quarta-feira, março 31, 2004

Multipliquemo-nos!!!

Pelos recentes dados do INE, Portugal poderá vir a perder um quarto da sua população até 2050, como resultado da diminuição da taxa de natalidade e do crescimento da taxa de mortalidade. O problema principal reside ao nível dos valores estimados de fecundidade, que em 2050 rondarão os 1,3 crianças por mulher, o que é um valor manifestamente aquém dos 2,1 necessários para o regular índice de renovação das gerações.
Há poucos dias atrás, o Governo apresentou os "100 Compromissos para uma Política da Família", que apesar de englobar algumas medidas em defesa da família, fica algo aquém do que se exigiria de um compromisso devidamente sustentável e preocupado com o futuro populacional do País. Das 100 propostas, nenhuma tem um cariz verdadeiramente natalista, no sentido de discriminar positivamente, em termos fiscais, as famílias que tenham mais filhos.
Numa época em que cada vez há menos casamentos (e que são cada vez mais tardios) e que parece estar na moda o celibato e as uniões de facto não reprodutivas, já para não falar dos casos de homossexualidade, ainda tenho esperança que este Governo e o Ministro Bagão Félix coloquem a mão na consciência e apresentem verdadeiras propostas natalistas, a favor da família e da reprodução consciente e sustentável...

terça-feira, março 30, 2004

O escritor que vive da polémica...

Não penso ler o muito falado romance de José Saramago. Aliás, nunca consegui ler até ao fim um único romance deste polémico escritor... Por um lado, porque sou pouco dado à ficção (aliás, não percebo o que leva tanta gente a ter a necessidade de se recrear com ficções, quando a realidade é tão profícua em conhecimento e enriquecimento intelectual). Por outro lado, considero a escrita de Saramago demasiado "martelada" e assente em determinadas premissas com as quais não me revejo...
Contudo, o que mais me incomoda em Saramago é a sua propensão para, à custa da polémica fácil e do que, moral e politicamente, é controverso ganhar protagonismo para, assim, ser campeão de vendas, mesmo que para isso tenha que questionar e pôr em causa o próprio conceito de democracia...

De que se ri a esquerda portuguesa?

A esquerda portuguesa anda numa autêntica roda viva com os resultados das recentes eleições realizadas em Espanha e na França. Mesmo considerando o cariz diferenciado das eleições em causa e as diferentes razões objectivas que levaram a que os principais partidos de esquerda espanhol e francês saíssem vitoriosos dos respectivos actos eleitorias, a esquerda portuguesa não deixou de se regozijar com os resultados obtidos pelas suas congéneres europeias e tem-se desmultiplicado em artigos de opinião, dando "vivas" à suposta vassourada que a direita europeia estará a sofrer.
Atente-se no último artigo de Eduardo Prado Coelho (EPC) onde este se congratula com a recente derrota da direita francesa nas eleções regionais, dando a entender que também Durão Barroso irá colher os frutos da sua (segundo EPC) má governação. Já Mário Soares prefere profetizar a próxima grande derrota da direita, que irá, segundo ele, mudar o mundo: a de Bush nas próximas eleições americanas...
Ora, não percebo esta euforia da esquerda portuguesa com acontecimentos externos que pouco nos dizem respeito, quando internamente nos deparamos com uma esquerda sem propostas alternativas, protagonizada por um partido dominante cujo líder tem défice de carisma, falta de firmeza e se dá à vergonha de não descurar uma coligação governamental com um partido radical que se especializou na "arte" de desinformar e apelar à insurreição popular... Com uma esquerda de tão baixa categoria não sei o que leva alguns a rirem-se do que se passa lá por fora...

segunda-feira, março 29, 2004

O elo mais fraco...

Mais uma vez, os funcionários públicos vão ser beneficiados relativamente aos trabalhadores do sector privado na questão da tolerância de ponto que o Governo lhes concedeu para a tarde de 8 de Abril, Quinta-Feira Santa. Apesar de ser trabalhador do Estado, revolta-me o laxismo a que chegámos em termos de direitos laborais tidos como banais e adquiridos.
É por esta e por outras que defendo uma completa reforma da Administração Pública, que valorize a competência, a responsabilização e a produtividade, fixando regalias para os que cumprem eficazmente a sua missão e punindo os que pensam apenas no seu posto de trabalho, não como isso mesmo, mas sim como um emprego fixo e vitalício. Urge, pois que este Governo combata os vícios de que padece a Administração Pública portuguesa e que não se deixe "abalar" pela cassete dos Sindicatos. Contudo, muito mais haveria que mudar. A começar, por exemplo, pela abolição das tolerâncias de ponto e de muitos feriados que não têm razão de existir...

domingo, março 28, 2004

Menos um na lista...

António Guterres afirmou ontem que não é "candidato a candidato" e que, portanto, não pensa entrar na corrida às eleições para a Presidência da República. Mais uma dor de cabeça para Ferro Rodrigues e uma boa notícia para Soares, que, provavelmente, ainda pensa numa vaga de fundo...
Depois da intervenção de Guterres, ontem em Leiria, fica provado que Guterres se revelou um completo erro de "casting" na política portuguesa, com prestações louváveis na oposição, mas sem firmeza para estar à frente de um Governo... A forma como justificou a sua demissão do cargo de Primeiro-Ministro revela falta de carisma, aborrecimento da política e pouco sentido de Estado.
Entretanto, a guerrilha político-partidária é para durar no PS. Com a direita a sorrir...

sábado, março 27, 2004

Ainda acerca da pobreza em Portugal...

