quarta-feira, dezembro 29, 2004

O tempo que voa...

Aproxima-se um novo ano e, como noutros, é usual fazer-se uma análise retrospectiva e o balanço daquilo que dominou (ou não) o ano que agora nos diz adeus. Poderia aqui discorrer ao longo de várias linhas acontecimentos positivos e negativos que marcaram o ano aos níveis político, económico, cultural, desportivo e outros, de âmbito nacional e internacional.
No entanto, cada vez mais me convenço que, mais importante do que analisarmos aspectos gerais e que pouco ou nada influenciámos, é bom que cada um faça um exame de consciência daquilo que fez de melhor, mas, sobretudo de menos positivo, durante o ano que finda, no sentido de que, em 2005, o sorriso seja o gesto mais comum entre cada um de nós. Saúde, amor e trabalho são as pedras basilares que devem reger cada dia que começa.
Por mim, que tenho tido cada vez menos tempo para vir à blogosfera (a frequência num curso de mestrado, o trabalho na escola e a companhia devida à minha família, assim me obrigam) resta-me desejar um feliz 2005 para todos aqueles que aqui costumam vir...

quinta-feira, dezembro 23, 2004

O Natal, os laicos e os ateus...

Nesta altura do ano, faz-me alguma confusão que, aqueles que se dizem não religiosos ou descrentes da existência de um qualquer Deus, comemorem o 25 de Dezembro como se assistisse à "apropriação" de uma tradição que, na verdade, não lhes diz muito... É o mesmo que vermos um monárquico comemorar a Implantação da República ou assistirmos à comemoração pelos espanhóis do 1º de Dezembro. Enfim, uma série de contradições!
Muitos daqueles que se orgulham de não acreditarem num qualquer ser superior ao Homem, criticando a opção dos católicos, chegam a esta época do ano com o habitual discurso de que o Natal é uma festa com tradições pagãs, esquecendo-se que, na realidade, o Natal surge no tempo do Papa Júlio I (séc. IV) como uma oportunidade para cristianizar uma festa que, de facto, era pagã e que, assim, o deixou de ser. Por outro lado, é costume ouvirmos os ateus criticarem as tradições ditas materialistas do Natal, como o presépio, a árvore ou as trocas de prendas. Esquecem-se que na maioria das famílias católicas, estes costumes têm como objectivo unir as famílias e alegrar os mais novos.
Contradição é, sim, vermos ateus, laicos e agnósticos aproveitarem-se do Natal para cumprirem esta tradição católica e depois virem criticar os católicos. O mesmo se poderia dizer quando aqueles que são ateus aproveitam os feriados religiosos para não trabalharem. Isso sim é contraditório...
Mas, enfim, há que compreender o comportamento daqueles que criticam o Natal e o, sem se darem conta, o festejam. Ao menos que durante um dia ao longo do ano, a Luz entre na consciência daqueles que vivem com um deus que é só deles...
Para todos os leitores deste blogue, sobretudo para aqueles que são mais descrentes, um Feliz Natal.

domingo, dezembro 19, 2004

O problema de Sócrates...

Aos poucos o eleitorado português começa a aperceber-se no que pode resultar uma vitória do PS nas próximas legislativas. Por enquanto, Sócrates ainda vai fugindo à questão que o atormenta: caso ganhe as eleições sem maioria absoluta haverá coligação do PS com os restantes partidos de esquerda?
PCP e BE já vieram a público oferecer-se para apoiarem um hipotético Governo de Sócrates. Ora, utilizando a lógica dos socialistas poder-se-á afirmar que quem quiser um Governo de esquerda, com PS, PCP e BE juntos, que apoie Sócrates, ao passo que quem quiser a continuação de Santana e Portas à frente dos destinos de Portugal que vote no PSD.
Seria um absurdo e um retrocesso civilizacional termos partidos radicais como o PCP e o BE, que pouco evoluíram no tempo, no Governo de um País que faz parte da UE. Penso que Sócrates, por muito que tente fugir à questão, começa a dar-se conta que não irá conseguir estar dois meses com o discurso-cassete do pedido de maioria absoluta. Santana, pelo menos, foi coerente e directo: o PSD não foge a uma possível coligação governamental com o PP e o mais importante é ter mais votos que o PS...
As verdades começam a descobrir-se e na hora dos debates televisivos as fragilidades e contradições de Sócrates virão ao de cima...

quarta-feira, dezembro 15, 2004

O caminho mais coerente e acertado...

Qualquer que fosse a solução encontrada por PSD e PP quanto à forma como iriam concorrer às próximas eleições antecipadas, era mais que certo que a esquerda viria criticar. Foi o que aconteceu...
Penso que o facto dos dois partidos da coligação irem separados às eleições constitui um acto de coerência e de transparência. Aliás, sempre defendi que o PSD devia ir a votos sozinho... Tal como há dois anos e meio, quando PSD e PP concorreram com listas próprias e só, à posteriori, se coligaram, parece-me óbvio que agora o mesmo teria que ocorrer, sobretudo para tornar claro o peso de cada partido numa hipotética coligação governamental.
Aliás, a decisão tomada por ambos os partidos vai mais além: nenhum dos dois partidos poderá viabilizar um governo minoritário de esquerda. Mais clarividência do que esta opção, parece-me difícil...
Quanto à postura dos partidos da esquerda, nenhuma novidade. O PS desespera pela maioria absoluta e faz um discurso monocórdico. O PCP implora pela não discriminação dos seus parceiros de esquerda. O BE, personalizado na figura de Louçã, pisca o olho aos socialistas. Ou seja, no centro-direita, joga-se claro e limpo. Na esquerda, muito barulho e pouca seriedade.
A campanha segue dentro de momentos. Santana e Portas têm um caminho duro, mas as vitórias sofridas são as mais saborosas...

sábado, dezembro 11, 2004

E ao décimo dia disse... nada!

Sampaio vai de mal a pior. Será o excesso de trabalho, um sintoma de cansaço ou simplesmente a incapacidade de se revelar imparcial na tomada de decisões? Depois de ao longo dos últimos oito anos, Sampaio ter-se esforçado por dar uma imagem de alguém que estava acima dos partidos e que preservava a estabilidade e o respeito pelas instituições democráticas, eis que em apenas duas semanas Sampaio estraga a "pintura" toda e "copia" Soares no que este tinha de pior.
O discurso de Sampaio na divulgação das justificações que o levaram a dissolver a Assembleia da República é de uma falta de coerência e de conteúdo completamente surpreendentes, agravadas pela espera de dez dias a que sujeitou o povo português. Para quê? Para vir falar em supostos "incidentes, declarações, contradições e descoordenações que (na opinião sujectiva de Sampaio) contribuíram para o desprestígio do Governo, dos seus membros e das instituições"? Ora, qual a razão que leva o PR a não mencionar tais acidentes? E, qual o Governo que não tem de enfrentar acidentes de percurso? Não se lembrará Sampaio dos problemas que Guterres teve com Manuela Arcanjo, Armando Vara ou Pina Moura, para não falar em mais casos? Mas, mesmo assim, se tais acidentes fossem de um alcance gravíssimo, então, em nome da coerência, teria que demitir o Governo e não dissolver um Parlamento estável e credível...
A isto tudo, há a gravidade de Sampaio ter feito um discurso de pura propaganda eleitoral, apelando de forma indirecta ao voto noutros partidos que não os da coligação. Haverá maneira mais clara de Sampaio apelar ao voto no PS?
Enfim, Sampaio deu uma "cambalhota"de 180º na sua maneira de estar na política, o que o transforma numa "cópia", para pior, de Soares. É o que dá termos socialistas na Presidência da República que não conseguem despir a camisola do partido no exercício das suas funções.
Resta dizer que, caso não saia das eleições nenhum Governo com maioria absoluta, Sampaio só terá que deixar vago mais cedo o cargo que ocupa, em nome da coerência e da verdade... Será ele capaz disso???

terça-feira, dezembro 07, 2004

Sampaio em versão soarista...

No dia em que Mário Soares comemora os seus oitenta anos, Sampaio resolveu dar, mais uma vez, mostras que está apostado em terminar o seu mandato de Presidente da República numa versão ostensiva e de ataque pessoal aos partidos de direita que (ainda) estão no Governo. Imitando o seu antecessor no que este tinha de pior, Sampaio mostra-se cada vez menos coerente com a imagem que deu ao longo de todo a seu primeiro mandato e parte do actual, resvalando, agora, para uma ostensiva parcialidade ao fazer o claro favor ao seu partido de antecipar as eleições legislativas.
Devem-se contar pelos dedos de uma mão (ou nem tanto) as situações que por esse mundo democrático fora, um parlamento com maioria absoluta é dissolvido, sem que nada de anormal tenha ocorrido entretanto, ainda para mais quando, com apenas quatro meses de legislatura, o Governo de Santana Lopes estava a imprimir uma verdadeira acção reformadora, que não agradava aos grandes poderes económicos instalados.
Sampaio aproveitou o dia de hoje para mandar uma série de recados ao Governo, chegando a prestar opiniões pessoais de discordância relativamente a muitas matérias que este Governo pretendia legislar. Ora, Sampaio deveria-o fazer no acto de promulgar ou não as leis provenientes do Governo e não no momento actual, quando se está já em plena campanha eleitoral. É que, se Santana é Primeiro-Ministro, mas também Presidente do PSD, Sampaio exerce a tempo inteiro o seu cargo de PR.
Cada vez mais me convenço que Sampaio tinha a lição muito bem estudada desde há quatro meses a esta parte, mas, pode ser que o tiro lhe saia pela culatra e tenha que "engolir", novamente, com Santana Lopes. A ver vamos...

terça-feira, novembro 30, 2004

Lá vamos para eleições. Sem medo...

Jorge Sampaio, depois de ter passado quatro meses numa situação de mal-estar e isolamento político, atacado pelos partidos de esquerda e desgastado pela generalidade da imprensa, resolveu dar o "braço" a torcer e convocar eleições antecipadas. O mais grave é que o poderia ter feito há quatro meses atrás ou aquando da apresentação do Orçamento de Estado. Não o fez nessas alturas... Decidiu-se agora por esta decisão depois de um Ministro sem qualquer força política (porventura seria dos menos conhecidos pela opinião pública) ter saído do Governo pelo próprio pé e zangado com o seu "amigo" Santana Lopes, imbuído num estado de raiva e ódio.
Jorge Sampaio sai desta situação de forma comprometida e dando a imagem de falta de coerência. A mais que provável ingovernabilidade dos próximos meses será, em primeira instância, responsabilidade sua. Claro que PS, PCP e BE batem as palmas, sonhando com a possibilidade de entrarem numa possível esfera governativa de esquerda.
Quanto ao PSD e PP, nos próximos dias terá que ser esclarecida a forma como cada partido se apresentará a eleições. Em caso de concorrerem separados (esperemos que sim), o PP terá a vida dificultada, enquanto o PSD se poderá "soltar" das amarras da coligação e tentar convencer os portugueses que só com uma política de centro-direito é que Portugal poderá continuar o rumo certo de abandono dos tempos difíceis que, recorde-se, começaram nos tempos da governação de Guterres.
Santana Lopes terá apenas que se confrontar com um problema (por sinal, bem grave): o partido está dividido, com alguns (poucos, mas ruidosos) ilustres militantes do PSD contra a liderança do próprio partido e a generalidade dos militantes de base unidos em torno do seu líder. Creio que o PSD saberá, em tempo de dificuldades, unir-se e enfrentar as próximas eleições confiante e sem medo...

sábado, novembro 27, 2004

O sonho de Cunhal...

