideia parece-me um completo disparate! Ouvi hoje na SIC, o fiscalista Saldanha Sanches, vir aventar com a possiblidade de que a Ministra Celeste Cardona poderá vir a ser constituída arguida num eventual processo de crime fiscal.
Claro que toda a esquerda parlamentar já veio exigir a "cabeça" da Ministra, num claro sinal de baixeza política. Não digo que o Estado agiu bem na retenção dos descontos (muito pelo contrário!), mas será que o que aconteceu não foi um simples congelamento dos ditos descontos para a Segurança Social, enquanto a situação laboral dos trabalhadores não for regularizada. Alguém acredita que a Ministra da Justiça agiu com dolo nesta questão?
O que a esquerda vem provar é que rejubila com estes pseudo-escândalos, tendo em vista a queda de Ministros e do próprio Governo...

A ameaça de sempre...

No fim-de-semana passado voltaram as ameaças da população de Canas de Senhorim pela criação de um novo concelho. Afirmou o Presidente da Junta de Fregueisa de Canas que a população jamais sossegará enquanto não for criado o concelho de Canas.
Seria bom que se aproveitasse a actual Reforma da Administração do Território em curso para esclarecer esta situação, potenciadora de divisões populacionais e de outras tentativas de separatismos concelhios.
É bom que se saiba que a freguesia de Canas de Senhorim é demasiado pequena, tanto em área, como em termos populacionais para vir reclamar a sua constituição em concelho e que as razões históricas nada têm que ver com a possibilidade de se constituírem novos concelhos. Aliás, é provável que Portugal até tenha concelhos a mais, originando o "esfumar" de muito dinheiro pelas suas classes dirigentes...
Para quando o esclarecimento pela classe política desta questão canense?

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Atitude de adultos...

Depois da tragédia que abalou o país na noite de ontem, com o falecimento de Miklos Fehér em pleno relvado, o ambiente que hoje se vivia na escola era diferente do habitual. Entrei na escola e deparei-me com diversos grupos de alunos agarrados a jornais, para se enteirarem do ocorrido. O próprio pavilhão de aulas estava menos barulhento que o costume e na sala dos professores não se ouviam risadas nem graçolas.
O que mais me sensibilizou foi, quando cheguei à sala de aula do 8ºD e alguns alunos me pediram para que eu deixasse a turma fazer um minuto de silêncio em memória ao jogador do Benfica. Não esperava tal atitude, mas gostei e, por instantes, senti-me estar junto, não de uns jovens irrequietos e barulhentos, mas sim de uns homens e mulheres de palmo e meio...

domingo, janeiro 25, 2004

Lisboa: cidade com vida

Depois de ter vivido em Lisboa durante cinco anos, optei por me fixar e constituir família numa cidade de média dimensão do interior do país, no caso, Viseu. No entanto, continuo a ir a Lisboa, onde tenho família e amigos. Geralmente, desloco-me à capital ao fim-de-semana, onde a confusão é menor e se consegue "aproveitar" melhor o que a cidade tem para oferecer aos que a ela se deslocam.
Depois de ter passado o dia e a noite de ontem em Lisboa, tirei algumas constatações: a cidade continua a atrair muitos turistas estrangeiros que ficam maravilhados com os monumentos da nossa capital e a hospitalidade das pessoas; nos últimos tempos parece-me que se está a banalizar a colocação de placards publicitários nas paredes dos prédios devolutos da cidade, o que não é nada bonito para a imagem de Lisboa; a "praga" dos arrumadores de automóveis continua e parece alastrar; a variedade de espectáculos culturais parece estar a melhorar; os bairros históricos continuam, apesar das dificuldades, com vida.
Enfim, Lisboa, continua de braços abertos para os que a querem visitar. Pelo menos ao fim-de-semana. Mas, pode-se fazer sempre mais e melhor pela nossa capital...

sexta-feira, janeiro 23, 2004

Até os polícias!!!

No dia em que os sindicatos da Função Pública se dedicaram a uma jornada de greve ao trabalho, as associações sócio-profissionais que representam os agentes de segurança da PSP vieram ameaçar o Governo de que pretendem usufruir do direito à greve. Era o que faltava!
A continuar com este tipo de reivindicações, qualquer dia temos os sindicatos a exigirem que o Governo não lhes corte com o salário nos dias de greve...

Questões para sindicalistas responderem

1ª O número de funcionários públicos em Portugal não é excedentário em relação à média da UE e às necessidades vigentes?
2ª O salário médio na Função Pública não é maior em relação ao que é pago no Regime Geral?
3ª O número de horas semanais de trabalho na Função Pública não é menor em relação ao horário de trabalho semanal do sector privado?
4ª Os funcionários públicos não têm privilégios a mais, relativamente aos trabalhadores do sector privado (exemplo do número de dias que podem faltar com justificação, concessão de subsídio de refeição, horário fléxivel, intervalos para tomar o café, etc.)?
5ª Na Função Pública as subidas de escalão não são, actualmente e na prática, feitas de forma automática, com quase todos os funcionários públicos a terem nota de avaliação máxima?
6ª Os utentes da Função Pública, regra geral, não se queixam da forma lenta, antipática e confusa com que são atendidos na maioria das repatições públicas?
Quantas destas perguntas não terão respostas positiva? Quem se atreve a responder "não"?

quinta-feira, janeiro 22, 2004

Esfregar de mãos...

