quarta-feira, setembro 29, 2004

Finalmente! As aulas podem começar...

Parece que é desta que as aulas vão poder começar na "normalidade" que, nesta altura, é possível. Apesar de o adiamento efectivo no começo do ano lectivo seja de um mês para os professores e de duas semanas para os alunos, penso ser possível recuperar, até ao final das aulas, todo o tempo perdido até agora.
Atente-se, por exemplo, que os milhares de professores que, como eu, foram ontem colocados só a partir de hoje ficarão a saber que anos de escolaridade irão leccionar, se serão ou não directores de turma, se terão alunos com necessidades educativas especiais nas suas turmas e até quais os manuais que irão utilizar. Mesmo assim, com uma dose extra de esforço acho que há a possibilidade de se cumprirem os programas adoptados, embora, os sindicatos, por exemplo, já tenham vindo com a habitual conversa da desgraça.
Mas, o processo de colocação de professores ainda não terminou. Há que investigar quais as razões efectivas que levaram a esta morosidade anormal e tomar os procedimentos necessários para que a moralidade do processo não seja posta em causa (há casos de pedidos de destacamento por condições específicas verdadeiramente inacreditáveis!).
Esperemos que a culpa não morra solteira e que, mais uma vez, as altas estruturas deste ou do anterior Ministério da Educação não sejam ilibadas das responsabilidades que tiveram neste autêntico imbróglio vergonhoso. Aguardemos pelo final dos 45 dias que a Ministra concedeu para se saber toda a verdade sobre este processo rocambolesco.
PS - Os meus votos para que todos os professores colocados tenham um ano lectivo positivo e um abraço de conforto e solidariedade a todos aqueles que injustamente foram penalizados por esta confusão que já vem desde Maio último...

domingo, setembro 26, 2004

A derrota do socialismo...

A expressiva vitória de José Sócrates nas eleições internas do PS constitui uma radical viragem na linha de rumo que a esquerda portuguesa tinha vindo a prosseguir, desde que Guterres abandonou o "barco" da governação há cerca de cinco anos atrás.
Com a liderança de Ferro Rodrigues, a esquerda que se assume como tal, viveu um sonho que pensava poder ter continuidade caso Sampaio tivesse optado pelas eleições antecipadas quando Durão Barroso foi "chamado" para o cargo de Presidente da Comissão Europeia. Ora, se a vitória clara de Sócrates é sinal de que a maioria dos militantes socialistas sabe o que quer, a verdade é que a actual orientação "socrática" deve provocar um arrepio na espinha a todos aqueles que, não sendo militantes do PS, se reviam no socialismo pragmático dos tempos de Soares e, mais recentemente, da corrente ferrista.
Ironia dos tempos: são os próprios militantes de base do PS que resolvem dar um murro na mesa e "esmagar" os ideais socialistas em que nasceu o PS. Mário Soares deve estar pior que estragado e os apoiantes da velha guarda de Alegre não devem saber o que fazer...
Qualquer que seja o próximo Primeiro-Ministro daqui a dois anos (Santana ou Sócrates), o certo é que os radicais de esquerda bem poderão esquecer a sua chegada ao poder de um País que se quer moderno, virado para o futuro e aberto à iniciativa privada, à livre concorrência e ao liberalismo económico... A bem do País!

sexta-feira, setembro 24, 2004

PS: o dia que se segue...

