Mário Soares passou-se de vez. E é a idade que o desculpabiliza de tantos disparates que vai dizendo. Bem sei que falamos de um ex-Presidente da República e de alguém que, quer se queira, quer não, terá um lugar na história da democracia em Portugal. Claro que há muitos episódios que apenas a investigação histórica poderão esclarecer (a forma como Soares se apropriou dos louvores da instauração da democracia em Portugal quando falamos de uma revolução de cariz militar ou a sua responsabilidade na forma como o FMI teve de intervir em Portugal para não cairmos na bancarrota e isto já para não falarmos das facilidades obtidas com a sua Fundação ou das ligações obscuras a Angola), mas começa a ser insuportável ter de ouvir as "ignomínias" de Mário Soares contra o actual Governo e Cavaco Silva.
Até parece que o homem já se esqueceu dos elogios que fazia nos primeiros tempos do Governo de Passos Coelho? Será que foi o regresso de Sócrates à ribalta que o fez mudar de opinião? Ou a ânsia do poder para o PS é tanta que agora até ameaça com a violência para ver se temos eleições antecipadas?
A Soares ainda podemos desculpabilizar, na lógica de que a idade não perdoa e, portanto, há que dar um desconto, tais são os disparates que o fundador do PS tem dito e redito. Quanto aos ortodoxos do costume (PCP e BE) também não há novidades, dado que esses apenas dizem mal por dizer. Não sabem fazer mais nada. Nunca governaram e, pelos vistos, não saindo da sua redoma nunca irão governar. Já algumas figuras da vida política portuguesa como António Costa ou Pacheco Pereira, deveriam ter tido um pouco mais de juízo e fazerem como fez o socialista Francisco Assis: colocarem-se à margem do incitamento à violência.
Começa a não haver paciência para as bocas foleiras de Mário Soares. Acredito que a maioria dos portugueses, apesar de descontentes com a situação do país, não se revêem nas declarações desta personagem que caminha para uma saída muito triste da vida política portuguesa. Só um exemplo: Soares não chega aos calcanhares de um outro ex-Presidente da República, Ramalho Eanes, que aparece poucas vezes, mas que quando aparece sabe o que diz...
É curioso que Soares se queixe do rumo que o país está a levar, mas ignore o que os portugueses passaram quando, pela sua (des)governação do país foram obrigados a assistir à entrada do FMI nos inícios dos anos 80 do século passado, ao mesmo tempo que nunca se refere à forma como os governos de Guterres e Sócrates (seus súbditos) ajudaram ao crescimento colossal do défice orçamental e da dívida pública, sobretudo à custa do crescimento das despesas do Estado e de obras públicas completamente desnecessárias, ainda por cima, baseadas na lógica das PPP`s do "faça-se agora, mas pague-se depois".
Soares parece estar com graves problemas de memória. É da idade. Mas, pelos vistos, ainda há muitos portugueses que, apesar de mais novos, também não têm memória e se esquecem de como é que o país chegou ao ponto a que chegou. É o país que temos...
1 comentário:
Quando diz que Soares e outros ex-primeiros ministros do PS também têm culpa do estado a que o país chegou, não podia estar mais de acordo. No entanto, isso não invalida que ele e outros tenham razão em alertar para a deplorável governação do seu querido PSD, que, quer o Pedro queira quer não, está a destruir o país.
Ainda assim, o mais escandaloso, na minha opinião, é a vitimização de alguns governantes e seus apoiantes, alegando que fazem o que fazem por terem legitimidade democrática. Mas qual é a legitimidade democrática de pessoas que, durante a campanha eleitoral, mentiram de forma descarada com o único objectivo de serem eleitas? Ou por outras palavras: mentir é legítimo e aceitável, mas revoltar-se contra mentirosos, eventualmente com o recurso à violência (já que os mentirosos se recusam a demitir-se) já é um atentado à democracia???
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