sexta-feira, julho 25, 2008

Os bairros (anti)sociais das nossas cidades: o caso de Viseu

Graças a um vídeo dado a conhecer ao mundo por um anónimo, os problemas dos ditos "bairros sociais" tornaram-se em tema de debate nacional nestas últimas duas semanas. Tal como já havia acontecido com as filmagems de uma aluna a agredir uma professora numa escola do Porto, agora foi a vez de um vídeo com um tiroteio na Quinta da Fonte, em Loures, qual faroeste português, ter chamado a atenção dos mais distraídos para os problemas decorrentes do autêntico caos urbanístico que muitas autarquias, com o beneplácito do Estado central, têm levado a cabo com a edificação de "bairros sociais" que apenas têm servido de prova à incapacidade social de muitos engenheiros e arquitectos para este tipo de função.
A edificação de qualquer bairro destinado a agregados familiares de baixos recursos financeiros (os chamados bairros sociais) deveria ser alvo de um verdadeiro trabalho de equipa, com a intervenção de engenheiros e arquitectos, mas também de sociólogos, geógrafos e assistentes sociais. Ora, pelos vistos as entidades competentes apenas se têm interessado em edificar autênticos blocos de cimento, tirados a papel químico uns dos outros, onde as paredes monótonas e sombrias parecem ser intermináveis...
Dou-vos a conhecer a "Quinta da Fonte" de Viseu, o Bairro da Balsa, situado a menos de 500 metros do centro de Viseu e cujos casos de violência não são assim tão escassos. Apenas não têm sido, por enquanto, alvo de filmagens de alguém que mande o vídeo para a SIC. Este bairro, constituído por cinco filas de blocos de apartamentos, onde imperam as paredes fechadas, sem se vislumbrarem varandas, apresenta uma qualidade urbanística bastante reduzida. Durante o dia, é possível verificar muitos dos seus residentes encostados às paredes de cada prédio, sem fazer nada. Há quem diga (não sei se é verdade) que por lá muitas das casas estão completamente descaracterizadas, com pessoas a quererem praticar agricultura dentro de banheiras e que nalgumas casas há mais cães e gatos do que pessoas. Certo é que a monotonia e a opacidade são aqui ponto de ordem. À noite impera o sentimento de insegurança. O espírito de solidariedade e de vizinhança parece inexistente. Enfim, a vida bairrista é uma nulidade... Analisando bem a foto, parece estarmos na presença de um estabelecimento prisional, onde a repetição e a monotonia são ponto de ordem...
Esperemos que a construção de "bairros sociais" não perdure por muito mais tempo. Quanto às soluções, criem-se incentivos à requalificação dos bairros construídos nas décadas de 70, 80 e 90 e pratique-se uma verdadeira política social que não permita a edificação de autênticos guetos, autênticos denotadores de insegurança, marginalidade e violência. Ah, e não nos esqueçamos que o Estado não pode ser permissivo com aqueles (muitas vezes uma minoria dentro dos bairros) que, julgando-se líderes de massas, são o foco principal da má vivência existente nestes locais da cidade. E, já agora, não é de ignorar os malefícios causados pela inactividade que o Estado alimenta junto dos residentes destes espaços urbanos. É que não é por acaso que 90% dos habitantes da Quinta da Fonte vivem dos subsídios do Estado!

10 comentários:

Anónimo disse...

Deverá ter facilidade de comentar este assunto com o Fernando "rocky" Ruas, que tal como você comungam dos mesmos ideais. Caso não saiba, o bairro da foto é da responsabilidade da autarquia viseense que era como infelizmente sempre foi dominada pela corja "social-democrata" viseense. Já agora quanto a subsidios, convêm lembrar que a esmagadora maioria dos nossos empresários também os recebe e veja-se o estado em que se encontram as empresas.

Carla disse...

Desta vez vais me desculpar , pois não irei comentar o que aqui escreves-te...é que posso ser "trucidada" pela minha opinião , embora se viva num país de livre expressão...apenas digo que mais de metade do meu ordenado vai para a prestação da minha casa , e existem pessoas que exigem casas....

bjs e mais uma vez as minhas desculpas

Anónimo disse...

partilho da sua opinião Sr. O Cardeal...e mais não acrescento!!

contradicoes disse...

Antes demais agradecer-lhe pelos votos de melhoras face à contrariedade que me apareceu em Maio passado, que estou a tentar ultrapassar. Quanto à abordagem. Julgo que os principais responsáveis da criação dos guetos que existem a que chamam habitação social, têm sido os autarcas e os vários governos que sobre isto mantêm uma política errada de realojamento, de comunidades que vivem duma maneira geral à custa de subsídios e não desejam outra vida. Um abraço
Raul

MARTHA THORMAN VON MADERS disse...

Belo blog, postagem maravilhosa.
marthacorreaonline.blogspot.com

José de Oliveira Povinho disse...

