José Sócrates confessou ontem as razões que levam o Ministério da Educação a insistir na massificação dos cursos profissionais, dos CEF`s e das Novas Oportunidades, sem que qualquer estudo tenha vindo a provar a seriedade e o rigor destas novas formas de apetrechar o curriculum vitae daqueles que optam por estas vias de qualificação. Aliás, o único estudo até agora conhecido e que foi encomendado pelo Governo (o que põe em causa a sua independência) dá a conhecer as fragilidades destas opções facilitistas, que em nada contribuem para a melhoria do mercado de emprego.
Mas, vamos às declarações de José Sócrates: "Estes são cursos que têm menores taxas de abandono e de insucesso escolar e que melhoram a competitividade das nossas empresas e da nossa economia que precisa de jovens habilitados do ponto de vista académico e profissional”. Tanto disparate numa única frase.
1. Estes cursos têm menores taxas de abandono porque o regime de faltas é extremamente facilitista, o que não admira depois do que foi feito ao Estatuto do Aluno;
2. As taxas de insucesso escolar são mais reduzidas porque as instruções que os professores têm é a de não levarem a sério os programas; caso contrário seriam pouquíssimos os alunos a conseguirem terminar os cursos profissionais "pensados" nos gabinetes do Ministério da Educação e descontextualizados das características daqueles a quem se destinam;
3. Estes cursos não têm melhorado a competitividade das nossas empresas e economia, pois quem lecciona nestes cursos sabe que a grande maioria dos alunos que terminam estes cursos vão trabalhar (quando querem e conseguem) para áreas que pouco ou nada têm que ver com os cursos que terminaram;
4. A nossa economia precisa se jovens habilitados, mas não com cursos que são praticamente oferecidos ao desbarato; por isso é que continuam a ser os licenciados a serem requeridos pelas nossas empresas.
Não nos podemos esquecer que o Primeiro-Ministro se encontra em campanha eleitoral, pelo que todos os dias somos inundados com rebuçados de caça ao voto. Veja-se agora as bolsas de estudo para o secundário (cuja apresentação serviu de gargalhada, dada a confusão com os valores anunciados), o cheque dentista, o Magalhães para o secundário. Enfim, Sócrates sabe que perdeu o voto dos professores, pelo que tenta comprar o voto dos pais. Não se deixem enganar...