terça-feira, junho 29, 2004

Haja serenidade...

A esquerda portuguesa anda numa roda viva no sentido de "pressionar" Jorge Sampaio para que este convoque eleições antecipadas, depois da demissão de Durão Barroso por motivos de relevante interesse nacional. Agora, até Freitas do Amaral vem para os jornais com cartas abertas dirigidas a Sampaio...
Ora, interessa que haja alguma serenidade nas afirmações proferidas por aqueles que têm alguma responsabilidade na vida política nacional. Muitas asneiras se têm dito, desde as pseudo-semelhanças que alguns encontram entre a demissão de Guterres e a de Durão até ao risco de "golpe de estado" no PSD aventado, inesperadamente, por Ferreira Leite.
Bem têm estado as figuras mais faladas por estes dias: Sampaio, Durão e Santana. Por um lado, Sampaio tem sabido ponderar as palavras, apelando à estabilidade governativa do País, ao mesmo tempo que saúda a decisão de Durão, por via dos relevantes interesses nacionais daí decorrentes. Também Durão Barroso se tem comportado de forma firme e rigorosa, pois apenas tomou a decisão de ir para Bruxelas, depois de se certificar que o PSD não se furtaria às suas responsabilidades e após receber o apoio de Sampaio nesse sentido. Finalmente, Santana Lopes não se tem colocado em "bicos" de pés e tem evitado comentários sobre as especulações que se têm feito a seu respeito.
De resto, muita asneira se tem dito, havendo por aí muita gente que se tem esquecido que as legislaturas duram quatro anos e que, neste caso em particular, não houve lugar a qualquer tipo de fuga às responsabilidades por parte do partido que a maioria dos portugueses mandatou para governar o País. Interessa agora compatibiliar o interesse nacional com a exigível legitimidade e estabilidade governativas...

domingo, junho 27, 2004

O cúmulo do ridículo...

Quem ontem assistiu aos noticiários da noite da RTP ou da TVI teve a oportunidade de ver duas reportagens sobre uma denominada "parade" gay, ou seja, uma espécie de manifestação exibicionista de homossexuais, lésbicas, transsexuais e outros que tais, realizada, ontem, em Lisboa. Em ambas as reportagens televisivas fica bem patente o ridículo a que certas pessoas se sujeitam com a ânsia de, segundo elas, promover o direito da igualdade entre todos os cidadãos.
Ora, será com aquele género de marcha "carnavalesca", profundamente exibicionista, que a igualdade de direitos (resta saber quais!) entre heterossexuais e homossexuais poderá ser alcançada? Penso que não. Ao ver as ditas reportagens (que não mostraram nada que não se tenha realizado), penso que a comunidade gay só sai prejudicada aos olhos da sociedade em geral. Pessoalmente, senti-me incomodado ao ver supostos homens maquilhados de mulheres, raparigas a tratarem outras raparigas como namoradas e homens "colados" aos abraços e beijos, por uma avenida abaixo como se estivessem num circo, à qual só faltaram as bancadas para os curiosos verem tais figuras. Haja paciência...

sexta-feira, junho 25, 2004

O interesse nacional...

Ainda hoje tinha escrito um apontamento sobre a boa notícia que o PSD recebeu do seu "aliado" PP e parece que as novidades não se ficam por aqui. Pelas últimas informações aventadas pela comunicação social, Durão Barroso prepara-se para ser o novo Presidente da Comissão Europeia, o que, a ser verdade, é de um prestígio enorme para o PSD e para Portugal.
Se esta reviravolta inesperada é de enorme significado para o interesse nacional, já a solução governativa pode parecer, aos olhos de muitos, justificativa da realização de eleições antecipadas. Sou contrário a tal opção, pois a estabilidade governativa deve superar a ânsia de alguns em quererem ser levados pelo descontentamento manifestado nas recentes eleições europeias.
Não valerá a pena virem com a lembrança do caso Guterres, pois as situações em nada se assemelham. Este acontecimento concerteza irá trazer mais-valias a Portugal e a ida de Durão para a Comissão Europeia trará um novo fôlego ao prestígio de Portugal e da própria UE.
Santana Lopes parece ser a escolha mais consensual no PSD e na coligação. Sampaio, certamente, irá ser coerente com as suas ideias de estabilidade governativa e do que é, neste momento, o melhor para os interesses políticos de Portugal.

