quarta-feira, agosto 24, 2005

Vida de professor...

A faltar uma semana para o início de um novo ano lectivo (não para os alunos, mas sim para os professores) o Ministério da Educação veio anunciar a público, através de uma simples circular, que as listas de colocação de professores só serão publicadas no dia 30 de Agosto, ou seja, a 48 horas do dia de apresentação dos docentes nas suas novas escolas.
Afinal, as expectativas criadas pela Ministra Maria de Lurdes Rodrigues de que os professores estariam colocados na terceira semana de Agosto saíram defraudadas. Mais uma vez, dezenas de milhares de famílias estarão os seus últimos dias de férias numa "crise" de stress e angústia à espera de saberem que futuro as espera: ficar longe de casa, ficar com um horário incompleto ou até ficar no desemprego...
Eu, que marquei as minhas férias para a última semana de Agosto a pensar que iria descansar durante uns dias longe da balbúrdia das colocações, afinal só a dois dias do começo de um novo ano lectivo ficarei a saber o que me calhará na "rifa". Lá terei depois que organizar a vida familiar à pressa (quem sabe arranjar uma nova casa!) para estar cheio de vontade de conhecer as novas turmas, os novos colegas, a nova escola, a nova terra, enfim, mais uma "aventura"...
A todos os leitores deste blogue uma continuação de boas férias, se for esse o caso. Eu cá vou desfrutar das paisagens do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Até Setembro...

segunda-feira, agosto 22, 2005

Com tantos planos, o que se pode esperar?

Depois do Primeiro-Ministro ter regressado de quinze dias de férias no Quénia é que o Presidente da República se lembrou de vir a público dizer o que pensa sobre os incêndios que deflagram por este Portugal fora...
Sampaio veio com a conversa do costume: que é necessário apoiar os bombeiros, que urge ser-se solidário, que interessa prevenir, que é importante saber as causas dos fogos florestais e que é imprescindível planear... Nada de novidades. Nem sequer teve coragem de repreeender o chefe do Governo pela prova de desprezo que demonstrou ter com o povo português ao não querer encurtar as suas férias...
Quanto ao planeamento de que deve ser alvo a floresta portuguesa, falar é fácil. O pior é concretizá-la. Eu bem percebo a ideia do caro Congeminações, mas será que um dos problemas do sector florestal, entre muitos outros, não é precisamente a excessiva mania de planear que existe em Portugal? É que, não tenhamos dúvidas: o processo de planeamento é importante, mas quando temos planos que se contradizem entre si, o resultado não pode ser muito benéfico.
Ora vejamos: são os Planos Regionais de Ordenamento do Território, os Planos Regionais de Ordenamento Florestal, os Planos de Defesa da Floresta contra Incêndios, os Planos de Desenvolvimento Sustentável da Floresta Portuguesa, os Planos Municipais de Intervenção na Floresta, os Planos Directores Municipais, os Planos Intermunicipais de Intervenção na Floresta, os Planos Zonais das Áreas Protegidas, os Planos Orientadores de Prevenção, entre muitos mais planos... Com tantos planos, a sobreposição e a contradição é mais do que inevitável.
Não seria melhor intervir à escala municipal? Para quando uma verdadeira política de defesa do municipalismo, onde as Câmaras Municipais possam ter competência e meios suficientes para intervir junto dos proprietários florestais e das comunidades locais na defesa da floresta? E, já agora, que a fiscalização seja levada a séria, tanto para as autarquias, como para o proprietário florestal. Entretanto, a floresta portuguesa continua a arder...

sexta-feira, agosto 19, 2005

Entregues à bicharada...

Hoje assisti à apresentação de um novo concurso que a SIC vai emitir a partir de Setembro. Já não bastava termos que aturar com as desgraças que a SIC e a TVI têm vindo a apostar nos últimos tempos no horário nobre da televisão portuguesa, como agora vamos ter que levar com a versão Castelo-Branco na SIC! Este novo lixo televisivo irá chamar-se "Esquadrão G", provavelmente por ser apresentado por cinco gays e parece ter como objectivo transformar labregos em metrossexuais... Mais uma miséria que, às tantas, até vai para o ar depois do noticiário da noite. Enfim, uma desgraça...
Claro que este tipo de programas só os vê quem quer, mas não seria lógico que o Instituto da Comunicação Social tivesse uma intervenção mais activa, no sentido de exigir às empresas televisivas um pouco mais de credibilidade e de preocupações a nível social? É que, se o Estado concedeu licenças televisivas à SIC e à TVI para emitirem em canal aberto, então estas não deveriam ter apenas a missão de encher os seus cofres de lucro, devendo também cumprir o seu papel de intervenientes a sociedade. Não é voltar aos tempos do lápis azul da censura, mas sim perceber que a formação e a educação dos nossos jovens não se concretiza só na Escola, mas também em casa e que, infelizmente, a televisão, a par da Internet, é cada vez mais a companhia da nossa juventude...
Neste sentido, há que elogiar a forma como a RTP tem "ignorado" a guerra das audiências e cumprido o seu compromisso de serviço público. Pena é que canais como a RTP Memória ou a SIC Notícias ainda não estejam à disposição da maioria da população portuguesa e que muitos dos seus programas não sejam emitidos pela RTP1 e SIC.
Agora, com a nova abjecção da SIC que aí vem, qual será a estratégia da TVI? Cavar ainda mais no fundo da podridão televisiva?

quarta-feira, agosto 17, 2005

Na procura da imagem mais dantesca...