Ontem, no programa da SIC Notícias, Expresso da Meia-Noite, falou-se sobre os mais recentes números vindos a público a propósito do fenómeno da pobreza em Portugal. No dito programa, o Professor Bruto da Costa, especialista na matéria, com variadíssimos estudos realizados, explanou de viva voz algumas das considerações sobre este fenómeno, do qual alguns políticos da nossa praça se aproveitaram para fazer guerrilha poítica, com destaque para Ferro Rodrigues, Carlos Carvalhas e, o sempre incontornável, Mário Soares.
Afirmou Bruto da Costa que não se pode dizer que o fenómeno da pobreza se agudizou nos últimos anos e que, muito menos, se deve tentar equiparar a pobreza actual com a pobreza de há vinte anos atrás. E, isto porque o conceito do que é ser-se pobre evolui no tempo e a consciência que cada um tem do seu nível de vida é muito relativa e dependente das expectativas que cada um tem e, inclusivé, da literacia que se possui para responder a inquéritos, muitas vezes, incompreendidos pela população menos instruída.
Não se faça, pois, da pobreza, motivo de disputa político-partidária... Estude-se, seriamente, o fenómeno da pobreza em Portugal e, em vez de o combatermos apenas com obras de caridade, invista-se na educação, na formação profissional e na iniciativa privada...

sexta-feira, março 26, 2004

Não há ninguém que o mande calar?

Está a tornar-se algo repetitivo vir aqui tecer algumas considerações sobre as afirmações proferidas por Mário Soares. Mas, ultimamente, os disparates que esta personagem tem dito têm sido tantos, que todos aqueles que votaram neste Governo (e, convém não esquecer, foram a maioria!) não podem ficar calados perante a ofensiva que Soares e seus acólitos têm feito contra a política da maioria PSD/PP. Lá que Soares se queira meter com Portas e o seu partido, é lá com ele; agora, vir de forma recorrente intoxicar a opinião pública menos informada com autênticas mentiras, revela uma falta de respeito pela maioria que aprova a política deste Governo. Ele que deixe essa estratégia guerreira para Ferro Rodrigues e os deputados da oposição!
Desta vez, Mário Soares acusou este Governo de ter colocado Portugal na situação "mais difícil" desde o 25 de Abril de 1974. Ora, será que Soares anda com amnésia e já se esqueceu como se vivia em Portugal nos princípios da década de 80? E, será que não se recorda que foi durante o seu Governo, em 1983, que Portugal teve de recorrer ao programa de estabilização económica do FMI para ultrapassar a grave crise económica que assolou o País?
Deixo aqui apenas alguns números da situação de Portugal em 1983, cujo Governo foi liderado por Mário Soares: a inflação rondava os 26%, o défice orçamental era de 11%, a dívida externa ascendia aos 60% do PNB, a taxa de desemprego era superior a 10%, o salário mínimo era de 13 contos, a taxa de mortalidade infantil era de 2%... Convém não nos esquecermos das dificuldades porque Portugal já passou, para sabermos dar valor ao que temos no presente!

quarta-feira, março 24, 2004

Nem um pedido de autorização sabem formular!

Como é que seis mil estudantes podem ir atrás da conversa de dirigentes estudantis que marcam uma manifestação em Lisboa, desde a Cidade Universitária até São Bento, ao longo de vários quilómetros, e nem se lembram de pedir a respectiva autorização ao Governo Civil de Lisboa? Com universitários deste calibre, este país não vai longe...
Quanto às razões do protesto, são as de sempre: manifestam-se pelo reforço da acção social e contra o aumento das propinas, "esquecendo-se" de que os alunos realmente carenciados têm acesso a bolsas de estudo, residências universitárias e isenção de propinas.

Uma proposta a ponderar

Penso que a proposta apresentada pelo PS para que o horário de votação nas próximas eleições europeias seja alargado até às 22h00 só deverá ser levada a sério se tal medida for aplicada em futuras eleições e não se cinja às do próximo dia 13 de Junho.
Tendo em conta que a abstenção em Portugal tem vindo a aumentar nos últimos anos, sobretudo nas eleições para o Parlamento Europeu, mas também nas demais, e já que todas as campanhas feitas para que se valorize o acto cívico de votar não parecem dar resultado, não me incomoda nada que uma das formas possíveis de diminuir os índices abstencionistas dos portugueses passe por se alargar o horário de votação. Mas, não se deve ficar por aqui...
Não seria tempo de se reformar todo o sistema eleitoral, desde a forma como as eleições decorrem em termos de propanganda eleitoral e do processo "artesanal" como decorrem até à redefinição das regras dos candidatos eleitorais, em termos de limite de mandatos e de alteração dos círculos uninominais?
Finalmente, não me repugnaria nada que o dever cívico de votar se tornasse obrigatório ou então que se punisse de alguma forma todos aqueles que não votam, mas passam todo o tempo a queixar-se dos políticos...

Está mais que visto quem manda no PS...

