sexta-feira, setembro 26, 2008

O triunfo das máquinas!!!

O actual Ministério da Educação vangloria-se a toda a hora como o grande protagonista da revolução tecnológica em curso na área do educação em Portugal. Depois de no ano lectivo passado, os professores e alunos do ensino secundário terem tido a possibilidade de adquirir um portátil com ligação à Internet sem fios a preços reduzidos, independentemente do real uso que lhe seria dado, eis que, no actual ano lectivo tivemos a novidade do Magalhães: um portátil de reduzidas dimensões, mas grandes potencialidades, a preços de saldo e colocado à disposição dos alunos de mais tenra idade...
Enquanto os quadros interactivos, os projectores multimédia e os computadores não são generalizados a todas as escolas e a todas as salas de aula, é já possível vermos alunos de seis anos agarrados ao Magalhães, qual "io-io" do século XXI!!! Os alunos da minha esposa, que é professora do 1º ciclo, já a questionaram várias vezes a propósito do Magalhães. E os pais também não se cansam de lhe perguntar "quando é que os Magalhães chegam aqui à escola?"
Apesar da iliteracia ser um problema em crescente evolução e do cálculo matemático mais elementar, como a tabuada, andar pelas ruas da amargura, o que está na moda, para os alunos portugueses é andar agarrado ao telemóvel e daqui a uns tempos ao Magalhães. Tudo, obra e graça deste Ministério da Educação...
Aquilo que poderia ter sido uma boa aposta, levada a sério e de forma sustentada, está a transformar-se numa "roda viva" e num problema que evidencia, por parte de muitos alunos e, sobretudo, dos próprios pais, uma possibilidade de adquirir um portátil a preço de saldos, sem controlo pelo verdadeiro uso que lhe é dado...
Só um exemplo: miúdos com seis anos que ainda não sabem distinguir as letras do alfabeto, mas que anseiam desesperadamente pelo momento de terem o seu Magalhães. Para quê? Para brincarem ou para os seus pais poderem ir à net a preços baixos? A política tem destas coisas e a caça ao voto não é desperdiçada!!!

quarta-feira, setembro 17, 2008

Um mundo (cada vez mais) virado do avesso!!!

Os mais recentes dados da FAO (Agência da ONU para a Alimentação e Agricultura) dão conta do descalabro a que o mundo chegou com a história dos biocombustíveis. Em apenas um ano a fome no mundo aumentou de 850 milhões para 925 milhões de indivíduos. Ou seja, é possível dizer que em cada seis seres humanos um deles passa fome. Vergonhoso!!! A FAO afirma que seria possível reduzir este flagelo se, por ano, fossem investidos 30 mil milhões de dólares para duplicar a produção agrícola. Ora, sabendo nós que por estes dias a Reserva Federal dos EUA e o Banco Central Europeu têm injectado dezenas de milhares de milhões de dólares no mercado financeiro para evitar a falência de instituições financeiras, facilmente chegamos à conclusão que a falta de dinheiro não é justificação razoável para que este problema não se resolva.
Para além das catástrofes naturais que atingem muitos dos países onde a fome é mais intensa, o problema principal reside, em minha opinião, na incapacidade manifestada pela ONU para saber lidar com os ditadores que (des)governam muitos dos países de África e da Ásia onde a fome atinge milhões de seres humanos. Se a ONU fosse uma organização para levar a sério, teria força suficiente para colocar na ordem parasitas políticos como o Presidente do Sudão e outros afins que enriquecem à custa do povo miserável que ignoram.
Para piorar ainda mais a situação, venderam-nos a ilusão dos biocombustíveis. Deixe-se a terra para o cultivo de bens alimentares, trate-se da vida aos ditadores e invista-se nos carros híbridos e eléctricos. Aí poderá estar a solução para resolver dois problemas de uma só vez...

quarta-feira, setembro 10, 2008

O sucesso escolar do Governo Sócrates

Argumento de José Sócrates, Maria de Lurdes Rodrigues e Valter Lemos para estes dados estatísticos: "Mais tempo de aplicação no trabalho e no estudo é o que permite melhorar".
A verdade é que, actualmente, a legislação vigente, com destaque para a catadupa de circulares que todos os dias chegam às escolas emanadas do Minsitério da Educação, quase que impede um Conselho de Turma de reter um aluno que não esteja em final de ciclo. Por outro lado, um aluno que tenha já uma retenção no seu historial escolar tem quase "porta aberta" para progredir de ano, tal é a quantidade de papéis, reuniões e burocracias que têm de se efectivar para reter esse aluno. Ah, e não nos esqueçamos da realidade dos CEF`,s, dos PIEF`s, dos cursos profissionais e das Novas Oportunidades!!! O facilitismo é tanto que só um aluno verdadeiramente "hiper-baldas" é que não consegue concluir este tipo de cursos.
Enfim, tenho pena daqueles que acreditam no que a máquina de propaganda deste Governo vai debitando para a opinião pública acerca deste suposto sucesso escolar. E, tenho pena dos professores, alguns colegas meus, que já desistiram de elevar a fasquia da exigência. No meu dia-a-dia de professor, a palavra que mais tenho ouvido nestes últimos anos é a prova de como a realidade é mais que sombria: "desilusão". Com a avaliação do desempenho docente, a tendência será para este suposto sucesso escolar aumentar. Não porque os alunos saibam mais, mas porque muitos professores já se deixaram levar pela onda do facilitismo. Infelizmente...

quarta-feira, setembro 03, 2008

Uma Justiça "troca-tintas"...

Dois juízes, o mesmo caso, decisões completamente opostas!!! Esta é a Justiça que temos, que ora se diz, ora se desdiz! Uma vergonha. A decisão da juíza Amélia Loupo a favor das pretensões de Paulo Pedroso, acusando a decisão do juíz Rui Teixeira de errada, mereceu da parte de muita gente ligada à Justiça, com destaque para o Bastonário da Ordem dos Advogados, um elogio à forma de se fazer Justiça. Caso a decisão da juíza tivesse sido outra ou venha ainda a ser numa instância superior já tinhamos mais um caso de injustiça.
O que me apetece dizer com esta história toda é muito simples. Temos uma Justiça à altura do nosso país político: pequenina e imparcial. Ainda há pouco ouvi no jornal da SIC uma notícia que deveria corar de vergonha todos aqueles que agora vieram elogiar a Justiça portuguesa: um tipo que matou a sua ex-namorada, regando-a com gasolina e ateando-lhe fogo, foi hoje libertado, depois de três e quatro meses de prisão, porque a decisão ainda não transitou em julgado, dado que tem vindo sucessivamente a recorrer para instâncias superiores e o prazo de prisão preventiva chegou ao fim. Uma vergonha... A rapariga morreu, a família sofre e o miserável do homicida que apenas levou 20 anos de pena de prisão vai agora de "férias" para casa.
A nossa Justiça é tudo menos justa. É miserável!!!