Depois da mais do que retardada apresentação pública do guião(?) de reforma do Estado, o Governo desafiou o PS para o diálogo. Como sabemos, a resposta socialista foi um contundente “não”, justificando tal decisão com a total oposição a mudanças a operar na actual matriz do Estado social que temos. Terá sido esta a resposta de que o país (interna e externamente) necessita? Penso que não...
Desde já há que perceber que a imagem que passamos para o exterior é a de um país dependente do financiamento externo que não consegue chegar sequer ao diálogo (já não digo ao consenso) sobre o futuro do Estado social. E, como sabemos, o contexto socioeconómico que ergueu o nosso Estado social nada tem que ver com a actual realidade. Se num tempo em que predominava uma pirâmide etária jovem (com muitos jovens e poucos idosos) era sustentável termos um Estado social como o que conhecemos actualmente, o predomínio de uma pirâmide etária invertida (com uma população crescentemente idosa), aliada a uma dívida externa colossal, implica que se façam mudanças nas bases do Estado social em vigor. Isto se quisermos continuar a ter um Estado social... Recusar esta ideia como faz o PS é negar as evidências, com claro prejuízo da imagem externa do país.
E, internamente, o que podemos dizer desta recusa socialista? A ideia que passa é que o PS apenas aguarda pelo dia em que cheguem as eleições legislativas. Até lá, não se quer comprometer com qualquer tipo de compromisso que implique insatisfação na opinião pública. Onde é que já vimos isto? Na oposição não se falam em cortes e, já instalados no poder, justificam-se com a herança recebida...
E como pode um país avançar e dar uma imagem de credibilidade quando o que comanda muitos dos nossos políticos é a falta de compromisso e a ânsia da espera da queda do actual poder? Vejam o exemplo da Alemanha, onde partidos opostos, a bem do país, se entendem. Por cá, é a politiquice do costume que domina cada dia que passa...
4 comentários:
"A ideia que passa é que o PS apenas aguarda pelo dia em que cheguem as eleições legislativas. Até lá, não se quer comprometer com qualquer tipo de compromisso que implique insatisfação na opinião pública. Onde é que já vimos isto?"
Se tudo fosse tão fácil como responder a esta pergunta... Vimos em 2011, quando o PSD fez exactamente o mesmo, com o único objectivo de chegar ao poder, sabendo que para tal bastava mentir um pouco (recusando de forma veemente a subida de impostos ou o corte nos salários, e apenas porque tinha obrigatoriamente de prometer alguma coisita) e no resto não se comprometer com nada, para ter a certeza que ganhava, tal a forma como o eleitorado estava farto (e com razão) de Sócrates.
Mas já que perguntou isso, agora pergunto eu: onde é que NÃO vimos isto, da parte do PS ou do PSD? Lembra-se de alguma vez? Eu não...
O anónimo tem razão, mas vivemos tempos de excepção.
Em tempos de "vacas gordas" como os que vivemos nas duas décadas após a entrada de Portugal na UE até se poderia compreender que o partido da oposição não se comprometesse com nada e apenas esperasse pela queda do Governo, por via do seu desgaste, mas num período como o que vivemos actualmente não se compreende que o maior partido da oposição não se comprometa com nada e prefira apenas aguardar pela queda do Governo.
Num período tão grave como o que vivemos, o PS, com a sua estratégia de "avestruz" está a prestar um péssimo serviço ao país.
Quer dizer que em 2011, quando o seu PSD fez exactamente a mesma coisa (é capaz de dizer o contrário?) estávamos em tempo de vacas gordas? Sinceramente, essa sua argumentação não tem ponta por onde se lhe pegue...
Estes tipos de direita têm uma deslavada lata!!!
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