quarta-feira, abril 25, 2007

Finalmente!!! O dedo na ferida...

Cavaco Silva decidiu, hoje, nas comemorações do 25 de Abril, por o dedo na ferida sobre a monotonia e vulgaridade que têm vindo a dominar nos últimos anos as celebrações do dia a que todos chamam "da liberdade".
Assumindo a necessidade de acordar a juventude portuguesa para a importância de valorizar a conquista da liberdade de opinião e da própria democracia (assente sobretudo na liberdade de voto), Cavaco Silva pediu aos jovens que nasceram depois do 25 de Abril de 1974 (eu sou um desses jovens) que não se resignem e façam valer o seu inconformismo. Quem havia de dizer que ainda fosse possível ouvir estas palavras do antigo Primeiro-Ministro que, recorde-se, há uns anos atrás ficou severamente incomodado com as lutas académicas levadas a cabo pela chamada geração rasca!!! Mas, enfim, Cavaco mudou e está mais "humano" e menos "tecnocrata". Ainda bem!!!
Concordo com a necessidade de repensar por completo a forma de comemorar a conquista da democracia que, convém não esquecer, não se resume ao 25 de Abril. Outros acontecimentos merecem ser lembrados, com destaque para o 25 de Novembro de 1975!!!
Quanto ao inconformismo pelo actual estado de coisas, sempre que posso assumo-o aqui na blogosfera, manifestando a minha opinião sobre alguns dos assuntos que penso serem de maior relevo. Também no local de trabalho faço os possíveis (e quantas vezes os impossíveis) para que os mais jovens entendam que o saber não ocupa lugar e que, mais do que um ensino monocórdico, interessa desenvolver nos alunos a capacidade de questionar, reflectir e opinar sobre tudo aquilo que os rodeia.
Espero que daqui a um ano não voltemos às palavras de circunstância e que, de facto, o inconformismo tenha vindo para ficar!!! É que, enquanto tivermos gente que se dá ao trabalho de comemorar de forma efusiva (às passeatas de carro e buzinadelas) a simples abertura de um túnel de betão está tudo dito sobre a qualidade da nossa sociedade...

quarta-feira, abril 11, 2007

Haverá coincidências? Continuamos sem saber...

Escrevo depois de ter assistido à mais que extremamente pouco convincente entrevista televisiva que José Sócrates concedeu, imagine-se à mais que "imparcial" RTP1, que tinha como suposto tema central os dois anos de governação, mas que, na verdade serviu como mero instrumento de auto-elogio, com ausência total de sentido de humildade ou sequer a capacidade de considerar pequenas (ou grandes) omissões, erros ou falhas dolosas (ou não).
Fica claro que as coincidências que vieram a lume neste caso (que, sublinhe-se, foi avançado pela primeira vez pelo autor do blogue Do Portugal Profundo e não pelo jornal Público) são mais que evidentes, não se devendo esquecer que quando José Sócrates adjectiva de "impecável" a forma como a Independente funcionou em 1996, as dúvidas tornam-se ainda maiores.
Ah, e não nos esqueçamos da velha frase de Jorge Coelho "quem se mete com o PS leva...". Isto porque, tão ou mais grave do que estas legítimas dúvidas que se colocam é o que se sabe sobre como o Governo tentou "controlar" a forma como a comunicação social trabalha. Quando o Director de Informação da Rádio Renascença afirma, preto no branco, que recebeu ameaças caso publicasse uma notícia sobre o caso está tudo dito...