Quando o ideal comunista não passa de mera utopia, a concretização de pequenos sonhos pode ser sinónimo de grandes conquistas. É com este estado de espírito que os comunistas assistem à passagem de testemunho entre Carvalhas e Jerónimo de Sousa. A partir de hoje, Álvaro Cunhal pode, finalmente, sentir-se como um homem medianamente feliz por um elemento do operariado fabril ter alcançado o lugar cimeiro do partido comunista mais ortodoxo da Europa.
Com a escolha "cirúrgica" de Jerónimo de Sousa, certamente orientada pelo próprio Cunhal, o PCP atinge o seu auge, o que sendo motivo de orgulho para o próprio partido, não deve deixar de preocupar os militantes e simpatizantes comunistas. É que, depois do sonho vem o acordar para a realidade com que o PCP se irá deparar. E esta será bem negra: o sonho transformar-se-á em pesadelo...
Claro que a maioria dos comunistas rejubilam de euforia por verem (formalmente) um elemento do proletariado na liderança do seu partido. Mas, o mais certo é que à medida que aumente a ortodoxia radical comunista, diminuirão os votos nas urnas e o PCP caminhará para o seu gradual definhamento. Socialistas e bloquistas devem estar contentes com a tomada de opção comunista, sendo que cada vez fica mais claro que só o desaparecimento de Álvaro Cunhal poderá "salvar" o PCP da morte certa.
Ironia dos tempos: aquele que fez do PCP, em tempos, um partido de razoável implantação em Portugal actua agora como principal responsável pela sua regressão...

quarta-feira, novembro 24, 2004

Quem tem medo que se cuide...

Com a entrevista de Santana Lopes concedida ontem à RTP1 ficou mais clarificada a posição do PSD em relação à postura do partido nas próximas eleições legislativas, isto, claro, se Sampaio não resolver contradizer-se a si mesmo e dissolver o Parlamento.
Todos aqueles que têm profetizado a depedência do PSD em relação ao PP viram as suas premonições viradas do avesso. O PSD não tem medo de ir sozinho às próximas eleições de 2006 e é mais do que lógico que assim seja. Quem parece ter medo é o PS que, como se sabe, só teria a ganhar com uma coligação pré-eleitoral.
Convém lembrar que a actual conjuntura de coligação teve, desde o seu início, uma base temporal de quatro anos e não é pelo facto de a mesma expirar no dia anterior às eleições que o Governo não tem condições para exercer o seu mandato até ao fim. Uma coisa é o Governo. Outra, bem diferente, é toda a lógica de combate político-partidário.
Claro que todos aqueles que anseiam pela destituição de Santana Lopes têm agora que apostar na procura de quezílias entre Santana e Portas, a fim de que a coligação começe a definhar. É o que faz pensar mais nos ódios pessoais de que na estabilidade e governabilidade do País.

domingo, novembro 21, 2004

O que fazer com a actual lei do aborto...

Cada vez que alguma mulher é chamada a tribunal para ser julgada pelo crime de aborto ilegal, os grupos cívicos que são a favor e os que são contra a despenalização do aborto "digladiam-se" entre si à procura do maior protagonismo possível. Convenhamos que neste combate sem nexo os grupos favoráveis à despenalização e/ou liberalização do aborto têm tido maior visibilidade, muito à custa da realização de marchas e manifestações apoiadas pelos partidos de esquerda.
Agora surge a notícia (não sei se verdadeira ou não) de que o PSD está a ponderar apoiar a ideia do PCP de suspender todas as investigações e julgamentos pela interrupção ilegal da gravidez. Ora, neste particular tenho que estar de acordo com o líder do PP, Paulo Portas: ou as leis existem para se cumprir, ou se não servem para nada há que mandá-las para o lixo... Agora, suspender uma lei em vigor não me parece ter sentido algum, nem tão pouco ser constitucional.
Quanto à lei em si, já aqui exprimi a minha opinião sobre a mesma: não sendo a ideal, poder-se-á melhorar, tendo sempre em linha de conta que o objectivo da mesma é defender a vida de seres humanos indefesos. Mais do que condenar uma mulher a pena efectiva de prisão (e convém não esquecer que não conheço nenhum caso onde tal tenha ocorrido, embora, em alguns determinados casos algumas mulheres o merecessem) a lei terá que ser vista como uma espécie de indicação à sociedade de que cometer um aborto não pode ser um acto alvo de branqueamento. E, convém lembrar: há casos e casos... Tenho para mim a opinião clara de que a lei deve incorporar uma pena de índole social para a maior parte dos casos (mas, de pena de prisão para os mais gravosos e obscenos, porque os há) que evidencie a ideia de que cometer um aborto sem causa aceitável é um acto que não pode passar ao lado dos valores e princípios de uma sociedade que se quer democrática e desenvolvida.
Mas, mais do que suspender a actual lei, importa não esquecer que qualquer alteração à actual lei do aborto só se pode efectivar com a realização de um novo referendo.

terça-feira, novembro 16, 2004

Irá acontecer a Santana o mesmo que a Bush?

Este fim de semana, as bases do PSD puderam, finalmente, desabafar e deitar cá para fora o que lhes vai na alma. Muito se falou da forma de estar do PSD (ou da falta dela) na coligação e da pertinência de haver (ou não) uma coligação pré-eleitoral nas próximas eleições legislativas de 2006, isto, caso não sejam antecipadas por uma qualquer razão inesperada.
Penso que Santana está "refém" dos militantes de base do partido e, por muito que tente levar os sociais-democratas a colocar a hipótese de o PSD encabeçar uma plataforma de partidos de centro-direita (mas, quais para além do PSD e PP?) e de organizações sociais e económicas de cariz privado, parece-me que o rumo a seguir será o de tudo fazer para evitar o esticar da corda da coligação e colocar os interesses do País à frente dos de índole partidária.
Esta coligação tem, para bem da necessária estabilidade política, económica e social do País, que sobreviver a todos os ataques externos que se lhe coloquem, pelo que apenas no início de 2006 se deve decidir sobre o que fazer com esta coligação, que, não nos esqueçamos, foi formada após as eleições de 2002.
Sou da opinião que PSD e PP devem concorrer sozinhos às próximas legislativas e, só depois do apuramento dos resultados finais se deve colocar a hipótese de se retomar a coligação que, aquando da sua formação original, teve como limite temporal os quatro anos da legislatura.
Entretanto, cada vez mais me convenço que Santana poderá muito bem ter o mesmo futuro que Bush. Apesar da grande generalidade dos comentadores políticos e dos editoriais da imprensa portuguesa serem hostis ao actual chefe do Governo (tal como aconteceu com Bush), não me admiro nada que Santana consiga, contra tudo e todos, vencer as próximas eleições legislativas. As bases do PSD, certamente, estarão com ele, se ele souber estar com o partido...

quinta-feira, novembro 11, 2004

Uma oportunidade...

Arafat morreu. Abre-se uma nova oportunidade para o necessário e premente acordo político entre Israel e a Palestina. Já aqui referi que é costume vermos personalidades políticas elogiarem qualquer líder político que desapareça. Desta vez, não se fugiu à regra: ainda não vi um único líder de um País ocidental criticar a actuação de Arafat, enquanto "travão" para a paz no Médio Oriente. Todos o gabam enquanto pessoa, quase o comparando a um mártir... Qualquer dia, passar-se-á o mesmo com Fidel Castro!
Sejamos directos. Penso que há males que vêm por bem. E, não querendo dar a ideia que fico feliz pela morte de Arafat, acredito que será difícil não evoluirmos para uma situação política que não passe pela paz nesta problemática região do mundo. A "bola" está, mais uma vez, do lado dos palestinianos e há que ter a esperança que os novos líderes da OLP tenham, finalmente, a capacidade de pôr ordem e disciplina na frente palestiniana. Israel, como sempre, anseia pela segurança interna e sabe que só com um acordo com os seus vizinhos da Palestina a poderá alcançar.
Quanto a Arafat, a História tratará de o descrever como realmente se portou em vida: um líder agarrado ao poder e com jeito para a vitimização...

sábado, novembro 06, 2004

Presunção e água benta...

Pois é! Afinal, todos aqueles que se julgavam donos da verdade enganaram-se e acabou por ser Bush a ganhar as eleições presidenciais dos EUA. Desta vez, todos aqueles que apelaram à vitória de Kerry e, quase fizeram campanha eleitoral aqui na blogosfera não se podem refugiar na desculpa do método eleitoral maioritário americano (que muitos consideram injusto), nem tão pouco na falta de informação do eleitorado mais jovem (a esperança dos democratas). A razão que desta vez parecem ter encontrado para a inequívoca vitória de Bush é, imagine-se, a suposta estupidez do povo americano. Com a falta de lucidez evidenciada neste tipo de argumentos de mau perdedor não vale a pena perder tempo. Resta-me apenas paciência para dizer que a esquerda europeia que se julga intelectualmente superior só tem, com este tipo de discurso, provocado o crescente distanciamento visível entre a superpotência EUA e uma Europa cheia de contradições e divisões...
Um último comentário para o que muita gente tem dito sobre Arafat. Quando uma personalidade importante morre é costume vermos a classe política vir com conversa elogiosa sobre a dita pessoa. No momento em que escrevo ainda não se sabe se Arafat morreu ou não e já muitos políticos portugueses vieram falar do líder palestiniano como se homem fosse quase um "santo" ou mártir. Até Cavaco Silva veio dizer que Arafat tudo tentou para promover a paz no Médio Oriente. Detesto este tipo de "água benta"... Lá por Arafat ter recebido um Prémio Nobel da Paz (mais como incentivo à paz naquela região do mundo do que como recompensa pelo trabalho feito), não nos esqueçamos que Arafat durante muitas décadas incentivou a táctica terrorista apenas para manter o poder, "fugindo", por diversas vezes, à assinatura de tratados de paz com Israel. Esperemos que o seu sucessor pense menos em si e mais no povo que representa...

segunda-feira, novembro 01, 2004

As primeiras eleições planetárias...

