domingo, novembro 04, 2012

O PS precisa de lições de demografia

O líder do PS precisa que lhe expliquem as razões que obrigam o actual Governo a mexer urgentemente no Estado Social que temos (as mudanças já deveriam ter sido iniciadas em governos anteriores!), nomeadamente na área da Segurança Social. É que das duas uma: ou José Seguro sabe que o actual sistema de pensões é insustentável, mas omite a realidade por razões puramente eleitoralistas (o que demonstra a sua falta de seriedade e o aproxima cada vez mais da postura irresponsável de Sócrates) ou então a sua falta de inteligência é tão grande, que ignora por completo a realidade demográfica do nosso país (o que demonstra a sua impreparação para poder ser alternativa a Passos Coelho), pelo que há que lhe dar (a ele e, porventura, à maioria dos portugueses, tal é a iliteracia que grassa no povo português) algumas explicações de demografia.
Para não ser exaustivo nas explicações, vou utilizar os tópicos que costumo dar a conhecer aos meus alunos do ensino básico de Geografia, por forma a que as conclusões a retirar sejam de rápida compreensão (se alunos de 14 anos as compreendem não há desculpas para que os adultos as não percebam):
2. O índice de envelhecimento ronda os 120, ou seja, por cada 100 jovens há cerca de 120 idosos, com tendência para que este valor continue a aumentar de forma exponencial;
3. A esperança média de vida à nascença continua a aumentar (76 anos para os homens e 82 para as mulheres), sendo que aos 65 anos de idade a esperança média de vida é de cerca de 20 anos, ou seja, quem hoje se reformar tem francas probabilidades de viver mais 20 anos.
Ora, a realidade demográfica que hoje temos nada tem que ver com a que existia na década de 1980: cada mulher já não tem, em média, 2,2 filhos; o número de jovens já não é o triplo do número de idosos; a esperança média de vida já não ronda os 70 anos. Aliás, bastará comparar a estrutura etária da população portuguesa de 1970 com a que se perspectiva para o ano 2060 para perceber que de uma pirâmide etária crescente que existia em 1970 passaremos para uma pirâmide etária perigosamente invertida, com consequências nefastas ao nível da inevitável retirada de alguns dos direitos que muitos consideram como inalteráveis. Daí a necessidade de se reverem rapidamente as funções sociais do Estado. Porquê? Muito simples! Enquanto que as despesas com pensões e reformas não param de aumentar, as contribuições não têm acompanhado esse ritmo de crescimento, pelo que há que mudar muita coisa no Estado Social que temos. Só não vê isso quem não quer... Durante anos e anos só se falou de direitos e esqueceram-se os deveres. Ora, sem dinheiro não vale a pena termos tantos direitos no papel. Mais uma vez, depois dos governos socialistas terem ocultado a realidade, lá terá que ser um governo do PSD a arranjar soluções para estes problemas e, concretamente, para o problema da insustentabilidade do Estado Social que hoje temos...
A demografia do Portugal de hoje nada tem que ver com aquela que esteve na origem do aparecimento de alguns dos direitos que muitos consideram como "eternamente adquiridos". Mas, pior que tudo é o facto de o futuro demográfico que nos espera daqui a trinta anos nada ter que ver com o de hoje. Apenas um dado: em 2050, cerca de um terço da população portuguesa será idosa, pelo que caso não se reforme o Estado Social que hoje temos, não haverá recursos financeiros suficientes para garantir pensões e reformas minimamente razoáveis e consentâneas com as expectativas da população. Há que ver este problema de frente e não fazer de conta que não existe!

6 comentários:

António disse...

Pois é Pedro, nada voltará a ser como dantes.
O tempo das vacas gordas acabou de vez e o Estado Social a que estávamos habituados acabou definitivamente.
Com a inevitável diminuição da população jovem (e isto acontece em toda a Europa) e o aumento do número de idosos há que reformar a Segurança Social por completo. Só que os socialistas só pensam nas eleições e na forma mais fácil de chegarem de novo ao poder.
O tempo das reformas garantidas pelo Estado acabou e só não vê isso quem não quer.
Portugal tem de seguir outros países europeus que há muito têm outras formas de assegurar as reformas, criando limites e a possibilidade de privatizar os descontos para a reforma.
Fico admirado com a postura do PS. A ortodoxia do PCP e do Bloco não são novidade. Agora o PS bem que deveria ter outra postura.
Abraço

daniel tecelao disse...

Acaso você sabe porque é que a europa se man
teve tantos anos em paz?Tirando alguns casos pontuais.
É por demais evidente que uma nova filosofia de politica capitalista quer acabar com o estado social na europa.
Provavelmente já cá não estarei para ver,mas quando um bando de famintos se revoltarem a europa entra outra vez em guerra.
Isto é demasiado complexo e não se esgota nas merdiolas politiqueira do PPD contra PS,essa treta é para lorpas paparem!!!

Tiago Fiadeiro disse...

O Seguro está cada vez mais parecido com o Sócrates. Fala apenas o que o povo gosta de ouvir, ignorando por completo o real estado do país.

Orlando disse...

Então andei 40 anos a descontar para depois me andarem a cortar sempre na reforma e nos meus direitos!
Discordo desta politica que ajuda os bancos e penaliza os reformados. E se querem aumenmtar a natalidade que apoiem os casais que querem ter filhos em vez de andarem a cortar nas reformas daqueles que trabalharam uma vida inteira.
Cada vez mais me convenço que os politicos, sejam do PS ou do PSD são todos iguais.

Pedro disse...

Pois, cada um tem a sua opinião. Há é que tentar arranjar argumentos para a defender...

Anónimo disse...

Um balão mais adequado:
- Phónix! Cheira-me aqui a merda outra vez!!!... Terá sido o sócrates do ps ou o sócrates do psd (relvas)?