sábado, fevereiro 25, 2006

Carnaval, mascarados e outras figuras tristes...

Estamos agora numa das épocas do ano que mais me passa ao lado. É verdade, correndo o risco de que me apelidem de casmurro, velhaco ou até indivíduo desprovido de qualquer sentido de humor, tenho que reconsiderar que não gosto do Carnaval e não acho piada nenhuma à tradição que alguns têm de se mascararem de uma qualquer figura dita "engraçada", já para não falar do ridículo que é, em tempo de pleno Inverno (este ano com muito frio e até neve) se vir para a rua em corsos, onde meninas portuguesas tentam imitar as suas congéneres brasileiras vestindo o menos possível e mexendo-se o mais que se podem...
Não sei se a culpa será minha ou dos meus pais, que, felizmente, nunca me mascararam de qualquer figura durante a minha infância, mas quando chega esta altura do ano e vejo adultos na pele de crianças "travestidos" na figura, porventura, dos seus ídolos de infância, penso se tal atitude não estará relacionada com algum tipo de falta de carinho ou afecto que tiveram algures na sua vida. É que, se ainda consigo perceber que as crianças tenham a tentação e até o gosto de se vestirem de Super-Homem ou de Princesa das Arábias, já ver adultos mascarados pela rua de uma qualquer personagem do imaginário ou assistir à triste figura de umas quantas jovens portuguesas andarem meio-despidas e cheias de frio a tentarem dançar o samba, deixa-me no mundo do surreal...

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

O perigo de se banalizar a fertilização in vitro...

O "pai" da pílula contraceptiva esteve há uns dias atrás no Porto e concedeu algumas entrevistas aos jornais portugueses, cujo conteúdo não deixa de ser, em algumas partes, polémico e controverso.
Afirmou Carl Djerassi que "a decisão de engravidar é da mulher e de mais ninguém e que será impensável, sequer, legislar sobre o assunto". Ora, este tipo de afirmação corre o risco de ser mal interpretada, visto que dá a entender que o homem não deve ser tido nem achado para o acto da concepção. Refere ainda o cientista que "o futuro será o de filhos sem sexo e que pessoas sem problemas de infertilidade irão usar os métodos de fertilização in vitro e que serão quase exclusivamente mulheres a tomar essa decisão". Ora, a forma simples e banal como estas afirmações são proferidas pode provocar uma certa desresponsabilização do acto de concepção, o que se poderá tornar perigoso e insustentável no futuro...
De facto, não se pode "pedir" à sociedade que se despreocupe com o acto de conceber novas vidas, numa espécie de umbiguismo e egoísmo exacerbados, fazendo-se crer que no futuro bastará recorrer a um banco de esperma para qualquer mulher ter o seu filhinho, como se um filho fosse um brinquedo qualquer.
Dito isto, penso que as entidades competentes devem legislar no sentido de não termos uma banalização da concepção assistida, ao mesmo tempo que se devem defender os casais com problemas de fertilidade. Os caprichos e egoísmos individualistas não se devem sobrepor à responsabilidade de defender e promover a família...

domingo, fevereiro 19, 2006

Emoções fortes e novas prioridades...

