Este é o último artigo dedicado às desilusões que, actualmente, dominam (embora, sem afligirem) a minha vida social e profissional. Não é tanto uma desilusão, mas sobretudo revolta, pois não tem sido com surpresa que tenho assistido à forma como este Governo tem actuado: arrogância e mentira têm sido pontos de ordem durante oos últimos três anos.
Arrogância, na medida em que o autismo e a prática pouco democrática como muitas das medidas têm sido aplicadas, nomeadamente, nas áreas da Segurança Social e da Educação, evidenciam bem o estilo autoriário como José Sócrates actua na pele de Primeiro-Ministro. Só os mais distraídos é que não se lembram como já nos tempos de Ministro de Ambiente, Sócrates evidenciava tiques de pessoa nada tolerante e excessivamente nervosa e arrogante.
Mentira, porque as promessas que fez durante a campanha eleitoral, a que agora chama de compromissos, foram, pura e simplesmente, ignoradas e desprezadas. Aliás, a forma como Sócrates se serviu da mentira do défice para aumentar os impostos e fazer o que bem quis da Função Pública foi simplesmente vergonhoso. Não nos esqueçamos que a redução do défice (a grande bandeira deste Governo) apenas foi alcançada à custa de 28 meses de congelamento de carreiras nos funcionários públicos e da concessão de aumentos salariais bem abaixo da taxa de inflação. De resto, nada de substancial foi realizado. Na educação, foi aberta uma guerra contra os professores e abriu-se o caminho ao facilitismo. Na saúde, as listas de espera continuam enormes e os privados continuam a reinar. Na justiça, a lentidão veio para ficar, já para não falar da banalização da corrupção. O choque tecnológico transformou-se em autêntico choque de betão, com milhões de Euros a serem gastos no aeroporto, no TGV e nas auto-estradas.
Não votei neste Governo. Portanto, o que sinto não é tanto desilusão, mas revolta. O país continua a afastar-se da média europeia, nomeadamente face a Espanha. O poder de compra dos portugueses diminui. O endividamento das famílias aumenta. O estilo autocrático e autoritário encontra-se em todo o lado. Uma vergonha. Como diz o cartaz do PS : "O país está a perder"...
7 comentários:
Há muitos pontos em comuns entre este governo e o de Cavaco: Basta ser objectivo e tirar a carapaça partidária.
Arrogância, desprezo pelas oposições.
Há uma coisa que este governo falta fazer em relação a Cavaco: ainda não pôs na rua a polícia a bater nas pessoas.
Jojó, há no entanto, duas diferenças abismais.
Primeira: para chegar ao poder, durante a campanha eleitoral, Cavaco não enganou os portugueses da forma miserável e execrável como Sócrates o fez.
Segunda: durante os governos de Cavaco, o poder de compra dos portugueses aumentou; com Sócrates, os portugueses têm empobrecido.
Verdade ou não?
Estou de acordo com o seu comentário. Mas havia outras grandes diferenças quando Cavaco foi para o governo:
1ª - Quando começou a governar tinha as contas em dia, pois antes Soares fez-nos apertar o cinto e ele foi para o governo com a "casa arrumada" do descalabro do governo de Balsemão.
2ª - A conjuntura não tinha nada a ver com a actual. Basta ler artigos sobre a economia daquela época.
Os tempos são outros e as pessoas mudam também os comportamentos.
É a vida meu caro.
Caro Jojó, não negando as suas últimas duas observações, convém não esquecer uma diferença abismal existente entre Cavaco e Sócrates. O primeiro era mestre (até doutorado!) em economia e, portanto, sabia o que fazer para desenvolver o país, numa visão humanista; o segundo apenas é mestre(?) na retórica (e muitas vezes à custa de cábulas), pautando as suas acções numa visão imediatista e não de longo prazo...
Enfim, Sócrates governa para os números e não para as pessoas...
O humanismo e a solidariedade que era imagem de marca do PS, foi mandado para as urtigas.
Depois que este partido socialista começou a executar as políticas "liberais" (?) próprias de partidos de direita, é o descalabro do humanismo, da solidariedade. O que contam são os números.
Jójo, concordo inteiramente com o seu último comentário. Aliás, até direi mesmo que nunca o PSD, partido de centro-direita, foi capaz de ser tão liberalizante na sua prática governamental, quanto este PS que temos no poder...
Pois meu caro Pedro diz que não votou neste Governo e acredito porque julgo ser militante ou pelo menos simpatizante do PSD. Mas olhe que eu também não votei e chego a pensar que estou a ser governado pelo PSD, porque como diz e muito bem nem o seu partido foi tão longe no tocante aos sacrifícios que nos têm sido impostos. Mas também não deve descurar que em parte foi a governação PSD/CDS que contribuiu para o aumento de défice público e a necessidade de muitas das medidas com as quais curiosamente alguns notáveis economistas do seu partido estão de acordo. Portanto e tendo por base o facto de os entendidos na matéria do PSD apoiarem as medidas adoptadas por este governo
temos de concluir que as mesmas só não foram antes adoptadas pelo PSD porque nunca teve coragem política para as tomar. Mas insisto como não me revejo neste PS e muito menos na sua actual direcção, face à linha de governação por ela adoptada chego muitas vezes a pensar que estamos a ser governados pelo PSD.
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