Será que alguém já reparou que, em todo o actual Governo, existe apenas um Ministério cujo titular aparece frequentemente a atacar de forma violenta toda uma classe profissional, como se esta englobasse um conjunto de trabalhadores desprezíveis, incompetentes e irresponsáveis? É que não vejo o Ministro da Saúde a dizer mal dos médicos ou o Ministro da Justiça a dizer que os juízes não sabem exercer a sua profissão, nem tão pouco o Ministro da Administração Interna a atacar os polícias...
Refiro-me à Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que sistematicamente aparece em público dirigindo-se à globalidade dos professores (e não apenas a uma parte!) de forma depreciativa. Eis algumas das últimas tiradas:
Primeira acusação: "Os professores não se encontram ao serviço dos resultados e das aprendizagens";
Segunda acusação: "A cultura profissional dos professores é marcada pela actualização dos conhecimentos científicos, e não por uma cultura em que os principais desafios sejam os resultados";
Terceira acusação: "Os professores trabalham individualmente e não com espírito de equipa";
Quarta acusação: "As reuniões nas escolas são cumpridas apenas porque os normativos legais assim o mandam";
Quinta acusação: "Enquanto que para os médicos o desafio máximo é o caso pior e mais difícil do hospital, nas escolas a cultura profissional dos professores não os orienta para os casos mais difíceis".
Estas cinco acusações da Ministra da Educação merecem da minha parte uma resposta firme, já que me sinto visado de forma injusta pelos ataques proferidos por uma Ministra da Educação que, provavelmente, nunca esteve numa escola secundária durante um único dia a leccionar a quatro turmas diferentes, de três níveis, num total de 100 alunos...
Resposta à primeira acusação: Qual o professor que não pretende que os seus alunos tenham bons resultados, assentes na aquisição de competências que lhes permitam obter sucesso nos exames nacionais? Até porque um docente sente-se sempre orgulhoso quando dá poucos níveis negativos!
Resposta à segunda acusação: A actualização dos conhecimentos científicos não implica que não se obtenham bons resultados por parte dos alunos, pelo que muitas das falhas neste âmbito deverão ser imputados aos currículos e programas aprovados pelo Ministério da Educação.
Resposta à terceira acusação: Se fosse verdade que os professores trabalham de forma individual não haveria tantas reuniões nas nossas escolas, tais como conselhos de turma, reuniões de departamento, reuniões de directores de turma, reuniões de conselho pedagógico, entre outras. Porventura, parte dos problemas da escola está no excesso de burocracia inerente às referidas reuniões...
Resposta à quarta acusação: É verdade que muitas das reuniões são marcadas por via dos normativos legais. Por exemplo, as reuniões de departamento que se realizam após os conselhos pedagógicos bem que podiam ser evitadas. Mas, no que se refere aos conselhos de turma, esses sim importantes para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem das turmas, são muitas vezes marcadas sem haver lei que a isso obrigue, pelo que tudo depende das características próprias de cada turma.
Resposta à quinta acusação: Dizer que os médicos preferem os piores casos e que os professores fogem dos piores alunos é, no mínimo, injusto, visto que nem todos os médicos optam por ter os pacientes com as doenças mais graves, nem todos os docentes receiam ter os alunos com maiores dificuldades. Aliás, como em todas as profissões, há médicos competentes e outros incompetentes, tal como há professores esforçados e outros que não se esforçam...
Refiro-me à Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que sistematicamente aparece em público dirigindo-se à globalidade dos professores (e não apenas a uma parte!) de forma depreciativa. Eis algumas das últimas tiradas:
Primeira acusação: "Os professores não se encontram ao serviço dos resultados e das aprendizagens";
Segunda acusação: "A cultura profissional dos professores é marcada pela actualização dos conhecimentos científicos, e não por uma cultura em que os principais desafios sejam os resultados";
Terceira acusação: "Os professores trabalham individualmente e não com espírito de equipa";
Quarta acusação: "As reuniões nas escolas são cumpridas apenas porque os normativos legais assim o mandam";
Quinta acusação: "Enquanto que para os médicos o desafio máximo é o caso pior e mais difícil do hospital, nas escolas a cultura profissional dos professores não os orienta para os casos mais difíceis".
