quarta-feira, junho 22, 2005

Afinal, quem é que tem medo de enfrentar a criminalidade?

Em Portugal, a "espuma" dos dias é ditada pelas manchetes dos jornais e pelas aberturas dos noticiários televisivos. Quase que se pode afirmar que são os editores dos órgãos de comunicação social que decidem o que está na ordem do dia e quais as conversas que (des)animam a vida dos portugueses...
Nos últimos dias muito se tem falado sobre a criminalidade que, dizem alguns, tem vindo a aumentar à medida que a corrente imigratória tende a crescer. Desta constatação até ao fomento de um discurso xenófobo e racista vai um pequeno passo! Ora, será que existe alguma relação entre imigração e criminalidade? Sinceramente, penso que a realidade vai muito para além desta abordagem simplista que alguns parecem querer transmitir para a opinião pública. Mas, isto não quer dizer que seja tão ingénuo ao ponto de dizer que uma parte considerável desta criminalidade nada tem que ver com as comunidades imigrantes provenientes de Leste ou das ex-colónias. Há que ser frontal e dizer que, infelizmente, esta também é uma realidade dos nossos dias, o que implica repensar seriamente a política de integração da população estrangeira, não só em Portugal, como também nos restantes países da UE.
Efectivamente, a questão da criminalidade não se cinge à mera abordagem da origem geográfica daqueles que cometem crimes ou da área de residência dos mesmos. A principal forma de encarar este problema social está sobretudo na forma como a criminalidade é combatida. Ou o Estado tem autoridade suficiente para construir um edifício jurídico que puna de forma clara e sem rodeios aqueles que infringem a lei ou quase que passa a ideia que compensa roubar... Mas, atenção! Não chega ter o discurso da integração social para prevenir estes problemas sociais, sob pena de se enveredar pelo caminho da desculpabilização...
Não é só em Lisboa que há este género de criminalidade ligada ao mundo da delinquência e da droga. Também em muitas das cidades e vilas do Portugal profundo se assiste a este flagelo social dos nossos tempos. Agora, o que não compreendo são as razões que levam as autoridades (in)competentes a considerar este tipo de criminalidade como pouco grave, quando se deveria perceber que o pior tipo de criminalidade é o que vai contra as pessoas e não propriamente os crimes de carácter económico. A lei neste aspecto deveria mudar e punir exemplarmente todo o tipo de crimes que vão contra a integridade física das pessoas. Um assalto tem muito mais consequências nefastas do que a simples perda de um telemóvel ou de uma carteira. É todo o peso psicológico que se segue que deveria ser tido em conta pelos senhores que fazem as leis e as fazem cumprir...
É nestas alturas que admiro a forma firme e rigorosa como nos EUA a questão da criminalidade é combatida: sem rodeios, sem misericórdia e colocando os presidiários a trabalhar no duro e não a passar "férias" durante uns tempos...