sábado, fevereiro 23, 2008

Emigração crescente: um sinal preocupante!

Num colóquio organizado na passada semana em Lisboa a propósito de diversas questões relacionadas com as comunidades portuguesas no estrangeiro foi dado a conhecer um indicador, no mínimo, preocupante: os portugueses são o segundo povo no mundo que mais emigra. Este facto é elucidativo sobre os tempos que correm no nosso país. Tempos difíceis, onde o emprego escasseia, a falta de estabilidade profissional aumenta e o custo de vida dispara...
Esta emigração apresenta duas realidades diferentes. Por um lado, assiste-se à debandada anual de centenas de portugueses altamente qualificados que não se sentem atraídos pelas condições de emprego colocadas à sua disposição no nosso país (quando têm emprego!) e que levam à sua saída para outros países mais desenvolvidos e que lhes proporcionam salários bem superiores em relação aos praticados por cá. Aliás, ainda esta semana o Banco Mundial deu a conhecer que Portugal é o país que lidera na Europa a chamada "fuga de cérebros", com quase 150 000 jovens licenciados portugueses a viverem no estrangeiro. Preocupante? Claro que sim...
Depois, temos a situação de milhares de portugueses que, com reduzidas ou médias qualificações profissionais, não conseguem arranjar emprego e se vêem obrigados a deslocar-se para Espanha, França, Suiça, Alemanha e outros países à procura de um emprego na construção civil, no comércio ou nos serviços banais. Os que optam ou são obrigados a ficar por cá, pelas mais diversas razões, sujeitam-se crescentemente a situações extremas de precariedade...
E o que dizer dos 30 000 jovens licenciados inscritos nos centros de emprego e dos muitos mais milhares que arranjaram um emprego que em nada tem que ver com o curso que concluíram? Enfim, a situação em que se encontra o nosso país é, sem dúvida, difícil e nada condizente com a imagem positiva que este Governo tenta fazer passar para a opinião pública!
Entretanto, de Bruxelas chega-nos outro indicador: Portugal é o pais que, no conjunto dos 27 da UE, apresenta o maior índice de desigualdades sociais. Uma coisa é certa: a emigração é e sempre foi sinal de fuga às más condições de vida do país de origem e, tal como na década de 1960, parece que voltámos aos tempos das dificuldades e carências!!!
Urge alertar as consciências mais distraídas para esta dura realidade...

domingo, fevereiro 17, 2008

Uma questão de cidadania...

A cidadania constitui não apenas um direito, mas também um dever que, infelizmente, é muitas vezes praticado por uma reduzida franja da população portuguesa. Aliás, sabendo-se que o povo português sofre de um grave problema de iliteracia e de falta de cultura, não é de admirar que, por cá, a cidadania se resuma quase só à realização de greves e manifestações, que de espectacular até poderão ter algum peso, mas que apresentam um carácter demasiado fugaz em termos de argumentação e capacidade de confronto sério de ideias.
As possibilidades que cada um de nós possui para se fazer ouvir no seu protesto contra algo que considera injusto, vindo dos poderes públicos, passa não apenas pela velha táctica da greve, que de capacidade de eficácia todos sabemos que "morre" no dia seguinte à sua realização, mas sobretudo e, cada vez mais, pela apresentação de argumentos consistentes e rigorosos, tanto em artigos de opinião nos meios de comunicação social (nomeadamente os jornais), como na blogosfera (com um peso crescente na vida pública portuguesa), mas também em petições apresentadas à Assembleia da República ou na intervenção individual em fóruns ou assembleias de esclarecimento. Enfim, a velha estratégia sindical de fazer barulho está gasta e, cada vez mais, é na apresentação consistente de ideias que se consegue alertar a opinião pública e os poderes instituídos para os problemas actuais.
No caso actualmente mais badalado da Educação, a propósito da proposta do Governo de avaliação de desempenho dos professores, apesar da estratégia sindical poder ser a mais ruidosa, a verdade é que tem sido na blogosfera e na constante apresentação de argumentos, tanto por cidadãos anónimos, como pelos especialistas na matéria, nos jornais, nas rádios e nas televisões que o Governo tem sido confrontado em termos dos erros constantes na actual proposta ministerial...
É necessário que o dever de cidadania se cultive e se instale de vez neste país de brandos costumes. Eu, por mim, tenho a consciência tranquila: tenho escrito na blogosfera e amíude vou deixando a minha opinião nos diversos jornais da nossa praça pública. E você?

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Quanto custa um filho por mês...

Uma equipa de psicólogas (?) de Coimbra fez as contas para saber quanto custa ser um «bom pai» e concluiu que nos primeiros 25 anos de vida cada família de classe média-baixa gasta, em média, 236 euros mensais com cada filho, enquanto que uma família da classe média-alta gasta uma média de 678 euros.
Para já, duas observações:
2. O método utilizado no estudo (a simples soma de gastos imaginados pelas duas psicólogas) parece-me tão simplista que até alunos meus do secundário conseguiriam chegar a conclusões semelhantes.
- mensalidade do infantário = 350 euros
- 7 embalagens de fraldas (70 unidades cada) = 120 euros
- alimentação = 100 euros
- vestuário = 200 euros
- consultas médicas e farmácia = 100 euros
- brinquedos e outros extras = 50 euros
E, pronto, assim por baixo, fica calculada a despesa média de uma família com dois filhos menores: 460 euros mensais por cada filho!!! Apenas resta dizer que acabei de calcular as despesas mensais tidas com os meus dois filhotes e que não sou formado em Psicologia, nem este constitui qualquer tipo de estudo científico...
E, depois, ainda há quem pense que, sem políticas sérias de incentivo à natalidade (e não os actuais apoios apenas concedidos às famílias mais carenciadas) poderemos combater o crescente envelhecimento da população portuguesa...

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Mais uma para o currículo do nosso Primeiro-Ministro...

Das duas, uma! Ou José Sócrates está a ser alvo de uma acusação infundada e está à vista a pouca competência de Sócrates para obras de engenharia (tendo em conta a fraca qualidade de alguns dos "seus" projectos), ou então temos um Primeiro Ministro que mente à vista grossa e tenta vitimizar-se, fugindo às suas responsabilidades.
Depois do caso Independente, que ficou muito longe de ser esclarecido, é mais uma vez o jornal Público que faz de Ministério Público e investiga matéria de manifesto interesse público. Uma coisa é certa: o Público é cada vez mais o meu jornal de referência...
Parece-me que há coincidências a mais, tanto no caso da sua licenciatura, com matéria que roça o facilitismo extremo, como agora no caso dos projectos (alguns de muito fraca qualidade) que indiciam a troca de favores entre engenheiros.
Que mais histórias existirão que deixam o nosso Primeiro Ministro tão irritado? Não há dúvida que a expressão "dois pesos e duas medidas" se aplica cada vez mais a este país... E, não admira que os políticos sejam a classe profissional menos confiável aos olhos da opinião pública portuguesa!