As televisões portuguesas, nomeadamente a SIC e a TVI, parecem ter aproveitado a silly season estival para, mais uma vez, competirem na procura das imagens mais aterradoras dos incêndios florestais que grassam por este nosso Portugal. Imagine-se que a própria SIC chegou a introduzir nos seus noticiários uma rubrica, a que chama "Jornalismo do Cidadão", onde se pede ao telespectador da SIC que envie um mail com a imagem mais aterradora de um fogo florestal, qual espécie de concurso a roçar o absurdo e a irresponsabilidade...
Será que as entidades governamentais não podem fazer nada, no sentido de evitar esta instrumentalização dos fogos florestais por parte de alguns órgãos de comunicação social, nomeadamente, das televisões? É que não me admiro nada que este tipo de incentivo à caça do fogo mais espectacular leve gente menos astuta e instruída a provocar incêndios para que a sua terrinha apareça na televisão ou para conseguir uma fotografia "espectacular" e ver o seu nome aparecer no noticiário da SIC como o autor da foto de um qualquer fogo florestal!!!
Será que não há maneira de parar com este vergonhoso aproveitamento da desgraça alheia?
Entretanto, enquanto uma parte substancial do País arde, já lá vão quase duas semanas sem que ninguém ouça o que o Primeiro-Ministro tem a dizer sobre o que por cá se passa. É que lá pelo Quénia, as informações devem demorar a chegar ou então a preocupação de Sócrates é tão pouca que nada o demove de passar férias longe de Portugal... Uma vergonha!

sábado, agosto 06, 2005

Soares e Cavaco: diferenças mais que óbvias...

Partindo do princípio de que Mário Soares e Cavaco Silva serão os principais (e talvez únicos!) candidatos ao cargo de Presidente da República interessa, desde já, e antes que ambos assumam as respectivas candidaturas, inventariar algumas das diferenças existentes entre estas duas personalidades da política portuguesa:
1. Na postura: Soares não tem sabido ser discreto e tem optado pela exposição mediática das suas acções de "audição" e "auscultação", enquanto que Cavaco tem assumido que a sua possível candidatura apenas será comunicada ao País depois das eleições autárquicas, o que demonstra carácter e respeito pelo povo português;
2. Na integridade: Soares anda há menos de um ano afirmava que "nem numa situação-limite seria candidato (...) seria uma loucura", enquanto que Cavaco nunca escondeu a possibilidade de voltar a apresentar uma candidatura ao cargo de PR, o que demonstra que Soares faltou à verdade, enquanto que Cavaco tem no respeito pela verdade uma das suas principais qualidades;
3. Na necessidade do equilíbrio do poder: Soares apresenta-se como fundador do PS, o que implica que nada fará para colocar em risco o Governo de Sócrates, pelo que a sua capacidade de intervenção e independência face ao Governo fica posta em causa, enquanto que Cavaco é reconhecidamente um perito a nível económico-financeiro, o que implica que terá uma maior capacidade de intervenção nas decisões menos acertadas deste Governo;
4. Na forma de estar: Soares vive dos holofotes e da exposição pública, sendo bem conhecido o seu gosto de viajar pelo mundo fora, o que dá a ideia de querer servir-se do cargo de PR para interesses meramente pessoais, enquanto que Cavaco se apresenta como uma personalidade bem mais discreta, sóbria, estudiosa e conhecedora dos reais problemas do País, o que demonstra que os interesses de Portugal estão bem acima dos interesses pessoais;
5. Na lucidez: independentemente da idade de Soares todos recordamos as vezes em que Soares foi "apanhado" a dormir em colóquios e conferências, para além das suas gaffes, como aquela em que confundiu milhares com milhões de euros, enquanto que a Cavaco se reconhece a sua capacidade para durante cinco anos representar condignamente a República Portuguesa.
Estas são apenas algumas das diferenças existentes entre Soares e Cavaco que me levam a pensar que só no caso de termos um povo muito distraído é que Cavaco não será eleito o próximo Presidente da República...

quarta-feira, agosto 03, 2005

"Seria uma loucura", dizia ele...

Há menos de um ano, Mário Soares, a propósito de uma possível candidatura a Belém afirmava o seguinte: "Nem numa situação-limite seria candidato. A política tem de se renovar. Seria uma loucura. Sou uma pessoa que teve um papel na política portuguesa. Mas hoje já não tem".
Que comentários merece uma pessoa que ainda há alguns meses colocava completamente de lado a possibilidade de avançar com uma candidatura à Presidência da República e que, por estes dias, anda, segundo o próprio, a "auscultar e a ouvir o que alguns sectores da sociedade portuguesa têm a dizer sobre o assunto de que se fala"? Sim, porque, nem o próprio Soares consegue ser frontal e dizer se tem ou não vontade de ser Presidente da República! Cada vez mais me parece que ainda há quem julgue que a política é como um brinquedo que se joga quando apetece e se deita fora quando se está farto...
Alegre tem razões mais do que suficientes para estar desiludido com o seu camarada Soares e, agora, mais do que nunca tem razões para apresentar a sua candidatura a Belém, porque nunca omitiu a sua vontade e porque este é um cargo que deve ter contornos de autonomia e independência e não, como fez Soares, com interesses de cariz partidário...
Quanto a Cavaco, que não anda a reboque do PSD, tem agora razões de sobra para ficar mais descansado com a hipótese Soares. É que se ao princípio esta hipótese o poderia preocupar, a forma como a mesma foi desencadeada apenas beneficia a postura íntegra e honesta de Cavaco...