Aí estão, finalmente, as primeiras eleições que, apesar de serem nacionais, vão "mexer" com todo o mundo. Efectivamente, esta é a primeira vez que umas eleições americanas têm contornos globais e criam sentimentos de apoio e repulsa por cada uma das candidaturas presidenciais.
Desde orgãos de comunicação social até partidos e organizações não governamentais, passando, obviamente, pelo cidadão comum, não conheço ninguém que não tenha a sua opinião formada sobre o candidato que prefere para tomar conta dos destinos da única superpotência mundial. Estas são, de facto, as primeiras eleições planetárias da história humana e delas sairá um conjunto de indicações pertinentes sobre o que poderemos esperar dos EUA na luta contra o terrorismo, a principal preocupação da opinião pública mundial.
Já aqui manifestei várias vezes o meu apoio a Bush, apesar de não apreciar a ingenuidade (alguns chamar-lhe-ão burrice) tantas vezes demonstrada nas suas aparições televisivas. No entanto, parece-me que Bush encarna a imagem do típico cidadão norte-americano que sabe o que quer e para onde vai: enfrentar o inimigo terrorista e difundir a democracia pelo mundo muçulmano. Claro que muitos prefeririam que os EUA, enquanto poderio político, económico e militar estivesse mudo e calado. Ora, é por essa razão que prefiro o enérgico Bush ao amorfo Kerry. Mas, quem decide é o povo americano. Para bem do mundo, esperemos que decida bem...

quarta-feira, outubro 27, 2004

Quando a política é de baixo nível...

Desde o momento em que Marcelo Rebelo de Sousa decidiu, após uma reunião tida com o patrão da TVI, Paes do Amaral, acabar com os seus comentários dominicais no Jornal Nacional da TVI, que muitas têm sido as tentativas de aproveitamento político por parte de deputados da oposição que foram eleitos, não para alimentarem estórias absurdas, mas sim para representarem condignamente os seus eleitores.
Ora, o que PS, PCP e BE têm feito desta "historinha" não passa de um conjunto de meras especulações e tentativas de deturpação da verdade, indo ao ponto de relacionar situações sem nexo nenhum... Ainda hoje, com Marcelo a afirmar que, ao ser pressionado para alterar o formato dos seus comentários por Paes do Amaral, se decidiu por terminar com o seu espaço televisivo, mesmo assim lá tiveram que vir os partidos da oposição reclamar por um debate de urgência sobre liberdade de expressão, um inquérito parlamentar sobre os negócios do Estado com os grupos económicos detentores de órgãos de comunicação social e, imagine-se, explicações urgentes por parte de Santana Lopes sobre as declarações de Marcelo! Será que estes senhores não percebem que o alimentar deste "não-caso" só favorece o próprio Marcelo e prejudica aquilo que interessa ao País e que passa, por exemplo, pela análise e discussão do Orçamento de Estado. É que no Parlamento há muito mais que fazer do que lavar "roupa suja"! Já chega de politiquíces baixas...

sábado, outubro 23, 2004

O claro exemplo da desinformação abusiva...

Depois de ter escrito um post sobre os perigos da desinformação (que, não sei porquê, mas, desapareceu do blogue!!!), em que dei conta de três situações concretas de deturpação abusiva, por parte da oposição, de várias afirmações proferidas por alguns elementos deste Governo, vários foram os leitores deste blogue que se insurgiram contra o teor das minhas palavras.
Para clarificar a minha opinião sobre o assunto em questão, vou socorrer-me apenas do mais recente caso de aproveitamento político-partidário de uma situação que envolveu uma decisão política por parte deste Governo e a crítica fácil e abusiva por parte da oposição e de alguma comunicação social. Reporto-me à decisão tomada pelo Ministro das Obras Públicas, António Mexia, de encerrar temporariamente o túnel do Rossio por razões de segurança.
A verdade é que, ao saber-se do súbito encerramento do túnel do Rossio na sexta-feira de manhã, logo vieram os partidos de oposição, com destaque para o PS, insinuar que o problema estrutural do túnel se devia às obras do túnel do Marquês. Ora, não será esta a prova clara de que os partidos da oposição definiram como estratégia prioritária a implementação de uma cultura de desinformação e deturpação da realidade, talvez motivados por gente que apenas quer protagonismo fácil (como o advogado José Sá Fernandes) e por alguma comunicação social que "vive" dos pseudo-escândalos inventados?
Ora, como se sabe, a própria REFER já veio esclarecer que o problema do túnel do Rossio já tinha sido diagnosticado em 1979 e que é abusivo, no mínimo, relacionar as obras do túnel do Marquês de Pombal com a presente situação do túnel do Rossio.
Será, assim tão difícil reconhecer que se vive, actualmente em Portugal, uma situação de tentativa de aproveitamento político-partidário por parte dos partidos da oposição e de alguns sindicatos, com base na deturpação das afirmações veiculadas pelos membros deste Governo?

segunda-feira, outubro 18, 2004

Algumas notas sobre o OE para 2005

Depois de uma análise rigorosa e serena sobre a proposta de Orçamento de Estado (OE) apresentado pelo actual executivo governamental, facilmente se pode concluir que, das duas, uma: ou o Orçamento proposto é cumprido ao longo do próximo ano e estamos perante uma importante viragem de actuação, no sentido de compatibilizar a justiça fiscal com a justeza social (o que é de louvar vindo de um governo de direita), ou esta é uma proposta demasiado ambiciosa e optimista que poderá não ser concretizada...
Uma coisa é certa: este Governo está a respeitar o compromisso assumido pelo anterior executivo, segundo o qual, a segunda metade da legislatura seria de menos aperto para os contribuintes e de uma maior aposta no investimento público e no combate à fraude fiscal. Ora, tais objectivos são plenamente assumidos com este OE.
Claro que muitos dirão que este é um Orçamento de propaganda política, estilo "piscar" de olho ao eleitorado. Não vou negar que tais ideias poderão estar implícitas no OE, mas, desde que os seus objectivos de maior equidade e justiça sociais sejam atingidos, quem poderá estar contra o princípio de os mais desfavorecidos serem compensados com maiores regalias, em termos de diminuição do IRS, e os mais abastados, como o sector bancário, verem agravados os seus deveres fiscais?
Claro que este não é um OE perfeito: a Educação e a Saúde, apesar de serem os sectores que mais dinheiro recebem, ainda não conseguem geri-lo de forma harmoniosa; os contratos feitos pelo executivo de Guterres em relação às ex-SCTU`s concedem pouca folga orçamental ao sector das Obras Públicas; o crescimento do investimento da Defesa, apesar de dinamizador das indústrias naval e aeronáutica portuguesas ainda assusta uma parte da esquerda pouca dada aos valores da segurança e vigilância das fronteiras; as receitas extraordinárias continuam a ser um recurso necessário; o sigílo bancário não passa ainda de um objectivo a concretizar...
Mas, não tenho dúvidas que, caso este OE venha a ser cumprido, Bagão Félix arrisca-se a entrar para a história dos Ministros das Finanças que colocaram as contas públicas do País no rumo certo. Santana Lopes e os portugueses agradecem...

sexta-feira, outubro 15, 2004

Eleições regionais

No próximo domingo, Santana Lopes e José Sócrates, serão, porventura, os principais interessados em saber qual os destinos políticos que madeirenses e açoreanos decidiram dar às suas regiões insulares. Apesar destas serem umas eleições de onde não se podem retirar conclusões de âmbito nacional, tanto Santana como Sócrates tentarão retirar dividendos políticos caso os seus partidos saiam vitoriosos destas eleições regionais...
Penso que Santana Lopes é o que leva maior vantagem. Isto porque na Madeira, certamente que Alberto João Jardim conseguirá averbar mais uma maioria absoluta, para além de que nos Açores se tem assistido a uma evolução crescente da coligação PSD-PP. Deste modo, parece que Sócrates terá que começar a redigir o discurso justificativo da provável derrota que o PS terá nas eleições regionais.
Na Região Autónoma da Madeira, apesar de não gostar nada do estilo de Jardim e do recorrente discurso "anti-colonialista" e "anti-corporativo" que utiliza (como se houvesse qualquer risco de ataque às autonomias regionais!), o certo é que o povo madeirense tem escolhido, livre e democraticamente, este homem para seu líder. É caso para dizer que, ou as alternativas a Jardim não existem, ou a população está mesmo convencida que o trabalho do PSD na Madeira tem sido impecável. Inclino-me mais para a segunda hipótese...
E, nos Açores? O que há para dizer? Bem, parece claro que a candidatura de Carlos César não está muito confiante, ao contrário da de Vitor Cruz. E, a verdade é que, em oito anos, o grande "cancro" social dos Açores, a freguesia de Rabo de Peixe, continua na mesma: a mais pobre da UE. Por isso e por muitas outras razões, não me admiro que os açoreanos se decidam por mudar de líder, ainda por cima, quando PSD e PP se encontram coligados.
A ver vamos o que dirão Santana e Sócrates depois de se saberem os resultados finais. Qual deles ficará a sorrir? Acho que vai ser Santana...

quarta-feira, outubro 13, 2004

Sampaio com piadas de mau gosto...

A maioria dos portugueses têm uma imagem do nosso Presidente da República como alguém sensato, prestável, respeitador da estabilidade e facilmente dado a emoções. Ora, depois de ter ouvido as declarações de Sampaio sobre a condecoração que recebeu em Espanha ( Prémio Carlos V) pela sua dedicação aos ideais europeus, fiquei surpreendido e interroguei-me sobre o que terá passado pela cabeça de Sampaio para ter proferido afirmações de muito mau gosto...
Então, não é que Sampaio afirmou que o valor do prémio que recebeu, 90 000 euros, não será por si entregue a qualquer instituição de caridade porque, e passo a citar, "os tempos vão maus"! Será que Sampaio não percebe que só recebeu o dito prémio porque tem o cargo institucional que os portugueses lhe "concederam"? Será que Sampaio não entende que a sua situação financeira é, de longe, muito melhor que a da comum dos portugueses e, que portanto, respostas como a que deu só demonstram uma grande falta de respeito pelo povo português? Será que Sampaio não atinge que, depois de tanto "choradinho", falar daquela maneira só evidencia arrogância e presunção?
Sampaio esteve mal. Mas, ao menos, acertou quando disse que, futuramente, se vai remeter mais ao silêncio. Pena é que, desta vez, não o tenha feito...

segunda-feira, outubro 11, 2004

Falar do que interessa...

Mais uma vez, e ao contrário do que muitos julgavam, Santana Lopes colocou os interesses do País à frente das quezílias pessoais e centrou a sua comunicação aos portugueses nos assuntos que verdadeiramente são importantes para todos nós: as contas públicas, o crescimento económico, o combate às desigualdades sociais, entre outras questões...
Compreendo e concordo com a atitude de Santana Lopes em vir apresentar aos portugueses o seu ponto de vista sobre a actual situação do País em termos governativos e, até penso que seria muito positivo que, de vez em quando, o Primeiro-Ministro explicasse a todos nós, de viva voz e da forma mais directa possível (que, de facto, é a televisão) qual a sua versão sobre o estado da governação. Claro que muitos defenderão que é no Parlamento que se faz a análise do estado da Nação. Mas, sejamos coerentes: nos últimos anos o Parlamento não tem, neste aspecto, sido mais do que um mero local de discussão, de muito debate aceso, mas de poucas conclusões. É que, onde o ruído é muito, o que se entende é pouco e é este o estado actual em que se encontra a Assembleia da República quando se fazem debates parlamentares...
Com este tipo de comunicações ao País, o Governo consegue chegar de forma mais esclarecedora e rigorosa aos portugueses, o que não invalida que a oposição possa ter o seu espaço para a livre crítica. No final, os portugueses farão o seu juízo... Resta saber quem é que tem medo da opinião daqueles que exercem o seu direito de voto!

sábado, outubro 09, 2004

O exemplo da democracia australiana...