Hoje à tarde, muitos dos funcionários públicos que afirmam ir fazer greve amanhã, estarão de malas aviadas para um fim-de-semana prolongado. Médicos, enfermeiros, professores, funcionários judiciais e muitos outros aproveitarão, mais uma vez, a convocação de uma greve para uma sexta-feira com o objectivo de fazerem umas mini-férias, longe do trabalho, que tanto desprezam. Mais uma vez, uma greve da treta!

Mas que sentido de responsabilidade!

Ontem vinha a vir do trabalho para casa e, como sempre, tinha o rádio sintonizado na TSF. Fiquei perplexo quando ouvi os resultados de um inquérito efectuado pela Ordem dos Advogados a todos os seus associados. O que mais me surpreendeu foi a forma descansada e quase orgulhosa como o seu Bastonário se referiu à percentagem de advogados que responderam ao referido inquérito: 45,7%. Afirmou Júdice que a taxa de respostas foi "invulgarmente elevada neste tipo de estudos". Dá vontade de rir...
Então num estudo realizado pela sua Ordem, sem qualquer tipo de custos para os inquiridos e respeitando a confidencialidade, nem sequer metade dos advogados se dá ao trabalho de responder a um simples inquérito e de o mandar à sua Ordem... Isto é que temos uma advocacia no nosso país!

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Bush sem papas na língua

No discurso de Bush sobre o Estado da União, o Presidente dos EUA afirmou a sua vontade de criar uma lei que proíba os casamentos de casais homossexuais, como resposta à aprovação em Novembro último do casamento entre homossexuais no Estado de Massachusetts. Por outro lado, o governo de Bush planeia destinar 1 bilião e meio de dólares para promover casamentos, especialmente entre os casais de baixos rendimentos.
Depois de há uns meses atrás ter-se visto tanta publicidade na televisão em torno de duas mulheres portuguesas que se "casaram" no Canadá, surge esta intenção de Bush em valorizar o conceito da família. Com o risco de me chamarem conservador e retrógrado, concordo inteiramente com estas medidas. Claro que os grupos de defesa dos homossexuais lá virão dizer mais uma vez que estão a ser perseguidos...
Não me repugna nada que dois homens queiram viver juntos; agora em relação a casarem-se e, como pretendem alguns, adoptarem cianças, por favor, tomem juízo. Por este andar e se não se tomarem medidas, daqui a uns tempos, a minoria ainda se torna em maioria!

Que silêncio...

O Governo português assinou hoje com o seu congénere espanhol o acordo do MIBEL, que cria o Mercado Ibérico de Electricidade. Achei interessante a forma silenciosa com os blogues de esquerda reagiram a este acontecimento. Quando se deu a liberalização dos preços dos combustíveis fartaram-se de falar; agora que se promoveu a liberalização dos preços da electricidade ficaram calados...

terça-feira, janeiro 20, 2004

Um debate estéril...

O debate a que ontem assistimos, no Programa Prós & Contras da RTP1, sobre a questão do aborto revelou-se, mais uma vez, estéril e pejado de informações incorrectas, no sentido de confundir as pessoas. Mas, a grande divergência entre as partes do sim e do não, que ontem foi bastante visível, centra-se no facto de uns terem como foco de atenção a liberdade de escolha que deve ser dada à mulher, enquanto que os outros direccionam a sua atenção para o problema da inviolabilidade do direito à vida do feto.
Enquanto a questão for dicotómica, como ontem o foi, chegar-se-á sempre ao final destes debates, que supostamente devem esclarecer, ainda mais confundidos e com opiniões extremistas e radicais. Por isso, deve-se primeiro esclarecer os termos em que devem ser debatidas as questões, para não acontecer o que a ontem se assistiu: três horas de muita conversa, mas pouco esclarecimento. Áh, e já agora, convém que os moderadores deste tipo de debates tentem, pelo menos, disfarçar a sua parcialidade... Só assim valerá a pena realizar debates sobre a questão do aborto.

segunda-feira, janeiro 19, 2004

Será desta?