Estas cinco acusações da Ministra da Educação merecem da minha parte uma resposta firme, já que me sinto visado de forma injusta pelos ataques proferidos por uma Ministra da Educação que, provavelmente, nunca esteve numa escola secundária durante um único dia a leccionar a quatro turmas diferentes, de três níveis, num total de 100 alunos...
Resposta à primeira acusação: Qual o professor que não pretende que os seus alunos tenham bons resultados, assentes na aquisição de competências que lhes permitam obter sucesso nos exames nacionais? Até porque um docente sente-se sempre orgulhoso quando dá poucos níveis negativos!
Resposta à segunda acusação: A actualização dos conhecimentos científicos não implica que não se obtenham bons resultados por parte dos alunos, pelo que muitas das falhas neste âmbito deverão ser imputados aos currículos e programas aprovados pelo Ministério da Educação.
Resposta à terceira acusação: Se fosse verdade que os professores trabalham de forma individual não haveria tantas reuniões nas nossas escolas, tais como conselhos de turma, reuniões de departamento, reuniões de directores de turma, reuniões de conselho pedagógico, entre outras. Porventura, parte dos problemas da escola está no excesso de burocracia inerente às referidas reuniões...
Resposta à quarta acusação: É verdade que muitas das reuniões são marcadas por via dos normativos legais. Por exemplo, as reuniões de departamento que se realizam após os conselhos pedagógicos bem que podiam ser evitadas. Mas, no que se refere aos conselhos de turma, esses sim importantes para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem das turmas, são muitas vezes marcadas sem haver lei que a isso obrigue, pelo que tudo depende das características próprias de cada turma.
Resposta à quinta acusação: Dizer que os médicos preferem os piores casos e que os professores fogem dos piores alunos é, no mínimo, injusto, visto que nem todos os médicos optam por ter os pacientes com as doenças mais graves, nem todos os docentes receiam ter os alunos com maiores dificuldades. Aliás, como em todas as profissões, há médicos competentes e outros incompetentes, tal como há professores esforçados e outros que não se esforçam...
Enfim, muito mais haveria para dizer, mas, na condição de professor de Geografia, não concebo que uma Ministra da Educação aproveite cada tempo de antena que lhe concedem para denegrir a imagem dos professores, como se cada um dos mais de 140 000 docentes fosse um funcionário que apenas pensa em receber o seu ordenado, não se preocupando com o sucesso escolar dos seus alunos, nem com a devida formação de futuros adultos...
Acredito que há maus professores e, esses sim, devem ser apontados como maus exemplos para o sistema de ensino e alvo de medidas que os impeça de continuar a ter essa postura na profissão. Mas, daí a meter todos os professores no mesmo saco, acusando toda uma classe profissional de incompetência e desleixo. Os resultados desta estratégia ministerial só poderão ser negativos e acabarão por ser contraproducentes...
11 comentários:
Mais ou menos de acordo. Uma ou outra diferença não muda nada de importante.
A senhora foi desde sempre demagoga. Agora já entrou no reino da paranóia e da demência.
Mas atenção, isto só é possivel porque durante 30 anos (nós a maioria silenciosa) fomos coniventes, pelo silêncio, com uma minoria que nunca serviu mas sempre se serviu, e que sempre usou a classe como arma de arremeço politico.
Tirando a parte em que também nos sentimos ofendidos de cada vez que dão, na nossa modesta opinião, já demasiado tempo de exposição a uma criatura que não o merece, e por isso deixamos aqui o nosso mais viementemente repúdio, só nos ocorre citar Arquimedes a propósito de uma última eventual medida avançada por essa criatura "a avaliação dos docentes pelos encarregados de educação". Eureka! Estamos no bom caminho para acbar com o insucesso escolar, pois não estou a ver um docente a dar negativa a um aluno, correndo o risco de ter uma menção pouco satisfatória por parte do seu encaregado de educação. Mais, já estamos a alterar as fichas de auto-avaliação, adapatando-as aos encarregados de educação, pois como é facil de compreender, e faz todo o sentido, sejam eles a vir auto-avaliar-se e não os seus educandos.