Realizaram-se hoje na Austrália as eleições legislativas que conferiram ao actual Primeiro-Ministro, John Howard, a obtenção da sua quarta vitória consecutiva. Pouco se tem falado na blogosfera portuguesa destas eleições. Contudo, penso ser importante destacar duas lições a retirar do referido acto eleitoral.
Por um lado, e ao contrário do que profetizaram muitos contestatários de Bush e seus aliados, o actual Primeiro-Ministro australiano que apoiou a intervenção militar no Iraque e o combate ao terrorismo desencadeado pelos EUA, saiu vitorioso das eleições, pelo que cai por terra a teoria defendida por muitos de que os apoiantes de Bush iriam seguir o caminho de Aznar...
Por outro lado, a lei eleitoral da Austrália merece-me um comentário. Num tempo em que as taxas de abstenção na grande maioria dos países da Europa Ocidental, Portugal incluído, têm vindo a aumentar e que a crescente liberdade de expressão tem contribuído para que a contestação às políticas governamentais seja o prato forte do dia-a-dia, contestação essa vinda, muitas vezes, de pessoas que nem sequer costumam votar, penso que não seria de rejeitar a ideia de "importar" para Portugal o exemplo australiano em que votar é tido como mais que um simples direito cívico: é uma obrigação à qual só se podem negar aqueles que apresentem uma justificação séria e de força maior. Caso contrário sujeitam-se ao pagamento de uma multa ou até a uma "visita" à prisão. Por isso, a Austrália pode-se orgulhar de apresentar uma taxa de partipação eleitoral de 95%...
É que, sejamos claros, muitos daqueles que nos cafés, empregos e ruas se lamentam dos nossos políticos e governantes fazem parte, precisamente, daquela parte da população que é muito pouco cívica e que em dia de eleições prefere ficar em casa ou ir passear em vez de ir votar. E, a verdade é que é com este tipo de gente irresponsável que a nossa democracia fica a perder...

quarta-feira, outubro 06, 2004

Marcelo e a sua táctica da vitimização...

O mais recente episódio de guerrilha pessoal instalada desde há muito tempo entre Marcelo e Santana Lopes teve contornos verdadeiramente "kafkianos", só possíveis de imaginar pela cabeça do sempre agitado Marcelo. Aproveitando uma crítica dirigida por um dirigente do PSD num encontro de militantes em Viseu contra a fórmula pouco democrática como a TVI e Marcelo conceberam o seu comentário dominical no jornal das 20H., Marcelo Rebelo de Sousa aplicou a sua já famosa táctica do "toca e foge". Já o tinhamos visto tomar a mesma atitude quando se zangou com Portas acerca do ressuscitar da coligação AD, voltando agora à carga...
Ora, será que uma simples opinião pessoal de um dirigente do PSD, defendendo o princípio do contraditório quando um destacado militante do próprio partido se aproveita de um programa de comentário político para travar uma autêntica "guerrilha" pessoal contra o líder do partido (por sinal, Primeiro-Ministro de Portugal), sem direito de defesa, é motivo suficiente para esta vitimização toda? Enfim, em Marcelo tudo é possível, desde a famosa jura que o mesmo fez de "não ser líder do PSD nem que Deus viesse à Terra"...
Penso que Marcelo apenas está a dar mais um passo na caminhada gradual a Belém, caso Cavaco resolva não candidatar-se às eleições presidenciais. Quanto ao resto, tudo não passa, de facto, de uma mera tempestade num copo de água...

segunda-feira, outubro 04, 2004

Quem se responsabiliza?

Comemorou-se há poucos dias o Dia Mundial da Música, numa daquelas ocasiões rotineiras de festejar tudo o que tenha que ver com a cultura. O dia passou discreto, sem que nada de especial se tenha realizado pelo País em prol da verdadeira música de qualidade, em especial da que é feita por portugueses...
Ora, este dia trouxe-me à lembrança essa constução quase "apocalíptica" que dá pelo nome de "Casa da Música", em execução há mais de 5 anos e que já custou aos contribuintes portugueses largas dezenas de milhões de euros. A última previsão aponta para um custo total da obra de 300 milhões de euros. Um verdadeiro escândalo...
Ora, as mais recentes notícias dão conta de que a derrapagem financeira do dito projecto, que mais parece uma nave espacial do que outra coisa, já vai em quase no dobro do orçamentado e que a obra está com um atraso de mais de dois anos. Lembremo-nos que a mesma estava inserida nas comemorações do Porto - Capital da Cultura 2001.
Enfim, seria bom que este exemplo de desleixo e de autêntica falta de profissionalismo por parte de muitos dos intervenientes no processo não fosse, mais uma vez, contemporizado e deitado ás urtigas. Quem quer que tenha falhado no planeamento e execução da dita "casa" tem de ser responsabilizado. Assim merecem não só os portuenses, mas todos os contribuintes portugueses. É que gastar 300 milhões de euros (cerca de 60 milhões de contos) por um amontoado de betão desnivelado é abusar da nossa paciência...

sexta-feira, outubro 01, 2004

Maus exemplos...

A decisão do Governo em conceder a tolerância de ponto aos funcionários públicos na próxima segunda-feira, véspera do feriado da Implantação da República (5 de Outubro), com a atribuição do direito de autonomia às escolas para acederem ou não à dita "ponte" deixou, regra geral, os sindicatos da Função Pública e os próprios trabalhadores, satisfeitos, mas revela, sinal de fraqueza e de falta de rigor do Governo relativamente a um preceito que se pensava ser de relevo para este Executivo: a taxa de produtividade da nossa Administração Pública. É que continuo a não perceber que tipo de ganhos advêm para Portugal com este tipo de "folgas" ao trabalho...
No caso específico das escolas, a autonomia de decisão que o Governo lhes concedeu serviu de muito pouco, pois a grande maioria delas decidiu-se pelo encerramento dos portões na próxima segunda-feira. Se por um lado, os sindicatos logo vieram criticar o Governo por ter apelado ao direito de opção das escolas, por outro, muitos dos próprios professores e funcionários não docentes das escolas pressionaram os respectivos Conselhos Executivos a concederem a "folgazinha"...
É pena que, depois do "bombardeamento" verbal dos sindicatos da Educação contra a abertura tardia das escolas ter durado mais de duas semanas, estes venham agora com o argumento de que os funcionários públicos merecem ter a segunda-feira livre de trabalho. Mas, dos sindicatos portugueses, não se devem esperar grandes novidades...
Quanto ao mais recente pedido de demissão da Ministra da Educação, denunciado pela Fenprof, já estava a achar estranho que, depois da abertura das aulas no dia de hoje em quase todas as escolas, não víssemos o "recorrente" Paulo Sucena exigir um novo rosto para a Educação. Já que não se podem queixar da falta de pagamento dos salários aos professores contratados, há que conseguir tempo de antena e, neste particular, os sindicatos afectos à CGTP são especialistas. Bem esteve a Ministra que preferiu ignorar tal provocação...
Entretanto, esperemos que fiquem por aqui as "borlas" concedidas aos funcionários públicos...

quarta-feira, setembro 29, 2004

Finalmente! As aulas podem começar...

Parece que é desta que as aulas vão poder começar na "normalidade" que, nesta altura, é possível. Apesar de o adiamento efectivo no começo do ano lectivo seja de um mês para os professores e de duas semanas para os alunos, penso ser possível recuperar, até ao final das aulas, todo o tempo perdido até agora.
Atente-se, por exemplo, que os milhares de professores que, como eu, foram ontem colocados só a partir de hoje ficarão a saber que anos de escolaridade irão leccionar, se serão ou não directores de turma, se terão alunos com necessidades educativas especiais nas suas turmas e até quais os manuais que irão utilizar. Mesmo assim, com uma dose extra de esforço acho que há a possibilidade de se cumprirem os programas adoptados, embora, os sindicatos, por exemplo, já tenham vindo com a habitual conversa da desgraça.
Mas, o processo de colocação de professores ainda não terminou. Há que investigar quais as razões efectivas que levaram a esta morosidade anormal e tomar os procedimentos necessários para que a moralidade do processo não seja posta em causa (há casos de pedidos de destacamento por condições específicas verdadeiramente inacreditáveis!).
Esperemos que a culpa não morra solteira e que, mais uma vez, as altas estruturas deste ou do anterior Ministério da Educação não sejam ilibadas das responsabilidades que tiveram neste autêntico imbróglio vergonhoso. Aguardemos pelo final dos 45 dias que a Ministra concedeu para se saber toda a verdade sobre este processo rocambolesco.
PS - Os meus votos para que todos os professores colocados tenham um ano lectivo positivo e um abraço de conforto e solidariedade a todos aqueles que injustamente foram penalizados por esta confusão que já vem desde Maio último...

domingo, setembro 26, 2004

A derrota do socialismo...

A expressiva vitória de José Sócrates nas eleições internas do PS constitui uma radical viragem na linha de rumo que a esquerda portuguesa tinha vindo a prosseguir, desde que Guterres abandonou o "barco" da governação há cerca de cinco anos atrás.
Com a liderança de Ferro Rodrigues, a esquerda que se assume como tal, viveu um sonho que pensava poder ter continuidade caso Sampaio tivesse optado pelas eleições antecipadas quando Durão Barroso foi "chamado" para o cargo de Presidente da Comissão Europeia. Ora, se a vitória clara de Sócrates é sinal de que a maioria dos militantes socialistas sabe o que quer, a verdade é que a actual orientação "socrática" deve provocar um arrepio na espinha a todos aqueles que, não sendo militantes do PS, se reviam no socialismo pragmático dos tempos de Soares e, mais recentemente, da corrente ferrista.
Ironia dos tempos: são os próprios militantes de base do PS que resolvem dar um murro na mesa e "esmagar" os ideais socialistas em que nasceu o PS. Mário Soares deve estar pior que estragado e os apoiantes da velha guarda de Alegre não devem saber o que fazer...
Qualquer que seja o próximo Primeiro-Ministro daqui a dois anos (Santana ou Sócrates), o certo é que os radicais de esquerda bem poderão esquecer a sua chegada ao poder de um País que se quer moderno, virado para o futuro e aberto à iniciativa privada, à livre concorrência e ao liberalismo económico... A bem do País!

sexta-feira, setembro 24, 2004

PS: o dia que se segue...

