quinta-feira, julho 31, 2008

Férias pelos caminhos de Portugal...

Agosto, mês de férias. Mas, isso não tem necessariamente de coincidir com confusão e multidão. Geralmente, este é o mês em que Portugal se "inclina" para o litoral, com milhões de portugueses (entre eles dezenas de milhares de emigrantes) e estrangeiros a deleitarem-se com o mar e o sol portugueses...
Para mim e para os meus, férias é sinónimo de sossego, descanso e descoberta. Por isso, eu, a minha esposa e os nossos dois filhotes estamos a passar as nossas férias da melhor maneira possível. Isto, claro, no nosso modo de pensar. Estamos a percorrer o país cultural e ambiental que temos e não apenas o país balnear, resumido às praias muito concorridas nesta altura do ano.
Depois de já termos visitado muitos dos belos castelos que possuímos, iremos percorrer, uma vez mais, as regiões minhota e duriense. Aliás, já há alguns anos que por esta época do ano nos deslocamos para o Gerês e partimos à descoberta do muito que esta região tem para oferecer aos forasteiros. Desta vez, com duas crianças de tenra idade a cargo iremos privilegiar o descanso entre o rio e o mar do Noroeste português e não tanto os caminhos pedestres minhotos...
Mas, pela primeira vez desde o nascimento dos nossos filhotes, iremos estar alguns dias em Lisboa, a fim de visitar o muito que a nossa capital e a região que lhe está em redor tem para oferecer: as deslumbrantes sete colinas e os seus bairros típicos, a riqueza cultural da Baixa pombalina, a animação do Parque das Nações e a grandeza arquitectónica da zona de Belém, mas também a alegria para as crianças do Jardim Zoológico, a beleza das praias da zona Oeste, o aconchego do Parque Natural Sintra-Cascais e a beleza da Arrábida... Muito há para ver e sentir neste Portugal longe da confusão balnear.
Há pois que dedicar por inteiro este período de férias à família, pelo que durante os próximos dias não irei frequentar a blogosfera. Assim, desejo umas boas férias a todos os que aqui me costumam visitar...

sexta-feira, julho 25, 2008

Os bairros (anti)sociais das nossas cidades: o caso de Viseu

Graças a um vídeo dado a conhecer ao mundo por um anónimo, os problemas dos ditos "bairros sociais" tornaram-se em tema de debate nacional nestas últimas duas semanas. Tal como já havia acontecido com as filmagems de uma aluna a agredir uma professora numa escola do Porto, agora foi a vez de um vídeo com um tiroteio na Quinta da Fonte, em Loures, qual faroeste português, ter chamado a atenção dos mais distraídos para os problemas decorrentes do autêntico caos urbanístico que muitas autarquias, com o beneplácito do Estado central, têm levado a cabo com a edificação de "bairros sociais" que apenas têm servido de prova à incapacidade social de muitos engenheiros e arquitectos para este tipo de função.
A edificação de qualquer bairro destinado a agregados familiares de baixos recursos financeiros (os chamados bairros sociais) deveria ser alvo de um verdadeiro trabalho de equipa, com a intervenção de engenheiros e arquitectos, mas também de sociólogos, geógrafos e assistentes sociais. Ora, pelos vistos as entidades competentes apenas se têm interessado em edificar autênticos blocos de cimento, tirados a papel químico uns dos outros, onde as paredes monótonas e sombrias parecem ser intermináveis...
Dou-vos a conhecer a "Quinta da Fonte" de Viseu, o Bairro da Balsa, situado a menos de 500 metros do centro de Viseu e cujos casos de violência não são assim tão escassos. Apenas não têm sido, por enquanto, alvo de filmagens de alguém que mande o vídeo para a SIC. Este bairro, constituído por cinco filas de blocos de apartamentos, onde imperam as paredes fechadas, sem se vislumbrarem varandas, apresenta uma qualidade urbanística bastante reduzida. Durante o dia, é possível verificar muitos dos seus residentes encostados às paredes de cada prédio, sem fazer nada. Há quem diga (não sei se é verdade) que por lá muitas das casas estão completamente descaracterizadas, com pessoas a quererem praticar agricultura dentro de banheiras e que nalgumas casas há mais cães e gatos do que pessoas. Certo é que a monotonia e a opacidade são aqui ponto de ordem. À noite impera o sentimento de insegurança. O espírito de solidariedade e de vizinhança parece inexistente. Enfim, a vida bairrista é uma nulidade... Analisando bem a foto, parece estarmos na presença de um estabelecimento prisional, onde a repetição e a monotonia são ponto de ordem...
Esperemos que a construção de "bairros sociais" não perdure por muito mais tempo. Quanto às soluções, criem-se incentivos à requalificação dos bairros construídos nas décadas de 70, 80 e 90 e pratique-se uma verdadeira política social que não permita a edificação de autênticos guetos, autênticos denotadores de insegurança, marginalidade e violência. Ah, e não nos esqueçamos que o Estado não pode ser permissivo com aqueles (muitas vezes uma minoria dentro dos bairros) que, julgando-se líderes de massas, são o foco principal da má vivência existente nestes locais da cidade. E, já agora, não é de ignorar os malefícios causados pela inactividade que o Estado alimenta junto dos residentes destes espaços urbanos. É que não é por acaso que 90% dos habitantes da Quinta da Fonte vivem dos subsídios do Estado!

domingo, julho 20, 2008

Sobre a possibilidade do casamento entre homossexuais, Ferreira Leite foi, como se esperava, séria e frontal...