Estou farto deste país da treta!
Estou farto de subsídios À preguiça, estou farto da impunidade geral que se faz sentir na nossa súcia-dade, estou farto de ter de trabalhar mal pago, estou farto de ser explorado pela inflacção, estou farto de contribuir com todos os impostos que me são exigidos (sou a favor deles desde que usados para fins de interesse público dos bons cidadãos!), estou farto de pagar a prestação da casa ao banco, estou farto de que a polícia não possa intervir como deve ser, estou farto de não existir investimento na saúde e educação para fazer estádios de futebol e aeroportos inúteis,..........................................

Em suma estou farto de que existam toda a expécie de gandins a usufruirem dos impostos que nós pagamos para terem casa, ordenado e todos os benefícios que nós que contribuimos temos que pagar, de borla!!!

Será que o Estado Português pretende que no futuro sejamos todos analfabetos com diplomas do ensino superior a viver À conta da UE???

Neste momento parece-me bem mais vantajoso abandonar o meu emprego e dedicar-me à bandidagem!!!! Só não o faço pois tenho moral, ao contrário de quem nos tem governado de há uns bons anos para cá.

Anónimo disse...

Não suporto as pessoas que dizem(os ciganos são pessoas como nós).Dizem isto porquê?Antigamente quem não fazia descontos os filhos não tinham abono,agora tds recebem...e o rendimento social para(os ciganos)passarem os dias ao sol a jogarem cartas...ponham-nos a limpar matas,para fazer render os subsidios!Não pagam a água,a luz as rendas anos a fio mas continuam com um tecto!È VERGONHOSO EX.SR.FERNANDO RUAS!!!Se eu simples mortal precisar de habitação?NÃO Há!Há tanto para falar ...só estou a perder tempo!

Anónimo disse...

Caro Pedro, antes de se escrever um artigo, convem saber-se exactamente do que se fala. É grave aquilo que escreveu, porque se refere a um bairro onde eu e muitos dos meus vizinhos compraram casa, e aquilo que escreve serve apenas o intuito de as desvalorizar. Quando injustamente se refere a um bairro, refere-se mais explicitamente a um bloco, o Bloco A. Dos blocos B e C, não falo porque desconheço, mas garanto-lhe que nos Blocos D e E, nada do que disse é verdade. E para o provar convidava-o a visitar o Bloco E, onde impera precisamente o "espírito de solidadriedade e vizinhança" que refere inexistir. É um bloco limpo, organizado, onde os vizinhos se respeitam e interajudam, funcionando como uma família, tudo pessoas de bem. A minha casa tem inclusive VARANDA. Veja só! É um T3 duplex, com varanda e garagem, em pleno centro de Viseu. Deve até estar com inveja, não? Um pedacinho... Aquilo que deveria combater, isso sim, é a política de integração social à força, de se pretenderem enfiar em blocos de apartamentos, grupos étnicos sem hábitos de convivência com os demais (toda a gente sabe do que se fala). Eu também sou contra a política de bairros sociais, sobretudo em prédios. Acho que deveriam, quando muito subsidiar o arrendamento, como fazem com os jovens. Sucede que só agora vejo referir aquele bairro como um bairro social. Quando a minha mãe foi para lá, nos finais de 80, era habitação a custos controlados. Pagavamos renda de 60 contos por mês e depois compramos o apartamento, que o IGHAPHE vendeu aos arrendatários.
Nessa altura as etnias ciganas acampavam nuns terrenos à frente do Bloco A. Não sei quando, mais tarde, resolveram alojá-los nesse Bloco. Deve ter sido aí que o bairro passou a ser "Social".
Agora acha por bem denegrir a imagem de todo o bairro, onde pessoas como nós compraram casa e fizeram melhoramentos, com a esperança de um dia valorizarem, justamente? A envolvente é bonita, ajardinada, tudo organizado, com espaço de estacionamento, garagens, etc, a 2 passos do centro. Acha bem vir agora com essa conversa de pretenso intelectual, a manchar um bairro inteiro, com uma imagem daquilo que se passa apenas num Bloco? Disse pretenso intelectual, porque para cientista, falta rigor. Tenha dó, ponha os pés no terreno. Ou será que tem medo de entrar num desses "terríveis bairros"? Para professor de Geografia, deixa muito a desejar. Olhe, eu sou Economista, tenho Mestrado e a minha filha está a fazer doutoramento em Biologia, na Holanda. A casa da avó fica no Bloco E. É terrível, não? Sabe o que lhe fazia bem? Uma temporada em Moçambique, a fazer voluntariado... Talvez começasse a conhecer melhor o mundo real, e perdesse uma boa parte desse seu pedantismo. Passar bem. Beatriz Amaral.

Anónimo disse...

E já dizia o outro " a morte fica-lhes tão bem..."

Anónimo disse...

E já dizia o outro " a morte fica-lhes tão bem..."