O Público noticia hoje que Mário Soares está a tentar envolver António Gueterres na pré-campanha do PS para as eleições europeias. Sob o "disfarce" de um jantar-debate sobre globalização, marcado para o próximo sábado no distrito de Leiria, Mário Soares quer reunir na mesma sala, além dele próprio, Ferro Rodrigues, Sousa Franco e António Guterres, para assim captar a atenção dos meios televisivos e fazer deste acontecimento um verdadeiro show-off mediático, a cheirar a pré-campanha para as eleições do Parlamento Europeu.
Resta saber se algum dos convidados tem a coragem de responder "não" ao convite do pai dos socialistas. Entretanto, fica a certeza que quem manda no PS é, efectivamente, Mário Soares...

terça-feira, março 23, 2004

E se tivesse sido o Bin Laden?

A morte do fundador e líder espiritual do Hamas, Ahmed Yassin, por tropas israelitas foi condenada pela generalidade da comunidade internacional. Depois dos acontecimentos de 11 de Março em Madrid, importa analisar a forma como quase todos os países do Mundo, com excepção dos EUA, receberam a notícia do desaparecimento de alguém que, por trás de um corpo frágil e inofensivo, escondia o prazer pela morte e terror perpretados à população civil israelita. Estamos a falar de um homem que nunca aceitou o Estado de Israel e que afirmou jamais ceder enquanto os judeus não saíssem da "Terra Santa"...
Penso que a condenação do acto israelita é uma espécie de reacção "politicamente" correcta que tem a ver, mais com a gestão das palavras, agora que a Europa está amedrontada pelo perigo terrorista, do que propriamente com o que os líderes das Nações democráticas e livres realmente pensam, mas que não podem, para bem da população, exteriorizá-lo.
A pergunta que faço é a seguinte: E se tivesse sido Bin Laden? Também teríamos assistido a esta condenação generalizada da morte de alguém que vive da morte alheia? Lá no fundo, estou certo que a maioria dos líderes ocidentais estarão à espera que Bin Laden siga o caminho do seu "amigo" Yassin...
A única condenação que faço a Israel é a forma como liquidou este carrasco da morte. Penso que o ideal seria, no futuro, tratar estas autênticas criaturas da morte com mandatos judiciais que permitam às autoridades israelitas capturar os lideres e seguidores das organizações terroristas palestinianas e entregá-los aos tribunais independentes para que, assim, estes os possam julgar... Mas, em casos extremos, medidas extremas!

domingo, março 21, 2004

Como combater a pobreza...

A pobreza, em qualquer país do mundo, não é de fácil resolução. Contudo, quanto mais desenvolvido for o país, melhores meios haverá, em princípio, que permitam reduzir os casos de pobreza. Um país rico, não significa que tenha o mesmo nível de desenvolvimento. Atente-se por exemplo aos EUA, que apesar de serem o país mais rico do mundo, ficam atrás dos países nórdicos da Europa, em termos de desenvolvimento humano. Mas, mesmo os países mais desenvolvidos do mundo apresentam situações de pobreza, não tão graves como as existentes em Portugal, mas com dimensão considerável.
Ora, vem tudo isto a propósito dos resultados de um estudo levado a cabo por alguns investigadores portugueses, segundo o qual a pobreza em Portugal atinge, pelo menos 200 000 indivíduos. A verdade é que, apesar da melhoria geral das condições de vida dos portugueses, desde a entrada de Portugal na CEE, muito há ainda por fazer nesta problemática.
Ao contrário do que a esquerda pensa, acho que a pobreza não se combate com a política da subsídio-dependência, mas sim com uma política socio-económica sustentável, que permita o fortalecimento de uma classe média auto-suficiente, que liberte o Estado para a incumbência de tratar os casos mais extremos, relacionados com o alcoolismo, a toxicodependência ou outros comportamentos desviantes.
Ora, em relação à pobreza "escondida" existente, sobretudo, nos meios rurais e, na maior parte das vezes, relacionada com a falta de instrução da população residente, penso que este flagelo deverá ser combatido através de uma aposta clara na educação e no fortalecimento das cidades de média dimensão, capazes de servir de "escape" à mão-de-obra disponível no meio rural. Quero com isto dizer que, só tomando políticas de desenvolvimento do interior português e das cidades de média dimensão, como Viseu, Vila Real, Portalegre, Beja e outras é que se poderá diminuir a pobreza ligada à população que depende da agricultura de auto-subsistência e à população que, sem estudos, tem de emigrar ou "refugiar-se" em situações desviantes e de subsídio-dependência...
Claro que os partidos de esquerda têm dificuldade em perceber este ponto de vista e preferem apontar culpas, em vez de estudar soluções... Mas, muito mais haveria que dizer sobre este assunto de tão difícil resolução.

sábado, março 20, 2004

Não se podem queixar do tempo!

Com o dia favorável a manifestações (bom tempo, sem chuva, nem frio), foram apenas cerca de 5 000 pessoas que desfilaram pela tarde desde o Largo do Camões até à Praça do Município, em Lisboa, em defesa da paz e da retirada das tropas portuguesas do Iraque. Segundo a comunicação social, a marcha, que foi bastante publicitada, teve a participação de cerca de 90 associações cívicas, entre sindicatos, ONG`s e, inclusivé, partidos de esquerda. Ora, com tanta associação a aderir à marcha, conseguir reunir apenas cerca de 5 000 manifestantes é, deveras, confrangedor, ainda para mais, quando à frente da marcha estiveram personalidades tão conhecidas como os líderes da CGTP, do PCP e do BE...
Se tivesse chovido teriam facilmente arranjado justificação para a reduzida adesão, mas com o tempo que esteve, qual será a desculpa?

