domingo, novembro 27, 2005

Polémicas sem sentido...

Algumas das afirmações constantes num novo documento aprovado pelo Papa Bento XVI a 31 de Agosto de 2005 e que foi dado a conhecer na passada semana foram recebidas com alguma revolta e admiração por uma parte significativa da sociedade, católicos incluídos.

Ora bem, esta polémica deveu-se à seguinte afirmação: "a Igreja não poderá admitir no seminário e nas ordens sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais enraizadas ou apoiam o que se chama a cultura gay'". Será que há alguma novidade nesta ideia defendida pelo Papa Bento XVI? Não me parece...

Pode-se criticar a oportunidade da declaração ou até mesmo o teor clarificador e frontal que a mesma incorpora. Há quem diga que, ao omitir-se a posição da Igreja relativamente aos heterossexuais, estamos na presença de um "ataque" aos gays. Mas, convém não esquecer que a Igreja tem como base da sua acção a família, pelo que não pode aceitar que alguém homossexual proclame, "eucaristicamente", a defesa da família, dita, tradicional: pai, mãe e filho(a)s...

Bem sei que recorrendo a estudos das áreas da medicina, da biologia ou da psicologia não fará muito sentido afirmar que a homossexualidade é uma "desordem", como consta da declaração. Mas, a esfera em que a Igreja Católica se move é outra: é a da defesa e promoção de um estilo de vida que vise princípios basilares como a família e a descendência. Ora, a promoção da cultura gay não enquadra nestes postulados, pelo que é normal que para abençoar um casamento ou um baptizado não se possa ser homossexual...

Afinal, porquê tanto frenesim? A mania da vitimização por parte dos gays ou a incapacidade da Igreja Católica para melhor comunicar com uma sociedade cada vez mais parca na defesa de valores e princípios? Talvez as duas razões sejam verdadeiras!!!

segunda-feira, novembro 21, 2005

Ai se fosse por cá!!!

Quem costuma vir a este blogue com alguma regularidade já se deve ter apercebido que discordo em muito do teor dos decretos-lei, despachos ministeriais e circulares que, nos últimos anos, as sucessivas equipas do Ministério da Educação têm "enviado" para as escolas, numa estratégia de reformar aos bocadinhos um sistema que necessita de uma reforma a sério... Também já devem ter constatado que, ao contrário do que o actual Ministério da Educação proclama, defendo uma escola pública que conjugue conceitos como a qualidade e o rigor, imputando aos pais e encarregados de educação a responsabilização que devem ter pela educação dos seus filhos e educandos.
Assim, foi sem surpresa que soube da notícia de que o Governo de Tony Blair pretende introduzir alterações muito sérias no sistema de educação inglês, por forma a responsabilizar os pais pela educação dos seus filhos. Já há muito que defendo que o abono de família não deve ser uma "esmola" concedida de forma indiscriminada aos pais dos jovens que frequentam a escola, podendo, pelo contrário, servir de incentivo para a obtenção de bons resultados escolares. Por outro lado, já noutros artigos aqui defendi que, no caso de alunos que andam na escola apenas para passear os livros (quando os levam!) e apenas se interessam por prejudicar os que querem estudar e fazer a vida "negra" aos professores não basta a aplicação de burocráticos e morosos processos disciplinares que acabam em meros dias de suspensão da escola a que os alunos apelidam de "férias" intercalares, já que nem essas faltas servem para reprovar de ano...
Pois bem, quando é que iremos seguir o exemplo dos ingleses? Quando for tarde demais?

quarta-feira, novembro 16, 2005

Os nacionais, os imigrantes e os sem Pátria...