Mas, que boa notícia...

A notícia que o Público de hoje avança, segundo a qual o CDS/PP está a ponderar seriamente a hipótese de ter que ir sozinho a votos nas próximas eleições legislativas, revela que os dirigentes populares, com destaque para Portas, já se aperceberam do sério risco de o actual CDS/PP se esfumar, por via da transição de votos populares para o PSD, caso a actual coligação se mantenha para além da actual legislatura.
Esta é uma boa notícia para as hostes laranjas, pois, assim parece já não ser necessário "esticar" mais a corda no sentido de "obrigar" Portas e o seu partido a desligarem-se do PSD.
De facto, penso que uma possível coligação pré-eleitoral em 2006 iria ser prejudicial ao PSD, pois muitos dos seus militantes e simpatizantes preferem abster-se a terem de ir colocar a cruz numa coligação onde aparece um partido, cujo líder, incomoda muitos "laranjinhas". Por outro lado, muitos eleitores do centro, que ora votam PSD, ora votam PS, sentem-se muito mais à vontade para apoiarem um PSD sozinho do que uma coligação PSD/PP.
Durão já deve ter dado sinais suficientes a Portas para que este vá organizando as suas "tropas" para a batalha eleitoral de 2006. E a possibilidade de o PSD voltar a governar sozinho surge outra vez como uma séria hipótese a ter em conta. É que a manter-se o actual líder Ferro Rodrigues à frente dos destinos do PS não parece haver alternativa credível a Durão Barroso...

quarta-feira, junho 23, 2004

E, a esquerda, o que pensa?

O Ministro dos Transportes e Habitação, Carmona Rodrigues, anunciou ontem que o Governo se prepara para avançar com a reestruturação do sistema de transportes públicos em Lisboa, que prevê a discriminação do preço do passe social em função do rendimento do utente. Ou seja, prevê-se que passem a existir diferentes preços no custo dos passes sociais consoante o poder de compra de cada família. É a chamada medida de discriminação positiva. E, isto num governo de centro-direita, o que afasta a velha ideia marxista de que a direita não tem preocupações de cariz social...
Seria interessante saber o que pensam os partidos de esquerda desta nova proposta governamental. Será que concordam com ela? Duvido. Será que a acham insuficiente? Provavelmente. Será que a consideram meramente populista e propagandista? De certeza. É que, sinceramente, não estou a ver a esquerda portugesa, sobretudo a mais radical, a demonstrar capacidade suficiente para vir "aplaudir" qualquer medida governativa, mesmo que ela seja favorável à população com maiores dificuldades financeiras.

segunda-feira, junho 21, 2004

A vitória do crer e do esforço...

O que ontem se passou no estádio Alvalade XXI, com a vitória da selecção portuguesa sobre a sua congénere espanhola, com um golo solitário, mas suficiente de Nuno Gomes, num jogo de forte emotividade e enorme nervosismo até final, deveria servir de exemplo para todos aqueles que têm um discurso conformista e arrogante, cheio de "profecias" que apenas servem de estima ao seu egoísmo, esquecendo-se que a humildade (não a humilhação) é das melhores qualidades que se pode ter nas relações sociais.
Esta vitória de Portugal fez-me lembrar daqueles que, nos cafés, nas ruas e um pouco por todo o lado, afirmavam que a selecção portuguesa não teria qualquer hipótese de ultrapassar a equipa espanhola e que imputavam culpas ao seleccionador nacional por este, imagine-se, "não perceber nada de futebol". Ainda não me esqueci das várias indirectas que Mourinho mandou a Scolari nos seus comentários, na TVI, durante a transmissão do jogo. Esquecem-se que Scolari acertou em cheio nas subsituições dos três jogos, com os jogadores que entraram na 2ª parte dos jogos a marcarem nos três jogos...
É caso para dizer que ainda persiste em muitos portugueses um sentimento de pouco nacionalismo (que em nada se deve confundir com ideais de extrema-direita). Mas, o português também é aquele indivíduo que só nos bons momentos de festejo e alegria se esquece do seu pessimismo habitual.
PS - Que esta vitória sirva de exemplo a todos aqueles que pensam que os próximos combates eleitorais já estão no papo...

sábado, junho 19, 2004

Boas novas de Bruxelas...