O Presidente da República (PR) defendeu hoje, no encerramento da sessão solene de abertura do ano judicial, que o segredo de Justiça deve vincular também os jornalistas, apelando a uma reflexão sobre a necessidade de alteração da lei vigente.
Concordo inteiramente com esta ideia, mas será que alguém vai levar a sério o que disse Sampaio, depois das inúmeros queixumes que nos últimos tempos o PR tem vindo a fazer? E convém alertar que não chega reflectir; urge agir. Claro que a "bola" está agora do lado dos legisladores, impondo-se a existência de uma lei dura e firme contra a impunidade a que chegou o segredo de Justiça. Talvez só com a caticação da carteira de jornalista ou com a pribição de publicação de órgãos de comunicação social é que os jornalistas venham a ter mais respeito pelo segredo de justiça...
E convém não esquecer que as penas devem incluir tanto os que publicam a informação em segredo de Justiça, como aqueles que servem de pseudo-fonte jornalística. Veremos o que farão os deputados em termos de legislação.

(Des)conversa de amigos...

Assisti ontem por instantes, enquanto fazia zapping televisivo, a uns minutos de conversa entre Santana Lopes e Herman José no programa Herman SIC. Achei ridícula a forma como as duas personagens tentaram dar a entender que travavam uma conversa séria acerca da vontade de Santana Lopes se candidatar às Presidênciais de 2006. Ambos se tratavam por tu, numa intimidade que roçava a incredulidade. Então as perguntas que Herman fez a Santana, empurrando, constantemente, a conversa para o tema das eleições presidênciais foi delirante.
Estranho, ou nem tanto, foi a imagem que Santana deu de si com esta aparição pública. Cavaco Silva deve ter agradecido. E eu também...

domingo, janeiro 18, 2004

Uma medida a pensar no futuro

Do conjunto de medidas aprovadas ontem no Conselho de Ministros, realizado em Óbidos, destaco a disponibilidade de cerca de mil milhões de euros nos próximos três anos para o apoio a programas de ciência e inovação. Esta é uma medida com visão de futuro e que retrata bem como se devem gerir correctamente os dinheiros públicos. Aliás, Durão Barroso foi esclarecedor quando afirmou que "seria mais populista aumentar os salários de todos os funcionários públicos, mas é mais correcto investir nas capacidades do país".
Concordo inteiramente com esta forma de entender as prioridades do país. Mais importante do que satisfazer necessidades actuais que não são prioritárias, é sim, perceber que o futuro do país, no quadro da competição e da concorrência internacionais, está na capacidade de se melhorarem os recursos humanos, investindo na inovação e investigação científica.
Estanho, ou nem tanto, foi o silêncio "ensurdecedor" da esquerda e dos sindicatos face a estas medidas...

sábado, janeiro 17, 2004

Contradições...

O Governo voltou, pelo segundo ano consecutivo, a apresentar uma proposta diferenciada de aumentos salariais na Função Pública, materializada num aumento de 2% para aqueles que auferem menos de 1 000 euros e um congelamento salarial para os que vêem ultrapassado aquele valor no seu vencimento.
Logo vieram os Sindicatos em peso manifestarem o seu desacordo relativamente a esta proposta. Penso que há aqui alguma incoerência por parte das organizações sindicais, na medida em que no ano passado quase todas elas concordaram com esta mesma solução para os aumentos salariais na Função Pública em tempo de vacas magras. Ora, se este ano continuamos a viver em crise, esperando-se que apenas no ano 2005 haja uma vedadeira consolidação orçamental é de bom senso a proposta apresentada pelo Governo.
Ainda para mais, não são os Sindicatos que se estão sempre a queixar que deveria haver uma verdadeira política de justiça salarial? Ora, não é esta uma medida equilibrada de proposta salarial, com aqueles que ganham menos a serem privilegiados em relação aos que ganham mais de quase três vezes o salário mínimo nacional?
Há, pois, aqui alguma contradição entre o discurso dos sindicatos e a sua prática corrente... Por um lado, defendem que os que ganham menos em Portugal devem ser beneficiados e, por outro, exigem aumentos salariais uniformes para todos os funcionários públicos.
O que o Governo agora propôs, não é a prova de justiça salarial que a esquerda e os sindicatos tanto reclamam? Claro que nem tudo são rosas e que existem muitos casos de injustiças, como no caso das reformas dos políticos e dos salários dos Directores-Gerais de Empresas Públicas. Mas, não confundamos os casos. Aqui, apenas estamos a discutir a proposta de aumento salarial na Função Pública e a correspondente reacção dos Sindicatos e, nesta matéria, concordo com a medida do Governo.
Melhores dias virão...

sexta-feira, janeiro 16, 2004

Uma esquerda esquizofrénica...