Com um fim-de-semana fortemente chuvoso e dominado pelo vento e frio como este, o mais óbvio é apetecer-nos ficar em casa. Ora, o que poderia tornar-se aborrecido pode transformar-se, afinal, num fim-de-semana recheado de momentos apetecíveis e bem passados junto daqueles que mais amamos. É isto que sinto depois de um dia inteiro passado com a minha esposa e a nossa filhota...
É verdade! Como ao longo da semana são poucos os momentos que posso estar com a família, pois o trabalho obriga a madrugar, sendo que muitas vezes só chego a casa quase à hora de jantar (esta semana tive dias em que saí de casa às 7H. para regressar apenas às 21H.), aproveitei ao máximo o dia chuvoso que esteve hoje para brincar com a Dianinha. Ficámos os três em casa, no aconchego da lareira, e nem reparámos que lá por fora o vendaval era enorme. Brincámos, cantámos, ouvimos música, enfim, divertimo-nos e a Dianinha parece que adorou, tal foi a forma como dormiu descansada...
A Salete tem a sorte (e a responsabilidade) de poder estar mais tempo junto da Diana. Por isso, tento aproveitar da melhor maneira os fins-de-semana para recuperar o tempo "perdido" ao longo da semana.
Um grande amigo meu da Covilhã disse-me ontem que durante os primeiros cinco anos de vida da filha dele escreveu um diário apontando as melhores peripécias passadas com a filha. Também nós tivemos uma ideia semelhante depois da Diana ter nascido: a Salete tem um livro onde escreve a evolução registada pela Dianinha, para além de descrever no blogue dela muitas das emoções tidas com a filhota, enquanto que eu fico com a incumbência de tirar o máximo de fotos da nossa pequenota, desde os momentos do banhinho ou da mamada até às visitas que temos em casa ou às brincadeiras que temos com ela...
Desde o nascimento da Diana que, cá por casa, as prioridades mudaram por completo e tudo gira à volta do que melhor é para a nossa pequenota. Os horários mudaram, os ritmos alteraram-se, as rotinas acabaram. Enfim, a felicidade é total. E a miúda já vai a caminho dos dois meses...

domingo, fevereiro 12, 2006

Reforma administrativa do território: uma necessidade urgente...

O Governo prepara-se para extinguir ou fundir algumas das freguesias que apresentam uma dimensão populacional insignificante no contexto das regiões em que se inserem. São os casos de algumas freguesias da cidade de Lisboa que deverão ser aglomeradas numa só, de outras que têm pouco mais de 100 habitantes ou daquelas cujos limites administrativos coincidem com os do município a que pertencem.
Considero esta uma medida necessária, mas cujos contornos deveriam ter uma alcance muito maior. De facto, para quem conhece minimamente a realidade do nosso país, diversas questões ressaltam à vista. Que sentido faz termos freguesias de 100 habitantes e de 50 000 habitantes com as mesmas competências e funções? Será necessário termos mais de 300 municípios que em muitos aspectos viram costas aos concelhos vizinhos, não funcionando de forma organizada e complementar? Há necessidade de termos tribunais, centros de saúde, repartições de finanças, pavilhões multiusos e outros equipamentos colectivos em municípios diferentes que ficam a apenas 15 minutos de distância? Fará sentido não apostar no associativismo intermunicipal?
Por isso, concordo com a opção do Governo. É preciso avançar com a reforma administrativa do território, tanto em termos de freguesias, municípios, repartições públicas, tribunais, escolas, centros de saúde, ETAR´s, barragens e muitos mais. O dinheiro não estica...

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Assim vale a pena....

Nas minhas aulas de Geografia leccionadas ao 10º ano de escolaridade é habitual o desenvolvimento de uma actividade que é do agrado dos alunos. A actividade consiste no apuramento semanal por um grupo de dois alunos (escolhidos por ordem alfabética) das principais notícias da semana relacionadas com a disciplina de Geografia e que são apresentadas pelos próprios alunos ao resto da turma através dos recursos que bem entenderem (geralmente optam pela apresentação em Data-Show através do Power Point). Assim, uma vez por semana, durante 45 minutos, são os alunos que dinamizam a aula de Geografia e debatem os assuntos que consideram mais pertinentes, sendo que eu, enquanto professor, tento desempenhar uma função mais de moderador e não tanto de protagonista interveniente.
Ora, nas últimas sessões foram debatidos dois assuntos que estão na ordem do dia e que tiveram, por parte da maioria dos alunos, uma prestação que me agradou imenso. Numa das sessões debateu-se os prós e contras da instalação em Portugal de uma central nuclear. Os dois alunos que dinamizaram a aula fizeram a devida pesquisa em casa sobre o tema e conseguiram cativar os seus colegas para o assunto. Ora, a grande maioria dos alunos demonstrou a sua oposição à hipótese de Portugal avançar com a construção de uma central nuclear, argumentando de forma clara e justificando correctamente a sua posição, com base nas potencialidades do nosso país em apostar nas energias renováveis.
Já na sessão de hoje, debateu-se a questão dos cartoons sobre Maomé e foi interessante verificar que não houve nenhum aluno que concordasse com a postura tomada pelo jornal dinamarquês que, voluntariamente ou não, despoletou toda a situação que se conhece. Por outro lado, foi focada a questão da liberdade de expressão e os limites que lhe são devidos quando o respeito pela cultura alheia é atingido. Claro que nada justifica muita da violência que se viu pelo mundo muçulmano, mas até jovens de 16 anos compreendem a insensibilidade que houve da parte de muitos jornais europeus que decidiram publicar as caricaturas e despoletar toda esta controvérsia.
Duas conclusões: ensinar é muito mais do que "despejar" matéria e o bom-senso deve basear as nossas condutas e atitudes. Se a juventude compreende estas ideias, porque razão ainda há adultos que ousam em continuar a ser teimosos?