Nem mais...
Concordo com tudo o que disseste!
Realmente somos a classe mais atacada...e aquela que menos condições tem para trabalhar.
fica bem
Quarta-feira, Maio 31, 2006
O Estatuto da Escravidão Docente
Nós não devíamos publicar este texto, porque este simpático rapaz colaborou no AVP nos primeiros tempos, mas depois desapareceu em combate, dizendo que não se queria meter em chatices e tinha mais que fazer.
Mas como somos boas pessoas, compreendemos (mal) a coisa e aceitamos as desculpas.
Por isso aqui fica o testemunho de um "do(c)ente" do nosso concelho, devidamente identificado e por nós reconhecido. (AV1, acrescentei o cartoon de ontem do Bandeira no DN, não faz mal, pois não?)
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Na sequência da vossa postagem de ontem sobre o Estatuto da Carreira Docente gostaria que me dessem o bocadinho de tempo de antena para o seguinte texto que irei tentar divulgar por outros meios, em virtude da gravidade da situação que sinto que está a ser vivida pela minha classe profissional
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Muitos são os trocadilhos que se podem fazer com a designação de Estatuto da Carreira Docente. Confesso que a que mais me agrada é a de Estatuto da Escravidão Docente e isso não se deve ao desejo de fazer um trocadilho fácil, mas simplesmente porque é aquilo que mais me parece adequado na actual proposta de revisão apresentada pelo Ministério da Educação.
O documento colocado para discussão (será mesmo negociável?) é passível de ser atacado de muitas formas, sendo as mais óbvias aquelas que são esperadas pela equipa ministerial para contra-atacar de acordo com o modelo típico deste Governo que é o de mostrar determinados grupos sociais como privilegiados e reactivos de forma corporativa ao esforço moralizador do Estado.
Também é errado atacá-lo por significar a vitória de uma qualquer facção instalada no Ministério da Educação sobre estes ou aqueles professores, porque isso é minimizar os seus perigos e reduzi-los a questões de luta pelo Poder, o que é perfeitamente lateral ao que é fundamental nesta questão.
Por isso, esse é o caminho que não deve ser seguido por quem pretender demonstrar como este potencial futuro ECD é negativo e prejudicial, não apenas para os professores, mas para o funcionamento do sistema educativo no seu conjunto.
Porque esta proposta de revisão do ECD contém demasiados equívocos, erros, omissões, injustiças profundas, incongruências e factores de distorção, para nos ficarmos pela espuma das aparências. Convém, por isso, por deixar de lado a questão das faltas, dos critérios para a sua justificação ou mesmo da multiplicidade de deveres reservados aos docentes numa lista que parece tirada de um rol de mercearia.
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Comecemos pelas evidentes incongruências do documento: antes de mais, pelo paradoxo de um documento que pretende servir uma Escola plural, criativa, flexível e com capacidade de reacção aos diversos problemas que se lhe podem colocar, optar por uma estratégia que tolhe profundamente a acção dos docentes, impondo-lhes um espartilho de obrigações formais e de regras de comportamento, cujo não cumprimento pode implicar graus diversos de penalização (desde logo a não progressão na carreira) que torna virtualmente impossível que esses mesmos docentes se sintam disponíveis para arriscar soluções inovadoras, mas potencialmente “irregulares” e, no caso de falharem, puníveis.
Em seguida, o paradoxo de um discurso que, pretendendo afirmar uma política de meritocracia, reduz imenso as possibilidades de valorização dos docentes, limitando-lhe as hipóteses de valorização pessoal, circunscrevendo-as na prática apenas à oferta das próprias estruturas centrais, regionais ou locais do Ministério.
