domingo, fevereiro 05, 2006

Cartoons de Maomé: não havia necessidade...

A discussão que, por agora, está na ordem do dia é a da decisão que alguns jornais europeus tomaram de apresentarem diversos cartoons "glosando" com a figura de Maomé, suscitando-se a dúvida de que até que ponto é que a liberdade de expressão deverá ou não ser limitada em situações especiais.
Ora, mais do que criticar a acção tomada pelo jornal dinamarquês que, certamente sem querer (penso eu), desencadeou a revolta que se conhece em muitos países do Médio Oriente, penso que há uma questão de bom-senso que deveria ter sido suscitada. Sabendo-se do fanatismo que é preconizado em muitos países muçulmanos relativamente à figura de Maomé e tudo o que diga respeito à sua religião (tantas vezes adulterada pelos próprios) e, tendo em conta a relação, no mínimo, algo problemática existente entre o povo muçulmano e os países ocidentais, mandava o bom-senso que se evitassem situações que pudessem levar à escalada de violência a que se tem assistido em diversos países do Médio Oriente contra embaixadas e interesses de diversos países europeus, levando, inclusive, à constituição de embargos comerciais.
Há ainda um longo caminho a desbravar nos países muçulmanos no que à democracia diz respeito. Ora, não será, certamente, com acções provocatórias, propositadas ou não, que o fanatismo poderá ser derrotado. O segredo está no reforço da educação, em todos os seus sentidos, e ainda na erradicação da pobreza extrema nestes países...

6 comentários:

Anónimo disse...

Não posso deixar de concordar contigo, no entanto, penso que não existe nenhuma blasfémia, uma vez que esta só aconteceria quando praticada por fiéis. Não serão também estas manisfestações resultantes dos fundamentalistas? o que teria acontecido se aquando da destruição dos Budas gigantes em Bamiyan, no Afeganistão em 2001 tivesse havido também manifestações? Como o Expresso dizia ontem e passo a citar:"Caricaturas do profeta Maomé publicadas na imprensa europeia provocaram fortes reações entre membros da comunidade islâmica, ao contrário dos ataques terroristas e massacres dos extremistas árabes um pouco por todo o mundo."

contradicoes disse...

Nós somos obrigados a tolerar todos os devarios cometidos pelos muçulmanos nomeadamente não tolerarem a existência doutras confissões religiosas ou a profanação dos seus simbolos. A publicação duns cartoons que visualizados não justificam esta reacção de destruição que os motivou. Depois destes e outros actos querem ser vistos
com bons olhos pelo ocidente. Nem agora nem nunca, senão resolverem modificar a sua postura civilizacional.

M disse...

Bom-senso? Quer dizer que não devemos exprimir algumas opiniões para evitar chatices?
E por que raio é que os muçulmanos tem forçosamente de mudar os seus regimes para a República?
Tem piada, primeiro diz que é preciso bom-senso e depois defende que se destrua os regimes em que eles vivem por vontade própria para caminharem para uma República.
Isso é que é respeito e bom-senso...

Pedro disse...

Caro Marco, exprimir opiniões de forma rigorosa não é o mesmo que publicar caricaturas desnececessárias e que em nada beneficiam as relações entre o Ocidente e o mundo muçulmano...
Quanto à sua questão sobre a República não a percebo, já que eu coloco a enfâse no esforço por uma educação plural, assente em democracias verdadeiras (e não em ditaduras que vivem à custa da iliteracia do povo), e não tanto no regime político que deve ser adoptado por aqueles regimes: monarquia ou república...
Convinha que se explicasse melhor. É que criticar por criticar não vale a pena...

M disse...

Peço desculpa, no meu comentário onde se lê república, devia ler-se democracia.
O facto de o Pedro acreditar nos valores democráticos não lhe dá o direito de os tentar impor a uma outra cultura.
É que o Pedro acha mal que se publiquem uns cartoons porque são ofensivos para a comunidade muçulmana, mas já acha bem que se lhes imponha um outro regime. O que o leva a crer que eles o querem?
Acho que expliquei bem a sua contradição.

Pedro disse...

Caro Marco, não há comparação possível entre a necessidade de expandir a democracia a países onde impera a ditadura e a desnecessidade que há em "afrontar" (de propósito ou não) a religiosidade de povos que ainda têm uma noção muito fanática das suas crenças religiosas...
Eu não defendo que a democracia se deva impôr a estes povos. Bem pelo contrário, afirmo que só com a aposta na educação e na erradicação da miséria poderemos alcançar esses objectivos...