sexta-feira, novembro 30, 2007

Greve da Função Pública: fazer ou não fazer?

Há dez anos que sou professor de Geografia na Escola Pública. Ao longo desta década, nunca assisti, por parte do Governo, a um ataque tão feroz contra os direitos dos funcionários públicos: estatuto profissional, progressão na carreira, regime salarial, entre outros aspectos, têm vindo a ser alterados no sentido de retirar à função docente a sua credibilidade, ao mesmo tempo que se reduz, de forma significativa, o nível de vida e poder de compra destes trabalhadores do Estado...
No entanto, há algo que não posso esconder: não votei neste Governo, pelo que, em nada contribuí para que esta situação de deprezo pelos funcionários públicos viesse a vingar. Por outro lado, tenho a plena convicção de que a greve não constitui uma forma eficaz de fazer com que o Governo altere a sua política. Nunca foi e com este Governo muito menos...
Nos últimos dias recebi mails e sms da Fenprof (apesar de não ser sindicalizado) a convocarem-se para fazer greve. Nessas mensagens dizia-se que, caso não fizesse greve eu seria considerado como um "fura greves" e estaria a concordar com a política deste Governo. Não penso assim...
Daqui a um ano e pouco farei o meu julgamento sobre este Governo, mostrando-lhe um "cartão vermelho" nas eleições. Aí darei conta do meu protesto...

terça-feira, novembro 20, 2007

Choque tecnológico: o flop...

Está mais que visto que a oposição parlamentar ao Governo anda completamente moribunda. Felizmente que alguma comunicação social, com destaque para o jornal Público, trata de dar a conhecer as verdades que este Governo tenta sonegar...
José Sócrates veio a terreiro congratular-se com a criação de 106 000 novos postos de trabalho desde que o seu Governo tomou posse. É preciso descaramento!!! Num tempo em que o número de desempregados não pára de aumentar, o poder de compra dos portugueses decresce e o número de empregos qualificados e de caráter efectivo decrescem, só um Primeiro-Ministro imune à realidade pura e dura e viciado no marketing e propaganda políticas poderia vir para as televisões sorrir aos portugueses e dizer-lhes que a promessa da criação dos 150 000 empregos está prestes e ser cumprida.
Apesar dos partidos da oposição não terem estudado o tema em profundidade, os jornalistas do Público trataram de esmiuçar as estatísticas do emprego e descobriram que o Choque tecnológico não passa, de facto, de um Power-Point. Isto porque o emprego precário aumentou, a mão-de-obra qualificada diminuiu e o número de licenciados no desemprego disparou... Ou seja, continuamos no último pelotão da Europa!!!

quinta-feira, novembro 15, 2007

Conhecem as ruas de Viseu?

Pelo que vem escrito na comunicação social, parece que na sexta-feira passada o Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas, foi apanhado em excesso de velocidade numa das avenidas de Viseu. Pelo que se diz conduzia a 89 Km/hora quando o limite máximo era de 50 Km/hora. Até aqui nada de especial se descontarmos o facto de que alguém que tem um cargo público de extrema responsabilidade poderia ter uma maior preocupação em dar o bom exemplo cívico de cumprir o Código da Estrada. Mas, o mais extraordinário ainda estava para vir...
Fernando Ruas afirma que o agente policial que o abordou, depois de mandar parar a viatura que conduzia, e na presença do Governador Civil, mandou-o seguir viagem sem lhe ter comunicado que havia transgredido uma das leis do Código da Estrada. Pelos vistos, Fernando Ruas também não se interessou por saber se tinha ou não ultrapassado os 50 Km./hora permitidos. Agora, Fernando Ruas diz que apenas soube da transgressão cometida através dos jornalistas. Abençoados jornalistas!!!
Para apimentar a coisa, em reunião de Câmara, Fernando Ruas continua a dizer que não está nos planos da autarquia aumentar dos 50 Km/hora para os 80 Km/hora o limite máximo permitido de circulação na Circunvalação de Viseu, eixo rodoviário que apresenta quatro faixas de rodagem e que, sejamos francos, incita a velocidades bem acima dos 50Km/hora. Quem já veio a Viseu deve conhecer a via a que me refiro.
Há uma lição que se retira desta história: a lógica dos dois pesos e duas medidas continua bem vincada neste país mascarado de justiceiro...

quarta-feira, novembro 07, 2007

O que não se disse sobre o acidente da A23

O recente acidente rodoviário ocorrido na A23 revela, para além do drama decorrente dos mortos e feridos que o despiste provocou, uma outra realidade que convém chamar a atenção. A conduzir o veículo ligeiro que se julga ter despoletado tamanho flagelo ia uma professora da Covilhã que tinha saído da escola por volta das 20 horas e se dirigia para casa, situada a mais de 100 Kms do seu local de trabalho.
Quem é professor sabe do drama a que me refiro. Docentes que se deslocam todos os dias largas dezenas de Kms para cumprirem o seu trabalho docente, tendo que se sujeitar ao stress emanado da indisciplina que grassa por muitas das nossas escolas, num tempo em que a imagem e a dignidade dos professores anda pelas ruas da amargura.
Certamente que esta professora se estava a deslocar para casa numa situação de desgaste absoluto: depois de se ter deslocado pela manhã mais de 120 Kms para dar aulas, teve de ficar na escola para ter uma reunião e já noite teria de fazer outros 120 Kms de volta a casa. Infelizmente aconteceu o que sabemos... Há vidas difíceis!!!