terça-feira, maio 30, 2006

Há momentos em que não nos podemos calar!!!

Será que alguém já reparou que, em todo o actual Governo, existe apenas um Ministério cujo titular aparece frequentemente a atacar de forma violenta toda uma classe profissional, como se esta englobasse um conjunto de trabalhadores desprezíveis, incompetentes e irresponsáveis? É que não vejo o Ministro da Saúde a dizer mal dos médicos ou o Ministro da Justiça a dizer que os juízes não sabem exercer a sua profissão, nem tão pouco o Ministro da Administração Interna a atacar os polícias...
Refiro-me à Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que sistematicamente aparece em público dirigindo-se à globalidade dos professores (e não apenas a uma parte!) de forma depreciativa. Eis algumas das últimas tiradas:
Primeira acusação: "Os professores não se encontram ao serviço dos resultados e das aprendizagens";
Segunda acusação: "A cultura profissional dos professores é marcada pela actualização dos conhecimentos científicos, e não por uma cultura em que os principais desafios sejam os resultados";
Terceira acusação: "Os professores trabalham individualmente e não com espírito de equipa";
Quarta acusação: "As reuniões nas escolas são cumpridas apenas porque os normativos legais assim o mandam";
Quinta acusação: "Enquanto que para os médicos o desafio máximo é o caso pior e mais difícil do hospital, nas escolas a cultura profissional dos professores não os orienta para os casos mais difíceis".
Estas cinco acusações da Ministra da Educação merecem da minha parte uma resposta firme, já que me sinto visado de forma injusta pelos ataques proferidos por uma Ministra da Educação que, provavelmente, nunca esteve numa escola secundária durante um único dia a leccionar a quatro turmas diferentes, de três níveis, num total de 100 alunos...
Resposta à primeira acusação: Qual o professor que não pretende que os seus alunos tenham bons resultados, assentes na aquisição de competências que lhes permitam obter sucesso nos exames nacionais? Até porque um docente sente-se sempre orgulhoso quando dá poucos níveis negativos!
Resposta à segunda acusação: A actualização dos conhecimentos científicos não implica que não se obtenham bons resultados por parte dos alunos, pelo que muitas das falhas neste âmbito deverão ser imputados aos currículos e programas aprovados pelo Ministério da Educação.
Resposta à terceira acusação: Se fosse verdade que os professores trabalham de forma individual não haveria tantas reuniões nas nossas escolas, tais como conselhos de turma, reuniões de departamento, reuniões de directores de turma, reuniões de conselho pedagógico, entre outras. Porventura, parte dos problemas da escola está no excesso de burocracia inerente às referidas reuniões...
Resposta à quarta acusação: É verdade que muitas das reuniões são marcadas por via dos normativos legais. Por exemplo, as reuniões de departamento que se realizam após os conselhos pedagógicos bem que podiam ser evitadas. Mas, no que se refere aos conselhos de turma, esses sim importantes para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem das turmas, são muitas vezes marcadas sem haver lei que a isso obrigue, pelo que tudo depende das características próprias de cada turma.
Resposta à quinta acusação: Dizer que os médicos preferem os piores casos e que os professores fogem dos piores alunos é, no mínimo, injusto, visto que nem todos os médicos optam por ter os pacientes com as doenças mais graves, nem todos os docentes receiam ter os alunos com maiores dificuldades. Aliás, como em todas as profissões, há médicos competentes e outros incompetentes, tal como há professores esforçados e outros que não se esforçam...

Enfim, muito mais haveria para dizer, mas, na condição de professor de Geografia, não concebo que uma Ministra da Educação aproveite cada tempo de antena que lhe concedem para denegrir a imagem dos professores, como se cada um dos mais de 140 000 docentes fosse um funcionário que apenas pensa em receber o seu ordenado, não se preocupando com o sucesso escolar dos seus alunos, nem com a devida formação de futuros adultos...

quinta-feira, maio 25, 2006

Olha que dois!!!

Pois é! Já lá vão cinco meses desde que a Dianinha viu pela primeira vez a luz do Sol e encheu (ainda mais!) de alegria o nosso recatado lar. O tempo voa e a pequena Diana cresce a bom ritmo, reconfortando, a toda a hora, pai e mãe com muitos sorrisos...
Há quem diga que a vida de casado implica muitas mudanças em relação ao tempo de namoro. A minha experiência não é essa, pois mudanças a sério (de 180º) ocorreram, sim, quando a família cresceu e me tornei pai. Aí é que muitos dos hábitos até então adquiridos mudaram por completo, visto que tudo tem girado em torno do novo rebento que chegou à família...
Nestes cinco meses, posso afirmar que a experiência de pai tem sido bastante gratificante e muito menos complicada do que alguns amigos meus previram que pudesse ser. Claro que tudo depende da forma como o casal (marido e esposa) se entendem e organizam as variadas e novas tarefas que surgem. Por exemplo, no que respeita às noites mal dormidas (uma questão que aflige muitos casais durante muito tempo) posso dizer que apenas no primeiro mês vi o meu "relógio biológico" alterar-se, dado em que a Diana acordava, pelo menos, uma vez de madrugada para mamar, o que me obrigava a levantar da cama, visto que não conseguia dormir sabendo que a pequena Diana estava acordada (isto porque durante o dia não estava com ela, pelo que queria aproveitar o máximo de tempo para estar com ela). Lembro-me que, em alguns dos dias em que tinha de acordar às 6.30H para ir trabalhar para a escola fui "obrigado" a dormir no outro quarto, sob pena de me arriscar a ter um acidente no caminho para Lamego. Mas, essas ocasiões não passaram de excepções e rapidamente, logo a partir do segundo mês, a Diana passou a dormir durante toda a noite.
Agora, a filhota já tem os seus ritmos de alimentação e sono bem definidos: acorda às 7H. para mamar, depois dorme até ao meio-dia, volta a acordar para brincar um pouco e almoçar de seguida, para depois adormecer e acordar mais tarde para a brincadeira. Mama à hora de lanche, esperando de seguida pela chegada do pai para as brincadeiras do costume. Finalmente, vai para a cozinha fazer-nos companhia ao jantar, para depois tomar uma banhoca e mamar por volta das 23H. Depois adormece e só volta a acordar às 7H. para um novo dia.
Adora passear e estar na esplanada do café com os pais, não sendo de fazer "espectáculo" de choro como acontece com muitos bebés. Enfim, tudo tem corrido pelo melhor. A mãe tem sido exemplar e o pai tem-se esforçado por não falhar em nada, não podendo apenas estar mais tempo com a filhota porque a vida de professor obriga a muitas horas passadas fora de casa.
A mãe tem um blogue onde apenas escreve sobre a Diana, para além de ter um diário onde descreve de forma pormenorizada a evolução da nossa pequenota. Dedico este pequeno texto à minha filhota, esperando que ela o possa ler daqui a uns anitos. Beijocas...