Ao longo dos últimos dois meses o PS esteve entretido com a campanha eleitoral dos seus três candidatos ao cargo de Secretário-Geral e deixou a função de exercer oposição ao Bloco de Esquerda e aos sindicatos de esquerda. Mesmo assim, a mais recente sondagem concede uma larga vantagem ao PS, o que, provavelmente, se deve à fragilidade do actual executivo governamental ou então ao facto do PS estar fechado para "obras", dando a ideia que, às vezes, mais vale estar calado e mudo do que falar para a sociedade. Penso que tal vantagem se deve um pouco às duas situações...
Mas, o que interessa mesmo é analisar este PS e, sobretudo, o que se poderá esperar dos seus dirigentes após as eleições internas. A primeira nota a destacar é o mérito que socialistas têm em enveredarem por um processo eleitoral verdadeiramente democrático, com todos os militantes em igualdade de direitos no acto de se pronunciarem sobre o futuro líder do partido. A segunda nota é mais um ponto de interrogação do que propriamente uma certeza. É que dá a ideia que não há um PS, mas sim dois... Um virado para o centro, embora disfarçadamente (o de José Sócrates) e um de tendência marcadamente à esquerda, quase a confundir-se com a defesa de um ideal marxista (o de Manuel Alegre e João Soares). Ou muito me engano ou a partir do dia seguinte às eleições iremos ter um PS mais fragilizado e dividido, com muitos dos militantes apoiantes dos candidatos perdedores a iniciarem uma espécie de guerrilha interna que não será nada benéfica para o novo líder socialista que aí vem.
Seria bom para todos nós que deste novo PS ressurgisse uma oposição credível e séria, por forma a forçar o actual Governo para uma governação mais ponderada e cuidada. Geralmente, só há bons Governos quando as oposições dão luta e se assumem como alternativas credíveis. É o que se espera deste novo PS. A ver vamos o que aí vem...

quarta-feira, setembro 22, 2004

Depois da tempestade, a esperada bonança...

Depois de quase três dias "pregado" à Internet, na ânsia de conhecer a escola para onde irei leccionar este ano lectivo, eis que entramos numa nova fase do conturbado processo de colocação dos professores. Muito haveria para dizer acerca da forma como todo o processo se tem desenrolado, desde que a actual Ministra da Educação se confrontou com este imbróglio escaldante...
Penso que é por demais evidente que a apontar qualquer tipo de responsabilidade política pela falta de rigor na condução de todo o processo de colocação dos professores, a mesma terá que ser acometida aos anteriores governantes David Justino e Abílio Morgado. Quanto a um processo de índole criminal, é óbvio que a empresa Compta não poderá ficar ilibada de ser responsabilizada pelo retumbante falhanço em que se meteu e nos meteu a todos...
Agora, que dizer da actual equipa ministerial e da sua actuação? No mínimo, poder-se-á dizer que abusou do optimismo e revelou alguma teimosia e prepotência na tentativa de cumprimento de uma data fictícia e ilusória. Claro que as intenções da Ministra Maria do Carmo eram as melhores, mas neste tipo de situações não se pode ser ingénuo!
O certo é que milhares de professores, pais e alunos (e respectivas famílias), lá terão que ficar mais uma semana à espera que sejam elaboradas à moda antiga, ou seja, manualmente, listas de colocação de docentes, o que, para quem falava tanto em "Ingovernement" não deixa de ser irónico!

sábado, setembro 18, 2004

Um Bagão às "direitas"...

A aposta de Santana Lopes em entregar a pasta das Finanças a Bagão Félix está a revelar-se como completamente certeira, tendo em conta a forma franca, rigorosa e independente (dos grandes lobbies) como Bagão tem vindo a exercer o seu cargo.
Na mais recente entrevista à RTP, Bagão Félix abriu o "jogo" e explicou, olhos nos olhos, como é que o Governo vai conduzir a política financeira do País, tendo como fundamentos principais o controlo do défice orçamental e a defesa do princípio da justiça social. O mote está lançado: toda a população, nomeadamente as classes sociais mais favorecidas, vai ser chamada a contribuir para a saudável "limpeza" das contas públicas, ilibando as classes mais baixas desse sacrifício. Quem é que da esquerda socialista poderá estar contra este objectivo?
Bagão foi muito claro nas suas ideias: as empresas que geram grandes lucros não serão mais beneficiadas com novas reduções do IRC; os 30% de contribuintes com maiores rendimentos perderão os benefícios fiscais dos PPR ou das Contas Poupança Habitação; a banca, que vive na abundância, perderá parte dos seus privilégios; os gestores públicos, como Mira Amaral, perderão regalias "quase obscenas" e os que fogem ao fisco serão objecto de uma fiscalização que, pela vontade do próprio ministro, pode chegar à quebra do sigilo bancário e à publicidade das declarações de IRS. Que mais querem? Milagres???
Este Governo não está para meias tintas! Chegou a hora de, independentemente de se ser de esquerda ou de direita, levar a cabo o verdadeiro combate à fraude fiscal e promover o princípio segundo o qual os mais desfavorecidos não devem apenas ser alvo de caridade, mas também de solidariedade e justiça social...

quinta-feira, setembro 16, 2004

Urgente: investir a sério na Educação...