A postura da integridade e da firmeza

A posição de Cavaco Silva relativamente ao combate a travar contra o terrorismo, rejeitando o diálogo com organizações que semeim a morte de forma indiscriminada e defendendo a cooperação entre as democracias, revela bem a diferença existente entre Soares e Cavaco. Aos poucos, o pacato cidadão português (independentemente do seu partido) vai tendo a convicção firme que Cavaco Silva será um excelente Presidente da República, com uma postura institucional de seriedade, integridade e responsabilidade.
Entretanto, o PS resolveu "esconder-se" das recentes declarações de Soares sobre a sua proposta para se dialogar com os terroristas e afirmou não comentar declarações de camaradas do partido. Esquece-se é que já comentou, anteriormente, muitas declarações suas quando estas lhe convinham... Por este andar, parece que só com o desaparecimento (infelizmente!) de Soares é que o PS se libertará das suas amarras!

sexta-feira, março 19, 2004

Sondagens para todos os gostos...

Tema: Eleições para o Parlamento Europeu.
Primeira página da revista Visão: PS 47%; PSD/PP 22%.
Uma das primeiras notícias do Jornal da Noite da SIC: PSD/PP 38%; PS 37%.
Será que ainda há gente que se deixa levar pelos números das sondagens?

A diferença à vista...

A comunicação feita hoje por Jorge Sampaio aos País revela bem as diferenças de postura e intervenção que distinguem os mandatos de Mário Soares dos de Jorge Sampaio, com este último a destacar-se, positivamente, pelo sentido de Estado que o caracteriza e a independência revelada face às normais guerrilhas político-partidárias...
Como seria se, actualmente, alguém como Mário Soares estivesse no cargo de Presidente da República (PR)? Onde estariam os exemplos de independência, responsabilização e integridade que devem caracterizar a intervenção do PR? Felizmente, Sampaio tem sabido distanciar-se da conduta preconiza pelo seu antecessor...

Dialogar com quem!?

Que adjectivos se poderão utilizar para qualificar a proposta de Mário Soares no sentido de que se deve dialogar com organizações terroristas para fomentar a paz? Convém não nos esquecermos de que falamos de terroristas que pouca ou nenhuma consideração têm pela vida de inocentes e que se servem da morte alheia para proclamar os seus ideais de anti-democracia e anti-liberdade.
Nos últimos tempos, Mário Soares tem-se evidenciado, mais pela controvérsia e pela polémica, do que propriamente pela maturidade e civismo interventivos, o que para um ex-Presidente da República não é nada prestigiante... Ainda para mais, nesta sua última intervenção, Soares tenta servir-se do exemplo da descolonização levada a efeito durante o seu Governo como forma de justificar a hipótese de se dialogar com os terroristas, como se, alguma vez, a descolonização de Angola ou Moçambique fossem exemplos de paz e desenvolvimento...
Não há pachorra para os recorrentes "tiros" ao lado de Mário Soares!

quinta-feira, março 18, 2004

Uma semana para discutir a educação...

O Presidente Jorge Sampaio anunciou ontem que irá dinamizar a Semana da Educação entre os dias 4 e 7 de Maio, por forma a que o país possa discutir o estado da educação em Potugal, com destaque para os temas do abandono escolar e da escolaridade obrigatória. Penso que também se deveriam discutir outros temas como os da gestão escolar, da indisciplina e das alternativas ao ensino regular.
Esperemos que esta acção do Presidente da República tenha efeitos práticos no sentido de despertar todos os intervenientes na área do ensino (Governo, professores, pais e estudantes) para a resolução dos verdadeiros problemas da educação portuguesa e que não se assista a mais uma multiplicação de discursos que ficam no papel e que poucos efeitos práticos têm...

quarta-feira, março 17, 2004

A casa está arrumada...

Passados dois anos da eleição da maioria PSD-PP para conduzir os destinos de Portugal, começam a sentir-se os primeiros sinais de que a retoma económica está à porta e de que as contas internas estão no sentido do equilíbrio sustentável. Os livros de economia dizem que só pode haver uma verdadeira política social, havendo uma economia forte e firme. Ora, passados dois anos de sacríficios, causados pelo desastre governativo socialista e pela crise económica mundial, o Governo de Durão Barroso parece estar agora em condições de começar a aumentar o investimento público e de aprofundar algumas políticas reformistas que iniciou, com destaque para as reformas da administração pública e da administração tributária, além de concretizar diversas mudanças necessárias ao nível da justiça, da saúde e da educação.
Esperemos que os ventos da bonança avancem pelo país fora e que os próximos dois anos sejam de optimismo e de confiança nas capacidades de Potugal para vencer neste mundo cada vez mais competitivo e globalizante... Derrotemos de uma vez por todas os "velhos do Restelo" deste país! Ainda para mais agora quando esses "servos do fatalismo" se servem do medo do terror para fazer guerrilha política...

terça-feira, março 16, 2004

"Não tenham medo"