Depois de, há cerca de dois anos e meio, Ferro Rodrigues ter chegado à liderança do PS, os socialistas fizeram uma viragem radical à esquerda e assumiram o papel que até aí era protagonizado pelo PCP e BE. Os comunistas sentiram então que a liderança de Ferro Rodrigues lhes estava como que a retirar o tapete do "protagonismo" e assustaram-se. É neste contexto que se pode considerar como tendo sido benéfico para os comunistas as "feridas" que o caso Casa Pia trouxe ao PS.
Dada a aproximação do PS à esquerda mais ortodoxa que já passou por Portugal, desde os tempos de Soares à frente do PS, os comunistas pensaram então que Ferro Rodrigues estava como que a fazer um "piscar de olhos" à restante esquerda, para assim tentar a reconquista do Governo já nas próximas eleições legislativas. Por ouro lado, Carvalhas sabe que só conseguirá manter-se à frente do PCP caso dê esperanças aos seus camaradas de que poderá finalmente chegar ao Governo. E, essa possibilidade só poderá concretizar-se com uma coligação PS-PCP.
Pensava Carvalhas que Ferro Rodrigues consideraria com agrado a dita coligação já nas próximas eleições europeias, para assim aguentar a oposição interna socialista, liderada, subtilmente, por Jorge Coelho. Por isso, ontem Carvalhas encheu-se de coragem e decidiu ir à pesca tentar "capturar" o seu aliado mais natural: o PS. Deu-se mal, pois Ferro Rodrigues, de orgulho ferido, rejeitou a proposta comunista para não dar sinal de fraqueza ao eleitorado.
E, assim vai a esquerda portuguesa: aos trambolhões, sem rumo e, agora de costas voltadas.
Durão e Portas devem continuar a sorrir...

quinta-feira, janeiro 15, 2004

Breve balanço da nova 2:

Já passou mais de uma semana desde o aparecimento do novo canal de serviço público, denominado "A Dois". Penso que é já possível fazer um balanço sintético sobre a qualidade dos novos programas e do caminho traçado pelos administradores da RTP para este canal que aparece de "cara lavada".
Convém lembrarmo-nos que a primeira intenção do Governo de acabar ou reformar por completo a RTP2 não foi levada por diante, de forma a conseguir abarcar a maioria das opiniões (partidárias e da sociedade civil) que se manifestaram aquando da consulta pública. Pois bem, o Governo teve o bom-senso de abrir as portas da 2: à sociedade civil e a todas as organizações e instituições que pretendem fazer serviço público, orientando a nova programação do canal num sentido rigoroso e de conteúdos pertinentes dirigidos a todas as faixas etárias.
Daí que na nova 2: tenhamos uma grande variedade de programas, que conseguem atingir todas as classes etárias e sociais, tendo-se diminuído o número de horas dedicadas às séries de ficção e desporto e apostado em programas e documentários de apreciável qualidade como Hora Discovery, Magazine, Tudo em Família, Parlamento, Onda Curta, entre outros. Outras mudanças pela positiva foi terem-se colocado os novos programas em horários correctos de emissão, diversificando os conteúdos do horário nobre e diminuído o noticiário para uns suficientes trinta minutos.
O caminho está traçado e, até agora, bem traçado. Agora há que segui-lo, ignorando os profetas da desgraça...

terça-feira, janeiro 13, 2004

O País das Universidades

Vital Moreira escreve no Público de hoje um excelente artigo sobre o fenómeno da multiplicação das instituições de Ensino Superior em Portugal. Efectivamente, Portugal deve ser dos países onde a rede de Universidades e Politécnicos é mais densa, tendo em conta que o território continental tem uma área de apenas 88 000 Km2.
Cada um dos distritos do continente (e são dezoito!) tem, pelo menos uma instituição de Ensino Superior e, tendo em conta que a oferta de vagas começa cada vez mais a superar a procura, não deixa de ser estranho que corram rumores de que o Governo se prepara para criar mais uma Universidade, desta feita em Viseu.
Penso que a "banalização" das Universidades privadas que se deu na década de 90 deveria servir de exemplo para que o Governo não fosse atrás da "pedincha" de certos Presidentes de Câmara que, por se darem bem com o Governo, pensam que se podem dar ao luxo de "exigir" uma Universidade para a sua terra. Todos sabemos que o Presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas (que também é Presidente da Associação de Municípios Portugueses) é do PSD e tem alguma influência junto do Governo. Contudo, espero que Durão Barroso não vá na conversa do facilitismo e reconsidere que o País já está a "abarrotar" de Universidades.
Mais importante seria sim reformar (incluindo extinguir) muitos dos cursos que existem e que, não tendo alunos, servem apenas para "embelezar" as publicações das Universidades e dar emprego (não trabalho!) a alguns docentes do Ensino Superior... A propósito, para que servirá o curso de Engenharia da Linguagem da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa?

XUTOS & PONTAPÉS - 25 anos

Hoje comemoram-se os 25 anos da primeira actuação ao vivo do maior grupo português de rock. Parabéns...
Aqui deixo a letra daquela que para mim é a melhor música de sempre dos Xutos. Uma música sempre actual...