No dia em que oficialmente se dá início a mais um ano lectivo, importa parar um pouco para reflectir nos mais recentes números da OCDE vindos a público sobre o estado da Educação em Portugal em comparação com os restantes países da OCDE. Já sabemos que Portugal tem um rácio professor/alunos abaixo da média europeia e que as taxas de abandono e insucesso escolares são desastrosas...
Ora, já o povo diz, e com sabedoria, que "sem ovos não se fazem omoletes", o que, ao nível da área da Educação será o mesmo que dizer: sem professores motivados não pode haver um ensino de sucesso. Neste início de ano lectivo, mais uma vez, somos confrontados com uma realidade em que mais de metade dos professores (presume-se uns 50 a 60 mil) ainda não têm escola e, quando a tiverem será, para muitos deles, bem longe da sua área de residência. A verdade é que este problema castrador do sucesso escolar já ocorre há muitos anos e, talvez seja, das principais causas para que o processo de ensino-aprendizagem tenha muitas falhas. Atente-se que as escolas com melhores médias costumam ser as que têm um quadro docente estável e permanente, o que, na actualidade, é uma excepção do nosso sistema educativo...
Penso que já nem vale a pena falar dos salários médios dos professores, no número médio de alunos por turma ou na falta de uma Ordem dos Professores com verdadeiro peso na acção política. Enquanto o nosso sistema de ensino for uma espécie de mesa de ping-pong, com milhares de professores a "saltarem" todos os anos de uma escola para a outra, o sucesso será dificil de alcançar. Com o nosso País a ver passar os outros à frente...

terça-feira, setembro 14, 2004

Um novo ano lectivo entre a espada e a parede...

Já diz o ditado: "O que nasce torto, jamais se endireita". Ora, o estado lamentável em que o novo ano lectivo escolar se está a iniciar é o exemplo paradigmático de como alguns ditados populares se aplicam à vida real...
Mais uma vez, o Ministério da Educação viu-se na obrigação de adiar a publicação das listas de colocação dos mais de cinquenta mil professores, que (des)esperam pela hora de saber para que escola irão este ano dar aulas. Será desta???
O que não se compreende são a teimosia e a prepotência que a actual equipa ministerial evidencia em não querer adiar o início oficial das aulas, sabendo-se que a maioria das escolas não irão ter os docentes suficientes para dar começo a uma regular abertura do ano lectivo. Já se sabe que os erros cometidos pela equipa do ex-Ministro David Justino não devem ser imputados aos actuais titulares da pasta da Educação. Mas, não seria mais realístico assumir as insuficiências resultantes das falhas das colocações e adiar a abertura do novo ano lectivo por uma ou duas semanas? É que as escolas não são ATL`s!!!
Só encontro uma explicação para a intransigência da nova Ministra: entre "afrontar" os professores ou os encarregados de educação, o Governo prefere descansar os pais (que ficam aliviados por os filhos irem para a escola no tempo previsto), enquanto que, mais uma vez, os professores não são tidos, nem achados para os problemas decorrentes de um começo de aulas "sem" aulas...
Enfim, este é apenas mais um exemplo de como a falta de uma Ordem dos Professores é sinónimo de completo desrespeito da tutela pela classe docente...

segunda-feira, setembro 13, 2004

Quem tem medo da justiça social?