Ao longo dos últimos dois meses o PS esteve entretido com a campanha eleitoral dos seus três candidatos ao cargo de Secretário-Geral e deixou a função de exercer oposição ao Bloco de Esquerda e aos sindicatos de esquerda. Mesmo assim, a mais recente sondagem concede uma larga vantagem ao PS, o que, provavelmente, se deve à fragilidade do actual executivo governamental ou então ao facto do PS estar fechado para "obras", dando a ideia que, às vezes, mais vale estar calado e mudo do que falar para a sociedade. Penso que tal vantagem se deve um pouco às duas situações...
Mas, o que interessa mesmo é analisar este PS e, sobretudo, o que se poderá esperar dos seus dirigentes após as eleições internas. A primeira nota a destacar é o mérito que socialistas têm em enveredarem por um processo eleitoral verdadeiramente democrático, com todos os militantes em igualdade de direitos no acto de se pronunciarem sobre o futuro líder do partido. A segunda nota é mais um ponto de interrogação do que propriamente uma certeza. É que dá a ideia que não há um PS, mas sim dois... Um virado para o centro, embora disfarçadamente (o de José Sócrates) e um de tendência marcadamente à esquerda, quase a confundir-se com a defesa de um ideal marxista (o de Manuel Alegre e João Soares). Ou muito me engano ou a partir do dia seguinte às eleições iremos ter um PS mais fragilizado e dividido, com muitos dos militantes apoiantes dos candidatos perdedores a iniciarem uma espécie de guerrilha interna que não será nada benéfica para o novo líder socialista que aí vem.
Seria bom para todos nós que deste novo PS ressurgisse uma oposição credível e séria, por forma a forçar o actual Governo para uma governação mais ponderada e cuidada. Geralmente, só há bons Governos quando as oposições dão luta e se assumem como alternativas credíveis. É o que se espera deste novo PS. A ver vamos o que aí vem...

quarta-feira, setembro 22, 2004

Depois da tempestade, a esperada bonança...

Depois de quase três dias "pregado" à Internet, na ânsia de conhecer a escola para onde irei leccionar este ano lectivo, eis que entramos numa nova fase do conturbado processo de colocação dos professores. Muito haveria para dizer acerca da forma como todo o processo se tem desenrolado, desde que a actual Ministra da Educação se confrontou com este imbróglio escaldante...
Penso que é por demais evidente que a apontar qualquer tipo de responsabilidade política pela falta de rigor na condução de todo o processo de colocação dos professores, a mesma terá que ser acometida aos anteriores governantes David Justino e Abílio Morgado. Quanto a um processo de índole criminal, é óbvio que a empresa Compta não poderá ficar ilibada de ser responsabilizada pelo retumbante falhanço em que se meteu e nos meteu a todos...
Agora, que dizer da actual equipa ministerial e da sua actuação? No mínimo, poder-se-á dizer que abusou do optimismo e revelou alguma teimosia e prepotência na tentativa de cumprimento de uma data fictícia e ilusória. Claro que as intenções da Ministra Maria do Carmo eram as melhores, mas neste tipo de situações não se pode ser ingénuo!
O certo é que milhares de professores, pais e alunos (e respectivas famílias), lá terão que ficar mais uma semana à espera que sejam elaboradas à moda antiga, ou seja, manualmente, listas de colocação de docentes, o que, para quem falava tanto em "Ingovernement" não deixa de ser irónico!

sábado, setembro 18, 2004

Um Bagão às "direitas"...

A aposta de Santana Lopes em entregar a pasta das Finanças a Bagão Félix está a revelar-se como completamente certeira, tendo em conta a forma franca, rigorosa e independente (dos grandes lobbies) como Bagão tem vindo a exercer o seu cargo.
Na mais recente entrevista à RTP, Bagão Félix abriu o "jogo" e explicou, olhos nos olhos, como é que o Governo vai conduzir a política financeira do País, tendo como fundamentos principais o controlo do défice orçamental e a defesa do princípio da justiça social. O mote está lançado: toda a população, nomeadamente as classes sociais mais favorecidas, vai ser chamada a contribuir para a saudável "limpeza" das contas públicas, ilibando as classes mais baixas desse sacrifício. Quem é que da esquerda socialista poderá estar contra este objectivo?
Bagão foi muito claro nas suas ideias: as empresas que geram grandes lucros não serão mais beneficiadas com novas reduções do IRC; os 30% de contribuintes com maiores rendimentos perderão os benefícios fiscais dos PPR ou das Contas Poupança Habitação; a banca, que vive na abundância, perderá parte dos seus privilégios; os gestores públicos, como Mira Amaral, perderão regalias "quase obscenas" e os que fogem ao fisco serão objecto de uma fiscalização que, pela vontade do próprio ministro, pode chegar à quebra do sigilo bancário e à publicidade das declarações de IRS. Que mais querem? Milagres???
Este Governo não está para meias tintas! Chegou a hora de, independentemente de se ser de esquerda ou de direita, levar a cabo o verdadeiro combate à fraude fiscal e promover o princípio segundo o qual os mais desfavorecidos não devem apenas ser alvo de caridade, mas também de solidariedade e justiça social...

quinta-feira, setembro 16, 2004

Urgente: investir a sério na Educação...

No dia em que oficialmente se dá início a mais um ano lectivo, importa parar um pouco para reflectir nos mais recentes números da OCDE vindos a público sobre o estado da Educação em Portugal em comparação com os restantes países da OCDE. Já sabemos que Portugal tem um rácio professor/alunos abaixo da média europeia e que as taxas de abandono e insucesso escolares são desastrosas...
Ora, já o povo diz, e com sabedoria, que "sem ovos não se fazem omoletes", o que, ao nível da área da Educação será o mesmo que dizer: sem professores motivados não pode haver um ensino de sucesso. Neste início de ano lectivo, mais uma vez, somos confrontados com uma realidade em que mais de metade dos professores (presume-se uns 50 a 60 mil) ainda não têm escola e, quando a tiverem será, para muitos deles, bem longe da sua área de residência. A verdade é que este problema castrador do sucesso escolar já ocorre há muitos anos e, talvez seja, das principais causas para que o processo de ensino-aprendizagem tenha muitas falhas. Atente-se que as escolas com melhores médias costumam ser as que têm um quadro docente estável e permanente, o que, na actualidade, é uma excepção do nosso sistema educativo...
Penso que já nem vale a pena falar dos salários médios dos professores, no número médio de alunos por turma ou na falta de uma Ordem dos Professores com verdadeiro peso na acção política. Enquanto o nosso sistema de ensino for uma espécie de mesa de ping-pong, com milhares de professores a "saltarem" todos os anos de uma escola para a outra, o sucesso será dificil de alcançar. Com o nosso País a ver passar os outros à frente...

terça-feira, setembro 14, 2004

Um novo ano lectivo entre a espada e a parede...

Já diz o ditado: "O que nasce torto, jamais se endireita". Ora, o estado lamentável em que o novo ano lectivo escolar se está a iniciar é o exemplo paradigmático de como alguns ditados populares se aplicam à vida real...
Mais uma vez, o Ministério da Educação viu-se na obrigação de adiar a publicação das listas de colocação dos mais de cinquenta mil professores, que (des)esperam pela hora de saber para que escola irão este ano dar aulas. Será desta???
O que não se compreende são a teimosia e a prepotência que a actual equipa ministerial evidencia em não querer adiar o início oficial das aulas, sabendo-se que a maioria das escolas não irão ter os docentes suficientes para dar começo a uma regular abertura do ano lectivo. Já se sabe que os erros cometidos pela equipa do ex-Ministro David Justino não devem ser imputados aos actuais titulares da pasta da Educação. Mas, não seria mais realístico assumir as insuficiências resultantes das falhas das colocações e adiar a abertura do novo ano lectivo por uma ou duas semanas? É que as escolas não são ATL`s!!!
Só encontro uma explicação para a intransigência da nova Ministra: entre "afrontar" os professores ou os encarregados de educação, o Governo prefere descansar os pais (que ficam aliviados por os filhos irem para a escola no tempo previsto), enquanto que, mais uma vez, os professores não são tidos, nem achados para os problemas decorrentes de um começo de aulas "sem" aulas...
Enfim, este é apenas mais um exemplo de como a falta de uma Ordem dos Professores é sinónimo de completo desrespeito da tutela pela classe docente...

segunda-feira, setembro 13, 2004

Quem tem medo da justiça social?

A proposta avançada por Santana Lopes de concretizar medidas legislativas que permitam uma maior justiça social ao nível do acesso a determinados bens de primeira necessidade, como a saúde ou a educação, parecem ter caído que nem uma "bomba" nas hostes partidárias mais à esquerda. Ora, por uma questão de coerência, a reacção negativa dos socialistas e de muitos sindicatos não era esperada...
O argumento de que os críticos desta proposta se servem é muito simples: "Como não temos uma política fiscal perfeita, se esta proposta for concretizada, aqueles que fogem ao fisco serão beneficiados, ao contrário dos trabalhadores por conta doutrém, nomeadamente os funcionários públicos, pelo que não deve haver uma melhor justiça social". Ora, a questão a colocar deveria ser a seguinte: "Será que por alguns fazerem falcatruas e beneficiarem, ilegalmente, de regalias sociais, é admissível que se continue com uma política de não discriminar positivamente aqueles que realmente passam por maiores dificuldades financeiras"? Penso que não...
Por muito que a justiça fiscal ainda não seja a ideal (será que alguma vez o virá a ser?) e, visto que o Serviço Nacional de Saúde, para ser minimamente eficaz, resulta num défice anual de mais de mil milhões de euros, o que poderá obstar a que não se avance com uma política de maior justiça social, mediante a qual quem provar que apresenta fracos recursos económicos seja beneficiado aquando do pagamento de uma taxa pela fruição de um serviço de saúde que lhe é prestado pelo Estado? O mesmo já é aplicado ao nível de alguns serviços de educação...
Só quem pensar que os cofres do Estado são uma máquina de fazer dinheiro e não perceber que, efectivamente, para se poder prestar um bom e eficaz serviço público de forma mais justa é necessário haver um maior contributo por parte daqueles que mais auferem ao final do mês, é que pode continuar a defender que todos os serviços públicos sejam gratuitos ou pagos de forma igual por todos! É que urge sair da ilusão e enfrentar a realidade das contas públicas: para se gastar é preciso recolher...

domingo, setembro 12, 2004

O lento abrir de olhos dos futuros doutores...

Através de uma breve análise aos resultados da primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior pode-se facilmente concluir que se tem vindo a assistir, nos últimos anos, a uma lenta, mas progressiva mudança dos cursos mais frequentados, o que denota, sobretudo, que a população estudantil começa a pensar, não apenas em entrar para o ensino superior, mas também em certificar-se das suas reais possibilidades de se inserir no mercado de trabalho. Mais do que ter um canudo, é importante ter um emprego estável e fiável...
O boom universitário que se deu nos anos 90 com a abertura, quase indiscriminada, de estabelecimentos de ensino superior, tanto públicos como, e sobretudo, privados (muitos deles de qualidade duvidosa) provocou uma crescente entrada de estudantes no ensino superior. Ora, Portugal era, nessa altura, o País com menos diplomados de toda a UE, pelo que se compreende tal aposta governamental. No entanto, este crescimento das vagas universitárias foi desordenado, tendo-se apostado, essencialmente, nos cursos menos onerosos e que menos falta faziam a Portugal. Daí termos continuado com graves carências de diplomados nos sectores da saúde e das novas tecnologias, em contraste com o número excessivo de licenciados nas áreas do ensino e das humanidades.
Felizmente que este panorama começa agora a alterar-se com uma diminuição da procura dos cursos sem saída profissional e a aposta nas áreas de que o País mais carece. Esperemos que este progressivo equilíbrio entre a oferta e a procura não tenha efeitos numa indesejável diminuição do rigor e da exigência que se esperam de um ensino superior que devia primar pela excelência e não pelo facilitismo...

sexta-feira, setembro 10, 2004

Três anos de terrorismo...