Da Cimeira Europeia realizada em Bruxelas surge a boa nova de que foi aprovada uma Constituição que tem contornos históricos e que apenas terá agora de ser ratificada pelos 25 Estados-membros para se tornar uma realidade. Mais uma vez, Portugal está na linha da frente deste acordo europeu, que consagra os princípios da igualdade e da democratização entre os Estados-membros: se por um lado, são definidas competências exclusivas da UE, outras há que continuam a ser partilhadas entre a UE e os diversos Governos nacionais, pelo que a falta de autonomia nacional de que tanto falavam o PCP e a BE não passam de puras mentiras.
Mas, desta Cimeira histórica surge também a notícia de que Durão Barroso foi convidado para suceder a Romano Prodi no cargo de Presidente da Comissão Europeia. É a prova de como o nosso Primeiro-Ministro é respeitado pelos seus pares, inclusivamente por representantes da família socialista europeia, como Tony Blair. Durão Barroso tudo tem feito para manter a candidatura de António Vitorino como uma possibilidade coerente, mas se nem os próprios socialistas europeus apoiam Vitorino pouco há a fazer. Durão portou-se ao longo de todo este processo político (apoiando Vitorino e recusando a sua própria candidatura) de forma idónea e respeitável.
PS: Deixo uma questão no ar. Que credibilidade tem Ferro Rodrigues na UE e na família socialista europeia se nem consegue convencer sequer o seu "amigo" Zapatero a apoiar António Vitorino?

quinta-feira, junho 17, 2004

Onde está, afinal, a politização da Judiciária?

Depois de o PS ter levantado há cerca de um ano a teoria da cabala, aquando da detenção de Paulo Pedroso no âmbito do caso Casa Pia, foi agora a vez de toda a "esquerda unida" portuguesa ter avançado com a ideia de que a Polícia Judiciária está transformada num mero "instrumento das conveniências partidárias do Governo". Isto a propósito das recentes demissões na PJ do Porto.
Ora, agora que surge a notícia de que o filho de Leonor Beleza foi detido pela PSP de Lisboa na terça-feira no âmbito de uma operação contra tráfico de droga, surge a interrogação: se as polícias são um instrumento do Governo como se justifica que o filho de uma reputada militante e dirigente partidária do PSD seja investigado e, inclusivamente detido? Ou será que o problema está no facto da "esquerda unida" continuar com a estratégia da cabala e da contra-informação? Estou mais inclinado para esta última hipótese...
Que diriam os socialistas se fosse o filho de um qualquer deputado do PS a ser detido para interrogatório? Lá viria novamente a teoria da cabala! Será que não conseguem fazer oposição sem lançar disparates para a opinião pública? É que para esse papel já temos o Mário Soares...

quarta-feira, junho 16, 2004

Soares e as europeias: o disparate continua

Em entrevista ao programa "Sociedade Aberta" da SIC-Notícias, Mário Soares analisou os resultados das eleições europeias e, entre diversas considerações, teve o condão de "avisar" Cavaco Silva de que este deve tirar as ilações óbvias do risco que poderá correr caso se decida a ser candidato a Presidente da República com o apoio dos partidos da coligação. É caso para dizer que Mário Soares consegue, por vezes, ultrapassar o próprio filho na capacidade de proferir disparates...
O "pai" dos socialistas deve pensar que os portugueses são tão burros que não sabem distinguir umas eleições europeias, aproveitadas para mostrar algum descontentamento pela acção do Governo, de umas eleições presidenciais, nas quais o que conta são, sobretudo, a personalidade e o carisma dos candidatos. O que Mário Soares demonstra nesta entrevista é um total desprezo pelos eleitores portugueses e um ódio de estimação por Cavaco, que continua a não conseguir disfarçar.
Mas, será que a esquerda não consegue captar a mensagem que foi dada nestas eleições um pouco por toda a União Europeia: mais do que premiar os partidos da oposição (fossem de esquerda ou de direita), os europeus (com os portugueses incluídos) quiseram mostrar o seu descontentamento pelo rigor e aperto financeiros que os Governos dos principais países da UE tiveram que cumprir, por força da desfavorável conjuntura internacional.
Entretanto, a caça às bruxas continua entre os socialistas: já vão no terceiro candidato a Secretário-Geral...

segunda-feira, junho 14, 2004

O Governo está avisado...