Ontem fui ver o controverso filme de Mel Gibson, "A Paixão de Cristo", que retrata as últimas doze horas da vida de Jesus Cristo, antes da sua crucificação. Muito se tem escrito sobre o(s) culpado(s) da morte de Jesus: se foram os judeus ou os romanos que permitiram o massacre infligido a Cristo. Penso que esta é uma visão muito redutora e limitada de abordar o filme, pois o essencial da obra de Mel Gibson, é quanto a mim, o despertar das consciências adormecidas que as mais de duas horas de filme potenciam no espectador mais frio e insensível.
Numa das cenas do filme, Jesus diz aos seus discípulos para não terem medo do que estará para contecer brevemente. Referia-se à sua crucificação... Neste tempo, dominado pelo medo do terror, esperemos que o visionamento de "A Paixão de Cristo" desperta nas consciências mais incrédulas e temerosas, a força que se deve ter para combater o terrorismo e todos aqueles que querem inundar de medo as sociedades democráticas e livres...

segunda-feira, março 15, 2004

A vitória do medo...

A viragem política que ocorreu ontem em Espanha, com o regresso dos socialistas ao poder, só poderá surpreender os mais distraídos, depois de analisados friamente todos os acontecimentos ocorridos nos últimos três dias, a contar desde o dia do terrível atentado que abalou Madrid e todo o mundo civilizado.
A verdade é que este acto terrorista fez com que muitos milhares de espanhóis esquecessem os quatro anos de governação da direita em Espanha e centrassem toda a sua atenção na forma possível de exprimir o seu medo em relação ao terrorismo perpetrado por diversos grupos islâmicos, que lutam contra o mundo desenvolvido, democrático e livre. Esses espanhóis (calcula-se em mais de 2 milhões) que estavam a pensar abster-se, por não terem preferência entre o PP e o PSOE, resolveram, a partir do dia do massacre, não ficar em casa e exercer o seu dever cívico, mostrando um cartão vermelho ao Governo que, segundo eles, "abriu" as fronteiras de Espanha aos grupos terroristas islâmicos... Claro que esta é uma visão muito redutora de como se combate o terrorismo, mas o povo é soberano e, só é pena que, tal como acontece em Portugal, muitos cidadãos apenas se lembrem de exercer o seu dever democrático de eleger um Governo, quando o terror e o medo os aflige.
Estas foram umas eleições longe da normalidade, dominadas, não pela razão, mas sim pela emoção e pelo medo. Desta vez, os terroristas ganharam a sua batalha e concretizaram, por agora, os seus objectivos. Mas, certamente, que irão perder a guerra que iniciaram contra os valores do mundo democrático e livre...

sábado, março 13, 2004

Quanto mais se ensina, menos os alunos sabem...

O Ministro da Educação, David Justino, admitiu quinta-feira passada que pretende reformular o ensino do 3º ciclo, acabando com algumas das disciplinas que fazem parte do programa curricular. Afirma o Ministro que os alunos, ao chegarem ao 7º ano de escolaridade, são confrontados com uma sobrecarga excessiva de conteúdos a adquirir, que tem consequências no sentido oposto.
Concordo inteiramente com este ponto de vista. Já aqui escrevi vários artigos relacionados com esta matéria. Efectivamente, a teoria segundo a qual, quanto mais se ensina aos alunos mais eles sabem, parece-me longe da realidade, sobretudo quando verificamos que vivemos numa época em que os jovens têm cada vez menos tempo para estudar em casa (onde o tempo é ocupado com a televisão e o computador) ou mesmo fora dela (com a massificação dos hobbies relacionados com o desporto, a música e outras actividades).
Actualmente, a ocupação do tempo extra-escola é cada vez menos dedicado à própria escola. Ao chegarem a casa, os nossos jovens, na sua maioria, só voltam a pegar nos livros e cadernos no dia seguinte e, cada vez mais, só se estuda para os testes de véspera. Por isso, concordo com o Ministro na ideia de que para se saber mais, não basta leccionar mais conteúdos. Deve ocorrer precisamente o oposto: transmitir conhecimentos mais específicos, apostando em poucas disciplinas, mas cujos objectivos são mais fáceis de atingir. O que se passa agora é que um aluno do 3º ciclo tem mais de 10 disciplinas, muitas das quais, só leccionadas uma vez por semana, o que inviabiliza a possibilidade de haver qualquer tipo de ensino regular e acompanhado assiduamente pelo professor.
O aspecto negativo desta proposta ministerial é o facto de se preparar uma nova revisão curricular quando a actual tem menos de cinco anos. Ou seja, o ensino não pára de andar aos "trambolhões", ao sabor das ideias de cada Ministro...
Para quando alguma estabilidade ao nível da Educação?

sexta-feira, março 12, 2004

A mensagem que alguma esquerda estava à espera...