Por estes dias é quase impossível não nos recordarmos da tragédia que se abateu sobre as Torres Gémeas de Nova Iorque há três anos atrás e que deu início a uma nova ordem mundial ao nível das relações internacionais. Foi a partir do 11 de Setembro de 2001 que o terrorismo na sua verdadeira acepção da palavra se tornou ponto de ordem nas discussões do nosso dia-a-dia...
Contudo, e como tudo na vida, várias são as perspectivas de análise deste novo tema, com uns a culparem as chamadas "globalização" e "doutrina dominadora dos EUA" como as grandes causas da insegurança que se vive no mundo, enquanto que outros colocam a ênfase numa nova ideologia que começa a dar sinais de si e que se baseia no ódio a valores tão básicos como a democracia e a liberdade de opinião.
Claro que a atitude mais fácil e, porventura a que mais está na moda, é culpar Bush e a globalização por tudo o que de mal acontece no mundo. Mas, essa é uma postura demasiado simplista, que se baseia mais num novo estilo de actuação dos ideólogos de esquerda.
A verdade é que não foi Bush ou os EUA que enveredaram por esta estratégia infernal de aniquilar população civil, com o intuito de aterrorizar as sociedades ocidentalizadas. Foram sim os extremistas islâmicos que têm raiva a tudo o que diga respeito ao Ocidente e ao mundo desenvolvido que iniciaram uma nova forma de terror, que até há três anos atrás, não passava de uma estratégia utilizada sobretudo pelos grupos armados palestinianos, mas a uma escala muito menor...
O que vivemos agora é um tempo em que terroristas se servem do Islão para proclamar uma luta contra os valores da democracia e da liberdade vigentes no mundo ocidental. A resposta possível não pode ser a simples ideia de que o diálogo resolve tudo. Sem descurar o entendimento com os países árabes, é urgente que os países alvo destes atentados (portanto, todas as democracias) unam esforços no sentido de combater o terrorismo através de uma política de segurança, espionagem e informações conjuntas que possam aniquilar estes grupos terroristas islâmicos que têm os seus viveiros na Palestina e um pouco por todo o mundo árabe...
Bush e seus aliados têm conseguido aliados importantes nesta luta, como o Paquistão, a Arábia Sáudita, Marrocos e muitos outros países árabes, pelo que, com ou sem Bush a actual união de esforços terá de prosseguir. Sem contemplações e dure o tempo que durar...

quarta-feira, setembro 08, 2004

Crime à vista...

Quando a má fé e a falta de bom senso superam o respeito pela lei vigente e a fuga para a frente parece ser a única saída encontrada por aqueles que apenas têm como objectivo afrontar o regime jurídico português e fazer valer à força as suas convicções e as suas ideias, o resultado final só poderá ser mau e contraproducente.
Vem isto tudo a propósito da reacção tida pela fundadora da organização "Women on Waves" que, depois de ter sido confrontada por uma decisão judicial que não lhe agradou, resolveu, com a conivência da SIC, prestar um mau serviço à população portuguesa divulgando publicamente a forma de cometer um aborto com um medicamento comprado numa farmácia, medicamento esse destinado a dores de estômago.
Ora, por muito boas que sejam as intenções dessa senhora e das organizações que a apoiam, a verdade é que nada em democracia pode ser mais importante que o respeito pela lei em vigor, sob pena de entrarmos num estado de auto-regulação, mais parecido com uma espécie de anarquia.
Em Portugal, a interrupção voluntária da gravidez, bem ou mal, encontra-se legislada, pelo que a lei não é omissa relativamente a esta matéria. Ainda por cima, houve um referendo há seis anos sobre este tema, pelo que nada justifica que alguns queiram à força contrariar a lei portuguesa. O que esta senhora fez foi um atentado à saúde pública, agindo como se Portugal não tivesse um sistema nacional de saúde, nem uma lei em vigor sobre a IVG.
Esperemos que a justiça portuguesa actue. Se possível, depressa e bem...

terça-feira, setembro 07, 2004

A evidência que alguns tentam esconder...

A esquerda mais ortodoxa anda num fernesim insaciável no sentido de tentar explicar os mais recentes atentados terroristas e as capturas de reféns no Iraque como meras respostas ao "pseudo-anseio" dos EUA de quererem dominar o mundo a seu bel-prazer... O que temos visto em muitos blogues da esquerda mais radical é a análise fria da justificação dos mais recentes massacres de Beslan e de Madrid como tendo sido o ripostar a um hipotético acto de crescente dominação dos EUA em todo o mundo.
Porém, estes mesmos críticos de Bush, Blair e companhia esquecem-se de apontar a evidência mais crucial deste fenómeno terrivelmente desumano: "A maior parte das operações suicidas realizadas no mundo nos últimos dez anos foram perpetradas por muçulmanos". Sirvo-me de uma afirmação proferida por Abdulrahman al Rashed, director-geral da rede de televisão Al Arabiya. Este intelectual muçulmano vai mais longe e chega a dizer: "Os nossos filhos terroristas são fruto da nossa cultura corrompida (...); os muçulmanos não serão capazes de limpar a sua imagem, a menos que admitam factos escandalosos, em vez de justificarem tais actos".
Ora, é de saudar esta frontalidade de Abdulrahman al Rashed, que coloca o dedo na ferida ao apontar o radicalismo islâmico como a principal causa do terrorismo internacional, com o epicentro deste fenómeno a dar-se na Palestina e nos países onde a iliteracia e a falta de cultura democrática são autênticos cancros da civilização humana...
Entretanto, continuamos a assitir à omissão desta evidência por parte de uma pseudo facção intelectual da esquerda portuguesa. Esta continua a preferir carregar baterias contra Bush e os EUA...

segunda-feira, setembro 06, 2004

Bush tinha razão...

No encerramento da Convenção Republicana e após o discurso de Bush, essencialmente virado para a importância da luta contra o terrorismo internacional, a opinião pública americana parece ter acordado da anestesia "mooreana" provocada pelo tão badalado "Fahrenheit 9/11". Agora, as sondagens dão um confortável avanço a Bush, o que parece vir provar que a alternativa Kerry não é assim tão forte como se julgava ao princípio.
Goste-se ou não do estilo de Bush (e eu não gosto!) e apesar de todas as suas gafes, a verdade é que o vulgar cidadão americano está mais interessado em ter um Presidente que sabe o que quer e para onde vai na procura de um mundo mais seguro, do que apostar num homem que é um autêntico tiro no escuro. É que, a apenas dois meses das eleições, temos assistido, até agora, a uma campanha eleitoral de Kerry que parece dar maior destaque às críticas a Bush do que à apresentação de uma estratégia minimamente válida para combater o terrorismo.
As mais recentes notícias vindas a público vêm confirmar que o massacre de Beslan, na Rússia, foi perpetrado por terroristas de várias nacionalidades, pelo que a escala deste caso é muito mais global do que se supunha. De facto, há que acordar para a nova ameaça planetária que é este novo terrorismo desencadeado contra a população civil e que tem como único objectivo fragilizar e derrubar as Nações livres e democráticas. Convém não esquecer que tudo começou antes da invasão do Iraque e que os ideais destes novos mercenários apenas têm que ver com o ódio à democracia, à liberdade e a um estilo de vida ocidentalizado.
Desta vez, Bush tinha razão. Urge unir esforços para combater o terrorismo, esse novo flagelo do século XXI...

sábado, setembro 04, 2004

O inferno na Terra...

O que dizer da mais recente barbárie cometida por terroristas que não olham a meios para atingir os seus fins? Muito se tem escrito sobre as razões do massacre de Beslan, condenando os terroristas tchetchenos, mas criticando também a acção do governo russo. Penso que muito do que se tem escrito revela demasiado simplismo face a uma realidade muito mais abrangente e global que é o terrorismo. Seja a acção dos rebeldes tchetchenos, a estratégia dos suicídas da Palestina ou a táctica utilizada pela guerrilha iraquiana de Al-Sadr contra a população civil inocente, entre muitos outros exemplos que poderia referir, parece claro que a resposta a este tipo de barbaridades desumanas não pode ser o diálogo com estes terroristas.
É tempo de as nações livres e democráticas instituírem uma nova ordem mundial (no seio da ONU ou de uma nova organização) que tenha como missão principal combater as várias faces do terrorismo, qualquer que sejam os seus objectivos. Vir agora criticar a forma como Moscovo respondeu ao ataque dos rebeldes tchechenos é entrar numa espiral de crítica fácil, sem perceber que a questão vai muito mais além que o simples desejo justo ou não da independência da Tchetchénia.
Os desejos de independência de alguns povos podem ser alcançados, mas nunca enveredando por este caminho infernal de matança e barbárie... Veja-se o caso da guerrilha timorense que conseguiu levar a bom porto os seus anseios de independência, sem nunca ter infligido ataques à população civil ocupante, mas apenas aos militares indonésios e numa vertente defensiva e não de puro ataque.

sexta-feira, setembro 03, 2004

Polémica abortada...

A polémica suscitada pela acção "ofensiva" de várias organizações não governamentais pró-aborto em quererem afrontar a actual lei portuguesa quanto à interrupção voluntária da gravidez parece ter os dias contados. Recordemos que várias associações convidaram a organização "Women on Waves" para trazerem o seu barco, de nome "Borndiep", até águas portuguesas para, supostamente, realizarem acções de divulgação e informação junto da população portuguesa sobre a matéria em questão. Ora, interessa não esquecer que a referida embarcação está equipada com uma clínica ginecológica que permite realizar abortos até às seis semanas e meia de gravidez, com recurso à pílula abortiva. A verdade é que tal prática não é permitida à luz da lei portuguesa, pelo que se justifica, por completo, a atitude frontal do Governo em não deixar entrar o dito barco em águas nacionais.
O que não se compreende é a atitude provocatória e de má fé da dita organização em querer forçar a entrada da embarcação em território nacional, pois, caso a sua real intenção fosse o debate sério e o esclarecimento dos cidadãos não se tornava imprescindível a entrada da embarcação munida de equipamento e medicamentos suspeitos.
Pena é que a esquerda ortodoxa se sirva deste tipo de acções provocatórias para fazer política baixa, quando os partidos da coligação e o próprio Governo estão abertos ao debate de ideias sobre uma questão onde o princípio do respeito pela lei (que foi referendada) deveria ser ponto de ordem para todos. Infelizmente, não o é para alguns...

quinta-feira, setembro 02, 2004

Quem se queima é o "mexilhão"...

