domingo, junho 25, 2006

E já passaram 6 meses!

Muitas vezes, o tempo passa sem nos darmos conta do muito pelo que já passámos (desde alegrias e euforias até angústias e desilusões) a partir do momento em que um dado acontecimento marcou de forma intensa e definitiva a nossa vida.
Neste último meio ano, a Diana preencheu todas as minhas prioridades e foi decisiva no rol de emoções e sentimentos que nortearam este período temporal. Desde o seu nascimento que muito daquilo que era importante na minha vida passou para o conjunto de aspectos que passei a considerar como acessórios para a minha realização pessoal: as idas ao cinema, a frequência nocturna e de fim-de-semana de bares, as idas a concertos rock no Coliseu de Lisboa e aos festivais de música de Verão, a prática do ciclismo ou do snoocker, a escrita diária na blogosfera e até o rigor e disciplina com que me encontrava a desenvolver a minha tese de mestrado... Enfim, desde o dia 25 de Dezembro de 2005 que a minha vida passou a ter um novo sentido.
Ser pai foi, até hoje, o acontecimento que mais felicidade me deu e continua a dar: saber que, de segunda a sexta-feira, ao chegar a casa vindo do trabalho, tenho a pequena Diana, com aquele sorriso cheio de alegria e inocência, à espera do meu colo e das minhas brincadeiras, torna-me na pessoa mais feliz do mundo. Todos os pequenos problemas materiais, que às vezes parecem enormes, tornam-se pequenos nadas ao saber que a minha filhota está bem e é feliz...
Costuma-se dizer que um homem só é homem quando plantar uma árvore, escrever um livro e se tornar pai. Não é bem assim... Depende da forma de como se exerce o papel de pai! Claro que são três situações incomparáveis, mas não há dúvida que ter a consciência que se é um bom pai torna qualquer um num verdadeiro homem. Como professor, sei bem das angústias de muitos filhos que dizem ter tido a falta de apoio dos seus pais ou daqueles que, por nunca terem tido o Amor dos seus progenitores se transformaram em indivíduos problemáticos, desvairados e sem objectivos de vida...
Ser um bom pai é das maiores responsabilidades que um homem pode ter. Não é algo que se concretize por se ter dinheiro no bolso para satisfazer os desejos dos filhos ou para pagar a alguém que cuide deles. É um compromisso que requer muito empenho, dedicação e vontade expressa. E é isso que falta a muitos pais e filhos... Espero, sinceramente, estar sempre à altura do meu maior desejo pessoal: "fazer" da Diana uma jovem que possa, quando crescida, orgulhar-se da educação que teve...

terça-feira, junho 20, 2006

Reformas, natalidade e envelhecimento: uma tríplice aguda...

A proposta do Governo para reformar o sistema de Segurança Social já avançou, apesar da "overdose" de futebol estar a distrair muitos portugueses deste tema de carácter decisivo para o futuro do nosso país...
Por um lado, penso que esta reforma deveria ir muito mais além no que aos cargos públicos, nomeadamente políticos diz respeito, acabando com muitos dos benefícios que continuam vigentes na lei para presidentes de autarquias, deputados, gestores públicos e outros. Há que ter a coragem política de acabar com benesses e mordomias para esta classe mais que privilegiada.
Por outro lado, considero de muito pouco alcance e, praticamente, inócuas as medidas previstas para combater o envelhecimento da população portuguesa, pois não é com aumentos "caritativos" do abono de família que se conseguirá aumentar o índice de fecundidade em Portugal.
Bem sei que me seria muito mais fácil vir aqui dizer que os direitos, a que alguns chamam de "adquiridos", não podem ser alterados ou que as regras do "jogo" não podem ser modificadas ou até que nada poderia justificar estas medidas, visto que me iriam prejudicar, mas neste, como noutros assuntos, há que ter o bom-senso de defender o bem-comum e deixar de lado "umbiguismos" egoístas. É que é Portugal e o futuro dos portugueses que estão em causa, pelo que todos devemos contribuir para que a sustentabilidade da nossa Segurança Social seja uma realidade, ao mesmo tempo que devemos combater o envelhecimento populacional, reforçando aquela que é a instituição-base de toda a civilização: a família...
Só com medidas concretas ao nível, por exemplo, do alargamento a sério da licença de maternidade e do aumento do número de infantários públicos é que poderemos esperar que a natalidade aumente no nosso país...
Mas, o país continua distraído com o futebol, não é??? O Governo agradece...

sexta-feira, junho 16, 2006

Deixemo-nos de ilusões...

