Durante o último mês pouco se falou de política (ainda bem!), tendo as atenções mediáticas incidido nos fogos florestais, na pré-época das equipas de futebol e na prestação dos portugueses nos Jogos Olímpicos de Londres. A propósito deste último assunto, criticou-se bastante o facto de Portugal apenas ter trazido da capital britânica uma medalha de prata (na modalidade de canoagem), tendo-se inclusivé criticado a forma, segundo alguns, bastante displicente como os atletas portugueses encararam estes jogos.
Ora, tendo em conta que nestes Jogos Olímpicos participaram 204 países e que Portugal se classificou (em termos de medalhas conquistadas; não de diplomas) no 74º lugar, com mais de 110 países a não conquistaram qualquer medalha (alguns mais desenvolvidos do que o nosso, como a Áustria ou a Islândia), parece-me sensato dizer que estivémos ao nosso nível: nem fomos tão maus como alguns querem fazer crer, nem fomos os fora-de-série (como a Hungria), como muitos queriam que fossemos...
Claro que há países menos desenvolvidos do que Portugal que conseguiram melhores resultados do que nós (a Jamaica nas corridas de velocidade, a Etiópia e o Quénia nas corridas de fundo, a Geórgia na luta livre, a Coreia do Norte no halterofilismo), mas muitos destes países especializaram-se numa só modalidade. Aliás, o que nas últimas Olimpíadas tem acontecido com a canoagem portuguesa não é fruto do acaso, mas sim a aposta clara da Federação Portuguesa de Canoagem na profissionalização desta modalidade. E depois temos países como a Hungria que desde há muitas décadas trabalha afincadamente para cada edição dos Jogos Olímpicos: 474 medalhas dos hungaros contra as 23 de Portugal nas trinta edições das Olimpíadas.
Não creio que o problema esteja, como alguns afirmaram, na reduzida importância que Portugal concede ao desporto na infância e adolescência (aliás, até penso que actualmente os jovens praticam mais desporto, tanto amador, como profissional, do que no tempo da Mocidade Portuguesa). A questão é que há países que consideram os Jogos Olímpicos como uma espécie de Guerra Fria, tentando demonstrar nas Olimpíadas mais do que aquilo que são: veja-se o confronto entre os EUA e a China ou entre a Rússia e as antigas repúblicas soviéticas...
Agora, há que definir o que queremos no futuro: continuar a apostar no aumento do número de participantes na delegação portuguesa aos Jogos Olímpicos (numa lógica de que participar já é ganhar) ou apostar tudo na conquista de medalhas, definindo modalidades prioritárias em detrimento de outras (a exemplo do que tem acontecido com a canoagem)?
2 comentários:
Concordo e digo mais: os para-olímpicos vão fazer melhor figura e a comunicação social pouco lhes vai ligar. É sempre assim.
É um espectáculo...
Temos por cá
OS MELHORES DEFICIENTES DO MUNDO!!!!!!!!!
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