O mais recente episódio do autêntico drama, que tem sido este ano, o processo de colocação de professores tem contornos verdadeiramente inconcebíveis, se se pensar que o início das aulas está previsto para daqui a apenas quinze dias, numa altura em que ainda nem metade dos docentes sabe a escola em que irá leccionar.
No ano passado, assim como nos anteriores, a maior parte dos professores tinha-se já, por esta altura, apresentado na escola em que iria dar aulas. Este ano é o que se vê! Mais de 70 mil vão ainda ao longo desta semana preencher formulários para concorrerem às escolas da zona a que estão afectos. E, muitos outros, não sabem ainda sequer se terão alguma vaga numa qualquer escola do País com horário incompleto.
É um autêntico drama. As culpas são fáceis de apontar, a começar pela incompetência do Ministério da Educação em ter encarregue uma empresa privada de proceder ao processo de colocação de professores, que deu no que deu: listas de graduação incorrectas e o consequente atraso de todas as fases seguintes. Depois, não tenho dúvidas que muitos professores não sabem preencher os formulários (em papel ou por via electrónica), havendo casos incompreensíveis de docentes que não sabem sequer ligar um computador... Finalmente, o que dizer de alguns sindicatos que, de forma indisfarçada, pretendem apenas protagonismo e a adesão de mais sócios à custa da trapalhada do processo de colocação dos docentes!
A verdade é que muitas famílias de professores (centenas ou mesmo milhares) estão por estes dias com os cabelos em pé, sem saberem se ficarão perto das suas áreas de residência ou se terão, ao menos, alguma escola em que leccionar. Claro que não podemos esquecer que muitos candidatos a professores e professores contratados ficarão de fora por inexistência de vagas. Mas, nestes casos, também não se percebe como se continuam a formar licenciados em ensino quando muitos grupos de docência estão simplesmente a rebentar pelas costuras.
Para o Ministério e os sindicatos apenas interessam os números e as primeiras páginas de jornais, mas quem sofre são os professores e, inevitávelmente, os próprios alunos e as taxas de (in)sucesso no ensino em Portugal...

quarta-feira, setembro 01, 2004

De regresso...

Depois de alguns dias de férias por terras do maravilhoso Parque Nacional da Peneda Gerês é tempo de voltar à rotina da vida de professor, com o início de um ano lectivo a decorrer de forma bastante atribulada e stressante. Hoje foi dia de apresentação e sensibilizou-me o facto de muitos colegas meus terem ido à escola entregar o pedido de subsídio de desemprego por não terem tido colocação. Mas, agora não é tempo para lamentações... Sobre este e outros assuntos haverá tempo para escrever algumas coisas. Até já...

quarta-feira, agosto 18, 2004

Quando a vergonha não tem limites...

A associação "Opus Gay" resolveu incluir o Santuário de Fátima, em concreto os seus wc`s, no rol de locais de "engate" para gays. Esta falta de respeito para com todos aqueles que vão a Fátima visitar o Santuário ou simplesmente fazer as suas preces é condenável a todos os títulos e só contribui ainda mais para que o clima de "hostilidade" entre a comunidade gay e a Igreja se intensifique ainda mais.
A comunidade gay costuma queixar-se da falta de complacência e de benevolência da Igreja para com os gays, mas o que dizer desta atitude de uma organização que "ataca" desta forma toda a comunidade católica portuguesa? Será que o movimento gay necessita de ofender os católicos para se fazer ouvir e "saltar" para as primeiras páginas dos jornais?
Incluir o Santuário de Fátima num guia de propaganda gay terá apenas como único objectivo injuriar os católicos portugueses, contribuindo, inevitavelmente, para que a maioria dos portugueses continue a não ver com bons olhos as pretensões dos gays portugueses, muito por culpa das atitudes levadas a cabo pelos seus dirigentes associativos. Quanto ao facto de os ditos sanitários serem utilizados para práticas homossexuais só merece um comentário: nojento... Depois, os gays que não venham queixar-se que Portugal é que é conservador...

terça-feira, agosto 17, 2004

O boom da música "made in" Portugal...

Nas últimas semanas tenho tido a oportunidade de assistir a vários concertos de bandas portuguesas, umas cantando em português, outras em inglês, o que me tem permitido avaliar um pouco melhor o muito que se vai fazendo pelo nosso País em termos musicais.
Se não há dúvidas acerca da prestação de algumas bandas portuguesas já com créditos firmados na áera musical, tais como os "decanos" Xutos & Pontapés, Rui Veloso, GNR ou Delfins, que contam com muitos anos de músicas e concertos, ou os "alternativos" Blind Zero e Silence Four (agora com David Fonseca a solo), já com carreiras sólidas, há que dar os parabéns a uma série de bandas que neste Verão têm posto os portugueses a cantar as suas músicas. São os casos dos Fingertips, dos Toranja, dos Ez Special, dos Gomo ou dos Blunder que têm animado as festas de Verão um pouco por todo o País.
Pena é que o sucesso da maioria destas bandas se cante em inglês. Daí que seja justo prestar a devida homenagem aos Toranja por cantarem (e bem) na nossa língua. Tal como aconteceu há uns anos com João Pedro Pais, também agora os Toranja demonstram que é possível ser-se bom na música portuguesa cantando em português.
Se ainda não viram um concerto de alguma desta bandas, aqui deixo uma sugestão: aproveitem o resto do Verão para poderem "curtir" ao som de boa música pop-rock cantada por portugueses...

sábado, agosto 14, 2004

Segredo de justiça? Onde?

O mais recente caso de fuga ao segredo de justiça é apenas mais um no vasto rol de situações em que muitos dos agentes da justiça (desde juízes e advogados a procuradores e funcionários judiciais) aparecem como autênticos "passadores" de informação sigilosa a jornais que vivem das vendas e do lucro daí obtido.
Ora, importa perceber que, na realidade, o segredo de justiça não passa de pura teoria legislativa assente em paredes de vidro e que facilmente é violado, com vista à descredibilização de casos investigados e prontos a ir a julgamento, assim como com o objectivo de fazer capas de jornais que levem ao aumento de vendas. O que ontem se passou com o Independente, tal como antes se havia passado com o Correio da Manhã, é bem elucidativo da forma como em Portugal se pratica algum jornalismo obscuro e pouco dado ao cumprimento da lei em vigor. O mesmo se poderá dizer de muita gente que, aproveitando-se dos seus cargos na área da justiça, vendem informação por baixo da mesa.
A solução passa por abrir um precedente que meta medo a esta gente sem escrúpulos, por forma a que o segredo de justiça seja efectivamente respeitado e cumprido. Para quando o dia em que alguém será afastado da justiça ou do jornalismo por violar o segredo de justiça?

quinta-feira, agosto 12, 2004

Sete dias em Lisboa...

Depois de cinco anos a viver em Lisboa, mais precisamente nas zonas de Picoas e do Campo Grande, resolvi fixar-me numa cidade do interior. Nascido e criado na Covilhã, fui para Lisboa estudar no ensino universitário público por opção, mas sempre com a plena ideia de me fixar numa cidade de média dimensão que me pudesse proporcionar uma qualidade de vida acima da média.
Apesar de ter gostado de viver em Lisboa durante o tempo de estudante, sempre me fez alguma confusão a forma stressada e apressada como se vive na grande capital, sobretudo daqueles que vivem na periferia e trabalham em Lisboa. Viver numa cidade com centenas de milhares de habitantes poderá ter as suas vantagens, mas em termos de acessibilidades, segurança e ambiente fica muito atrás das cidades de média dimensão como Viseu, Leiria, Évora ou Covilhã.
Depois de ter deixado Lisboa há seis anos, tenho por hábito ali deslocar-me várias vezes ao ano para estar com a família (toda a parte paterna vive na capital) e "sentir" a verdadeira cidade, mas quando estou por lá mais de uma semana fico farto e com vontade de retornar à chamada "província". Foi o que voltou a acontecer desta vez. Depois de ter estado durante estes dias em Lisboa, com residência no bairro da Graça (onde o meu pai vive), parti até Viseu sem grandes saudades, convencido de que não há dinheiro que pague o sossego e a tranquilidade que se respira por estas bandas...
Dez anos passaram desde que cheguei a Lisboa para ir tirar o curso de Geografia e a ideia com que fico é que muitos daqueles que vivem em Lisboa têm inveja dos que com menos dinheiro possuem uma melhor qualidade de vida numa cidade do interior de Portugal.

quinta-feira, agosto 05, 2004

Túneis e rotundas...

A moda dos túneis e rotundas veio, definitivamente, para ficar. Agora, até Viseu, que era conhecida por ser a cidade das duzentas rotundas (meio a sério, meio a brincar, pois nunca as contei...) , tem o seu primeiro túnel, obra esta que custou cerca de quatro milhões de euros e que, segundo o edil camarário, irá facilitar o tráfego rodoviário.
Ora, será que as Câmaras Municipais deste País não têm outra finalidade a dar ao dinheiro dos seus contribuintes que não seja a de construirem rotundas, túneis e estradas? Com quatro milhões de euros pode-se fazer muita obra, bem menos vistosa do que um túnel, mas talvez mais necessária para o bem comum, nomeadamente acabar com os bairros de lata, criar espaços verdes e investir em estruturas de apoio à juventude a aos mais idosos.
Cada vez mais as cidades portuguesas se assemelham a estruturas do "lego", onde proliferam autênticas "auto-estradas" em plena cidade, "buracos" rodoviários de quatro faixas e viadutos quase a "rasgarem" o céu...

quarta-feira, agosto 04, 2004

A culpa é do facilitismo...

Os mais recentes números vindos a público sobre a reduzida taxa de conclusão do 12º ano de escolaridade (mais de metade dos alunos matriculados no último ano do ensino secundário em 2001 não o concluíram) só podem surpreender os mais distraídos ou menos conhecedores do actual estado do ensino em Portugal.
Nas duas últimas décadas, a Educação no nosso País tem vindo a ser alvo de sucessivas medidas legislativas "subservientes" que apenas têm conduzido a um estado de crescente facilitismo, com graves consequências ao nível da (não) aquisição de conhecimentos científicos dos alunos portugueses quando avaliados em exames nacionais. Ou seja, o que se passa é que no ensino básico o grau de exigência tem vindo a decrescer de tal forma que os alunos quando chegam ao ensino secundário começam a "tropeçar" na barreira do mínimo exigível. Deste modo, quando postos à prova em exames rigorosos de âmbito nacional, muitos dos alunos que foram sendo empurrados à "força" para prosseguirem os seus estudos, enfrentam a verdade nua e crua do seu real estado de ignorância.
Com um ensino básico que "condecora" os professores que dão boas notas, independentemente das mesmas corresponderem ao real valor dos alunos, e que desprestigia e cria problemas aos docentes que são exigentes para com os seus alunos, temos que muitos dos alunos que não demonstram capacidades para prosseguirem os seus estudos a partir do 9º ano de escolaridade embarcam numa "aventura" de irem para o ensino secundário (não obrigatório) sem as mínimas condições de concluírem o 12º ano de escolaridade.
Muito mais se poderia dizer sobre as reais causas deste problema educacional, desde a existência de professores sem a mínima vocação para estarem no ensino, ao excesso de disciplinas dos 2º e 3º ciclos do ensino básico, ao desprezo manifestado por muitos pais em relação à situação dos seus filhos na escola, até à forma desleixada como muitas escolas são geridas. Mas, continuo a pensar que mais vale termos poucos alunos no ensino geral, mas com reais capacidades de sucesso, do que termos um ensino facilitista, mas ilusório em termos das reais capacidades de muitos dos nossos jovens. Enquanto se pensar que todos os jovens portugueses têm de ser licenciados em alguma coisa, continuaremos a ter de enfrentar notícias que apenas nos envergonham face aos demais parceiros da UE...

terça-feira, agosto 03, 2004

Assuntos quentes...

