sábado, julho 22, 2006

Uma "senhorita" a caminho dos sete meses...

Aproxima-se o dia em que a Diana comemora sete meses de vida fora do ventre da sua mãe. O desenvolvimento da nossa pequena tem sido cheio de novidades e experiências que insistimos em não deixar passar ao lado, pelo que tanto eu, como a Salete (sobretudo ela) temo-nos preocupado em registar na forma escrita ou através de fotos e vídeos o processo de crescimento da nossa filha. O blogue da Salete é disso testemunho...
Nos últimos dias temos aproveitado para sair mais amiúde, sobretudo a partir do final da tarde quando está menos calor e temo-nos apercebido de como há pessoas que, efectivamente, não têm qualquer sensibilidade para serem pais. Ainda hoje fomos saborear um gelado no Fórum (o shopping aqui de Viseu) e ficámos incomodados pela forma como alguns pais tratam os seus filhos. Eu explico: vimos uma série de pais que pura e simplesmente deixaram os seus filhos (e não estou a falar de bebés) gritar de forma absurda à mesa da esplanada durante mais de quinze minutos, atraindo a atenção de toda a gente em redor e incomodando as pessoas que queriam desfrutar do seu tempo de lazer... Aliás, nos últimos tempos a experiência de ser pai tem-me levado a aperceber da forma como alguns pais se demitem da sua missão de educar convenientemente os seus filhos. E, todos sabemos que, como diz o povo, "é de pequenino que se torce o pepino". Por isso é que, como professor, já nem fico admirado com os modos e gestos que muitos dos alunos trazem de casa para a escola...
Eu e a Salete temos tido a preocupação basilar de não falharmos na nossa missão de pais. Claro que todos erramos e também nós já tivémos as nossas falhas, mas só quem admite o erro é que aprende com ele... A Diana tem sido uma bebé adorável: sorridente, afável e admirável na forma como comunica com quem está com ela. Aqueles olhos falam...
Agora há que aproveitar estas semanas até ao final de Agosto, pois em Setembro a nossa Diana irá para o infantário e passaremos menos tempo com ela... Está uma autêntica senhora!!!

terça-feira, julho 18, 2006

Tipicamente português...

Ao chegar a casa estoirado depois de um dia cansativo e deveras agitado, apenas tive tempo de dar uma beijoca na Dianinha que já dormia profundamente e conversar um pouco com a Salete, dado que hoje teria que me levantar às 7 horas para ir trabalhar para a escola.
Poucos minutos depois de nos termos deitado (deviam ser 1.30H da manhã) ouvimos um estrondo enorme vindo da rua e logo nos pareceu que tinha ocorrido um acidente rodoviário. Levantámo-nos e fomos à varanda: um automóvel tinha-se enfaixado na traseira de um camião TIR de forma abrupta! Não mais de cinco minutos depois apareceram logo a polícia, bombeiros e ambulâncias e a confusão instalou-se. Eu fui deitar-me novamente, enquanto que a Salete ainda ficou um pouco mais na varanda a assistir à situação. Foi então que ela me disse que estavam a dirigir-se para junto do acidente dezenas de pessoas em calções e camisas de dormir dos prédios à volta, como se estivessem a dar dinheiro para os primeiros que chegassem ao local. Ela deitou-se e com o barulho enorme que vinha da rua ficámos um pouco a conversar sobre a situação a que tinhamos assistido, analisando a forma como a curiosidade e a ânsia de assistir à desgraça alheia parecem ser características bem típicas do povo português!!! Infelizmente...

quarta-feira, julho 12, 2006

No fim do mundo...

Num país onde impera a ditadura, a fome e a miséria, aqueles que estão no poder ousam "brincar" aos mísseis e às ameaças de guerra total. A Coreia do Norte é, sem dúvida, um dos lugares do mundo que melhor exemplifica até que ponto é que a acção humana pode ser tão odiosa e castradora de qualquer tipo de liberdade e dignidade concedida aos indivíduos.
Que planeta é este que permite que um país, onde a maioria da população sobrevive à custa do arroz que as organizações não-governamentais e as dádivas externas proporcionam, tenha a ousadia de afrontar alguns dos países mais desenvolvidos e democráticos do mundo com a demonstração de lançamento de mísseis que dariam para combater a fome de milhares de crianças de um povo analfabeto, ignorante e sem qualidade de vida?
Para que serve, afinal, a ONU? Para multiplicar as dádivas e os perdões de dívidas a países que brincam às guerras, aos conflitos e aos desvios de dinheiros? Urge fazer ver aos senhores da guerra das "Coreias do Norte" desde mundo que há quem não tenha medo de lhes fazer frente, por forma a libertar milhões de seres humanos destes monstros! É por estas e por outras que compreendo, em termos gerais, a postura proteccionista dos EUA no mundo...

sábado, julho 08, 2006

Finalmente, de volta ao país real...