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Depois temos injustiças gritantes como fazer depender parte da avaliação de um docente do desempenho dos seus alunos, pois isso coloca em situação de vulnerabilidade todos aqueles que trabalham, voluntariamente ou não, em zonas e com turmas problemáticas. Isto significa que os professores que se disponibilizam para trabalhar com turmas de percursos ou currículos alternativos e outras modalidades e soluções destinadas a combater as situações de maior insucesso escolar, estão em situação de risco acrescido em relação a quem trabalha em zonas “pacíficas” e com turmas regulares. O abandono escolar ou o insucesso escolar provocado por factores exógenos à acção do docente terão reflexos na sua avaliação, mesmo que tenha feito tudo o que estava ao seu alcance para contrariar situações que, por exemplo, podem derivar da situação familiar dos discentes. Para além disso, coloca nas mãos dos órgãos executivos a possibilidade de fazer uma distribuição “selectiva” das turmas, favorecendo conjuntos de docentes em relação a outros.
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Quanto aos factores de distorção passíveis de ser introduzidos em todo o sistema de funcionamento do sistema educativo, logo desde a introdução de um novo ECD como este, destacaria desde logo o facto de ser criado, ex nihilo, um sistema hierárquico tendencialmente gerontocrático, pois postula que passem a professores titulares os docentes que se encontrem actualmente nos 9º e 10º escalões, passando esses professores-titulares a “dominar” áreas sensíveis como a coordenação pedagógica de grupos disciplinares, a orientação de docentes em ano probatório ou a própria avaliação dos restantes docentes. Para um sistema que se pretende meritocrático na progressão na carreira e rigoroso na avaliação, esta primeira medida é claramente incongruente, pois valida o factor-idade como suficiente e único para constituição das novas elites nos estabelecimentos de ensino e/ou agrupamentos. Desde quando é a antiguidade, por si só, critério de mérito que permita o acesso a uma situação de privilégio?
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No plano das omissões avulta a inexistência de qualquer tentativa de limitar a perpetuação das mesmas pessoas nos cargos executivos, pois nada se escreve sobre a limitação dos mandatos. Actualmente, existem grupos fechados que dominam estabelecimentos de ensino e agrupamentos, com práticas de gritante nepotismo que a presente proposta de ECD parece querer validar ao fechar formalmente esses grupos e ao dar-lhes um maior poder ainda sobre a avaliação dos colegas, em especial se for aplicada uma política de quotas para a atribuição das melhores classificações.
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E aqui entronca o mais crasso de todos os erros deste documento que é tornar a avaliação dos professores um processo que não é kafkiano, mas apenas um emaranhado burocrático de competências, em que todos parecem ter um papel na desorientação geral, mas em que a margem para a cristalização de práticas de favorecimento pessoal e de clientelismo se alarga de forma desmesurada. O mais grave não é a participação dos encarregados de educação no processo; o mais contestável é que o processo possa ser adulterado, desde o seu início, por questões de ordem pessoal e tornar-se um sistema atribiliário e, mais do que subjectivo, simplesmenet arbitrário e ditado por humores e simpatias. Qualquer docente que se torne persona non grata junto do poder estabelecido na sua escola, vê-se perfeitamente desprotegido prante a possibilidade de ser prejudicado por um conjunto variado de factores.
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Por tudo isto, e muito mais haveria a dizer numa leitura mais demorada do documento, acho que é dever de todos os docentes com orgulho de ainda o serem, intervirem e desmascararem a forma ínvia como todo este processo tem decorrido e vai culminar, sem que nenhuma parte activa tenha sido deixada aos próprios docentes na definição das condições do exercício da sua profissão.
P.
in:http://alhosvedrosaopoder.blogspot.com/
e eu subscrevo.
Carlos
Tudo o que disseste é a verdade mais cruel a propósito de uma ministra que está cada vez mais surda, mais insensivel e sobretudo, com o firme propósito de acabar com a classe docente.
Só critico a Ministra da Educação porque a acusação pode ser entendida como pretendendo atingir toda a classe docente e aí reside a minha discordância. Todavia o caro Pedro também na sua qualidade de docente que existem efectivamente colegas seus que do pondo de vista profissional deixam muito a desejar. E nem sequer isso é de estranhar, pois nesta profissão como por exemplo na de médico é necessária vocação para o cabal exercício da função. Não existindo nem vocação nem motivação e o Pedro sabe que tem colegas, embora até possa não conhecer nenhum que estão nessa profissão porque não arranjaram mais nenhuma saída profissional após a sua licenciatura. Mas sobre isto também escrevi e muito sinceramente atribuo a culpa do estado a que chegou o ensino
exclusivamente às organizações sindicais e também sabe que são instrumentalizadas partidáriamente e não têm sido um contributo para a melhoria do ensino em Portugal. De resto e a comprová-lo basta atentar nas recentes conclusões que sobre esta matéria foram recentemente divulgadas.