A líder do PSD afirmou há pouco tempo que não existem razões objectivas para "atribuir o mesmo estatuto àquilo que é uma relação de duas pessoas do mesmo sexo igualmente ao estatuto de pessoas de sexo diferente". Ou seja, aqueles que apelidam de igual aquilo que é diferente não são sérios e apenas tentam camuflar a verdade à custa do politicamente correcto.
Alguns países governados por partidos de esquerda entraram na onda de legislar por forma a colocar na mesma balança homossexuais e heterossexuais no que toca à aquisição de determinados direitos cuja aplicação deveria requerer a existência de alguns pressupostos. É o caso do casamento, instituição basilar de qualquer sociedade que se queira sustentável, mas sobretudo o caso da adopção de crianças...
Tal como a concessão de beneficios fiscais exige que se cumpram determinados requisitos, também a concessão do direito ao casamento exige que se cumpra o requisito de estarmos na presença de duas pessoas de sexo diferente. Apelidar de retrógrados todos aqueles que são contra o casamento de pessoas do mesmo sexo apenas demonstra que a vitimização e o ataque pessoal são as principais estratégias utilizadas pelos defensores dos casamentos homossexuais. Qual a razão que os leva a não responderem a uma questão tão simples como esta: apelidar de igual aquilo que é diferente não constitui falta de seriedade na discussão pública deste tema?".
Existe alguma lei em Portugal que impeça que dois homens ou duas mulheres queiram viver juntos? Não. Agora quererem ter os mesmos benefícios de uma verdadeira família, fazendo de conta que dois homens juntos ou duas mulheres juntas formam uma família, é que é ter a atitude da avestruz: fazer de conta que o que é diferente é igual...
Por isso, revejo-me nas afirmações de Ferreira Leite: "A sociedade está organizada e tem determinado tipo de privilégios, tem determinado tipo de regalias e de medidas fiscais no sentido de promover a família". "Quanto aos casamentos gay, chame-se-lhes o que se quiser, não se lhes chame é o mesmo nome. Uma coisa é o casamento, outra é outra coisa qualquer".
Quanto à questão da procriação, apenas uma nota. Ao contrário do que Sócrates tem dito, Ferreira Leite não disse que a procriação é a principal função da família, mas sim um dos seus objectivos. E essa função, do ponto de vista biológico, a união entre pessoas do mesmo sexo não permite... Sócrates pensa que se torna mais moderno por se permitir o casamento entre homossexuais. Está redondamente enganado! Este não é um assunto de modernices...

domingo, julho 13, 2008

O verdadeiro Estado da Nação...

Cada um de nós consegue percepcionar, no seu dia-a-dia e na relação com os outros, o estado socio-económico do país. Podemos ainda recorrer às estatísticas para percebermos até que ponto Portugal, no contexto europeu e mundial, está no bom ou mau caminho.
Por outro lado, há que saber distinguir estado da governação de estado da Nação, apesar de, muitas vezes, estas duas avaliações estarem muito próximas uma da outra.
Desde os tempos do Governo de Guterres que se apostou numa política social de "financiamento" da pobreza instalada, com a concessão indiscriminada de subsídios, rendimentos mínimos e abonos aos que declaram baixos rendimentos, tendo-se ignorado a diminuição constante do poder de compra da classe média, nomeadamente dos funcionários públicos. Agora temos os resultados dessa política: os pobres de há dez anos continuam pobres e a classe média empobreceu. O endividamento das famílias aumenta. O desemprego aumenta. A emigração aumenta. A insegurança aumenta. Enfim, o país está sem um rumo definido, dependente dos ventos que soprem de Bruxelas...

quinta-feira, julho 10, 2008

Acabe-se com esta vergonha!!!