Os resultados das eleições europeias em Portugal só surpreendem os mais distraídos. Efectivamente, com um Governo de centro-direita a meio de um mandato onde tem imperado a exigência e o rigor, aliado a uma campanha eleitoral dominada pelo desaparecimento trágico de um dos cabeças de lista, a vitória retumbante do PS e a derrota dos partidos da coligação só deixam surpresos aqueles que não entendem muito da sociologia política do nosso País...
A maioria dos (poucos) que decidiram ir às urnas resolveram votar para as europeias com a cabeça em Portugal e deixaram uma mensagem bem clara a Durão Barroso: mais do que se reverem no PS ou noutro qualquer partido de esquerda para governar o nosso País, os portugueses querem que este Governo faça alguns reajustamentos na sua política e começe a dar uns bombons e rebuçados ao "Zé Povinho", que já começa a estar farto do discurso de rigor financeiro.
Estou em crer que Durão tenha assimilado a mensagem. Já a reacção quase eufórica do PS parece-me desprovida de clarividência: Ferro Rodrigues acha que se as eleições fossem legislativas, a expressão eleitoral seria a mesma. Pura ingenuidade: mais do que premiar o PS, o povo quis mostrar o tal cartão amarelo de que a esquerda tanto falou, mas sem que isso signifique que haja uma melhor alternativa a este Governo... Mas, compreende-se o estado de alívio de Ferro. Pelo menos, poderá ir mais uma vez a votos numas legislativas.
O Governo de Durão Barroso, depois de dois anos a atravessar o purgatório e o inferno deixados pelos socialistas e pela conjuntura externa, tem agora a segunda volta do mandato para se aproximar do paraíso e começar a dar os tais rebuçados que adoçam os portugueses e os fazem viver mais alegres e contentes. Resta saber se a conjuntura internacional (da qual estamos dependentes) assim o permite...

sexta-feira, junho 11, 2004

Diferentes posturas...

Ontem, durante as comemorações do Dia de Portugal, que se realizaram em Bragança, assistiu-se, uma vez mais, à falta de respeito e de civismo que muita gente de esquerda nutre pelos políticos de direita. Apesar de Durão e Portas terem sido escolhidos para nos governar pela maioria dos portugueses que foram votar nas últimas eleições legislativas, continuam a ser vaiados e vistos de lado por aqueles que têm dificuldades em interiorizar as regras básicas da democracia.
Não digo que os que não se reveem neste Governo não possam manifestar o seu desagrado. Mas, o civismo e o respeito devem estar acima de qualquer acto de manifestação, pois existem momentos e locais próprios para se exteriorizar o que se sente acerca daqueles que nos governam. Agora, aproveitar a presença do Primeiro Ministro e do Ministro da Defesa nas comemorações do Dia de Portugal para fazer oposição, seja por intermédio de partidos de esquerda ou de sindicatos, é de uma falta de respeito democrático pelo dia que se comemora que roça a incredulidade... É não ter qualquer orgulho pelo País que se comemora...
Não me lembro de alguma vez ter visto apoiantes de partidos de direita apuparem governantes de esquerda em ocasiões de festejos nacionais. Fosse com Guterres ou Soares, nunca vi as gentes de direita faltar ao respeito pelos nossos governantes. Mas, se é a própria esquerda que, como à poucos dias se viu na lota de Matosinhos, que não tem respeito pelos seus, como se pode exigir que essa mesma esquerda tenha respeito por aqueles que, sendo do PSD e do PP, nos governam?
Não há dúvidas! As posturas da direita e da esquerda são mesmo díspares... E, neste aspecto, tenho orgulho no partido de que sou militante.

quarta-feira, junho 09, 2004

O silêncio não chega...

