sexta-feira, julho 23, 2010

Será que podem elaborar uns exames mais exigentes, por favor?

Este ano fui corrector de exames nacionais de Geografia A. São exames realizados por alunos do 11º ano de escolaridade e que podem servir como prova específica para a entrada no ensino superior, para além de contarem (apenas) 30% da nota final da disciplina. Estes são alunos que já tiveram Geografia durante 5 anos, desde o 7º ano, e que, portanto têm a obrigação de estar preparados para a realização de exames deste género.
Pois bem, de ano para ano, o Ministério da Educação parece instruir o GAVE (organismo que elabora os exames) para que estes exames sejam cada vez mais fáceis de realizar pelos alunos. As perguntas de escolha múltipla abundam, assim como as de resposta curta e simples, ao passo que as questões de desenvolvimento escasseiam e são de exigência duvidosa.
Dou apenas um exemplo. Veja-se ao lado o tipo de questões que surgem no exame deste ano da 2ª fase. Três perguntas de resposta curta e de mínima exigência que qualquer aluno do 9º ano tem a obrigação de saber responder. Ora, estamos a falar de um exame que é para ser feito por alunos que finalizaram o 11º ano que estão quase a candidatar-se ao ensino superior. Não mereceriam perguntas mais exigentes e que servissem como verdadeira forma de distinguir os alunos que estudam daqueles que não estudam. Com perguntas tão fáceis de responder, ao nível do ensino básico, o Ministério da Educação consegue fazer passar a ideia aos alunos que não vale a pena estudar, pois qualquer um com o mínimo de esforço consegue tirar positiva no exame nacional de Geografia A.
E depois ainda vem essa organização obscura que diz representar os pais dos alunos portugueses, a CONFAP, (quantos pais representará de facto?) defender a abolição dos exames nacionais. A lógica do Ministério da Educação e da CONFAP, com ou sem exames, parece ser clara: passem-se os alunos até terminarem o 12º ano...

segunda-feira, julho 05, 2010

A propósito da futura extinta SCUT da A25

Resido em Viseu, cidade que se localiza entre Aveiro e Vilar Formoso, o principal eixo rodoviário de ligação de Portugal a Espanha. Nos anos 80, com dinheiros vindos de Bruxelas, o Governo de Cavaco Silva mandou construir a IP5. Esta rodovia com perfil de auto-estrada em alguns troços dos mais de de 200 Kms que ligavam o litoral a Espanha foi de extrema importância para o aumento das exportações portuguesas para o centro da Europa. Foi também apelida de estrada da morte, pelo facto de não haver uma semana sem acidentes trágicos.
Passados mais de 20 anos, o Governo PS lembrou-se de inventar as parcerias público-privadas na construção e manutenção de estradas. Então fez uma concessão a um grupo privado para a construção da A25 em cima do IP5, com a condição de não haver portagens para os utilizadores. Feitos troca-tintas, há agora (ou daqui a uns tempos) a hipótese de colocar portagens na A25.
Ou seja, se antes tinhamos o IP5 onde, sendo ou não perigosa em função da condução de cada um, não se pagava, agora já não temos o IP5 e somos obrigados a recorrer à A25 onde futuramente se irá pagar.
Conclusão: mas valia continuarmos a ter o IP5. Podíamos demorar mais tempo nas viagens, mas também não eramos obrigados a pagar portagens. Com este Gverno PS, futuramenta teremos duas opções: ou pagamos se quisermos circular na A25 ou teremos que recorrer à EN16, uma estrada às curvas sem as mínimas condições de circulação.
Só espero que não façam o mesmo com o IP3. Se é para construírem a nova auto-estrada Viseu-Coimbra por cima do IP3 e obrigarem-nos a pagar portagens, não gastem mais dinheiro em auto-estradas e deixem-nos ficar com o IP3...