quinta-feira, fevereiro 04, 2010

A profissão do(c)ente

Ponto de situação:
- 4 níveis de ensino (7º, 8º 9º e 11º anos);
A isto tudo há que acrescentar o facto de "perder" mais tempo com papéis (planos de acompanhamento, planos de recuperação, planificações, planos de conteúdos, provas de recuperação, envio de informações aos encarregados de educação, justificações de faltas, preenchimento de grelhas e quadros, encontros e telefonemas a encarregados de educação, reuniões de departamento e de grupo, conselhos de turma, etc.) do que com a preparação de materiais para os alunos, já não contando com a realização de testes e sua posterior correcção.
Enfim, ser um professor jovem é estar cada vez mais refém de papéis e burocracias. Digo jovem, pois tenho colegas meus que, por terem 30 anos de serviço, apenas têm 3 turmas e ganham quase o dobro do que eu aufiro ao fim do mês!!! E já nem falo dos meus colegas do 1º ciclo...

9 comentários:

daniel tecelao disse...

Há neste país quem queira trabalhar umas horitas por semana e não têm,e você ainda quer mais?

Nan disse...

Uma das piores coisas que temos em Portugal é esta postura: «eu trabalho mais do que os outros, eles ganham mais do que eu».
Os professores de todas as idades estão reféns de papéis e burocracias, Pedro. Os seus colegas com 30 anos de serviço passaram por outras dificuldades quando você ainda andava a estudar. E também estão reféns de papéis e burocracias, além de que não estão com a sua idade...

Anónimo disse...

Concordo plenamente com a Nan... É por este tipo de pensamento que a nossa classe não tem classe!
Enfim... a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha.

Já agora, qual é o seu problema com o professor do 1º ciclo?

Um abraço,
Antunes

Pedro disse...

Antunes, o meu problema não é com os professores do 1º ciclo, mas antes com o sistema que coloca no mesmo saco docentes que têm tarefas bem distantes.
Não é a mesma coisa dar aulas a 250 alunos ou a 20!!! Não é a mesma coisa leccionar conteúdos do 3º ciclo ou do secundário e matérias do 1º ciclo.
Dou-lhe um exemplo muito simples. O trabalho de um docente do secundário aproxima-se muito mais do de um professor universitário do que com o de um docente do 1º ciclo, quer seja em termos de exigência de preparação de aulas, como de formação científica. No entanto, o Estatuto coloca os docentes que leccionam 12º ano ao mesmo nível dos colegas que dão aulas a miúdos de seis anos, quando, na verdade, aqueles leccionam conteúdos pré-universitários. Este é só um exemplo de como as diferenças entre um docente do 1º ciclo e um docente do secundário são abismais, embora sejamos colocados no mesmo saco.
Outro exemplo. O tempo que eu passo a preparar aulas é talvez dez vezes maior que o tempo que a minha esposa (docente no 1º ciclo) gasta a preparar conteúdos para os alunos dela. No entanto, com o mesmo tempo de serviço e tarefas (e esforço) bastante diferentes somos colocados ao mesmo nível.
Tarefas diferentes = estatutos diferentes

Anónimo disse...

Infelizmente...
Não é assim que vamos lá!
Ao invés de nos unirmos para lutar em conjunto pensamos desta forma...
Não conseguimos ter um pensamento em prol de toda a nossa classe mas em sim do nosso umbigo e das nossas diferenças... de acordo com o que nos é mais conveniente!
Lamentável, mas não deixa de ser uma opinião legítima

Um abraço,
Antunes

Anónimo disse...

Infelizmente...
Não é assim que vamos lá!
Ao invés de nos unirmos para lutar em conjunto pensamos desta forma...
Não conseguimos ter um pensamento em prol de toda a nossa classe mas em sim do nosso umbigo e das nossas diferenças... de acordo com o que nos é mais conveniente!
Lamentável, mas não deixa de ser uma opinião legítima

Um abraço,
Antunes

Nan disse...

Neste momento, o trabalho de um professor do secundário é cada vez mais próximo do de um do 1º ou 2º ciclo, dado o abissal estado de ignorância em que alguns alunos chegam ao secundário, sem falar na total falta de educação cívica básica que muitos revelam.
Os professores do 1º ciclo têm que preparar muito trabalho - ensinar a ler não é pêra doce. Corrigem muito mais trabalhos do que os de ciclos mais adiantados. Nunca têm redução de horário. Têm muitas vezes que, além da matéria escolar propriamente dita, ensinar as mais elementares regras de civilidade. Têm menos alunos, mas passam cinco horas diárias seguidas com eles. É frequente terem que leccionar vários níves na mesma sala.
Todos os professores têm muito trabalho e todos deveriam ser respeitados. Virar os professores dos diferentes níveis de ensino uns contra os outros é arma de quem os quer divididos para melhor os vencer.

Nan disse...

Deixe-me só acrescentar que quem tem agora 30 anos de serviço começou a trabalhar com um ordenado de 7 500$00, numa altura em que isso mal pagava a prestação mensal do empréstimo da casa. Esteve durante anos a trabalhar longe de casa, tão longe que conheci muitos casais que tinham que pagar (e fizeram-no por mais de 10 anos, em alguns casos) três casas - uma para ele, uma para ela e a terceira, onde esperavam poder vir a viver um dia. Fizeram estágio em serviço, com 16 a 18 horas semanais de aulas além da componente teórica do estágio.
Apanharam com duas revisões do Estatuto da Carreira (fora a actual) e com três ou quatro reformas curriculares. Foram pau para toda a obra nas experiências do ME. Têm agora mais de 50 anos. Terão que trabalhar, de acordo com a nova legislação mais 10 a 15 anos e farão entre 40 a 50 anos de descontos para a segurança social.
I rest my case...

Anónimo disse...

OLHA O MENINO É QUASE PROFESSOR UNIVERSITÁRIO, É QUE É MESMO QUASE, QUASE, QUASE! COITADINHO DO MENINO


VOLTA SALAZAR

VIVA SALAZAR