A notícia do envio de uma carta a um jornal árabe do Reino Unido, reivindicando o atentado ocorrido ontem em Madrid, em nome da Al-Qaeda, vai, certamente, servir de arma de arremesso contra o Governo de Durão Barroso, por este ter defendido a participação de Portugal na luta internacional contra o terrorismo. Estou já a imaginar Louçã, Carvalhas e companhia a virem, de cabeça erguida e voz grossa, exigir explicações do Governo português sobre a situação ocorrida em Madrid, servindo-se deste crime horrendo para justificar a postura que a esquerda ortodoxa portuguesa teve contra a luta anti-terrorista iniciada no pós 11 de Setembro.
Nos próximois dias, caso se confirma a mão da Al-Qaeda no atentado de Madrid, lá virão os "profetas" da desgraça afirmar que eles é que tinham razão em defender que Portugal nunca se deveria ter coligado aos EUA na luta contra o terrorismo. Lá teremos que aturar o Bloco de Esquerda, os comunistas e, quiçá, até alguns socialistas mais ortodoxos, num autêntico aproveitamento político-partidário do terrorismo, que deveria envergonhar qualquer pessoa civilizada que defenda a democracia e a liberdade. Esperemos pelos próximos episódios...

quinta-feira, março 11, 2004

As palavras não chegam para combater o terrorismo!

O dia de hoje acordou de forma trágica com o atentado terrorista ocorrido bem aqui ao lado em Espanha, com consequências trágicas em termos de número de mortos e feridos, já para não falar de toda a carga psicológica e emotiva subjacente.
No Parlamento português, todos os grupos parlamentares manifestaram repúdio pelo atentado perpretado contra alvos civis. No entanto, mais uma vez, a esquerda ortodoxa portuguesa, com destaque para o PCP e o BE, veio com palavras dúbias, contrastantes com o facto de alguns elementos da esquerda portuguesa terem já, no passado, feito declarações na defesa da independência do País Basco. Claro que agora todos condenam a estratégia da ETA, mas para se combater o terrorismo não basta condenar os actos terroristas. Deve-se ir às próprias causas desse terrorismo.
Claro que já se ouvem vozes na esquerda a dizer que este atentado nada tem que ver com a ETA, mas sim com a acção de grupos terroristas árabes. Ora, tal ideia demonstra duas posições: por um lado, a de que a esquerda não quer acreditar que a ETA seja capaz de matar tanta gente, esquecendo-se que um atentado que mata duas pessoas só difere de outro que mata duzentas nos números, pois ambos os actos são condenáveis e execráveis na mesma; por outro lado, parece que alguma esquerda retrógrada espera que os atentados terroristas cheguem aos países da coligação como prova da defesa da sua condenação à invasão do Iraque...
Uma coisa é certa. O terrorismo combate-se não com palavras vãs, mas com posições coerentes e medidas concretas e firmes de condenação às exigências desses grupos terroristas...

quarta-feira, março 10, 2004

Estranha forma de exibir alegria!

Assisti há poucos minutos a uma reportagem da TVI sobre as comemorações que ontem à noite, tiveram lugar na cidade invicta, depois do empate do F.C. Porto em Manchester... Na dita reportagem apareciam grupos de adeptos do F.C.P. a abanarem com toda a força automóveis, autocarros e até um carro-patrulha da PSP, como forma de expandirem alegria pela passagem do seu clube aos quartos de final da Liga dos Campeões.
Prefiro não falar sobre a jogo em si, nem comentar as declarações de Pinto da Costa sobre a arbitragem do jogo, mas não quero deixar de condenar a forma, no mínimo, "animalesca" e pouco civilizada como muitos dos adeptos do F.C.P. vieram para as ruas do Porto festejar a eliminação do Manchester... Por último, acho que também não valerá a pena falar sobre o elevado número de vezes que ouvi os adeptos do F.C.P. proferirem a palavra Lisboa quando cantavam hinos ao seu clube!

terça-feira, março 09, 2004

O "embrião" de uma nova democracia

Ontem foi aprovada, de forma unânime, pelo Conselho de Governo Transitório do Iraque, o texto da Constituição Provisória do país, o que revela uma clara convergência entre sunitas e xiitas, no sentido de tornar o Iraque numa verdadeira Nação democrática e livre, capaz de servir de exemplo impulsionador da "revolução" democrática que se quer vigente nos países autoritários do Médio Oriente, por forma a termos um mundo mais seguro.
Claro que este acontecimento, de importante cariz decisivo, foi ignorado por todos aqueles, que sendo ou não de esquerda, se opuseram à intervenção da coligação liderada pelos EUA, no sentido de virar a página numa região do mundo onde grassa o terrorismo e o ódio à liberdade e à democracia.
Hoje, os Louçãs e os Carvalhas deste país ficaram calados e fizeram-se despercebidos! Será que esta esquerda ortodoxa também irá ficar muda quando o povo iraquiano puder, finalmente, exercer o seu direito democrático e livre de eleger os seus governantes?

Polémica abortada. Felizmente...

