terça-feira, outubro 30, 2007

Longe da realidade...

A entrevista que a Ministra da Educação concede, na edição de hoje, ao Diário de Notícias revela aquilo que se costuma apelidar como "completo desfazamento da realidade". Ou seja, é o mesmo que falar daquilo que não se conhece.
Dou apenas alguns exemplos:
A Ministra afirma que com o anterior Estatuto do Aluno "um professor para repreender um aluno quase que tinha de meter um requerimento". Ora, enquanto professor posso informá-la que para repreeender um aluno apenas preciso que o mesmo me olhe na cara para lhe dar aquilo a que se chama um "grande sermão".
A Ministra diz que "acabamos com o anterior conceito de falta justificada ou injustificadas". Ora, na minha opinião isso não passa de colocar no mesmo saco alunos que faltam por estarem doentes e alunos que faltam para irem para o café. Pura injustiça!
A Ministra pergunta e dá a resposta: "Sabe quantos alunos reprovaram por faltas no ano passado? Provavelmente nenhum." Quem diz isto faz dos Directores de Turma uns completos imbecis, pois, a verdade é que não conheço nenhuma escola onde não existam alunos que não tenham reprovado por terem ultrapassado o limite máximo de faltas. Caso contrário seria o mesmo que dizer que a maioria dos DT`s fecham os olhos às irresponsabilidades de alunos e pais que se baldam à escola.
A Ministra diz que "a relação com os pais tem de ser de cumplicidade". Muito bem dito, mas há que dizer que só há cumplicidade com os pais quando a mesma é a "doer". Se a Ministra quer trazer à escola os pais dos piores alunos então crie uma lei que faça com que o desprezo pela escola doa nas carteiras dos pais: cortem-se nos abonos de família e nos rendimentos mínimos e os pais dos piores alunos já se interesserão pela vida escolar dos seus filhos.
A Ministra diz que "o facto de um aluno ter um mau comportamento no primeiro período não significa que não recupere no segundo e no terceiro e por isso é que esta é uma revisão do estatuto que acredita na capacidade de recuperação dos jovens". Ora, convinha que a Ministra soubesse que os maus comportamentos dos alunos não se resolvem com provas facilitistas de final de ano lectivo, mas sim com o compromisso da família do aluno, visto que muitos dos maus comportamentos já vêm de casa. Ora, para tal é preciso que os pais valorizem a Escola, a bem ou a mal, tocando-lhes no bolso. Siga-se o exemplo inglês com multas pecuniárias para os pais dos alunos que se baldam para os professores.
Mais haveria para dizer. Mas, penso que chega. Enquanto não tivermos à frente do Mnistério da Educação gente que "sinta" efectivamente a escola básica e secundária e que não esteja lá porque vem do Ensino Superior não teremos mudanças para melhor...

domingo, outubro 21, 2007

Porreiro, porreiro era...

José Sócrates rejubilou-se com o acordo alcançado entre os 27 países da UE para a assinatura do Tratado Reformador. "Porreiro, pá. Porreiro", desabafou ele com Durão Barroso, no final da conferência de imprensa que dava a conhecer os contornos daquele que ficará conhecido como o Tratado de Lisboa.
Este provinciamismo bacoco que levou a tão grande felicidade por parte do nosso Primeiro-Ministro revela bem a diferença entre os que pensam alto e os que vivem para as luzes da ribalta. E tudo porque o Tratado, que não é mais que um agilizar dos seus antecessores, ficará com o título de "Tratado de Lisboa"!!!
Porreiro era vivermos num país onde as listas de espera para consultas e operações cirúrgicas no Sistema Nacional de Sáude não fossem a vergonha que são!
Porreiro era vivermos num país onde o abandono escolar e o insucesso educativo não fossem a vergonha que são!
Porreiro era vivermos num país onde o apoio à natalidade e a protecção à família não fossem a vergonha que são!
Porreiro era vivermos num país onde a corrupção e a lentidão na justiça não fossem a vergonha que são!
Mas, com políticos destes que rejubilam com o facto de ficarem para a história pelo simples episódio de assinarem um Tratado que em nada evitará o esgotamento de uma UE cada vez mais dividida e menos consensual não iremos longe...

quinta-feira, outubro 11, 2007

O Sr. PM só pode estar a brincar!!!

José Sócrates apareceu hoje, em directo, nos vários noticiários da tarde (RTP1, SIC e TVI) a endereçar os parabéns aos portugueses pelo esforço demonstrado nos últimos anos, em que mantiveram o cinto apertado. Tudo em nome da redução do défice público para um valor abaixo dos 3% do PIB. Só pode ser brincadeira!!! Vejamos porquê?
Nos últimos dois anos de Governo socialista tive a progressão na carreira congelada, recebi uns miseráveis 20 euros de aumento salarial, vi aprovada uma legislação laboral que não recompensa o esforço dedicado aos meus alunos, deixei de ter a certeza de que terei direito à minha reforma, assisti ao aumento desenfreado de muitos dos impostos em vigor, enfim, em nada fui beneficiado pelo facto de ter contribuído com dois filhos para a renovação das gerações deste país!!! Na prática, o meu poder de compra e nível de vida baixaram. Se tivesse optado, como é cada vez mais usual em Portugal, por não casar ou não ter filhos continuaria a ter uma vida "abastada". Ora, o que recebi como recompensa de ter tido dois filhos? Um abono de família irrisório e um agradecimento do Primeiro-Ministro do meu país por ter apertado o cinto...
Em Portugal, a classe média continua a ser maltratada. Ora, num país que tende a "abrasileirar-se" do ponto de vista social (com uma classe média a "minguar"), não posso deixar de me revoltar contra um Governo que ignora os casais que têm filhos e que contribuem com os seus impostos para a economia do seu país. Infelizmente, o estilo de fazer política do recentemente eleito líder da oposição não augura nada de positivo para o futuro.
Pobre da nação que não protege aqueles que contribuem para o rejuvenescimento demográfico e relançamento económico do seu país.