A proposta avançada por Santana Lopes de concretizar medidas legislativas que permitam uma maior justiça social ao nível do acesso a determinados bens de primeira necessidade, como a saúde ou a educação, parecem ter caído que nem uma "bomba" nas hostes partidárias mais à esquerda. Ora, por uma questão de coerência, a reacção negativa dos socialistas e de muitos sindicatos não era esperada...
O argumento de que os críticos desta proposta se servem é muito simples: "Como não temos uma política fiscal perfeita, se esta proposta for concretizada, aqueles que fogem ao fisco serão beneficiados, ao contrário dos trabalhadores por conta doutrém, nomeadamente os funcionários públicos, pelo que não deve haver uma melhor justiça social". Ora, a questão a colocar deveria ser a seguinte: "Será que por alguns fazerem falcatruas e beneficiarem, ilegalmente, de regalias sociais, é admissível que se continue com uma política de não discriminar positivamente aqueles que realmente passam por maiores dificuldades financeiras"? Penso que não...
Por muito que a justiça fiscal ainda não seja a ideal (será que alguma vez o virá a ser?) e, visto que o Serviço Nacional de Saúde, para ser minimamente eficaz, resulta num défice anual de mais de mil milhões de euros, o que poderá obstar a que não se avance com uma política de maior justiça social, mediante a qual quem provar que apresenta fracos recursos económicos seja beneficiado aquando do pagamento de uma taxa pela fruição de um serviço de saúde que lhe é prestado pelo Estado? O mesmo já é aplicado ao nível de alguns serviços de educação...
Só quem pensar que os cofres do Estado são uma máquina de fazer dinheiro e não perceber que, efectivamente, para se poder prestar um bom e eficaz serviço público de forma mais justa é necessário haver um maior contributo por parte daqueles que mais auferem ao final do mês, é que pode continuar a defender que todos os serviços públicos sejam gratuitos ou pagos de forma igual por todos! É que urge sair da ilusão e enfrentar a realidade das contas públicas: para se gastar é preciso recolher...

domingo, setembro 12, 2004

O lento abrir de olhos dos futuros doutores...

Através de uma breve análise aos resultados da primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior pode-se facilmente concluir que se tem vindo a assistir, nos últimos anos, a uma lenta, mas progressiva mudança dos cursos mais frequentados, o que denota, sobretudo, que a população estudantil começa a pensar, não apenas em entrar para o ensino superior, mas também em certificar-se das suas reais possibilidades de se inserir no mercado de trabalho. Mais do que ter um canudo, é importante ter um emprego estável e fiável...
O boom universitário que se deu nos anos 90 com a abertura, quase indiscriminada, de estabelecimentos de ensino superior, tanto públicos como, e sobretudo, privados (muitos deles de qualidade duvidosa) provocou uma crescente entrada de estudantes no ensino superior. Ora, Portugal era, nessa altura, o País com menos diplomados de toda a UE, pelo que se compreende tal aposta governamental. No entanto, este crescimento das vagas universitárias foi desordenado, tendo-se apostado, essencialmente, nos cursos menos onerosos e que menos falta faziam a Portugal. Daí termos continuado com graves carências de diplomados nos sectores da saúde e das novas tecnologias, em contraste com o número excessivo de licenciados nas áreas do ensino e das humanidades.
Felizmente que este panorama começa agora a alterar-se com uma diminuição da procura dos cursos sem saída profissional e a aposta nas áreas de que o País mais carece. Esperemos que este progressivo equilíbrio entre a oferta e a procura não tenha efeitos numa indesejável diminuição do rigor e da exigência que se esperam de um ensino superior que devia primar pela excelência e não pelo facilitismo...

sexta-feira, setembro 10, 2004

Três anos de terrorismo...

