Nestas últimas semanas tenho andado a leccionar aos meus alunos do 8º ano conteúdos relacionados com a demografia.
Temos desenvolvido sobretudo questões que dizem respeito aos problemas populacionais com que Portugal se confronta.
No último teste de avaliação coloquei aos meus alunos a seguinte questão: "O que pensas que o Governo deveria fazer para melhorar a situação demográfica do nosso país?". Muitas foram as respostas de miúdos de 13 e 14 anos que, certamente, fariam corar de vergonha qualquer um dos nossos governantes.
Digo isto porque as medidas avançadas por este Governo para incentivar os casais portugueses a terem filhos não passam de meros "paliativos", propagandeados como autênticas reformas de fundo. Uma vergonha é o que é!!!
Deixo-vos com a resposta de um desses alunos. Fica provado que apenas falta vontade política para levar a cabo autênticas medidas de protecção à família. E depois vêm com propostas anti-família, como as mais recentes liberalizações do aborto ou do divórcio, já para não falar dos milhões que se gastam no betão. Medidas sociais de verdadeiro cariz geracional, nem vê-las...
9 comentários:
Creio que nunca tinha vindo a estas bandas, mas as noites de insónia na Internet têm destas coisas, e cai aqui, e em boa hora. Globalmente falando e no geral, gostei imenso desta partilha de saberes e de experiências, e em particular devorei as reflexões contidas nas quatro partes das “Desilusões”, comuns a muitos de nós. Para ver e apreciar mais vezes. Boa semana com tudo de bom.
Mas você acredita mesmo que alguma medida governamental vai pôr as mulheres portuguesas a parir como gatas outra vez? E como geógrafo, devia saber que o planeta não é elástico e que já tem gente de mais. E se o problema da Segurança Social fosse a falta de gente a trabalhar e a descontar, por que motivo haveria, como há, desemprego precisamente entre os jovens?
E acha mesmo que dificultar o divórcio impede que as pessoas se separem? Quem mantém casadas pessoas que não querem continuar casadas? E mesmo que as mantenha casadas, a que preço?
Afinal, sempre há mais adultos e não só políticos que parecem defender o actual estado de coisas.
O comentário anterior da "Nan", a roçar o extremismo, dá a entender que o nosso Governo é que está correcto e que os Governos dos países nórdicos, da Alemanha, da França e da Espanha é que estão enganados. Que se subsidie a inoperância e o imobilismo, parece ser este o lema da "Nan". Quanto à família, que se lixe, será? Se não é, parece...
Só para informação da "Nan" e doutros que professam outros radicalismos, seria bom que estas pessoas se consciencializassem que muitos casais não "apostam" num 2º ou 3º filho porque os incentivos em Portugal para a natalidade são uma vergonha.
Quanto às questões colocadas pela "Nan", certamente que alguns dos meus alunos do 8ºano arranjariam argumentos suficientes para contrariar facilmente as suas ideias derrotistas. Então essa de que o planeta tem gente a mais e, que por isso, devemos ser nós, portugueses, a procriar menos é de bradar aos céus. Os meus alunos falar-lhe-iam nas medidas antinatalistas a implementar na China, na Índia e muitos outros países em desenvolvimento. Depois, justificar o actual estado de coisas à custa do desemprego jovem é não acreditar no que os países nórdicos têm vindo a fazer, diz tudo sobre este tipo de pensamento... Finalmente, não perceber que proteger a família é um dever do Estado é não perceber as funções de um Estado sério...
Enfim, muito haveria a dizer, mas fico-me por aqui. Mas, é sempre bom discutir ideias. Seja bem-vinda!
Não, não, não, não, nada disso! A política do nosso governo está errada em muitas coisas. As famílias devem ser protegidas, sim senhor, e as famílias com filhos devem ser duplamente protegidas, bem como as famílias com idosos a cargo devem ser duplamente protegidas. Mas não se deve confundir as coisas.
Uma coisa é proteger as famílias com filhos. Outra muito diferente é incentivar as pessoas a terem mais filhos do que aqueles que podem educar - e nem estou a falar em dinheiro, estou a falar em disponibilidade, tempo, valores morais e cívicos.
Uma coisa é proteger as famílias. Outra muito diferente é dificultar o divórcio em casos em que este se tornou a única saída.
Não devemos ser nós portugueses a procriar menos, Pedro! Nem devemos ser nós portugueses a procriar mais.
