quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Portugal, Grécia, troika e alunos...

No último artigo escrevi que a Grécia se encontrava num "poço sem fundo". Depois da mudança de Governo grego e do "esticar" da corda entre Varoufakis e a troika (sim, não vale a pena amenizar a situação, trocando a expressão "troika" pela expressão "instituições"), o que os gregos conseguiram não foi mais do que o adiar do problema durante uns meses. O abismo para os gregos está próximo (isto se não mudarem de rumo) e o querer adiar a resolução dos problemas com meras cartas de intenções, cheias de banalidades e "frases feitas" não vai adiantar de muito.
Se alemães (quem verdadeiramente "manda" na UE) e gregos estão de costas voltadas, também a população portuguesa está dividida nesta questão. Há os que compreendem os gregos e desejavam que os portugueses se "colassem" ao espalhafatoso discurso do Governo grego, num discurso do género "não pagamos!" ou "pagamos quando quisermos" e há os que elogiam a postura do Governo português, mesmo que por isso sejam apelidados de "seguidistas" ou de "bons alunos" dos alemães.
O certo é que Portugal já se consegue financiar a taxas de juro mais baixas que os EUA e que "credibilidade" e "confiança" são as duas palavras que, externamente, se fazem ouvir quando se fala de Portugal. Pelo contrário, a Grécia, com a sua estratégia de desafio e confrontação, vê o tempo esgotar-se, havendo rumores de que os cofres gregos começam a ficar vazios e que não haverá dinheiro, a partir de Abril, para salários e compromissos internos e externos. Os pagamentos gregos devidos à troika  e a privados ascendem a cerca de 15 mil milhões de euros nos próximos meses. Ou seja, os gregos precisam de mais dinheiro e com as taxas de juro tão elevadas nos mercados externos, resta-lhes recorrer à troika. Ora, quem precisa pede, não exige!!! 
Seria bom que os gregos e os que defendem a postura do Governo grego meditassem sobre o assunto e fizessem a analogia desta situação toda como se, de facto, tivéssemos na presença de dois alunos que "infringiram" as regras estabelecidas (a boa governação) e a quem lhes é dada a oportunidade de se retratarem. Ora, o Governo português, depois das asneiras feitas anteriormente pelos governos socialistas, tem a postura do "bom aluno". Sim, do aluno que cumpre com o acordado e que faz os sacrifícios necessários para recuperar a credibilidade perdida. E, de que forma a perdemos!!! Até temos um ex-Primeiro Ministro em prisão preventiva!!! Pelo contrário, o Governo grego age como o aluno delinquente, exigindo e fazendo barulho, quando o mínimo que se lhe poderia exigir era humildade.
Por enquanto, o "esticar" da corda apenas resultou em adiar o inevitável. Os gregos que se convençam que o prometido pelo Syriza na campanha eleitoral serão "águas passadas" e, já que estamos quase em eleições legislativas, isto que sirva de lição para os que acreditam no que o António Costa anda a dizer por aí. Sim, porque o Costa já anda em campanha...