domingo, fevereiro 17, 2008

Uma questão de cidadania...

A cidadania constitui não apenas um direito, mas também um dever que, infelizmente, é muitas vezes praticado por uma reduzida franja da população portuguesa. Aliás, sabendo-se que o povo português sofre de um grave problema de iliteracia e de falta de cultura, não é de admirar que, por cá, a cidadania se resuma quase só à realização de greves e manifestações, que de espectacular até poderão ter algum peso, mas que apresentam um carácter demasiado fugaz em termos de argumentação e capacidade de confronto sério de ideias.
As possibilidades que cada um de nós possui para se fazer ouvir no seu protesto contra algo que considera injusto, vindo dos poderes públicos, passa não apenas pela velha táctica da greve, que de capacidade de eficácia todos sabemos que "morre" no dia seguinte à sua realização, mas sobretudo e, cada vez mais, pela apresentação de argumentos consistentes e rigorosos, tanto em artigos de opinião nos meios de comunicação social (nomeadamente os jornais), como na blogosfera (com um peso crescente na vida pública portuguesa), mas também em petições apresentadas à Assembleia da República ou na intervenção individual em fóruns ou assembleias de esclarecimento. Enfim, a velha estratégia sindical de fazer barulho está gasta e, cada vez mais, é na apresentação consistente de ideias que se consegue alertar a opinião pública e os poderes instituídos para os problemas actuais.
No caso actualmente mais badalado da Educação, a propósito da proposta do Governo de avaliação de desempenho dos professores, apesar da estratégia sindical poder ser a mais ruidosa, a verdade é que tem sido na blogosfera e na constante apresentação de argumentos, tanto por cidadãos anónimos, como pelos especialistas na matéria, nos jornais, nas rádios e nas televisões que o Governo tem sido confrontado em termos dos erros constantes na actual proposta ministerial...
É necessário que o dever de cidadania se cultive e se instale de vez neste país de brandos costumes. Eu, por mim, tenho a consciência tranquila: tenho escrito na blogosfera e amíude vou deixando a minha opinião nos diversos jornais da nossa praça pública. E você?

4 comentários:

Anónimo disse...

Tens toda a razão no que escreves, mas os portugueses, na sua grande maioria, são comodistas e tudo que lhes dê trabalho não é com eles. Protestar escrevendo é algo que o comum dos cidadãos não está para isso. Gostam é fazer ruído de fundo e ser vistos no grande écran.
Eu estou para aqui a dar setenças, mas também não faço muito, tendo consciência que poderia fazer muito mais, mas.... Há que nos reinventarmos, mesmo que para isso tenhamos mais trabalho. Um abraço e não deixarei de regressar, sempre que possa, ao teu espaço.Acharás estranho esta minha última afirmação, mas o blog "ecos" é partilhado por duas pessoas: eu, que tenho andado ausente e a Luiza que te costuma visitar.

Klatuu o embuçado disse...

Exilados para Timor!

contradicoes disse...

Meu caro amigo em todas as profissões já há muito que o desempenho é avaliado, facto esse que julgo reconhecerá deverá ser também extensivo à classe dos docentes.
É minha convicção que, efectivamente existem docentes que abraçaram a carreira por opção e sobretudo por vocação, tirando os seus alunos os resultados óbvios. Mas tenho também a convicção de que existem muitos docentes que abraçaram a carreira porque não encontraram mais nenhuma saída para a licenciatura que escolheram e estão na actividade docente sem a mínima vocação facto que não é minimamente benéfico para os alunos. Acredito por outro lado que
as reformas neste particular que estão a ser postas em pratica pela titular, são precipitadas e não podem delas resultar outras reacções do que as contestações dos visados. No entanto insisto não podemos continuar a assistir à progressão nas carreiras dos docentes que efectivamente devem ser por elas premiados face à sua vocação e qualidade de desempenho, contribuem para que os alunos tenham resultados palpáveis
e outros seus colegas serem igualmente beneficiados quando já deveriam até ter deixado de exercer as suas funções de docentes para as quais não possuem nem a necessária qualificação nem a respectiva vocação. Um abraço
Raul

daniel jorge tecelão disse...

Está por demonstrar o desastre do governo na educação!!!