Por estes dias é quase impossível não nos recordarmos da tragédia que se abateu sobre as Torres Gémeas de Nova Iorque há três anos atrás e que deu início a uma nova ordem mundial ao nível das relações internacionais. Foi a partir do 11 de Setembro de 2001 que o terrorismo na sua verdadeira acepção da palavra se tornou ponto de ordem nas discussões do nosso dia-a-dia...
Contudo, e como tudo na vida, várias são as perspectivas de análise deste novo tema, com uns a culparem as chamadas "globalização" e "doutrina dominadora dos EUA" como as grandes causas da insegurança que se vive no mundo, enquanto que outros colocam a ênfase numa nova ideologia que começa a dar sinais de si e que se baseia no ódio a valores tão básicos como a democracia e a liberdade de opinião.
Claro que a atitude mais fácil e, porventura a que mais está na moda, é culpar Bush e a globalização por tudo o que de mal acontece no mundo. Mas, essa é uma postura demasiado simplista, que se baseia mais num novo estilo de actuação dos ideólogos de esquerda.
A verdade é que não foi Bush ou os EUA que enveredaram por esta estratégia infernal de aniquilar população civil, com o intuito de aterrorizar as sociedades ocidentalizadas. Foram sim os extremistas islâmicos que têm raiva a tudo o que diga respeito ao Ocidente e ao mundo desenvolvido que iniciaram uma nova forma de terror, que até há três anos atrás, não passava de uma estratégia utilizada sobretudo pelos grupos armados palestinianos, mas a uma escala muito menor...
O que vivemos agora é um tempo em que terroristas se servem do Islão para proclamar uma luta contra os valores da democracia e da liberdade vigentes no mundo ocidental. A resposta possível não pode ser a simples ideia de que o diálogo resolve tudo. Sem descurar o entendimento com os países árabes, é urgente que os países alvo destes atentados (portanto, todas as democracias) unam esforços no sentido de combater o terrorismo através de uma política de segurança, espionagem e informações conjuntas que possam aniquilar estes grupos terroristas islâmicos que têm os seus viveiros na Palestina e um pouco por todo o mundo árabe...
Bush e seus aliados têm conseguido aliados importantes nesta luta, como o Paquistão, a Arábia Sáudita, Marrocos e muitos outros países árabes, pelo que, com ou sem Bush a actual união de esforços terá de prosseguir. Sem contemplações e dure o tempo que durar...

quarta-feira, setembro 08, 2004

Crime à vista...

Quando a má fé e a falta de bom senso superam o respeito pela lei vigente e a fuga para a frente parece ser a única saída encontrada por aqueles que apenas têm como objectivo afrontar o regime jurídico português e fazer valer à força as suas convicções e as suas ideias, o resultado final só poderá ser mau e contraproducente.
Vem isto tudo a propósito da reacção tida pela fundadora da organização "Women on Waves" que, depois de ter sido confrontada por uma decisão judicial que não lhe agradou, resolveu, com a conivência da SIC, prestar um mau serviço à população portuguesa divulgando publicamente a forma de cometer um aborto com um medicamento comprado numa farmácia, medicamento esse destinado a dores de estômago.
Ora, por muito boas que sejam as intenções dessa senhora e das organizações que a apoiam, a verdade é que nada em democracia pode ser mais importante que o respeito pela lei em vigor, sob pena de entrarmos num estado de auto-regulação, mais parecido com uma espécie de anarquia.
Em Portugal, a interrupção voluntária da gravidez, bem ou mal, encontra-se legislada, pelo que a lei não é omissa relativamente a esta matéria. Ainda por cima, houve um referendo há seis anos sobre este tema, pelo que nada justifica que alguns queiram à força contrariar a lei portuguesa. O que esta senhora fez foi um atentado à saúde pública, agindo como se Portugal não tivesse um sistema nacional de saúde, nem uma lei em vigor sobre a IVG.
Esperemos que a justiça portuguesa actue. Se possível, depressa e bem...

terça-feira, setembro 07, 2004

A evidência que alguns tentam esconder...

A esquerda mais ortodoxa anda num fernesim insaciável no sentido de tentar explicar os mais recentes atentados terroristas e as capturas de reféns no Iraque como meras respostas ao "pseudo-anseio" dos EUA de quererem dominar o mundo a seu bel-prazer... O que temos visto em muitos blogues da esquerda mais radical é a análise fria da justificação dos mais recentes massacres de Beslan e de Madrid como tendo sido o ripostar a um hipotético acto de crescente dominação dos EUA em todo o mundo.
Porém, estes mesmos críticos de Bush, Blair e companhia esquecem-se de apontar a evidência mais crucial deste fenómeno terrivelmente desumano: "A maior parte das operações suicidas realizadas no mundo nos últimos dez anos foram perpetradas por muçulmanos". Sirvo-me de uma afirmação proferida por Abdulrahman al Rashed, director-geral da rede de televisão Al Arabiya. Este intelectual muçulmano vai mais longe e chega a dizer: "Os nossos filhos terroristas são fruto da nossa cultura corrompida (...); os muçulmanos não serão capazes de limpar a sua imagem, a menos que admitam factos escandalosos, em vez de justificarem tais actos".
Ora, é de saudar esta frontalidade de Abdulrahman al Rashed, que coloca o dedo na ferida ao apontar o radicalismo islâmico como a principal causa do terrorismo internacional, com o epicentro deste fenómeno a dar-se na Palestina e nos países onde a iliteracia e a falta de cultura democrática são autênticos cancros da civilização humana...
Entretanto, continuamos a assitir à omissão desta evidência por parte de uma pseudo facção intelectual da esquerda portuguesa. Esta continua a preferir carregar baterias contra Bush e os EUA...