Chuva dissolvente

Entre a chuva dissolvente
No meu caminho de casa
Dou comigo na corrente
Desta gente que se arrasta
Metro, túnel, confusão
Entre suor despertino
Mergulho na solidão
No dia a dia sem destino

Putos que crescem sem se ver
Basta pô-los em frente à televisão
Hão-de um dia se esquecer
Rasgar retratos largar-me a mão
Hão-de um dia se esquecer
Como eu quando cresci
Será que ainda te lembras
Do que fizeram por ti

E o que foi feito de ti
E o que foi feito de mim
E o que foi feito de ti
Já me lembrei, já me esqueci

Quando te livrares do peso
Desse amor que não entendes
Vais sentir uma outra força
Como que uma falta imensa
E quando deres por ti
Entre a chuva dissolvente
És o pai de uma criança
No seu caminho de casa

E o que foi feito de ti
E o que foi feito de mim
E o que foi feito de ti
Já me lembrei, já me lembrei
Já me esqueci

letra: Tim
música: Xutos & Pontapés

segunda-feira, janeiro 12, 2004

Uma descentralização com "pés de barro"...

Antes ainda de assistir ao programa Prós e Contras de hoje na RTP1, que tem como tema a interioridade, vou apresentar aqui a minha opinião sobre a nova reforma administrativa que o Governo deu hoje início, através da apresentação da nova comunidade urbana do Vale do Sousa.
Penso que esta tentativa de reformar a divisão administrativa do território português peca por um grande pecado, que consiste no facto de a mesma estar a ser feita totalmente ao nível das autarquias (sem intervenção do Estado), com estas a jogarem em várias frentes na procura do maior protagonismo possível e pela união de concelhos cujos autarcas se entendem melhor... Quero com isto dizer que há o risco de, após as próximas eleições autárquicas, alguns dos novos presidentes de câmara tencionarem deixar a respectiva comunidade urbana, para pertencer a outra que nessa altura mais lhe convir.
Acho que seria mais conveniente e eficaz promover comunidades urbanas, desde que o poder central tivesse alguma intervenção na sua constituição, por forma a que estas pudessem ter uma "vida" suficientemente longa e equilibrada. Pelo que tem vindo a público, muitas das comunidades urbanas estão a ser autenticamente "negociadas" entre autarcas amigos, alguns do mesmo partido, havendo o risco de as tornar artificiais, promovendo assim a criação de mais uma frente "lobbista".
Espero sinceramente estar enganado e que o programa de mais logo na RTP1 me faça mudar de opinião. A ver vamos...

domingo, janeiro 11, 2004

A Madeira longe dos turistas...

Da única vez que fui à ilha da Madeira, no Verão passado, interessei-me por esclarecer uma dúvida que tinha. Essa dúvida residia em perceber como vivem os madeirenses que residem fora do Funchal... Normalmente, tem-se a ideia que a Madeira é o Funchal e pouco mais.
Puro engano! Na verdade, apesar da capital madeirense ter uma raio de acção macrocéfalo sobre o resto da ilha, há uma outra Madeira que nada tem que ver com a cidade turística do Funchal. Quando lá me desloquei tive a preocupação de não seguir os roteiros turísticos que as agências de viagens proporcionam aos turistas. Aluguei um automóvel no Funchal e, de mapa na mão, tentei conhecer todas as restantes cidades e vilas da ilha, entrando nos cafés e tabernas locais e conversando com as pessoas simples. E, a verdade é que me apercebi que, realmente, na Madeira existe muita pobreza, com a população mais jovem das cidades e vilas piscatórias de Câmara de Lobos, Calheta e Machico, entre outras, a passar muito mal...
Em relação a esta matéria, acho que nunca ouvi uma palavra de Alberto João Jardim. A este propósito aconselho, para um melhor conhecimento da realidade madeirense, a leitura da reportagem do Público.

sábado, janeiro 10, 2004

A valorização do pessimismo

A revista Visão desta semana dá a conhecer os resultados de uma sondagem a propósito das expectativas que os cidadãos de 60 países têm em relação ao ano de 2004. Diz a Visão que Portugal é o país dos "velhos do Restelo", por ser, segundo a dita sondagem, o quinto país mais pessimista dos sessenta sondados.
Nunca dei muita importância aos resultados finais deste género de sondagens, baseados, muitas vezes em inquéritos respondidos à pressa e quase aleatoriamente. Como sou professor de Geografia costumo responder com agrado a este tipo de inquéritos, para perceber a amplitude e correcção das perguntas formuladas, tendo-me por isso apercebido dos lamentos que os entrevistadores fazem por pouca gente responder seriamente às suas questões. Muitas vezes, os entrevistados respondem à pressa, o que aliado a um elevado índice de iliteracia talvez tornem distorcidos os resultados finais destas sondagens. Já no meu tempo de estudante universitário, sempre tive alguma dificuldade em conseguir encontrar pessoas que respondessem com seriedade aos inquéritos...
Penso que seria bom que nos deixasse-mos tanto de valorizar este tipo de sondagens, sobretudo quando as mesmas incidem sobre a população em geral e, portanto, pouco interessada e capacitada para responder a estes inquéritos. Em relação às sondagens respondidas por telemóvel que inundam os nossos jornais e televisões, acho que nem vale a pena falar... Agora, até alguns blogues promovem sondagens!!!

