quarta-feira, agosto 29, 2012

A propósito do empobrecimento

Vai fazer agora um ano que Passos Coelho alertou os portugueses para a necessidade de mudarmos de vida. Passos Coelho escolheu uma expressão que muitos criticaram: "Só vamos sair desta situação empobrecendo". Caiu o "carmo e a trindade" e a revolta maior surgiu com os cortes dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos.
Se a necessidade de empobrecer parecia lógica, seguindo a premissa de que quem não tem dinheiro, não tem vícios, o facto deste empobrecimento não ser universal e discriminar uma parte dos portugueses (neste caso, prejudicando aqueles que trabalham para o Estado) revelou-se um erro que o Tribunal Constitucional veio "resolver" em parte. Das duas, uma: ou Passos Coelho aplicava um imposto sobre os subsídios de todos os trabalhadores (como aconteceu ao do último Natal) ou arranjava outra solução. Discriminar uma parte dos portugueses em detrimento de outra revelou-se uma má opção... 
Agora, parece-me claro que adoptando a política de austeridade e incutindo nos portugueses a necessidade de se gastar menos dinheiro, nomeadamente em artigos supérfluos, conseguiu-se que a maioria dos portugueses percebesse que não podemos viver para além das nossas possibilidades, o que não aconteceu durante os últimos 20 anos...
Empobrecer significa fazer uma vida mais de acordo com as reais possibilidades de cada um, que foi o que não ocorreu durante anos e anos, em que se incentivou os portugueses a gastarem aquilo que não tinham. O mesmo aconteceu com o Estado, sobretudo nos tempos socráticos, em que se fizeram obras desnecessárias (sobretudo auto-estradas), empurrando as despesas para o futuro e descurando o investimento em produtos transacionáveis. Durante os últimos 15 anos Portugal quase que triplicou o seu défice externo e mais que duplicou a sua dívida soberana. Isto já para não falar da dívida que deixou para os próximos 40 anos com os contratos irresponsáveis assinados com as concessionárias rodoviárias...
Apesar da dívida pública ainda poder vir a aumentar nos próximos anos (resultado do empréstimo efectuado junto da troika) e do desemprego ainda poder atingir valores mais elevados (consequência da austeridade e da redução do consumo), o défice externo está a diminuir (prevendo-se que Portugal possa atingir já no próximo ano um superavit externo) e as exportações continuam a aumentar a bom ritmo. O défice das contas públicas será estancado até ao final da legislatura e as obras faraónicas são coisa do passado socrático.
E outra coisa interessante: as sondagens continuam a dar a maioria ao PSD, o que com tanta austeridade é prova de que a maioria dos portugueses compreende a política realista levada a cabo por este governo. 

sexta-feira, agosto 17, 2012

Portugal nos Jogos Olímpicos

Durante o último mês pouco se falou de política (ainda bem!), tendo as atenções mediáticas incidido nos fogos florestais, na pré-época das equipas de futebol e na prestação dos portugueses nos Jogos Olímpicos de Londres. A propósito deste último assunto, criticou-se bastante o facto de Portugal apenas ter trazido da capital britânica uma medalha de prata (na modalidade de canoagem), tendo-se inclusivé criticado a forma, segundo alguns, bastante displicente como os atletas portugueses encararam estes jogos.
Ora, tendo em conta que nestes Jogos Olímpicos participaram 204 países e que Portugal se classificou (em termos de medalhas conquistadas; não de diplomas) no 74º lugar, com mais de 110 países a não conquistaram qualquer medalha (alguns mais desenvolvidos do que o nosso, como a Áustria ou a Islândia), parece-me sensato dizer que estivémos ao nosso nível: nem fomos tão maus como alguns querem fazer crer, nem fomos os fora-de-série (como a Hungria), como muitos queriam que fossemos...
Claro que há países menos desenvolvidos do que Portugal que conseguiram melhores resultados do que nós (a Jamaica nas corridas de velocidade, a Etiópia e o Quénia nas corridas de fundo, a Geórgia na luta livre, a Coreia do Norte no halterofilismo), mas muitos destes países especializaram-se numa só modalidade. Aliás, o que nas últimas Olimpíadas tem acontecido com a canoagem portuguesa não é fruto do acaso, mas sim a aposta clara da Federação Portuguesa de Canoagem na profissionalização desta modalidade. E depois temos países como a Hungria que desde há muitas décadas trabalha afincadamente para cada edição dos Jogos Olímpicos: 474 medalhas dos hungaros contra as 23 de Portugal nas trinta edições das Olimpíadas.
Não creio que o problema esteja, como alguns afirmaram, na reduzida importância que Portugal concede ao desporto na infância e adolescência (aliás, até penso que actualmente os jovens praticam mais desporto, tanto amador, como profissional, do que no tempo da Mocidade Portuguesa). A questão é que há países que consideram os Jogos Olímpicos como uma espécie de Guerra Fria, tentando demonstrar nas Olimpíadas mais do que aquilo que são: veja-se o confronto entre os EUA e a China ou entre a Rússia e as antigas repúblicas soviéticas...
Agora, há que definir o que queremos no futuro: continuar a apostar no aumento do número de participantes na delegação portuguesa aos Jogos Olímpicos (numa lógica de que participar já é ganhar) ou apostar tudo na conquista de medalhas, definindo modalidades prioritárias em detrimento de outras (a exemplo do que tem acontecido com a canoagem)?

sexta-feira, agosto 03, 2012

O início do fim das gorduras socráticas...

O ataque à herança socrática aí está.
Muitas das fundações que se multiplicaram que nem cogumelos durante os governos socialistas vão deixar de receber apoios e apenas as que têm real valor social vão continuar a existir. Durante o "consulado" socrático, a criação de fundações foi uma das tácticas utilizadas por muita gente influente para captar financiamento público... Agora, vai-se acabar a mama!!!
Esperemos é que a PGR não se esqueça do relatório dado a conhecer pelo Tribunal de Contas e leve para a frente toda a investigação sobre as irresponsabilidades levadas a efeito pelo ex-Ministro de Sócrates, Paulo Campos, que efectivamente lesaram o Estado português em muitos milhões de Euros e endividaram o país até 2040 à custa das PPP`s rodoviárias...
Também o buraco financeiro da Parque Escolar, criado pelo Governo Sócrates, está a ser estancado...
Custou, mas foi. Agora venham dizer que Sócrates e Passos Coelho são iguais. O primeiro só endividou o país, enquanto que o segundo apenas tenta corrigir os erros cometidos pelas políticas desastrosas de Sócrates e que quase levaram Portugal à falência.
Atentem no quadro ao lado para perceberem as quantias avultadas que as mais de 300 fundações (a maioria sem qualquer função social séria) têm custado aos contribuintes portugueses. Só a Fundações Magalhães (a dos famigerados portáteis para as crianças brincarem) recebeu quase 500 milhões de Euros.
As gorduras do Estado provocadas pelos incomptetentes governos de José Sócrates vão, definitivamente, ser atacadas de frente...