segunda-feira, setembro 06, 2004

Bush tinha razão...

No encerramento da Convenção Republicana e após o discurso de Bush, essencialmente virado para a importância da luta contra o terrorismo internacional, a opinião pública americana parece ter acordado da anestesia "mooreana" provocada pelo tão badalado "Fahrenheit 9/11". Agora, as sondagens dão um confortável avanço a Bush, o que parece vir provar que a alternativa Kerry não é assim tão forte como se julgava ao princípio.
Goste-se ou não do estilo de Bush (e eu não gosto!) e apesar de todas as suas gafes, a verdade é que o vulgar cidadão americano está mais interessado em ter um Presidente que sabe o que quer e para onde vai na procura de um mundo mais seguro, do que apostar num homem que é um autêntico tiro no escuro. É que, a apenas dois meses das eleições, temos assistido, até agora, a uma campanha eleitoral de Kerry que parece dar maior destaque às críticas a Bush do que à apresentação de uma estratégia minimamente válida para combater o terrorismo.
As mais recentes notícias vindas a público vêm confirmar que o massacre de Beslan, na Rússia, foi perpetrado por terroristas de várias nacionalidades, pelo que a escala deste caso é muito mais global do que se supunha. De facto, há que acordar para a nova ameaça planetária que é este novo terrorismo desencadeado contra a população civil e que tem como único objectivo fragilizar e derrubar as Nações livres e democráticas. Convém não esquecer que tudo começou antes da invasão do Iraque e que os ideais destes novos mercenários apenas têm que ver com o ódio à democracia, à liberdade e a um estilo de vida ocidentalizado.
Desta vez, Bush tinha razão. Urge unir esforços para combater o terrorismo, esse novo flagelo do século XXI...

sábado, setembro 04, 2004

O inferno na Terra...

O que dizer da mais recente barbárie cometida por terroristas que não olham a meios para atingir os seus fins? Muito se tem escrito sobre as razões do massacre de Beslan, condenando os terroristas tchetchenos, mas criticando também a acção do governo russo. Penso que muito do que se tem escrito revela demasiado simplismo face a uma realidade muito mais abrangente e global que é o terrorismo. Seja a acção dos rebeldes tchetchenos, a estratégia dos suicídas da Palestina ou a táctica utilizada pela guerrilha iraquiana de Al-Sadr contra a população civil inocente, entre muitos outros exemplos que poderia referir, parece claro que a resposta a este tipo de barbaridades desumanas não pode ser o diálogo com estes terroristas.
É tempo de as nações livres e democráticas instituírem uma nova ordem mundial (no seio da ONU ou de uma nova organização) que tenha como missão principal combater as várias faces do terrorismo, qualquer que sejam os seus objectivos. Vir agora criticar a forma como Moscovo respondeu ao ataque dos rebeldes tchechenos é entrar numa espiral de crítica fácil, sem perceber que a questão vai muito mais além que o simples desejo justo ou não da independência da Tchetchénia.
Os desejos de independência de alguns povos podem ser alcançados, mas nunca enveredando por este caminho infernal de matança e barbárie... Veja-se o caso da guerrilha timorense que conseguiu levar a bom porto os seus anseios de independência, sem nunca ter infligido ataques à população civil ocupante, mas apenas aos militares indonésios e numa vertente defensiva e não de puro ataque.

sexta-feira, setembro 03, 2004

Polémica abortada...

