Depois do Tribunal de Contas da União Europeia ter vindo criticar Portugal por não ter uma estratégia coordenada para combater o abandono escolar precoce e por não apostar na prevenção (com acções para menores de 15 anos), avisando já que é utópico pensar que o nosso país consiga reduzir para metade, até 2010, a percentagem dos jovens que abandonam o sistema escolar precocemente, eis que a Ministra da Educação vem à praça pública apontar o dedo aos salários dos professores! Afirma a Ministra que o peso salarial do seu ministério corresponde a mais de metade do total das remunerações da Função Pública, pelo que a solução passa por racionalizar os recursos humanos.
Ora, não pondo em causa os números apresentados pela Ministra não teria sido de melhor tom ter, pelo menos, uma palavra para a chamada de atenção vinda da UE? É que a solução para aumentar o sucesso escolar dos nossos alunos não passa, certamente, pelo corte desenfreado nos recursos humanos ou pela banalização das passagens administrativas de ano.
Concordo com a ideia de que temos docentes a mais no sistema. O problema está, em parte, no facto de muitos professores estarem nas nossas escolas com horários de pouco mais de dez horas devido às reduções contempladas pela lei, isto sem contar com aqueles que estão com horário zero. Ora, se os salários no ensino fossem em função da produtividade demonstrada talvez com metade dos professores que temos o sucesso fosse maior...
Mais do que cortar cegamente no número de professores a contratar deveria-se, isso sim, aumentar a exigência na profissão docente, com professores bem remunerados, mas em função da sua produtividade. É que o mérito, o esforço e a dedicação não devem ser factores a ignorar...
É curioso que os sindicatos não defendem esta perspectiva do mérito quando falam da política salarial. Nem no dia do trabalhador... Porque será?