Neste fim de semana, mais um caso de homicídio (neste caso duplo-homicídio) veio agitar a opinião pública portuguesa. Este acontecimento, para além da tragédia familiar que o acompanha, não deve ser considerado apenas como um caso isolado e descontextualizado da realidade social em que vivemos. De facto, ele constitui uma espécie de sinal dos tempos que identifica o estado arbitrário e desregulado a que chegou a sociedade portuguesa.
Desde meados dos anos 80 que se tem vindo a estabelecer nas sociedades ocidentais, em geral, e, por arrastamento no nosso País um pensamento ultra-liberal, com repercussões ao nível do desrespeito por uma série de princípios que "regulavam" as sociedades mais avançadas. Princípios básicos como a educação, o civismo ou o respeito pelos mais velhos são cada vez mais meras recordações de outros tempos...
Vejam-se os casos de diversas profissões que, actualmente, são "olhadas" de lado e quase rebaixadas: professores, polícias, políticos, entre outras. Se no caso destes últimos a culpa pode ser imputada à própria classe política que se auto-digladia, já no que respeita aos docentes e forças de segurança, a razão da sua desvalorização social deve ser imputada à elevada permissividade com que o Estado, enquanto pessoa de bem, deixou alastrar à sociedade em geral no que ao cumprimento de determinadas regras civilizacionais.
Em Portugal caminha-se para uma situação em que o professor é visto quase como a "baby-sister" dos jovens portugueses e o agente de polícia é tido como o sujeito que passa multas de estacionamento e foge das zonas perigosas.
Urge que sejam tomadas medidas para que estas classes profissionais sejam devidamente valorizadas e respeitadas pela sociedade civil, sendo que só com o impulso de autoridade (não digo autoritarismo) é que se poderá defender duas das profissões que mais decisivas são na elevação da qualidade de vida das populações.
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