A menos de 500 metros do principal shopping-center da região Centro do país (o novo Palácio do Gelo) e à beira da principal entrada rodoviária de Viseu assiste-se, há muitos anos, a um triste espectáculo de prostituição de rua, onde coabitam miséria, imundice, mau exemplo e falta de higiene. Uma vergonha!!!
A Câmara Municipal de Viseu sabe há muito tempo desta situação e nada tem feito para acabar com este problema social. Alguns poderão dizer que não é competência camarária acabar com a prostituição de rua, mas não tenhamos dúvidas que a protecção do espaço público é um dos deveres das autarquias. E naquele "buraco" à beira da estrada assiste-se ao completo desprezo pelo espaço público.
Por outro lado, desde o tempo do Estado Novo que parece que os poderes públicos têm feito da prostituição de rua um tema tabu. Ninguém ousa falar sobre o tema. Pelo contrário, na Itália estudam-se propostas que visam controlar a crescente prostituição nas ruas, avançando-se com soluções como a criação de distritos reservados para a prostituição, assim como a legalização dos bordéis e a aplicação de penas de prisão perpétua para os condenados de praticarem actos de lenocínio.
Enquanto não aparecer um Governo que tenha a coragem de alterar a actual (des)lei que se aplica sobre a prostituição teremos que continuar a conviver com esta vergonha de vermos mulheres a "venderem-se" em pleno espaço público, muitas vezes em condições de autêntica imundice, que dão uma imagem vergonhosa de algumas zonas das nossas cidades. Torne-se ilegal a prostituição de rua e certamente que estas vergonhas terão os dias contados...

sábado, julho 05, 2008

Vergonha às portas de Viseu

Vivo em Viseu há cerca de cinco anos. A impressão que tenho da cidade para se viver é bastante positiva: a existência de ordenamento urbano, de boas acessibilidades, de muitos espaços verdes, de comércio diversificado e de um razoável índice de segurança. Enfim, uma cidade média onde vale a pena viver...
Infelizmente, habituei-me a ter de assistir, numa das principais entradas da cidade junto à A25 (por onde passo todos os dias rumo ao meu local de trabalho) à forma ilegal, mas sobretudo imunda, como uma família de ciganos se fixou num local à vista de todos aqueles que entram na cidade vindos de Sul. No entanto, outras duas entradas da cidade (a Norte e a Oeste) apresentam também sinais de invasão por parte de elementos desta comunidade étnica. Numa cidade que honra a limpeza, o planeamento e o bem-estar, não se percebe como é que as autoridades locais não colocam ordem nesta situação. Em cinco anos que levo de vivência nesta cidade não tenho visto, por parte das autoridades responsáveis, a adopção de uma verdadeira política de erradicação destas barracas que povoam as entradas da cidade. O mesmo se poderá dizer em relação a duas zonas da cidade frequentadas por prostitutas e que ficam à vista de todos aqueles que se dirigem para a cidade vindos de Sul e Oeste. Veja-se a foto que mostra bem a forma impune como a sujidade impera à beira da estrada em plena cidade de Viseu...
Estes são dois dos problemas que atingem muitas das cidades portugueses e cuja resolução parece não ter efectividade. Por medo, por desleixo ou simplesmente por incapacidade, considero miserável que em pleno século XXI tenhamos que continuar a ter barracas de ciganos e zonas de prostituição à vista de toda a gente em muitas das entradas de cidades portuguesas. Não defendo a guetização destas situações, mas tão só a sua erradicação, através de uma política séria de integração social!!!

terça-feira, julho 01, 2008

A multiplicação dos pobres...

Vivo em Viseu há apenas cinco anos, os mesmos que levo de casado. Neste período de tempo, a vivência nesta cidade média do Interior, permitiu-me compreender até que ponto a pobreza urbana, até agora característica das principais cidades do litoral (nomeadamente Lisboa e Porto) se propagou um pouco por todo o país, qual praga nacional do século XXI...
Nos últimos tempos, os sinais da carência porque passam muitas pessoas deste país (contam-se nas estatísticas 2 milhões de pobres em Portugal) começaram a ser mais evidentes, fazendo lembrar as paisagens urbanas de mendicidade de muitas das avenidas de Lisboa quando por lá estudei há uma década atrás.
Passei a minha adolescência na Covilhã e nunca por lá vi um mendigo na rua a pedir esmola. Quanto muito, apareciam alguns ciganos vindos das aldeias em redor a tocar à campainha de casa para pedir alimentos e roupas. Depois, com 18 anos, fui estudar para Lisboa e não havia dia que não passasse por algum mendigo, fosse no metro, à entrada dos shoppings ou nas artérias mais importantes da cidade. Em 2003 fixei-me em Viseu e raramente via alguém na rua a pedir (quanto muito à terça-feira, dia da feira semanal, lá apareciam ciganos a pedir na Rua Direita). Mas, de há uns meses a esta parte a mendicidade parece não abrandar e, cada vez que me desloco para o centro de Viseu, é raro o dia em que não encontro pessoas idosas sentadas no chão a pedir dinheiro para comer, romenos com bebés ao colo a suplicar esmola junto aos semáforos, crianças com cães "amestrados" a pedir dinheiro aos transeuntes, enfim, episódios intermináveis de pobreza... E, volto a lembrar, numa cidade do Interior do nosso país...
Hoje resolvi levar a máquina fotográfica para o Rossio e não faltaram oportunidades para registar a prova de como aquilo que digo é verdade...