Com a pré-anunciada deslocalização da fábrica da Opel da Azambuja para Espanha prevêem-se dias muito difíceis para milhares de famílias da região do Ribatejo. Apesar de tardiamente, o nosso Primeiro-Ministro bem tentou intervir directamente no assunto junto do Presidente da General Motors. No entanto, parece inevitável que a angústia e o desespero irão afectar milhares de trabalhadores que, directa ou de forma indirecta, laboram para a Opel da Azambuja, o que configura uma situação gravíssima, quer em termos de diminuição do emprego, como do agravamento do défice comercial ou da redução do investimento externo em Portugal.
Depois de, durante uma série de semanas consecutivas, José Sócrates, ter vindo a servir-se de diversos números publicados pelo INE para proclamar o início da recuperação económica do país, as mais recentes notícias vêm confirmar que ainda estamos muito longe de ultrapassar a crise que, mais do que de falta de ânimo, afecta os portugueses: o desemprego continua a aumentar, a balança comercial continua desequilibrada, o preço do petróleo não descola de valores elevados, os juros bancários não cessam de aumentar...
Enfim, por muita música e futebol que se possam "impingir" ao povo português convém não esquecer que a crise está para ficar e que não chegam reforços positivos do Primeiro-Ministro para contornar a realidade dura e crua que vivemos... Fica provado que dependemos, cada vez mais, dos nossos congéneres europeus e que só apostando na qualificação dos portugueses poderemos chegar longe. Mais uma vez se vê que a política de Educação é fulcral para o país...
De uma vez por todas, deixemo-nos de ilusões...

sexta-feira, junho 09, 2006

Ser patriótico é muito diferente de ser um fanático da bola...

Pois é, começou hoje o Campeonato do Mundo de futebol, pelo que espera-nos um mês de completa "overdose" propagandista de futebol, a que alguns chamam de informação pertinente! Seja na televisão, na rádio ou nos jornais, há um mês que não se fala noutra coisa, pelo que a tendência nos próximos trinta dias será para piorar... Não há pachorra!!!
Ora, se há dois anos atrás ainda tive a "coragem" de colocar a bandeira nacional na varanda do meu apartamento, tal como o fizeram a maioria dos meus vizinhos, este ano vou fazer "greve" a esse gesto, a que alguns chamam de patriótico, não por vergonha ou arrependimento, mas sim como forma de protesto pela forma como a generalidade da sociedade portuguesa (desde o povo até políticos e toda a esfera privada da economia) se deixou levar pela onda pseudo-patriótica de quase viver para a selecção e "endeusar" uma vintena de rapazes que dão uns toques na bola e que, cada vez que se deitam ao final da noite ou já de madrugada, se devem fartar de rir da forma como a comunicação social e os adeptos querem saber tudo acerca da sua vida: eles são autógrafos, fotografias, conhecimento das leituras, das vestes, dos gostos musicais, enfim, de quase tudo da vida destes individuos...
Apesar de gostar de futebol e de desejar que a selecção portuguesa possa sair da Alemanha de cabeça erguida recuso-me a entrar no jogo do "endeusamento" barato da nossa equipa, sobretudo quando muitas das questões decisivas para o futuro do nosso país são como que esquecidas e postas de lado: as mudanças no sector da educação, o encerramento das maternidades, a manutenção de níveis de desemprego preocupantes, o preço do petróleo, as taxas de juro, os incêndios de Verão, etc.
Enfim, não há dúvida que chegámos à silly-season: quando tempos políticos que decidem adiar o trabalho parlamentar para que os senhores deputados possam assistir ao jogo da selecção com o México está tudo dito. Nesse dia estarei, com muito orgulho, a dar uma aula de Geografia à minha turma do 10º G... Sim, porque não acredito que os meus alunos faltem à aula para ver um jogo de futebol!!!
E viva o 10 de Junho: dia de Portugal!!!

domingo, junho 04, 2006

Pior a emenda que o soneto...

Pois é, à falta de bom senso manifestada pela Ministra da Educação na forma como se dirigiu, recentemente, ao nível de profissionalismo (ou falta dele) dos professores, eis que a FENPROF responde da pior maneira possível, através da decisão de convocar uma greve para o próximo dia 14 de Junho, véspera de feriado nacional e, coincidência ou não, no dia seguinte ao feriado municipal de Lisboa. Esta falta de inteligência por parte da FENPROF apenas levará a que a opinião pública em geral fique com a ideia de que o que os professores querem mesmo é um fim-de-semana bem prolongado...
É claro que não vou fazer greve, até porque não sou apologista deste tipo de estratégia como forma de resolução de conflitos entre a tutela e a classe docente, preferindo o reforço da credibilidade e do diálogo como forma de aproximação de vontades díspares. Mas, sobretudo, condeno o acto de convocar uma greve para este dia porque a mesma dá a imagem da total falta de credibilidade que povoa no sindicalismo docente. Se por um lado, a proliferação de sindicatos e associações de professores destrói e mina a união desta classe, não nos podemos esquecer que é esse tipo de actuação que interessa a muitos daqueles que pensam que a maioria dos professores estão nesta profissão apenas por interesses materiais e não pelo gosto de ensinar e contactar com jovens estudantes...
Mais uma vez sou levado a defender a criação de um Ordem dos Professores, como forma de credibilizar a classe docente e elevar o nível de exigência da mesma junto da opinião pública e da tutela, através, por exemplo, da criação de um código deontológico de professores que a não ser cumprido deveria levar à "expulsão" de alguns que estão a mais nesta profissão, mas que levam à descredibilização errada de uma maioria que se dedica de corpo e alma à causa mais nobre de ensinar e formar...