quarta-feira, maio 07, 2014

Vivemos um conflito intergeracional...

Vivemos tempos difíceis e, porventura, estamos perante um dos poucos períodos históricos desde que existe Portugal em que uma geração mais nova irá viver tempos mais difíceis do que a geração que a antecedeu. De facto, se até aos dias de hoje, a mobilidade sócio-económica da sociedade portuguesa tem vindo, em termos geracionais, a ser uma realidade, corre-se o risco de, no futuro, vermos aqueles que agora estão na idade activa a viverem bem pior do que aqueles que os precederam...
A geração que agora está na idade da reforma pode afirmar que ainda viveu os martírios da ditadura, mas tem a certeza que chegou à idade da aposentação com direito à sua pensão. E mesmo aqueles (ou aquelas) que nunca descontaram para a Segurança Social tiveram direito à pensão de sobrevivência. Mas o que dizer da geração que já nasceu nos tempos da democracia? Pagam impostos enormes, descontam para o Estado Social, sabem que terão de "arcar" com os custos do aumento da esperança média de vida, mas não sabem se terão direito a receber uma reforma digna... Sim, porque serão estes a ter de pagar a dívida que "beneficiou" a geração dos mais velhos e é aqui que entra o conflito intergeracional que domina actualmente a sociedade portuguesa... Os mais velhos (os pensionistas) queixam-se que o Governo os penaliza, mas são os seus filhos que maior dose de penalização têm de suportar: cuidar dos seus filhos, mas também dos seus pais e não sabem o que os espera quando chegarem (se chegarem) à idade da reforma...
Os responsáveis por este conflito entre as gerações dos pais e dos avós são mais do que conhecidos: aqueles que nos (des)governaram nos últimos 40 anos, sobretudo os que "engordaram" a nossa dívida pública nos tempos guterrista e socrático. Os maiores penalizados por este conflito também são mais que óbvios: a geração pós-1970 e os seus filhos que não sabem o que a espera no futuro e que será certamente ainda mais sombrio do que o que vivemos actualmente. Soluções: a teoria manda dizer que a solução está em protestar, lutar e estrebuchar por todos os lados, mas parece-me que, como diz o povo, vamos ter de "comer e calar", ou seja, pagar a dívida e esperar por dias (que ainda estão longínquos) melhores...