O que se passou na última sexta-feira na Assembleia da República, acrescido de tudo aquilo que se tem vindo a saber nos últimos dias pela comunicação social é sinal do imenso desprezo que muitos deputados provam ter por aqueles que têm a obrigação de representar.
Urge reformar por completo este sistema político que permite que na Assembleia da República impere a "rebaldaria" e o "quero, posso e mando". Então, dezenas destes indivíduos assinam o livro de ponto e não vão às votações em Plenário??? É preciso descaramento...
Eu se me atrasar a chegar à sala de aula onde tenho os meus alunos à espera arrisco-me a levar falta no livro de ponto. O mesmo não acontece com os deputados que, pelos vistos, fazem o que bem lhes apetece em termos de presença nas sessões plenárias. Mas, há mais profissões onde a rebaldaria impera. Só alguns exemplos: basta ir a um hospital ou a um centro de saúde para nos apercebermos da falta de respeito que muitos médicos têm pelos pacientes que, impacientemente, esperam por uma consulta; também num tribunal, é raro o julgamento que começa a horas, por atraso do juíz que chega quando quer e lhe apetece; também nas universidades reina o "sem rei, nem roque", com professores universitários a darem aulas de 90 minutos quando estão programados 120 minutos!!! Enfim, muitos mais exemplos poderiam ser aqui dados. Mas, este último caso ocorrido na Assembleia da República é demasiado vergonhoso para que não existam consequências efectivas. Urge saber quais os deputados que, pura e simplesmente, se baldaram ao serviço...
Adenda:
No Diário de Notícias de hoje li um artigo publicado pela jornalista Fernanda Câncio que demonstra até que ponto a ignorância pode tomar conta de gente supostamente culta e informada. Esta senhora escreve um texto em que desanca forte e feio nos professores, como se estes fossem uma cambada de lambões e queixinhas. Socorre-se de estatísticas da OCDE para tentar provar que a classe docente portuguesa é privilegiada e que, por isso, deveria manter-se calada, em vez de manifestar a sua revolta perante o actual estado de coisas.
Afirma esta senhora que os professores portugueses estão em vantagem no seio dos países da OCDE em termos de tempo de trabalho, rácio alunos/professor e níveis salariais. Esquece-se porém de vários promenores: 1. o trabalho extra-lectivo não é tido nas contas da OCDE; 2. menos alunos por docente não significa automaticamente melhoria da qualidade das aprendizagens; 3. a massa salarial deveria ter em conta não o salário médio nacional de cada país, como faz a OCDE, mas a média dos salários dos docentes dos países da OCDE. Assim, os seus números virar-se-iam de pernas para o ar. Aliás, o recurso às estatísticas pode ser enganador quando se trata de avaliar a Educação de um país. Veja-se o exemplo deste Governo PS que, com ambição de colocar Portugal no topo das estatísticas da Educação da UE optou pelo caminho do facilitismo, de que a falta de rigor e exigência dos últimos exames nacionais são o cabal exemplo de como os números podem ser redutores. Um conselho para a dita jornalista: fazendo juz à sua profissão saia do gabinete e realize um trabalho sério de investigação jornalística, indo para uma escola durante uma semana para ver o que é a verdadeira arte de ser professor. Investigue, não nos números, mas inserindo-se na realidade escolar. Vários colegas seus já o fizeram e deram a conhecer a realidade da função docente. Ah, já agora, para quando um artigo o que pensam os portugueses dos políticos e professores???
No Diário de Notícias de hoje li um artigo publicado pela jornalista Fernanda Câncio que demonstra até que ponto a ignorância pode tomar conta de gente supostamente culta e informada. Esta senhora escreve um texto em que desanca forte e feio nos professores, como se estes fossem uma cambada de lambões e queixinhas. Socorre-se de estatísticas da OCDE para tentar provar que a classe docente portuguesa é privilegiada e que, por isso, deveria manter-se calada, em vez de manifestar a sua revolta perante o actual estado de coisas.
Afirma esta senhora que os professores portugueses estão em vantagem no seio dos países da OCDE em termos de tempo de trabalho, rácio alunos/professor e níveis salariais. Esquece-se porém de vários promenores: 1. o trabalho extra-lectivo não é tido nas contas da OCDE; 2. menos alunos por docente não significa automaticamente melhoria da qualidade das aprendizagens; 3. a massa salarial deveria ter em conta não o salário médio nacional de cada país, como faz a OCDE, mas a média dos salários dos docentes dos países da OCDE. Assim, os seus números virar-se-iam de pernas para o ar. Aliás, o recurso às estatísticas pode ser enganador quando se trata de avaliar a Educação de um país. Veja-se o exemplo deste Governo PS que, com ambição de colocar Portugal no topo das estatísticas da Educação da UE optou pelo caminho do facilitismo, de que a falta de rigor e exigência dos últimos exames nacionais são o cabal exemplo de como os números podem ser redutores. Um conselho para a dita jornalista: fazendo juz à sua profissão saia do gabinete e realize um trabalho sério de investigação jornalística, indo para uma escola durante uma semana para ver o que é a verdadeira arte de ser professor. Investigue, não nos números, mas inserindo-se na realidade escolar. Vários colegas seus já o fizeram e deram a conhecer a realidade da função docente. Ah, já agora, para quando um artigo o que pensam os portugueses dos políticos e professores???
1 comentário:
Cada vez mais fica demonstrado que os deputados representam os seus partidos e não os eleitores que os elegeram pelos respectivos círculos eleitorais. Ou seja cada vez mais compreendo a atitude dos abstencionistas, mas concordo consigo que urge mudar a lei eleitoral para salvaguarda dos direitos do eleitorado pese embora os dois maiores partidos não estejam interessados na mudança porque a que existe os favorece. Quanto ao artigo da Câncio, também o li e efectivamente as leituras efectuadas a partir de sensos são muito discutíveis e por vezes pecam por excesso. Aproveito a oportunidade para lhe deixar os votos de um Feliz Natal na companhia da sua família. Um abraço
Raul
Enviar um comentário