A polémica suscitada pela acção "ofensiva" de várias organizações não governamentais pró-aborto em quererem afrontar a actual lei portuguesa quanto à interrupção voluntária da gravidez parece ter os dias contados. Recordemos que várias associações convidaram a organização "Women on Waves" para trazerem o seu barco, de nome "Borndiep", até águas portuguesas para, supostamente, realizarem acções de divulgação e informação junto da população portuguesa sobre a matéria em questão. Ora, interessa não esquecer que a referida embarcação está equipada com uma clínica ginecológica que permite realizar abortos até às seis semanas e meia de gravidez, com recurso à pílula abortiva. A verdade é que tal prática não é permitida à luz da lei portuguesa, pelo que se justifica, por completo, a atitude frontal do Governo em não deixar entrar o dito barco em águas nacionais.
O que não se compreende é a atitude provocatória e de má fé da dita organização em querer forçar a entrada da embarcação em território nacional, pois, caso a sua real intenção fosse o debate sério e o esclarecimento dos cidadãos não se tornava imprescindível a entrada da embarcação munida de equipamento e medicamentos suspeitos.
Pena é que a esquerda ortodoxa se sirva deste tipo de acções provocatórias para fazer política baixa, quando os partidos da coligação e o próprio Governo estão abertos ao debate de ideias sobre uma questão onde o princípio do respeito pela lei (que foi referendada) deveria ser ponto de ordem para todos. Infelizmente, não o é para alguns...

quinta-feira, setembro 02, 2004

Quem se queima é o "mexilhão"...

O mais recente episódio do autêntico drama, que tem sido este ano, o processo de colocação de professores tem contornos verdadeiramente inconcebíveis, se se pensar que o início das aulas está previsto para daqui a apenas quinze dias, numa altura em que ainda nem metade dos docentes sabe a escola em que irá leccionar.
No ano passado, assim como nos anteriores, a maior parte dos professores tinha-se já, por esta altura, apresentado na escola em que iria dar aulas. Este ano é o que se vê! Mais de 70 mil vão ainda ao longo desta semana preencher formulários para concorrerem às escolas da zona a que estão afectos. E, muitos outros, não sabem ainda sequer se terão alguma vaga numa qualquer escola do País com horário incompleto.
É um autêntico drama. As culpas são fáceis de apontar, a começar pela incompetência do Ministério da Educação em ter encarregue uma empresa privada de proceder ao processo de colocação de professores, que deu no que deu: listas de graduação incorrectas e o consequente atraso de todas as fases seguintes. Depois, não tenho dúvidas que muitos professores não sabem preencher os formulários (em papel ou por via electrónica), havendo casos incompreensíveis de docentes que não sabem sequer ligar um computador... Finalmente, o que dizer de alguns sindicatos que, de forma indisfarçada, pretendem apenas protagonismo e a adesão de mais sócios à custa da trapalhada do processo de colocação dos docentes!
A verdade é que muitas famílias de professores (centenas ou mesmo milhares) estão por estes dias com os cabelos em pé, sem saberem se ficarão perto das suas áreas de residência ou se terão, ao menos, alguma escola em que leccionar. Claro que não podemos esquecer que muitos candidatos a professores e professores contratados ficarão de fora por inexistência de vagas. Mas, nestes casos, também não se percebe como se continuam a formar licenciados em ensino quando muitos grupos de docência estão simplesmente a rebentar pelas costuras.
Para o Ministério e os sindicatos apenas interessam os números e as primeiras páginas de jornais, mas quem sofre são os professores e, inevitávelmente, os próprios alunos e as taxas de (in)sucesso no ensino em Portugal...

quarta-feira, setembro 01, 2004

De regresso...

Depois de alguns dias de férias por terras do maravilhoso Parque Nacional da Peneda Gerês é tempo de voltar à rotina da vida de professor, com o início de um ano lectivo a decorrer de forma bastante atribulada e stressante. Hoje foi dia de apresentação e sensibilizou-me o facto de muitos colegas meus terem ido à escola entregar o pedido de subsídio de desemprego por não terem tido colocação. Mas, agora não é tempo para lamentações... Sobre este e outros assuntos haverá tempo para escrever algumas coisas. Até já...