Calado que nem um rato!!!

Nas últimas semanas não me lembro de ter visto nos noticiários televisivos qualquer referência a Paulo Portas. Parece que o caso Moderna lhe serviu de lição. E, ainda dizem que é Durão Barroso que anda a reboque de PP! É de rir... Pois bem, quem anda caladinho que nem um rato é Portas, comportando-se agora que nem um "anjinho"...
Só espero que o líder do PP continue assim durante muito mais tempo... Até Durão parece andar mais bem-disposto!

sexta-feira, janeiro 09, 2004

Estados Unidos xenófobo?

Muitos dos críticos da política de Bush afirmam que, actualmente, os EUA só olham para o seu umbígo e que são uma Nação incapaz de compreender a cultura de outros povos... Pelo contrário, defendem que a cultura europeia, essa sim, é mais abrangente e de maior abertura ao que lhe é estranho.
Pois bem, tenho a apresentar dois factos recentes que contrariam esta teoria tão proclamada pelos anti-Bush e, mais do que isso, autênticos anti-EUA.
Enquanto que, nas últimas semanas, temos assistido na França a uma profunda polémica sobre a definição dos limites da exposição da liberdade religiosa (que afecta sobretudo a comunidade muçulmana), ao mesmo tempo, chega-nos a notícia que o governo norte-americano propôs esta semana um pacote de medidas que permite aos imigrantes ilegais regularizar o seu estatuto, o que poderá levar à legalização de quase oito milhões de imigrantes, que já vivem e trabalham ilegalmente nos EUA e que apresentam origens tão vastas como a América Central, a Europa e a Ásia...
Que dirão agora os anti-Bush? Não me venham é com a conversa que Bush quer é garantir a sua reeleição, pois isso seria o mesmo que chamar de verdadeiros incultos e cegos a estes milhões de imigrantes...

Coerente e pragmático...

Pego nas palavras do insuspeito António José Teixeira para qualificar a entrevista concedida por Durão Barroso à SIC Notícias. Claro que o tema foi vantajoso para Durão, pois se a conversa girasse à volta da política interna, lá viria novamente a questão do déficit. E, a verdade é que os portugueses já devem estar fartos de ouvir falar dessa palavra "maldita"...
Mas, enfim, fica provado que em relação à política extrena Durão se sente como peixe na água. A lembrar o cherne...

quarta-feira, janeiro 07, 2004

A escola: depósito de jovens...

Iniciou-se na segunda-feira o 2º período de aulas nas escolas portuguesas. Numa das minhas turmas do 8º ano, alguns alunos, já fora da escolaridade obrigatória e que tiveram nove, dez e onze negativas no 1º período, voltaram às aulas da mesma forma como o fizeram no 1º período: sem livro, sem cadernos e alguns até sem uma simples esferográfica, aliado a um completo desinteresse pela matéria leccionada. Resolvi ficar com eles uns minutos no final da primeira aula deste período, a fim de perceber o que os levou a regressar à escola, depois de terem ido para as férias de Natal carregados de negativas. Pensava eu, que por estarem fora da escolaridade obrigatória e dado o seu fraco rendimento escolar, resolvessem ingressar na vida profissional...
As respostas que me deram são elucidativas: um disse-me que convenceu a mãe a deixá-lo ficar na escola até ao Verão para só depois ir trabalhar para a Suíça; outro informou-me (como se eu não soubesse!), que estando na escola não chateia ninguém lá em casa e o outro (o das onze negativas) disse-me que quem manda nele é ele mesmo e não os pais... Resta dizer que os pais destes três alunos demonstraram durante o 1º período de aulas um desinteresse confrangedor pelo (des)progresso dos seus filhos na escola.
Não seria tempo de o Estado "abrir" os olhos a estes pais, tirando-lhes, por exemplo, benefícios como o abono de família e outros... Talvez, assim, estes pais deixassem de ver a escola como o depósito criado para deixarem os seus filhos ao chamado "Deus dará"...

terça-feira, janeiro 06, 2004

Sindicatos da treta...

Jorge Sampaio promulgou o diploma do novo estatuto de aposentação da carreira docente, que impõe que os funcionários públicos só se possam aposentar com a reforma máxima, desde que o façam aos 60 anos de idade e, com pelo menos, 36 anos de serviço.
Os sindicatos, nomeadamente a CGTP (afecta ao PCP), ainda tinham esperanças que Sampaio não promulgasse o novo diploma, devolvendo-o à Assembleia da República. Queriam os sindicatos que não se tocasse nos chamados "direitos adquiridos" dos funcionários públicos... E, assim, já vieram com a treta das greves!
Apesar de ser trabalhador do Estado, não compreendo esta atitude dos sindicatos, que parecem ignorar duas coisas: por um lado, que os funcionários públicos são dos trabalhadores que mais privilégios usufruem neste país e, por outro, que, nas últimas décadas, a realidade sócio-demográfica portuguesa se alterou, com as pessoas a iniciarem a sua vida profissional mais tarde e, felizmente, a terem uma esperança média de vida mais prolongada. Os "Carvalhos da Silva" deste país dão a entender que não evoluíram no tempo, argumentando da mesma forma como o faziam há trinta anos atrás. O mundo mudou, mas os sindicatos não...
Não vejo qual é a injustiça de colocar a idade da reforma na função pública aos 60 anos, quando no sector privado, os trabalhadores se reformam mais tarde. Por outro lado, sabendo que, neste momento, a esperança média de vida dos portugueses se aproxima dos 80 anos, é perfeitamente natural que a idade da aposentação tenha de ser alargada. Mas, os sindicatos portugueses só olham às benesses. Até aposto que, se um qualquer Governo (talvez comunista), determinasse a quarta-feira como dia de descanso semanal, assim, já os sindicatos viriam bater as palmas... Tristeza!