As estruturas sindicais dos docentes tem desde o 25 de Abril obstaculizado todas as tentativas governamentais de reformar convenientemente o ensino. E isto pela simples razão que apenas pugnam pela defesa da massa salarial dos seus associados, porque também lhes convem manter o seu lugar na estrutura a que pertencem.
A ministra da educação vem para o governo dum sindicato. Por isso muito provavelmente nunca deu aulas sequer. Por onde andou durante 23 anos? O curriculum dela consta no diário do governo e sempre pode retirar as devidas elações. Sobre outra questão se existem maus professores no ensino a culpa e a responsabilidade é exclusivamente dos governos e por que não dizer um pouco de vós. Porque o digo? É muito simples a justificação:
Já lá vão uns anos, tantos como os que ditam do 5 ano ao 12 sem o aluno ficar retido em nenhum. Um tal professor de matemática de nome Armindo Dias, pessoa de comportamento pedagógico reprovável. Já com algumas queixas de pais ao ministério da educação ao longo dos anos do seu desastroso percurso profissional. Tal senhor calhou por infelicidade ao meu educando, nos anos 5º e 6º. Logo no 1º período deu para perceber a má qualidade de ensino na área de matemática que estava destinada ao meu educando e a todos os outros alunos daquela turma. Desde faltar todas as semanas e nalguma duas vezes até dar aos alunos testes diagnósticos irresolúveis, por falta de dados importantes. Como pai atento do que se passava e os outros pais, (já que as crianças da turma vinham juntas desde o infantário) preocupei-me em saber se as queixas eram gerais ou particulares. O que se veio a confirmar a generalidade. Decidimos a quando da reunião de turma no fim do período ir documentados e perante a directora de turma apresentar com dados objectivo as nossas queixas. Desses dados como conhecia constavam os testes periódicos com problemas irresolúveis. E ainda um indicie de faltas na ordem dos 25% só nos últimos 45 dias, que foi a partir dai que começamos a contabilizar. (É importante dizer que as faltas se iniciaram com o início do ano). Durante a reunião expusemos as nossas queixas e por unanimidade dissemos que nada de desagradável tinha-mos a expor sobre os outros muito pelo contrário. E como estava a espera a professora defendeu o colega. Disse que era cedo, que o ano havia começado que logo se veria mais tarde. Não critico a atitude dela. Mas tenho criticas e muitas sobre a actuação do ministério de então, que perante uma queixa formalizada por escrito perto do fim desse ano com dados objectivos e sabendo do percurso desse professor nada fez além de dizer que não havia matéria para punição porque o senhor dava a matéria toda (não se preocupando da forma como foi dada) que o professor nunca faltava dois dias seguidos. (não se preocupando da media de perto de 30% de aulas não seleccionadas). Resultado igual no 6º ano. Nada foi modificado desde então. A fama do senhor é como a da Macieira vem de longe. Os miúdos quando chegam ao 5º ano já ouviram falar do carolas.
Por isso eu não pretendo avaliar nenhum professor que possa calhar ao meu filho mais novo, que vai inicia a vida de estudante para o ano. Nem tão pouco me reconheço capacitado para isso. Mas sei ver quando um problema simples de matemática tem resolução ou não e ainda também sou capaz de discernir que com quase 30% de faltas ao longo de um ano ninguém consegue dar a matéria em condições de forma a ser compreendida. O que parece que não foi do entendimento do ministério de então. Nem tão pouco entendo como é possível 90’ de aulas. Um verdadeiro suplicio quer para alunos como para professores. O que pretendo é que em casos como o que citei um pouco mais de inteligência para os avaliar. Que me serve dar uma nota a um professor? Também ainda não fui confortado com a forma de avaliação. Por isso nada mais digo.
