quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Assim vale a pena....

Nas minhas aulas de Geografia leccionadas ao 10º ano de escolaridade é habitual o desenvolvimento de uma actividade que é do agrado dos alunos. A actividade consiste no apuramento semanal por um grupo de dois alunos (escolhidos por ordem alfabética) das principais notícias da semana relacionadas com a disciplina de Geografia e que são apresentadas pelos próprios alunos ao resto da turma através dos recursos que bem entenderem (geralmente optam pela apresentação em Data-Show através do Power Point). Assim, uma vez por semana, durante 45 minutos, são os alunos que dinamizam a aula de Geografia e debatem os assuntos que consideram mais pertinentes, sendo que eu, enquanto professor, tento desempenhar uma função mais de moderador e não tanto de protagonista interveniente.
Ora, nas últimas sessões foram debatidos dois assuntos que estão na ordem do dia e que tiveram, por parte da maioria dos alunos, uma prestação que me agradou imenso. Numa das sessões debateu-se os prós e contras da instalação em Portugal de uma central nuclear. Os dois alunos que dinamizaram a aula fizeram a devida pesquisa em casa sobre o tema e conseguiram cativar os seus colegas para o assunto. Ora, a grande maioria dos alunos demonstrou a sua oposição à hipótese de Portugal avançar com a construção de uma central nuclear, argumentando de forma clara e justificando correctamente a sua posição, com base nas potencialidades do nosso país em apostar nas energias renováveis.
Já na sessão de hoje, debateu-se a questão dos cartoons sobre Maomé e foi interessante verificar que não houve nenhum aluno que concordasse com a postura tomada pelo jornal dinamarquês que, voluntariamente ou não, despoletou toda a situação que se conhece. Por outro lado, foi focada a questão da liberdade de expressão e os limites que lhe são devidos quando o respeito pela cultura alheia é atingido. Claro que nada justifica muita da violência que se viu pelo mundo muçulmano, mas até jovens de 16 anos compreendem a insensibilidade que houve da parte de muitos jornais europeus que decidiram publicar as caricaturas e despoletar toda esta controvérsia.
Duas conclusões: ensinar é muito mais do que "despejar" matéria e o bom-senso deve basear as nossas condutas e atitudes. Se a juventude compreende estas ideias, porque razão ainda há adultos que ousam em continuar a ser teimosos?

9 comentários:

M disse...

Caro Pedro, gosto da estratégia que utiliza na aula, ainda para mais quando a alia à utilização das TIC.
Deixo uma sugestão: ao invés de dois alunos por sessão com um tema, tente quatro alunos, divididos em grupos de dois, trabalhando o mesmo tema, mas defendendo pontos de vista diferentes. É provável que assim surjam mais dúvidas, que levem os alunos a pensar melhor no assunto.

M disse...

Voltando aos cartoons, o que o Pedro não compreende é que se proibir em breve surgirá uma lista interminável de coisas que não poderá criticar, ou pelas quais não se poderá manifestar...

Pedro disse...

Caro Marco, a liberdade de imprensa e de expressão deve basear a sua acção em duas premissas essenciais que devem ser cumpridas: o respeito pelos valores defendidos pelo próximo, sejam valores religiosos, éticos, políticos ou outros e a boa conduta, ou seja, o não fomento da provocação com o mero intuito de denegrir aqueles que têm ideias diferentes das nossas...
Se o Marco se refere à possível proibição de críticas provocatórias, a rasar o vexame, a maldicência e a humilhação então não me oponho, a bem da concórdia e do apaziguamento entre povos distintos...
Já agora, obrigado pelo conselho. Tem toda a pertinência. Abraço.

Anónimo disse...

Assim se estimula a participação civica dos alunos. Quando fui aluno do 12º ano também o meu professor de IDES (introdução ao desenvolvimento económico e social)promovia uma vez por semana uma actividade do género. Foi realmente gratificante. Depois, enquanto professor também já fiz uma actividade identica no 10º ano. Pena é que no 3º ciclo haja tão pouco tempo para esta maneira de "educação". e depois como praticamente só vemos os alunos uma vez por semana, torna-se mais dificil fugir ao programado, sobretudo quando chegamos à escola e já está tudo planeado. Também reconheço que a maior parte dos alunos não tem capacidade para o fazer. Mas nada custa tentar.

AnaCristina disse...

Miguel, tenho um desafio para ti lá no meu estaminé...
Fico à tua espera!

Beijinho

contradicoes disse...

Caro amigo agradeço o desafio que me fez
mas já participei num idêntico através do "congeminações", e para o qual fui desafiado pelo Zecatelhado do Tadechuva.
Julgo que me tornaria repetitivo nas respostas sobre as minhas manias o que não seria agradável nem novidade para quem delas voltasse a ter conhecimento.
Com um abraço do Raul

Work Buy Consume Die disse...

" Se a juventude compreende estas ideias, porque razão ainda há adultos que ousam em continuar a ser teimosos?" Porque somos burros, caro Pedro. Muito burros...

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" Se a juventude compreende estas ideias, porque razão ainda há adultos que ousam em continuar a ser teimosos?" Porque somos burros, caro Pedro. Muito burros...

Anónimo disse...

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