segunda-feira, janeiro 05, 2004

Sampaio, o sensível

Será, certamente, com o epíteto de "o sensível" que Sampaio ficará conhecido na história dos Presidentes da República portugueses. Depois de Eanes, o sizudo, e de Soares, o viajante, Jorge Sampaio, pela forma como transborda emoção cada vez que fala sobre temas algo "bicudos" será lembrado como o "Presidente sensível".
Hoje, mais uma vez, a propósito das cartas anónimas, Jorge Sampaio quase que se descaiu, não conseguindo evitar a forma emocionada como discursou. Ao menos, Sampaio demonstra aquilo que é, ou pelo menos, que pensamos ser. Para o bem e para o mal...

domingo, janeiro 04, 2004

Egoísmo ao desbarato...

Tí­tulo de uma notícia do Público de hoje: Cristina dá "graças a Deus por não ter marido e filhos" . Que razões levarão Cristina a dizer isto? Pelas palavras desta mulher solteira "se os tivesse, não poderia comer uma sopa em frente ao televisor, se os filhos corressem pela casa, não poderia deitar-me, logo a seguir, e ficar a ler um livro". Depois de ler uma barbaridade destas ainda duvidei se teria lido bem e voltei à mesma afirmação. Confirmei o que tinha lido e pus-me a pensar até que ponto pode chegar o absurdo de uma mulher que se sente uma felizarda por não ter que aturar marido e filhos...
Será que as verdadeiras razões pelas quais Cristina não constituiu família é a sua falta de beleza ou incapacidade para que algum homem se sinta atraído por ela? É que para dizer uma coisa deste género tem de se ser bastante egocêntrico, egoísta ou, simplesmente, insociável...
A história desta mulher solitária insere-se numa reportagem do Público acerca das pessoas que em Portugal optam por viver sozinhas, umas porque, depois de terem passado por um divórcio ou uma viuvez se vêem "obrigadas" a viver sós, outras porque a vida não lhes proporcionou a constituição de uma nova família, outras ainda porque optaram por viver solteiras... Cada um é livre de escolher a forma como pretende viver, mas ver uma mulher congratular-se por não ter que aturar marido e filhos é sintoma, sobretudo em relação aos filhos, de puro narcisismo e egoísmo atroz.
A verdade é que, em Portugal, o número de casamentos está em queda e a natalidade não cessa de descer... Com estes exemplos, quase que há que "agradecer" a todos aqueles que contribuem para que o conceito de família ainda não seja considerado como uma realidade depreciativa da sociedade do século XXI...

sábado, janeiro 03, 2004

O vício da "futebolmania"...

O Público de hoje dá a conhecer os programas mais vistos na televisão portuguesa durante 2003, confirmando-se o vício que os portugueses têm pelo futebol, pois dos dez programas com mais audiência, nove corresponderam a jogos de futebol. Claro que estes estudos (se é que se podem chamar estudos!) de audiência têm pouca validade científica, mas não é nada de admirar que os números estejam próximo da realidade.
Reparem que, segundo as audiências de 2003, não aparecem nos primeiros lugares as entrevistas que Durão Barroso e Jorge Sampaio concederam à RTP1, nem tão pouco os vários espectáculos musicais que foram transmitidos pelas televisões generalistas ou mesmo as estreias em televisão de alguns filmes de sucesso.
Mais uma vez fica demonstrado que o português, regra geral, é "doido" pelo futebol, ao passo que, relativamente, a outras matérias, como a política ou a cultura, revela uma ignorância confragedora. Claro que há excepções e, muitos de nós, os frequentadores da blogosfera, pertencemos a essa excepção... Aliás, seria interessante saber qual o conhecimento da maioria dos portugueses em relação à blogosfera. Aposto que a maioria não sabe ainda o que é um blogue.
Isto não quer dizer que, quem tem um blogue não aprecia futebol. Bem pelo contrário: eu próprio amanhã irei assistir pela televisão ao Benfica-Sporting, mas não me limito ao futebol... Também gosto de ver debates televisivos, um bom programa musical (não na versão de imitações...) ou um bom filme.
Aliás, a procura do conhecimento cultural por parte da população portuguesa revela-se bem pelo tipo de publicações escritas que mais vendem: as revistas Maria e Caras ou os jornais A Bola e Record...
É pena subsisitir esta realidade, mas é difícil de alterar as mentalidades, não é?

sexta-feira, janeiro 02, 2004

Puras manobras de diversão...