domingo, fevereiro 05, 2006

Cartoons de Maomé: não havia necessidade...

A discussão que, por agora, está na ordem do dia é a da decisão que alguns jornais europeus tomaram de apresentarem diversos cartoons "glosando" com a figura de Maomé, suscitando-se a dúvida de que até que ponto é que a liberdade de expressão deverá ou não ser limitada em situações especiais.
Ora, mais do que criticar a acção tomada pelo jornal dinamarquês que, certamente sem querer (penso eu), desencadeou a revolta que se conhece em muitos países do Médio Oriente, penso que há uma questão de bom-senso que deveria ter sido suscitada. Sabendo-se do fanatismo que é preconizado em muitos países muçulmanos relativamente à figura de Maomé e tudo o que diga respeito à sua religião (tantas vezes adulterada pelos próprios) e, tendo em conta a relação, no mínimo, algo problemática existente entre o povo muçulmano e os países ocidentais, mandava o bom-senso que se evitassem situações que pudessem levar à escalada de violência a que se tem assistido em diversos países do Médio Oriente contra embaixadas e interesses de diversos países europeus, levando, inclusive, à constituição de embargos comerciais.
Há ainda um longo caminho a desbravar nos países muçulmanos no que à democracia diz respeito. Ora, não será, certamente, com acções provocatórias, propositadas ou não, que o fanatismo poderá ser derrotado. O segredo está no reforço da educação, em todos os seus sentidos, e ainda na erradicação da pobreza extrema nestes países...

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Prioridade: a família ou meros caprichos???

Pois é, depois da derrota eleitoral que o Bloco de Esquerda obteve nas últimas eleições a que concorreu (sim, porque Louçã apresentou-se às presidenciais como candidato bloquista e não como independente), este pequeno partido não se fez rogado e aproveita agora a relativa acalmia política para voltar à carga com a pretensão dos homossexuais em assumirem-se na sociedade através do casamento...
Não sei se as duas senhoras que agora aparecem em tudo o que é comunicação social estão ou não, directa ou indirectamente, ligadas ao BE, mas que existem muitas coincidências nos momentos escolhidos para avançarem com o pedido de casamento lá isso existem...
O debate sobre os casamentos entre homossexuais parece que está relançado, o que, infelizmente, apenas vai distrair, mais uma vez, a sociedade civil do que, de facto, urge debater: a assumpção de uma política verdadeiramente natalista que permita um aumento do índice de fecundidade, a protecção à verdadeira instituição familiar (pai, mãe e filhos), a introdução de mecanismos de benefícios fiscais às famílias menos abonadas e com maior número de filhos, a protecção às crianças órfãs, a aceleração dos processos de adopção, entre outras matérias. Enfim, mais do que se discutir uma questão completamente estéril como a dos casamentos entre homossexuais (pois a actual lei já contempla as uniões de facto) e que apenas aparece como capricho de grupos minoritários que, constantemente, se auto-vitimizam, importa que o Estado e a sociedade civil abram os olhos para o que, de facto, é importante: defender a família, a infância e as gerações futuras, através de mecanismos que levem ao aumento da natalidade em Portugal...
Sim, porque, se é verdade que muito se fala no artigo 13º da Constituição da República Portuguesa, convém não esquecer o que diz o artigo 36º da lei geral e a defesa que é devida ao casamento e à família...