Depois de uns dias de férias pela costa ocidental portuguesa, retorno à blogosfera para aqui manifestar a minha opinião sobre o que vai sendo notícia por este País fora. Durante este período de tempo muito se falou dos incêndios florestais e da campanha eleitoral que está em curso no PS.
Gostaria de deixar aqui expressa a minha opinião sobre estes dois assuntos que estão na ordem do dia. Em relação aos fogos florestais, penso não haver dúvidas de que se trata de um flagelo nacional já de há muitos anos, que ultrapassa Governos de direita ou de esquerda. Por muita prevenção que possa ser assegurada em termos de vigilância ou de abertura de caminhos, penso que só se poderá combater eficazmente este problema quando os municípios tiverem competência legal para poderem fiscalizar as condições em que os proprietários privados da floresta portuguesa (não) conservam os seus terrenos florestais. Todos sabemos que mais de 90% da floresta portuguesa é privada; ora, para quem é detentor de um bem, não basta detê-lo, é preciso saber geri-lo. Esta situação faz-me lembrar os proprietários de prédios em estado de ruína que insistem em não fazer nada para os recuperar (veja-se o mais recente caso).
Já no que respeita às eleições internas do PS, se por um lado é positivo que estejam em confronto diversos candidatos com ideias e posturas diferentes, já se torna contraproducente que os mesmos entrem em quezílias acerca da (falta de) transparência e legalidade que envolve a eleição do líder do PS. Penso que a forma directa como os militantes do PS podem escolher o seu Secretário-Geral deveria ser seguida pelos demais partidos portugueses, pois o voto secreto e universal é a verdadeira base da democracia. Ora, se há que elogiar o PS por ser o primeiro partido português a avançar para este novo modelo de democracia interna a nível partidário, já é pena que a mesma seja dominada por uma névoa de desconfiança e intriga que em nada dignifica o maior partido da oposição.

sábado, julho 24, 2004

Férias sem blogues...

Durante uns dias vou-me ausentar de férias. Deixo o interior de Portugal e vou desfrutar de algumas das nossas belas praias. Ora, para estas serem umas verdadeiras férias vou fazer um pequeno esforço para me "esquecer" da blogosfera durante esta pausa. Apesar disso, não me "afastarei" do mundo real, ficando, minimamente atento ao que a comunicação social escrita emana do mundo... Quanto à televisão só vou precisar dela para assistir aos jogos do Benfica. Para leitura levo dois livros da colecção Trajectos da editora Gradiva sobre a história mundial do último século. Se for o caso, bom descanso; se não for, bom trabalho...

sexta-feira, julho 23, 2004

Uma política de continuidade...

Dando uma rápida vista de olhos às linhas gerais do Programa de Governo do actual executivo, facilmente se chega à conclusão que, efectivamente, Santana Lopes cumpriu com a palavra e se prepara, a fazer fé no Programa de Governo, para continuar com a política de consolidação financeira iniciada pelo anterior executivo.
Como prioridades ao nível das finanças, o actual Governo propõe-se continuar a levar a bom termo a saúde orçamental, as reformas estruturais e o aprofundamento da justiça social (pág.64). A este propósito consta do Programa de Governo uma medida de revisão do IRS e dos benefícios e isenções fiscais (pág.69).
Claro que, nos próximos dias, lá virá a oposição acusar o Governo de populismo, criticando a medida de revisão do imposto sobre os rendimentos singulares (IRS), esquecendo-se que a mesma constava do anterior Programa de Governo. Ou seja, se a política geral deste executivo é de continuidade, é-se acusado de populismo; se a política geral é de ruptura, é-se criticado de faltar à palavra. É caso para dizer: a crítica fácil passou a ser um vício de alguns! 

quinta-feira, julho 22, 2004

A apologia das tempestades em copos de água...

A formação do XVI Governo Constitucional não foi de resolução fácil, por manifesta falta de tempo e por se inserir num contexto político muito próprio e de carácter excepcional. Todos já sabíamos disso. Apesar de tudo, parece haver por parte de algumas pessoas a procura insistente de pequenos episódios sem importância (os chamados fait-divers) para, assim, justificarem o tão propalado populismo de que acusam este Governo.
O mais recente caso mediático foi o ocorrido com a Secretária de Estado Teresa Caeiro. A propósito deste caso, a ter havido alguma falha , a todos os níveis evitável, foi a da precipitação de Paulo Portas em vir para a comunicação social falar de uma situação que ainda não estava concretizada. Podemos apelidar esta falha de ingenuidade, acto irreflectido ou demasiada confiança, mas daí a ser dado como factor de instabilidade ou de irresponsabilidade do Governo vai uma grande distância. Digo isto porque, pelo que se diz em surdina, o que se passou foi que o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, o Almirante Mendes Cabeçadas, terá informado Sampaio de que não aceitaria ter uma mulher na Secretaria de Estado da Defesa, obrigando, assim,  a alterações de última hora.
Fazer deste caso uma tempestade num copo de água demonstra bem a forma como alguns pretendem "tabloidar" a política portuguesa. Duas evidências ressaltam deste episódio: a de que a serenidade é sempre boa conselheira (dirigida a Paulo Portas) e a de que o machismo e o conservadorismo arcaico continuam bem patentes nas mentes de algumas figuras do Estado (dirigida às altas patentes militares). Quanto a Santana Lopes fez o que lhe era exigido: manteve a calma, não afrontou os militares e resolveu o problema.
Actualização: alguma comunicação social diz agora que a mudança de Teresa Caeiro da Defesa para a Cultura se ficou a dever à insistência do PSD em ter um lugar no Ministério da Defesa. A ser verdade, em nada é desculpável a atitude imprudente e apressada de Portas em ter vindo falar antes de tempo, causando toda a confusão que se sabe. Quanto aos militares, devem ter ficado mais aliviados, pois não é de admirar que alguns não gostassem da ideia de ver uma mulher numa área dominado por homens.

terça-feira, julho 20, 2004

Uma questão prioritária...

No primeiro Conselho de Ministros realizado pelo novo Governo, Santana Lopes deu instruções à nova Ministra da Educação para que esta verifique a actual situação da colocação dos professores, por forma a garantir que o novo ano escolar comece com toda a normalidade.
Depois de uma semana conturbada, dominada por um novo adiamento na publicação das listas definitivas de graduação dos professores e pelo veto de Sampaio à nova Lei de Bases do Sistema Educativo, Santana Lopes teve o discernimento necessário para colocar a questão da Educação como uma prioridade na actual linha de acção do Governo.
É imprecindível que a nova Ministra da Educação, Maria do Carmo Seabra, dê aos professores e aos encarregados de educação deste país, todas as garantias de que, ainda antes das aulas se iniciarem (16 de Setembro), a grande maioria dos professores estarão (bem) colocados nas suas escolas para, assim, darem início ao novo ano lectivo de forma serena e tranquila. Esta será uma das tarefas "quentes" com que a nova Ministra terá com que se confrontar, não podendo refugiar-se nas acções tomadas a cabo pelo seu antecessor. Espero bem que, pelo menos, desta vez, tenhamos um início de ano lectivo bem mais tranquilo que os anteriores. Para bem de todos: alunos, pais, professores e Governo...
Actualização: parecem-me correctas e de bom augúrio as escolhas  de José Canavarro e de Diogo Feio para as duas Secretarias de Estado do Ministério da Educação, com destaque para Canavarro por ser um especialista em temas educativos.

segunda-feira, julho 19, 2004

Arafat refém dos grupos terroristas

As autênticas peripécias que têm marcado nos últimos dias as nomeações e demissões nos Serviços da Segurança Geral Palestinianos são a prova de como Arafat se encontra refém dos grupos terroristas palestinianos e das "ordens" por eles emanadas. Parece, pois, cada vez mais claro que, enquanto Arafat se mantiver  na linha da frente da Autoridade Palestiniana, a paz não passará de uma miragem para as populações do Médio Oriente. 
Se, por um lado, a estratégia de eliminação selectiva dos chefes dos grupos terroristas da Palestina levada a cabo pelo Governo israelita parece ter tido resultados óbvios na diminuição dos atentados terroristas contra a população civil israelita e no consequente aumento da sua segurança, fica-se cada vez mais com a ideia de que o clima de paz só poderá ser uma realidade nesta região do mundo quando, na parte palestiniana, estiver à frente um líder rigoroso e firme na procura da paz e que não esteja sujeito às pressões exercidas pelos grupos terroristas do Hamas e da Al Fatah.
Por muitos muros que se construam à volta de Israel para, compreensívelmente, aumentar o nível de segurança da população israelita, torna-se imprescindível que a democracia chegue à Palestina para tornar esta região do mundo mais segura. A seguir ao Iraque, será necessário que uma democracia a sério chegue à Palestina. Para bem da paz regional e mundial...

sábado, julho 17, 2004

Os Ministros que ninguém esperava...

Santana Lopes deu ontem a conhecer a totalidade dos novos Ministros que irão fazer parte do seu novo Governo e as primeiras ideias com que se fica são que este é um Governo mais político do que técnico e que caberá agora a cada Ministro escolher  Secretários de Estado com capacidade técnica suficiente para que os dossiers pendentes sejam retomados o mais depressa e da melhor maneira possíveis.
Percebe-se que Santana quis ter à sua volta um Governo de plena confiança e pronto para o combate político nas pastas mais díficeis. Por outro lado, o facto de haver muitas individualidades novas no Governo, algumas delas até desconhecidas do grande público,  poderá propiciar a que não se repitam erros e vícios do passado e que venham a ocorrer importantes mudanças no estilo de governação. São os casos dos Ministérios da Administração Interna, da Justiça ou da Educação, onde um novo estilo de comunicação para com o cidadão comum poderá dar uma lufada de ar fresco a estas pastas algo desgastadas.
De uma coisa estamos certos: Santana Lopes não se deixa conduzir pela pressão da comunicação social e terá que ser esta a "adaptar-se" ao estilo de Santana e não o oposto. O caminho está traçado. E, parece bem traçado...