domingo, dezembro 27, 2015

Um episódio da era guterrista, pronúncio do que aí vem...

António Costa tomou posse há um mês e já foram inúmeras as vezes que se queixou da "herança" de Passos Coelho. Era uma situação mais que previsível... Depois de pedir a maioria absoluta e de ter tido uma imensa derrota, só mesmo a muleta comunista salvou António Costa de deixar a política. Entretanto, as promessas de redução do défice e da dívida pública, aliadas ao aumento do poder de compra dos portugueses, com redução de impostos e aumento da concessão de apoios públicos não são mais do que uma espécie de quadratura do círculo impossível de se concretizar. A decisão sobre o Banif é apenas o continuar da estratégia socialista de há muitos anos: empurrar o problema para a frente e "engordar" o peso do Estado na resolução de problemas que pertencem à esfera privada. O Estado, sempre o Estado, essa entidade que parece invisível, mas que, afinal de contas, é o conjunto formado pelos contribuintes...
A propósito da estratégia socialista para a resolução dos problemas vou aqui contar um episódio ocorrido há uns dias por terras de Montemuro. De passagem por uma aldeia desta serra, habitada por gente que vive da terra e dos subsídios do Estado, conversava com uma senhora da classe alta do Porto, artista plástica, que na sua juventude habitou esta aldeia e que mais tarde foi viver para o Porto e que, há alguns anos atrás, herdou uma casa rural e se decidiu por abrir um empreendimento de turismo rural nesta aldeia recôndita da serra do Montemuro. Afirmava ela que sempre conheceu esta aldeia como uma aldeia de gente de trabalho. O trabalho da terra, dizia ela. Entretanto, há cerca de duas décadas, no tempo do primeiro governo de Guterres, quando foi criado o rendimento mínimo garantido, as pessoas da aldeia começaram a "habituar-se" ao subsídio do Estado e a deixarem os trabalhos agrícolas. Passados vinte anos, a grande maioria das pessoas desta aldeia vivem do rendimento social de inserção e dos abonos, sendo que alguns homens estão emigrados e as mulheres já nem aos trabalhos de limpeza se sujeitam...