sexta-feira, maio 19, 2006

Não há pachorra...

Não sei como é que há gente que tem paciência (e não se importa de gastar dinheiro!) para assistir a um filme que, ao longo de cerca de duas horas, se limita a confundir factos reais com suposições e ficções sem sentido. Estou a falar do filme que tem suscitado junto da comunicação social um interesse exacerbado, qual publicidade de borla que os autores do dito filme certamente agradecem. Mas, poderia também reportar-me a todo o tipo de filmes do género "Poters e Senhores dos Anéis", quais fantochadas que apenas levam as pessoas para o mundo do imaginário...
Aliás, nunca compreendi a necessidade de tanta gente em ter que se "agarrar" a ficções e contos da "carochinha" para, provavelmente, se esquecerem da vida real do dia-a-dia. Bem sei que sou uma pessoa extremamente pragmática, pelo que, como me costumam dizer, é a minha falta de sensibilidade para a ficção que me leva a não compreender aqueles que sentem prazer em ver filmes que retratam coisas do imaginário...
Por outro lado, recuso-me a contribuir financeiramente para o enriquecimento de autores (sejam de livros ou de filmes) que se limitam a trocar as voltas da História, confundindo as mentes mais frágeis e atacando a Igreja. Aliás, não é por acaso que esta estratégia já chegou a Portugal, na sua versão do Padre Amaro!!!

sexta-feira, maio 12, 2006

Not Made in Portugal

É impressionante e muito triste o que se passa com a nossa indústria têxtil! E, apesar de enquanto cidadãos, darmos a entender que nos preocupamos com esta situação, enquanto consumidores, assobiamos para o lado...
Nos últimos dias tenho ido com a minha esposa e filhota às compras pelo Shopping do Fórum Viseu, já que, com a aproximação do baptizado da nossa Diana, temos que fazer uma série de compras de vestuário. Ora, enquanto mãe e filhota se entretêm com o veste e despe de camisas, calças e demais acessórios, eu vou-me distraindo a analisar a proveniência das peças de roupa de marcas como a Mango, a Zara, a Stradivarius ou a Salsa. Ora, a verdade é que a grande maioria dos artigos destas lojas têm na etiqueta "made in China", "made in Marocco", "made in Indonesia", "made in India" , e muitos outros países que se aproveitam de mão-de-obra barata e sobre-explorada.
E, por cá, o que temos? Uma indústria têxtil que definha a olhos vistos, com dezenas de empresas que, todos os meses, encerram e deixam no desemprego centenas de trabalhadores. Por outro lado, a UE parece não ter força política suficiente para se impor face ao comportamento destes países do Oriente e do Norte de África...
E, nós lá continuamos a adquirir produtos que, apenas por serem de marca, conseguem enormes vendas, esquecendo-nos que muitos desses artigos são produzidos por pessoas mal pagas e sem direitos laborais, sendo muitas delas crianças...

sábado, maio 06, 2006

O despovoamento do interior será uma inevitabilidade?

Uma das notícias que esta semana fez a manchete dos jornais e a abertura dos noticiários televisivos foi a da chegada de quatro famílias brasileiras que decidiram mudar o rumo das suas vidas e apostarem numa nova vida por terras do interior de Portugal. E bem lá no interior: uma aldeia do concelho de Vila de Rei, que atravessa um grave período de despovoamento e envelhecimento populacionais!
Não quero dizer com isto que a litoralização acabará por "asfixiar" o interior. Bem pelo contrário! O que penso é que a falta de qualidade de vida das grandes cidades do litoral e seus subúrbios acabará por levar muita gente a decidir-se por ir viver no interior, mas não para aldeias ou vilas isoladas. Irão sim para as denominadas cidades de média dimensão, que têm o que de bom há no litoral (menos a praia) e estão imunes ao que de mau existe nessas urbes, como a insegurança, os engarrafamentos de trânsito ou a falta de convívio e solidariedade...
Sou natural da Covilhã, vivo presentemente em Viseu e posso assegurar que nestas duas cidades médias a qualidade de vida é muito superior da existente em muitas do litoral. Quanto às aldeias e vilas espalhadas pelo interior, apenas algumas irão subsistir no futuro como uma espécie de recordação do que era a vida antigamente. Serão a continuação das já existentes aldeias históricas...