Recordo-me ainda perto do fim do ano dizer a directora de turma; que enquanto ela defendia o colega ele não subia ao nível dela mas sim era ela que descia ao nível dele.
Outra questão; têm todo o meu apoio nas greves que fizerem para dignificarem a classe e pela melhoria da qualidade do ensino. Mesmo que os meus sejam prejudicados. Com a dignificação de uma classe de professores e um melhor ensino, todos teremos a ganhar.
Jaci, tens razão em quase tudo o que dizes, mas, não te esqueças que para muitos jovens a escola é mesmo o primeiro e único lar que têm: saem de casa de manhã e vão para o local que os fazem sorrir para ao final da tarde irem para a penumbra da sua casa assistirem a discussões entre pais e mães, sofrerem o isolamento e muitas outras agruras...
Tenho pena que não tivesses tido sorte com os teus professores, mas os tempos também eram outros: sinto que agora a nova geração de docentes está mais perto dos alunos...
Beijos
Caro Daniel Tecelão,
Concordo consigo de que se fez um estardalhaço dos diabos com um dos muitos pontos negativos do projecto de ECD, ou seja, com a pertença avaliação dos Encarregados de Educação sobre os Professores, mas... A minha concordância fica por aqui...
Você um dia acordou a odiar a ministra da educação e eu venho-a odiando cada vez mais ao longo do tempo...
Claro que só quem não conhece as escolas e o abandono a que são debotados a maioria dos alunos por parte dos seus encarregados de educação é que pode concordar com esta medida, e mais... acreditar que ela vai trazer mais os pais à escola e leva-los a assumir de uma vez as suas responsabilidades de educadores.
É isso mesmo que eu estou a dizer... A esmagadora maioria dos encarregados de educação vêm a escola nem como uma creche (como alguns gostam de dizer), mas sim como um depósito onde se deixam os educandos enquanto vão às suas tarefas ou se livram deles... Enquanto que a maioria dos professores, são bons professores, chegando alguns deles mesmo poder ser considerados verdadeiros “heróis” pelo serviço que prestam e no local em que o prestam. Sendo uma minoria os professores (que nem sequer deviam ser denominados como tal) que são maus professores ou mesmo por vezes autenticas aberrações como é o caso do professor referido pelo “é curioso”.
Claro que eu posso dizer que havendo no projecto de ECD muitas outras aberrações, conveio ao governo e a jornalistas mais conotados com o governo e tendenciosos, chamar a atenção para um dos muitos pontos negativos (que até atrai muita gente da sociedade, mais ainda depois da campanha de descredibilização feita sobre os professores pela equipe ministerial) a fim de virar mais uns contra os outros, provocar divisões, incendiar no seu orgulho a classe docente, etc.. É o famoso “dividir para reinar”. Mas felizmente os professores começam a estar cada vez mais fartos disto e sabem bem que para além desse ponto da avaliação dos professores pelos encarregados de educação, há muitas outras coisas grotescas neste projecto de ECD. Claro que só não vê quem não quer...
Claro que é muito fácil rirmo-nos e bater palmas aos ataques feitos a uma classe profissional que não é a nossa... O problema é quando atacam os nossos direitos e depois os outros não dizem nada em nossa defesa... Será que ainda ninguém se apercebeu da táctica governamental de ataque aos direitos das diferentes classes profissionais???.... Primeiro descredibiliza-a e ataca-a perante a opinião publica e depois quando esta opinião publica está convencida de tal, ataca-lhe os direitos, com todos os outros a bater palmas ao governo pela sua grande “coragem”, o único problema é quando nos batem à porta... Neste tipo de acção é o governo apoiado por um certo tipo de “jornalistas”... Que dizer então destes jornalistas???
Cumprimentos,
Paulo
Faço minhas as tuas palavras. Mas atenção: eu concordo com a intervenção dos pais na avaliação no entanto discordo dos moldes previstos.
Passamos a vida a querer a participação dos pais e agora rejeitamo-la? Não faz sentido!
Enjoyed a lot!
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