No discurso de tomada de posse, José Sócrates decidiu avançar com uma medida que, aos olhos de muitos, parece ser essencial e reveladora de coragem política. Refiro-me à possibilidade dos medicamentos de venda sem receita médica poderem ser comercializados em grandes superfícies, nomeadamente nos hipermercados.
Logo veio a DECO concordar com a medida, enquanto que o lobbie das farmácias alertou para os perigos da venda livre de medicamentos que não necessitam de receita médica. Será que alguém reparou que o lobbie dos hipermercados, com Belmiro de Azevedo à cabeça, ficou calado? É que não sejamos ingénuos: esta medida favorece os hipermercados, não se percebendo quais os reais benefícios para o cidadão comum.
Sócrates defende esta medida com a necessidade de reduzir o preço dos medicamentos. Mas, então, porque não avança com o estabelecimento do preço único aplicado aos medicamentos, como já acontece com os livros? É que deixar de vender medicamentos exclusivamente nas farmácias para se poder passar a comprá-los em hipermercados terá como óbvia consequência o aumento indiscriminado do consumo de medicamentos, acompanhado de um possível incremento de muitas patologias. Veja-se o caso da Alemanha...
Lá teremos o zé povinho a ir ao Continente fazer as suas comprinhas de fim-se-semana e abastecer o seu carrinho de compras com mais umas quantas aspirinas e paracetamol, abrindo o caminho para o perigo da auto-medicação. Já estou a ver os anúncios de preço baixo no corredor dos medicamentos, apelando à compra desses produtos.
Entretanto, Belmiro de Azevedo e companhia devem esfregar as mãos de contentes...
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