Vivemos tempos difíceis e, porventura, estamos perante um dos poucos períodos históricos desde que existe Portugal em que uma geração mais nova irá viver tempos mais difíceis do que a geração que a antecedeu. De facto, se até aos dias de hoje, a mobilidade sócio-económica da sociedade portuguesa tem vindo, em termos geracionais, a ser uma realidade, corre-se o risco de, no futuro, vermos aqueles que agora estão na idade activa a viverem bem pior do que aqueles que os precederam...
De facto, com uma população crescentemente envelhecida e num país com uma dívida pública descomunal e que, efectivamente, terá de começar a ser paga, não tenhamos dúvidas que os próximos 20 anos (nestas duas décadas a dívida terá de ser reduzida de forma substancial) serão ainda mais difíceis do que aqueles que actualmente atravessamos.
A geração que agora está na idade da reforma pode afirmar que ainda viveu os martírios da ditadura, mas tem a certeza que chegou à idade da aposentação com direito à sua pensão. E mesmo aqueles (ou aquelas) que nunca descontaram para a Segurança Social tiveram direito à pensão de sobrevivência. Mas o que dizer da geração que já nasceu nos tempos da democracia? Pagam impostos enormes, descontam para o Estado Social, sabem que terão de "arcar" com os custos do aumento da esperança média de vida, mas não sabem se terão direito a receber uma reforma digna... Sim, porque serão estes a ter de pagar a dívida que "beneficiou" a geração dos mais velhos e é aqui que entra o conflito intergeracional que domina actualmente a sociedade portuguesa... Os mais velhos (os pensionistas) queixam-se que o Governo os penaliza, mas são os seus filhos que maior dose de penalização têm de suportar: cuidar dos seus filhos, mas também dos seus pais e não sabem o que os espera quando chegarem (se chegarem) à idade da reforma...
Os responsáveis por este conflito entre as gerações dos pais e dos avós são mais do que conhecidos: aqueles que nos (des)governaram nos últimos 40 anos, sobretudo os que "engordaram" a nossa dívida pública nos tempos guterrista e socrático. Os maiores penalizados por este conflito também são mais que óbvios: a geração pós-1970 e os seus filhos que não sabem o que a espera no futuro e que será certamente ainda mais sombrio do que o que vivemos actualmente. Soluções: a teoria manda dizer que a solução está em protestar, lutar e estrebuchar por todos os lados, mas parece-me que, como diz o povo, vamos ter de "comer e calar", ou seja, pagar a dívida e esperar por dias (que ainda estão longínquos) melhores...
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