Hoje, assistiu-se, no programa da RTP1, Prós & Contras, a uma tentativa de desvio de atenção de uma assunto muito sério como a educação para uma pseudo-polémica recentrada no direito ou não dos casais homossexuais poderem adoptar. Esta atitude, oportunisticamente subtil, foi desencadeada pelo antropólogo Miguel Vale Almeida que, munido de documentos de organizações americanas e papelada diversa tentou fazer passar a ideia de que a questão da educação das crianças terá que ver alguma coisa com a possibilidade dos casais homossexuais poderem adoptar crianças.
Felizmente que o economista João César das Neves chamou a atenção para essa estratégia laboriosa de Vale de Almeida e seus "acólitos", recolocando o debate no tema inicialmente proposto. Desta forma, a comunidade homossexual viu frustadas as suas ambições de protagonismo mediático...
Neste programa ficou bem demonstrado até que ponto a comunidade homossexual portuguesa é capaz de ir para tentar fazer das crianças mais frágeis uma autêntica arma de "arremesso" contra aquilo a que esta comunidade apelida de "homofobia", mas que, no final de contas, se resume apenas à tentativa de polarizar a questão principal nos direitos das crianças e, não, nos supostos direitos de adopção por parte dos homossexuais.
Esperemos que, de uma vez por todas, quando se falar em educação de crianças, não se dê mais ouvidos à vitimização constante protagonizada pela comunidade homossexual no sentido de querer transformar um assunto tão sério como a adopção de crianças abandonadas numa questão de conquista de um suposto direito social abrangente...

segunda-feira, março 08, 2004

Uma porta "entreaberta"...

A apresentação, hoje, do 2º volume da autobiografia de Cavaco Silva, pelo próprio, resultou num claro sinal de que Cavaco estará à espera que as eleições presidências se aproximem para se apresentar como candidato às mesmas. O ex-Primeiro Ministro foi elucidativo nesta questão ao afirmar que seria de uma enorme deselegância assumir uma candidatura presidencial quando Sampaio ainda tem um mandato de cerca de dois anos pela frente.
Por outro lado, Cavaco Silva é bastante frontal quando afirma que Soares não teve uma conduta de total independência e isenção aquando do seu segundo mandato, o que denota em Cavaco uma postura completamente diferente da de Soares e mais próxima da apresentada por Sampaio.
A reacção de Santana Lopes à apresentação do livro evidencia nervosismo e má fé, o que só beneficia o próprio Cavaco Silva. Boas notícias, portanto...

sábado, março 06, 2004

O "perigo" da banalização dos recursos judiciais

A leitura atenta das notícias vinculadas ontem e hoje, de que o ex-Presidente da Câmara Municipal da Guarda, Abílio Curto, foi detido para cumprimento de uma pena de prisão por crime de corrupção passiva, permite facilmente concluir dos malefícios que a banalização dos recursos judiciais trazem para a imagem da Justiça portuguesa.
Repare-se que, no caso em questão, Abílio Curto havia sido julgado em 17 de Maio de 1998 (há quase seis anos!)e condenado a cinco anos e meio de prisão. Contudo, a defesa do antigo autarca recorreu da decisão para o Supremo Tribunal de Justiça, para o Tribunal da Relação de Coimbra e para o Tribunal Constitucional. Com esta estratégia, o ex-autarca beneficiou, pelo meio, do perdão de dois anos de pena pela Lei da Amnistia de 1995 e de mais um ano pela Lei da Amnistia de 1999, o que significa que só terá de cumprir dois anos e meio de prisão!
Deixo duas perguntas. A possibilidade de "multiplicar" os recursos servem a quem? Que utilidade têm as amnistias?

sexta-feira, março 05, 2004

A estratégia do facilitismo

A hipótese avançada ontem pelo Ministro da Educação, David Justino, de se instituírem exames nacionais no 6º ano de escolaridade, com peso na nota de final de ano dos alunos, foi já criticada pela oposição parlamentar, mas também, surpreendentemente, pela Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) e por diversos representantes das associações de professores de Matemática e de Português.
Quais as razões que levarão a que, tanto a opsição, como os pais e os professores, não queiram que os alunos sejam avaliados no final do 6º ano, que irá corresponder, caso a proposta do Governo da nova Lei de Bases da Educação seja aprovada, ao ano de passagem do novo ensino básico (1.º ao 6.º ano) para o secundário (7.º ao 12.º ano)?
Quanto ao PS, PCP e BE, o mais certo é que a sua oposição às pretensões do Governo tenha apenas que ver com razões de oportunismo político-partidário, por forma a desgastar o trabalho desenvolvido pelo Ministério da Educação e, assim, aproveitar a onda de constestação dos sindicatos de professores.
No que concerne à Confap, as motivações para a sua posição negativa em relação à proposta de David Justino terá que ver, talvez, com o facto de, com esta nova "fornada" de exames, se verificar uma elevação do nível de exigência relativamente às capacidades cognitivas dos alunos, o que não deverá agradar a muitos pais. Contudo, não acredito que esta Confederação seja realmente representativa da maioria dos encarregados de educação, pois todos sabemos que a maioria dos pais não se deixam envolver neste tipo de associações, que muitas vezes servem apenas de meio de "trampolim" para outros voos de protagonismo a nível local.
Finalmente, que dizer das afirmações dos representantes dos professores de Matemática e de Português? Será que veem estes exames como um obstáculo à antecipação das suas férias de Verão ou mais como uma forma de os obrigar a cumprir o programa?
Como professor, penso que deveríamos voltar ao nível de exigência dos anos 80, em que, com ou sem exames, só transitava de ano quem realmente demonstrasse ter capacidades para tal. Infelizmente, nos últimos anos, tem-se verificado, regra geral, um maior facilitismo no ensino, sobretudo nos primeiros anos de escolaridade, que faz com que tenhamos muitos alunos nos 7º e 8º anos de escolaridade que não saibam localizar Portugal no mapa, desconheçam a diferença entre monarquia e república e que só consigam (quando conseguem!) fazer contas de somar e subtrair.
Tanto facilitismo, porquê?

