sexta-feira, outubro 17, 2003

Em cada 100 são 20!

Ontem falava com uns amigos meus sobre a decisão do Governo em sacrificar mais uma vez os funcionários públicos, para fazer face à crise que o país atravessa. Tentei convencê-los de que, neste país, a grande maioria daqueles que trabalham para o Estado, desde médicos, enfermeiros, professores, funcionários administrativos, entre muitos outros, são, neste momento uma camada da população com uma situação estável e segura, pois sabem que o Estado não vai à falência e de que o salário ao dia 23 de cada mês não faltará. Não consegui que reconsiderassem, e continuaram na deles, "de que todos deveriam receber aumentos por igual".
Seria bom que, todos aqueles que são funcionários públicos lessem o Público de hoje para se aperceberem da pobreza que grassa por este Portugal fora. De facto, são cerca de 20% os portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza e aposto que nenhum desses 2 000 000 cidadãos é funcionário público. Pela ONU, é considerado pobre em Portugal, todo aquele que tem um rendimento abaixo dos 350 euros mensais (uns míseros 70 contos), sendo a maioria deles os idosos pensionistas, empregados de baixos rendimentos, pequenos agricultores e camponeses.
Pois bem, chama-se a isto falta de solidariedade, quando um médico, um enfermeiro, um juíz, um professor ou outro qualquer trabalhador com vínculo ao Estado vem reclamar que todos devem receber aumentos salariais por igual! A equidade não dispensa a solidariedade...

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