Ainda não escrevi nada sobre a situação vivida nas últimas três semanas em muitas das cidades francesas, com a desordem pública e o desrespeito pela lei que tem imperado nas noites dos arredores de Paris e de muitas outras cidades da França...
Muito poderia dizer sobre este fenómeno social, enunciando um conjunto de teorias da sociologia que explicam o desenrolar deste tipo de ocorrências... Muitos são aqueles que têm criticado a política de imigração dos Governos franceses dos últimos anos e a forma como os imigrantes que não arranjem emprego são excluídos da sociedade francesa. Outros preferem carregar baterias contra a falta de estratégia que tem sido notada no que concerne à incapacidade da França em assimilar os filhos dos imigrantes que já nasceram em terras francesas e que se sentem como que desprovidos de qualquer Pátria. Outros há que incidem a sua análise no escancarar de portas à imigração africana que durante muitos anos foi sintoma de falta de lucidez e de detonador destes problemas sociais...
Ora, está provado que a Europa, continente cada vez mais envelhecido e crescentemente egoísta, onde o número médio de filhos por mulher é pouco mais do que um (manifestamente insuficiente para a renovação de gerações e para as reais necessidades em termos de população activa) precisa de imigrantes, venham eles do Leste Europeu, do Norte de África, do continente americano ou da Ásia. Mas, esta realidade não implica que não se regulem as entradas, sob o risco de passarmos de uma situação deficitária para uma crise de excesso de imigrantes. Por outro lado, urge que se desenvolvam medidas de cariz social que visem contrariar o que durante muitos anos foi apanágio dos europeus: isolar e "guetizar" os imigrantes de cor de pele diferente e os seus descendentes, nomeadamente os originários das antigas colónias africanas...
A educação e a qualificação são meios essenciais para atingir os fins da integração. Muito há para fazer neste âmbito, pelo que não devem ser desaproveitados recursos que fomentem a instrução desta população, mss nunca descurando o respeito pela ordem pública... Será que os nossos governantes conseguem ver isto ou estão à espera que ocorra uma versão portuguesa do inferno francês?

quinta-feira, novembro 10, 2005

A diferença entre ser-se discreto ou provocatório...

Nos últimos dias foi notícia em alguns jornais (não sei se passou nas televisões) o caso de duas alunas de uma escola secundária de Vila Nova de Gaia que se queixaram de terem sido humilhadas e discriminadas pelo facto de se assumirem como lésbicas. Esta situação desencadeou-se depois das referidas alunas terem sido, segundo as mesmas, provocadas e insultadas por uma funcionária da escola por irem de mãos dadas, já depois de terem sido, por diversas "apanhadas" a darem beijos nos corredores da escola. Segundo as alunas, também a Vice-Presidente do Conselho Executivo actuou de forma errada, tendo-as apelidado de "lésbicas" e afirmado que da escola para fora poderiam ter os comportamentos que bem entendessem. Por parte da escola ficou-se a saber que estas são duas alunas problemáticas, que faltam muito e cujo aproveitamento escolar é negativo...
Pois bem, enquanto professor, mais do que fazer juízos de valores ou criticar uma das partes e "absolver" a outra, penso que será importante que as escolas reflictam muito bem sobre este tipo de situações, incorporando nos seus Regulamentos Internos o que fazer em casos análogos. Se bem que seja diferente, muitas escolas já prevêem o que fazer no caso dos alunos serem "apanhados" a fumar ou na posse de objectos contundentes. Mas, não seria melhor estipular a proibição de determinados comportamentos e atitudes entre alunos que possam sugerir condutas de cariz provocatório para com a comunidade educativa em geral? Atente-se que há escolas onde convivem alunos com idades compreendidas entre os 11 e os 20 anos... Independentemente dos namoros serem entre heterossexuais ou homossexuais, um estabelecimento escolar é um local onde a reserva, o ser-se discreto e a boa conduta devem prevalecer. Na escola onde lecciono já passei por casais de namorados que fazem questão de dar nas vistas em poses que tendem, no mínimo, a incomodar quem passa ao lado... Porque não proibir gestos e atitudes que de discreto não têm nada? Não me falem em coarctar a liberdade pessoal e individual das pessoas. Como se costuma dizer, a liberdade de cada um acaba quando a do outro é posta em causa... Apenas se trata de impor limites a certos comportamentos que tendem a perturbar o normal desenrolar das actividades educativas...
Quanto a juízos de valor, apenas direi que quem parece ter-se aproveitado deste caso para fazer um pouco mais de politiquice foi, como não poderia deixar de ser, o Bloco de Esquerda. Sempre é algum tempo de antena que se consegue ter, não é?
Já agora, depois de o Presidente da CONFAP (Confederação das Associações de Pais) ter afirmado que "é inaceitável pensar que é com regulamentos ou com falsos moralismos que se vai probir seja o que for", não será melhor lembrar ao senhor Albino Almeida que tem sido a aplicação, nos Regulamentos Internos das escolas, da proibição de fumar em recinto escolar a forma mais acertada e com melhores resultados no sentido dos alunos deixarem de fumar nas escolas? Na escola onde lecciono tem sido...