O desaparecimento trágico de Sousa Franco, para além de desencadear em qualquer cidadão com o mínimo de juízo um profundo sentimento de desconforto e angústia, deveria servir para que os políticos parassem para pensar um pouco acerca do que é e como se deve estar, actualmente, na política...
Depois de analisar toda a informação que nos chegou a casa através dos diversos órgãos de comunicação social fico com a ideia que o PS olhou para Sousa Franco nestas eleições, não como um mero candidato que concorre a umas eleições europeias, mas mais como que uma espécie de "máquina" mediática capaz de chegar ao maior número possível de pessoas, por forma a angariar mais uns votos para o partido e lançar mais umas metáforas e contra-ataques políticos aos seus adversários destas eleições.
Segundo o jornalista Ricardo Costa da SIC-Notícias (por sinal, irmão do agora número um da lista do PS, António Costa), Sousa Franco chegava a ter de se deslocar a mais de dez localidades diferentes por dia, o que implicava um esforço físico exagerado para uma pessoa como Sousa Franco, com mais de 60 anos. Muitas vezes, o cansaço era bem visível na face do candidato socialista. Ora, depois do triste espectáculo que pessoas afectas ao PS, mas de facções locais diferentes, protagonizaram hoje de manhã, na lota de Matosinhos, envolvendo uma carga emocional de consequências trágicas (claro que indirectamente) para Sousa Franco, seria bom que se repensasse a forma como alguns estão na política e nos partidos.
O que o PS fez a Sousa Franco (obviamente, sem intenção) não se deve repetir: quem serve a política não se deve "escravizar" perante ela...

terça-feira, junho 08, 2004

Afinal, quem é que quer a paz?

Foi aprovado pelo Governo israelita o plano do Primeiro Ministro Ariel Sharon de retirada gradual de todos os colonatos judeus na Faixa de Gaza e desmantelamento de outros quatro na Cisjordânia, até ao final do próximo ano. Este é mais um claro sinal de como, da parte israelita, todos os esforços são visíveis no sentido de se alcançar a paz para a região do Médio Oriente.
Infelizmente, a notícia foi recebida com desprezo pelas hostes palestinianas, o que denota que há quem trabalhe efectivamente pela paz, enquanto que outros mais parecem viver da guerra e do terrorismo... De Arafat até agora nem uma palavra se ouviu, enquanto que dos líderes dos grupos terroristas palestinianos surge a acusação de que Israel quer é evitar a criação de um Estado Palestiniano!
Uma coisa parece certa. Sabendo-se que neste tema não há, entre os intervenientes, quem tenha as mãos limpas, pois, tanto israelitas, como palestinianos, têm culpas no derramar de sangue, a verdade é que, quem tem lutado mais no sentido de alcançar a paz naquela região do mundo têm sido as autoridades israelitas, desta vez, inclusivamente, com o apoio do vizinho Egipto. É caso para perguntar: afinal, a quem é que não interessa a paz no Médio Oriente?

sexta-feira, junho 04, 2004

Quotas? Só quando convir...

O tema à volta das quotas em função do género humano regressou ao debate nacional, depois de António Sousa Pereira, médico e presidente do Conselho Directivo do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar do Porto ter vindo a público aventar a hipótese de se criarem quotas para os homens nas Faculdades de Medicina, caso não se altere o modelo de ingresso nos cursos de Medicina. A polémica aumentou com as declarações do Ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, que não descartou a hipótese de serem criadas quotas masculinas para "contrabalançar o peso das mulheres na área médica".
Ora, com o suscitar deste debate, logo vieram uma série de organizações femininas (ou serão feministas?), com destaque para a "Associação Mulheres em Acção", insurgirem-se contra este, e cito, "despudorado atentado à dignidade da mulher". Não critico as mulheres que condenam a presente proposta colocada em cima da mesa. Eu próprio não concordo com esta ideia de "quotizar" a entrada de estudantes no Ensino Superior em função do sexo, mas penso ser imprescindível ter alguma coerência intelectual quando se critica uma ideia deste tipo. Ora, parece-me que esta e outras associações de mulheres não tiveram a mesma postura quando alguns partidos políticos, com destaque para o PS, implementaram a estratégia das quotas na candidatura de mulheres para a Assembleia da República. Pelo menos não as ouvi fazer tanto "barulho" como agora...
Parece-me que discriminar positivamente um dos géneros, seja o masculino ou o feminino, através da criação de quotas mínimas, com o objectivo de atingir a igualdade entre os sexos ou, como no caso em questão, melhorar a qualidade dos serviços prestados à população, constitui, porventura, o caminho mais fácil de seguir, mas, talvez seja o mais falso e o menos digno de prosseguir.
Alcançar a igualdade ou, independentemente da actividade humana em questão, diferenciar o bom ou o mau prestador de serviços, com base no sexo, parece-me uma ideia retrógrada. Pena que alguns (homens e mulheres) só se revoltem contra este tipo de ideias quando lhes convém...