As políticas natalistas dos países nórdicos têm resultados, mas são modestos. Não puseram as pessoas a ter muitos filhos - até porque as sociedades nórdicas não visavam isso. Mas deve concordar que o desemprego dos jovens é uma factor que nos deve levar a pensar. Se nos dizem que quem já trabalha terá que continuar a trabalhar até mais tarde, e nós sabemos (eu sei e o Pedro também sabe) que cada vez é necessário menos esforço para produzir mais, então o que vai acontecer à geração dos nossos filhos? Onde vão eles encontrar trabalho?
Também sabemos (e o Pedro até deve saber melhor do que eu, porque a sua formação é em Geografia, ao passo que eu só tenho uma mãe geógrafa) que o planeta em que vivemos não é elástico. Não se pode aumentar infinitamente a produção. Cada pessoa que nasce no lado «civilizado» do mundo - sim, até mesmo em Portugal - consome recursos, e muitos. Nunca se preocupa com isto?
Agora, em termos pessoais: eu tenho duas filhas. Gostava de ter tido três mas a mais nova nasceu com Trissomia 21 e decidi que era mais seguro não arriscar de novo. Acho que ter um filho único é asneira. Mas acho que ter nove ou dez, ou até mesmo cinco filhos é igualmente asneira.
Nan, afinal, nem estamos assim tão distantes em termos de opinião a propósito da vergonhosa política social deste Governo para com as famílias portuguesas...
Mas, continuo a pensar que o Estado tem o dever de apoiar social e fiscalmente os casais que queiram ter um segundo filho!!!
Plenamente de acordo!
Primeiro, segundo, terceiro e até quarto, atendendo a que haverá sempre um número X da casais que não terão qualquer filho. E deve apoiar de todas as maneiras ao seu alcance - fica mais barato, a longo prazo, pagar a um dos pais para ficar em casa com os filhos pequenos até aos três anos, do que suportar os custos sociais e educacionais de não o ter feito, por exemplo...
Apoiar a adopção e não dar segundas (nem muito menos terceiras e quartas) oportunidades a famílias violentamente disfuncionais de (des)educarem as crianças que insistam em ter. As crianças não são nenucos que possam ficar arquivadas numa instituição enquanto os pais biológicos experimentam todas as drogas que há, ou todas as marcas de vinho e cerveja. Todos os dias eu vejo na escola os tristes resultados de «educações» dadas por «famílias» a quem ninguém no seu perfeito juízo entregaria um gato para criar, quanto mais uma criança!!! E, do outro lado, conheço pessoas perfeitamente aptas e responsáveis, capazes de criar com sucesso uma ou duas crianças, pessoas a quem eu entregaria em caso de necessidade as minhas filhas, sem o mínimo receio e que não conseguem adoptar... Há qualquer coisa errada neste país e desconfio que sei o que é!
Claro Nan, neste mundo há gente para todos os gostos: responsáveis e irresponsáveis. E, claro que nem todos os casais apresentam as mínimas condições para terem filhos. E não falo só das condições económicas! Há pessoas que simplesmente não sabem ser pais. E miúdos que não merecem os pais que têm.
Agora, quando falo em medidas de apoio à natalidade, falo também em exigência para quem merece ter o usufruto dessas medidas e não em algo do género do rendimento mínimo garantido.
A ter filhos para simplesmente aumentar o rendimento familiar à custa de subsídios, como muitos pensam, eu digo não...
Apoiar casais que queiram ter um 2º filho, seja em termos de alargamento da licença de maternidade e paternidade, aumento das creches ou em termos de reais benefícios fiscais, claro que sim...
A propósito, leia-se a notícia de capa do jornal Público de hoje:
http://jornal.publico.clix.pt/main.asp?c=A&dt=20080515&id=13188528 e http://jornal.publico.clix.pt/main.asp?c=A&dt=20080515&id=13188551.
Impecável essa resposta. pena é que seja demasiado simplista... já imaginaste o Belmiro de Azevedo sem empregada de caixa durante 3 anos? Já pensaste no Sócrates a dispender um valor de abono substancialmente mais elevado à sua empregada doméstica?
No Portugal actual, olhamos todos uns para os outros, conformados e ao mesmo tempo desesperados por ver o nosso País nestas mãos que nada fazem de útil, que nunca tiveram uma profissão a sério, que sempre viveram da mentira política...!
Enviar um comentário