quarta-feira, março 03, 2004

Manual de resolução de problemas (a propósito do aborto)

Quando surge um problema, seja de que nível for, há duas formas de o encarar: desenvolvendo soluções que visem acabar com as causas que estão na origem desse problema, ou então, virando as costas ao dito probema, fazendo de conta que o mesmo não existe.
Digo isto porque, no debate que hoje teve lugar na Assembleia da República sobre o tema da despenalização do aborto, foi possível constatar que existem duas formas de fazer frente ao problema do aborto: uma, protagonizada pela esquerda política que vê o aborto, não como um problema, mas como uma necessidade que deve estar ao dispôr de uma qualquer mulher que, simplesmente, não quer ser mãe e, outra, bem diferente, que tem em conta que o aborto é um problema civilizacional, que urge combater nas suas causas primárias.
Ora, acho esta última maneira de encarar o problema do aborto como a mais razoável e a que mais se coadugna com uma sociedade que quer preservar os seus valores éticos e morais e, não como diz o povo, de "fugir com o rabo à seringa".
Dou três exemplos. Será que para o problema do alcoolismo o melhor deverá ser pôr à consideração de cada um a quantidade de álcool que quer ingerir ou, pelo contrário, combater as causas psicológicas que levam a esta doença? Será que para o problema do insucesso escolar o melhor será baixar o nível de exigência, para assim termos mais alunos a transitar de ano ou, pelo contrário, combater as reais causas que levam a este problema educacional? Será que para o problema da droga o melhor será "conceder" livremente estupefacientes aos toxicodependentes ou, pelo contrário, combater as causas sociais que levam a este flagelo?
Para qualquer problema (com excepção da morte) há uma solução, que deve passar pelo combate às suas causas e não pela assunção de um "fechar de olhos" ao dito problema. Por isso, concordo com a direita portuguesa que considera que o aborto deve ser abordado numa estratégia de combater as causas sociais, psicológicas, familiares ou outras que podem levar uma mulher a considerar a hipótese de interromper voluntariamente uma gravidez.

Uma proposta útil e eficaz...

Muito (mal) se tem dito e escrito da Ministra da Justiça e da sua (suposta) inabilidade para estar à frente de um Ministério que, há muito, necessitava de reformas e mudanças estruturais. Contudo, aos poucos e de forma gradual, têm vindo a público notícias de alterações, sobretudo nos sistemas judicial e prisional, que apontam para uma melhoria considerável na forma de fazer justiça.
Uma dessas propostas inovadoras tem que ver com a possibilidade da criação de uma nova pena de trabalho a favor da comunidade, considerada como sanção principal e de aplicação imediata para certos crimes e não apenas em substituição à prisão. De facto, o Ministério da Justiça está a ponderar um conjunto de recomendações apresentadas no relatório da comissão de estudo presidido por Freitas do Amaral e que têm como principais objectivos humanizar as prisões e tornar mais eficazes as penas a cumprir pelos condenados, tanto para o bem da sociedade em geral, como para a própria reinserção social dos indivíduos prevaricadores.
Penso que, a generalizarem-se, para determinados crimes, as penas de trabalho a favor da comunidade, se está a dar um passo importante para que os indivíduos condenados por certos crimes pouco "ofensivos" (claro que não me estou a referir a crimes de sangue) possam cumprir uma pena, não num género de "pensão dormitório", que é o que são muitas das nossas prisões, mas sim num âmbito produtivo, útil e de esforço para o condenado.
Aos poucos, as reformas na área da Justiça vão sendo implementadas... Apesar de todo o barulho de fundo!

segunda-feira, março 01, 2004

De olhos (quase) fechados...

Este é o sentimento com que muitos dos mais de 100 000 professores iniciaram o dia de hoje, que marca o começo de mais uma longa caminhada na procura de uma vaga numa qualquer escola perto de casa. Ao longo dos próximos oito dias, milhares de professores e de candidatos a esta profissão vão estar "embrulhados" em impressos de candidatura e centenas de folhas com códigos de escola, embuídos na arte de investigar para tentarem saber quais as hipóteses que têm de ficar numa escola da sua preferência.
É quase um tiro no escuro, pois com a diminuição de vagas existentes e as "trocas e baldrocas" que ocorreram no ano passado, a confiança da maioria dos professores no novo sistema de colocação de docentes não é das melhores.
Quantos casais vivem separados ao longo da semana, por um dos cônjuges ou os dois, se encontarem longe de suas casas a leccionar? Quantos professores vivem no sobressalto de, no próximo ano, terem que ir para outra escola situada bem longe de casa? Quantos professores leccionam há dez ou mais anos sempre a "saltar" de escola em escola?
Não é uma vida fácil... Este é o sexto ano em que dou aulas, sempre em escolas diferentes, de regiões diferentes e, apesar de já estar vinculado (numa zona a mais de 100 Km de casa), não sei se no próximo ano ficarei ou não, finalmente, perto de casa. Já nem falo daqueles que não estão vinculados ou dos que acabaram uma qualquer licenciatura em ensino, pois as suas expectativas devem ser tão baixas, que, provavelmente, nem devem ter tempo para stressar...