sábado, novembro 05, 2005

A (bem)dita Pátria...

Já não é novidade para ninguém que alguma da nossa comunicação social dá destaque a notícias que nem nos rodapés dos noticiários televisivos deveriam passar e que quase ignora por completo acontecimentos de relevante interesse público e que, estes sim, deveriam ser destaque de abertura e de primeira página...
Mas, mesmo assim, não deixei de me surpreender com a forma, digamos provinciana (e que me desculpem todos aqueles que se consideram provincianos!), como quase toda a comunicação social portuguesa (escrita, radiofónica e televisiva) noticiou o nascimento de uma neta dos Reis de Espanha... Mas, que raio! Será que é assim tão importante para os portugueses saber o peso, o tamanho, a cor dos olhos e outros pormenores de mais uma criança que veio ao mundo? Enfim, não há dúvida que a classe dos jornalistas reflecte muito da forma como o português comum e típico pensa.
Claro que, se os espanhóis soubessem do que se falou e escreveu por cá acerca deste não acontecimento, fartar-se-iam de rir à nossa custa. Provavelmente, até se aperceberam, tal o elevado número de jornalistas portugueses que se deslocaram ao país vizinho para fazer directos em horário nobre televisivo...
Esta postura da nossa comunicação social é ainda mais engraçada (ou não) se tivermos em conta que há por aí agora muita gente de esquerda que quer ressuscitar a palavra Pátria. Sabem a quem me refiro, não sabem? Pois é, Mário Soares e Manuel Alegre (quem diria!) usam e abusam agora do termo Pátria em qualquer circunstância... É a estratégia do piscar de olho ao eleitorado do centro-direita, não é??? Eles que diziam cobras e lagartos do "Deus, Pátria e Família"... São as ironias da vida...

quarta-feira, novembro 02, 2005

Uma pequena amostra do que aí vem...

Quem hoje assistiu pela TVI à primeira grande entrevista concedida por Mário Soares depois deste ter apresentado a sua candidatura à Presidência da República ficou com uma pequena amostra do caminho difícil que espera Cavaco Silva ao longo dos próximos dois meses...
Só os mais distraídos e menos atentos à política portuguesa é que podem ter ficado admirados com a postura, no mínimo, arrogante e maldosa com que Soares se referiu repetidamente a propósito de Cavaco Silva. Aliás, em vez de ter sido a jornalista a conduzir a entrevista vimos um Mário Soares a aproveitar todas as questões para atacar o seu adversário Cavaco Silva, tendo-o mesmo apelidado de intermitente, silenciador e desconhecedor de política internacional. Soares chegou ao ponto de ler afirmações proferidas por Cavaco Silva em contextos diferentes, ao mesmo tempo que tudo fez para tentar passar a mensagem de Cavaco Silva poderá colocar em causa os direitos dos trabalhadores portugueses, esquecendo-se que é ao Governo de Sócrates que cabe conduzir a política económica e social do País.
Fica claro que a campanha eleitoral não será fácil para Cavaco Silva, sobretudo porque Soares e os restantes candidatos de esquerda não se cansarão de assustar os portugueses com a imagem do Cavaco Silva "papão". Os ataques pessoais serão mais que muitos e a equipa liderada por Soares tudo fará para denegrir a imagem de Cavaco.
Esperemos que o povo português tenha a lucidez suficiente para não se deixar levar neste tipo de ataques pessoais e consiga alhear-se de uma campanha de esquerda que apenas funciona pela negativa e na base do ódio e da raiva...