Depois de um mês em que quase todos os portugueses estiveram completamente anestesiados com o percurso da nossa selecção no campeonato do mundo de futebol eis que o país "volta a a cair na real", como dizem os nossos irmãos brasileiros. Durante um mês, televisões, rádios e jornais quase que resumiram a actualidade nacional à vida de cerca de vinte homens que foram representar Portugal a um campeonato do mundo: as horas do acordar e do deitar, a ementa das refeições, os autógrafos, as declarações, as entradas e saídas do autocarro, os treinos, as corridinhas, enfim, tudo serviu para que os portugueses não se pudessem queixar de que não sabiam o que se passava na Alemanha com a selecção, desde a notícia mais óbvia até à mais miséria insignificância informativa! Mas, o português típico não se queixa: come tudo o que lhe dão...
Pois bem, agora que o Mundial 2006 acabou para Portugal, há que voltar a ter os pés bem assentes na terra e ver como está o nosso país: na saúde, as filas de espera continuam enormes e as grávidas das regiões do Interior desesperam com o que lhes poderá acontecer na hora de darem à luz; na educação, o insucesso escolar continua a ser uma evidência e os professores lamentam-se da falta de respeito que o Ministério demonstra ter por esta classe profissional; na justiça, a lentidão e as trapalhadas processuais não desaparecem; na economia, o encerramento de fábricas, o desemprego e a falta de investimento externo parecem estar para ficar... Resta-nos a galinha dos ovos de ouro dos últimos trinta anos, o turismo, para além do qual parecem não existir alternativas credíveis. Entretanto, os interesses e as amizades continuam a ser realidades mais que óbvias e até aqueles que deveriam dar o exemplo dão azo a que o povo continue a pensar que os políticos são, afinal, todos iguais...
Triste país este que apenas tem razões para sorrir quando lhe dão futebol ou música...

terça-feira, julho 04, 2006

Uma proposta que carece de fundamento...

Segundo o Jornal de Negócios, as despesas de educação poderão vir a deixar de ser deduzidas no IRS, caso o Governo acolha a proposta de uma série de especialistas a quem encomendou um diagnóstico e sugestões para simplificar as leis fiscais. Não sei que especialistas são estes, mas parece-me que esta proposta tem como objectivo principal fazer diminuir as despesas do Estado e não tanto simplificar a máquina fiscal.
Todos sabemos que as duas áreas sociais mais importantes e conducentes à elevação da qualidade de vida de uma população e, deste modo, ao desenvolvimento de um país, são a educação e a saúde. Ora, tendo em conta a reduzida qualificação da mão-de-obra portuguesa e a necessidade de apostar na formação ao longo da vida é, no mínimo, estranho que se possa avançar com uma proposta deste género que, a ser posta em prática, poderia levar à poupança de muitos milhões de Euros ao Estado, mas também a uma (ainda maior) perda de competitividade da nossa mão-de-obra com os nossos congéneres europeus.
Em minha opinião, das duas, uma: ou o Estado resolve avançar, efectivamente, para uma educação "tendencialmente" gratuita, sendo que assim até se poderá compreender o teor desta proposta, ou terá mesmo que alargar o limite de benefícios fiscais em matéria de Educação (actualmente fixado nos 2500 Euros) e fixar tal limite em correspondência com os rendimentos auferidos pelos titulares.
Falo com conhecimento de causa na matéria. Sendo professor, considero importante a formação contínua, pelo que me encontro a frequentar um curso de mestrado na Universidade de Coimbra, cujo custo total, só em propinas, é de 2500 Euros. Caso esta proposta venha a ser aprovada, as propinas dos cursos de pós-licenciatura não poderão continuar a ser as mesmas. Por outro lado, tenho uma filha que para frequentar o infantário me obriga a despender 200 Euros mensais. Ora, onde está a cobertura nacional a 100% da educação pré-escolar???
Penso que esta proposta cega não é mais do que um contributo para que a educação seja, mais uma vez, o elo mais fraco das prioridades nacionais... Assim, aqui deixo o meu mais veemente protesto perante mais uma ideia economicista e que em nada contribui para o desenvolvimento socio-económico do pais.