Os recentes desenvolvimentos do processo Casa Pia são bem elucidativos da forma como para algumas pessoas não lhes interessa nada que este caso tenha condenados, para além do próprio Bibi (pois este já não terá fuga possível). De resto, pelo que nos últimos dois dias se tem dito e escrito, podemos tirar várias conclusões, que parecem não deixar antever um final promissor para este caso:
1º corre-se o sério risco da opinião pública ficar com a ideia que o caso Casa Pia constitui uma pura invenção mediática, fomentando assim o descrédito da Justiça;
2º fica a ideia clara que os actuais arguidos do processo Casa Pia são os grandes beneficiários das recentes notícias, pois a descredibilzação do processo interessa-lhes a todos os níveis;
3º fica provado que os advogados de defesa dos arguidos (que tiveram agora acesso livre ao processo) são, efectivamente, alguns dos informadores da comunicação social, não respeitando o segredo de justiça e tentando, de todas as formas, intoxicar a opinião pública e confundir os juízes, por forma a, tal como o fizeram em relação às inquirições para memória futura, adiar ou invalidar o julgamento;
4º o PS, que no início do processo, avançou com a teoria da cabala, aproveita as recentes notícias para "vender" esta ideia, preferindo não ouvir falar em presumíveis implicados do PSD e do PP, para assim continuar a fomentar a teoria da perseguição política.
Com tudo isto, louvo o trabalho que o Ministério Público tem vindo a exercer e, só espero que os juízes que irão tomar conta deste processo (se chegarem a tomar conta!) exerçam a sua função tal como o fizeram os investigadores, os procuradores e o juíz de instrução criminal, ou seja, sem medo, sem rodeios, sem manobras de diversão e sem contemplação pelo apuramento da verdade. Assim seja...

O que nos espera em 2004

O ano de 2004 vai, certamente, ser marcado por uma série de acontecimentos que não vão deixar que os portugueses fiquem sem assunto para comentar. Por um lado, temos o caso Casa Pia, que, logo no primeiro dia deste novo ano teve desenvolvimentos inesperados, deixando de "boca aberta" todos aqueles que têm seguido com interesse este caso... Esperemos que o tipo de notícias que hoje vieram a lume (o envolvimento, mesmo que indirecto, de Jorge Sampaio e António Vitorino neste caso) não descredibilizem este processo judicial, pois das duas uma: ou este tipo de notícias vêm "ajudar" os actuais arguidos, dando a entender que tudo não passa de uma cabala; ou o caso é muito mais grave do que se pensa e é o PS, mais do que os pedófilos, que está em julgamento.
Por outro lado, este novo ano será marcado pelo continuar da crise económica, que se espera que abrande quando o EURO 2004 se iniciar e Portugal for "invadido" por adeptos do futebol, ávidos de assistir ao Europeu e, esperemos nós, de aproveitarem o nosso país para passarem umas boas férias, gastando por cá os euros que trazem nos bolsos. Esperemos é que não tragam confusões atrás de si...
A nível político teremos as eleições europeias a 13 de Junho e as eleições regionais em Outubro. O mais certo é que, em plena época "futebolesca" e de gozo de férias, se assista à maior percentagem de abstenção de sempre registada nas eleições para o Parlamento Europeu. Tal e qual como os portugueses se (des)interessam cada vez mais pela política, estas eleições serão um autêntico aborrecimento. Quanto às regionais, serão mais um passeio para Alberto João Jardim na Madeira e um provável ressurgimento do PSD nos Açores. Certamente que em relação às Presidenciais de 2006, Santana Lopes continuará com a sua conversa "inconsequente" e novos "chamamentos" serão feitos a Cavaco Silva. O PS comportar-se-á como um partido "morto-vivo", à espera do aparecimento de um qualquer salvador...
Os portugueses continuarão a não poder ouvir falar do défice e os sindicatos aproveitarão a continuação da "maré baixa" para fazer greves e manisfestações, exercendo a oposição ao Governo, que o PS não faz.
Esperemos que a nossa selecção de futebol faça boa figura no Europeu (um dos três primeiros lugares será pedir muito?), para que, ao menos o "zé povinho" possa durante este ano ter alguma razão para sorrir.
O grande flop do ano será, provavelmente (caso a nossa selecção se porte bem e o processo da Casa Pia tenha um final "justo"!), o desprezo que os portugueses irão dar à comemoração dos 30 anos da Revolução de Abril... Assim se vê como o interesse dos portugueses pela História de Portugal anda pelas ruas da amargura... Infelizmente...