quinta-feira, junho 03, 2004

Tolerância de quê?

Ontem, em pleno comício do PS para as eleições europeias, assistimos a mais uma tirada do candidato António Costa, assumindo-se como crítico de uma hipotética tolerância de ponto para o dia 11 de Junho. Mais do que isso, o número dois socialista afirmou, de fonte segura, que lhe teria chegado aos ouvidos que o actual executivo se preparava para conceder tolerância de ponto aos funcionários públicos, com o objectivo de, imagine-se, provocar um aumento propositado da taxa de abstenção. Quanta ficção impera nas hostes socialistas...
Pois bem, com que autoridade é que este ou qualquer outro dirigente socialista vem assumir-se como contra a tolerância de ponto quando, foi nos Governos de Guterres que tivémos mais tolerâncias de ponto. E será que os socialistas ainda se lembram que foi no Governo social-democrata de Cavaco Silva, aquando da passagem de uma terça-feira de Carnaval, que houve a tentativa de acabar com as tolerâncias de ponto, medida esta só não concretizada pela pressão dos sindicatos e dos socialistas, então na oposição?
Criticar é fácil, mas há que ter a consciência limpa quando se fazem críticas. E, neste caso, mais valia a António Costa ter ficado calado. Quanto a Durão Barroso, só ficou a ganhar...

quarta-feira, junho 02, 2004

O primeiro debate das Europeias...

O primeiro debate tido ontem, na SIC-Notícias, entre os cabeças de lista dos principais partidos candidatos às eleições europeias não trouxe novidades. Assistimos a dois estilos e posturas contrastantes: de um lado, os candidatos da coligação PSD/PP e do PS com um discurso fluente sobre verdadeiras questões europeias e, do outro lado, dois candidatos que não se reveem nesta UE e que apenas vão a votos com o objectivo de olearem a máquina partidária para futuras eleições e desgastarem o Governo.
João de Deus Pinheiro e Sousa Franco entiveram como peixe na água, dando a entender que sabem como funciona a UE e concedendo primazia ao discurso da negociação com Bruxelas e não à táctica do "murro na mesa", defendida por bloquistas e comunistas. Se Miguel Portas capitalizou o tema Iraque, já Ilda Figueiredo revelou-se a versão feminina de Carlos Carvalhas, portando-se como uma autêntica "cassete" mais que gasta, atropelando adversários e repetindo a mesma lengalenga de sempre.
Quanto à questão que está, por estes dias, na ordem do dia, sobre os insultos trocados entre candidatos de diversas listas, parece-me que Deus Pinheiro tem sabido colocar-se no nível exigido, enquanto que Sousa Franco, com o discurso de ontem à noite num jantar de campanha só se prejudicou a si mesmo, entrando na fraqueza de alguns em se deixarem levar pelo calor emotivo da campanha eleitoral...
Uma coisa é certa: tendo em conta as reduzidas diferenças entre a coligação e o PS em termos europeus, qualquer resultado que não seja a vitória do PS por mais de 5% é uma vitória do Governo de Durão Barroso. É que, não haja dúvidas, estas eleições vão funcionar como um autêntico referendo à política do actual Executivo. Para o bem e para o mal...