sábado, dezembro 17, 2005

Quantas "Fátimas" mais terão que sofrer?

O recente caso de inúmeras e violentas agressões físicas cometidas pelo próprio pai a uma bebé de apenas 50 dias deixa qualquer pessoa decente em completo estado de consternação e indignação pelo sistema que (não) temos de protecção e defesa dos mais indefesos.
Estando, actualmente, a viver em Viseu e conhecendo muito bem a aldeia onde vivia a pequena Fátima Letícia, foi com extremo repúdio que ouvi algumas das declarações proferidas por algumas das pessoas que tiveram, directa ou indirectamente, responsabilidades na condução do referido caso. Desde a representante da Comissão de Protecção de Menores de Viseu, passando pelo director do Hospital Central de Viseu, até ao próprio Ministro da Segurança Social, é incompreensível que a primeira preocupação destes indivíduos seja o "sacudir" de responsabilidades, ainda antes que se dê início ao apuramento efectivo das mesmas através de um relatório que se espera sério e imparcial...
Fica claro, mais uma vez, que a comunidade envolvente (a dita sociedade civil) tem um papel importantíssimo a desempenhar no sentido de precaver este tipo de situações, ao mesmo tempo que tanto as instituições de saúde, como de educação, têm uma esfera de acção que vai muito mais além das que usualmente se lhe pedem...
Esperemos que, ao menos os casos das infelizes pequenas "Joanas", "Fátimas" e muitas outras crianças desprezadas deste país "sirvam" para despertar as autoridades competentes para este tipo de situações indignas, para que a protecção aos mais indefesos possa ser uma prioridade da sociedade actual.

3 comentários:

Anónimo disse...

Tem toda a razão, meu caro amigo, mas temo que a letargia endémica das nossas instituições venha ainda a ser causa secundária, mas não menos responsável, por muito sofrimento infantil que inevitávelmente resultará em mais mortes.
Cumprimemntos.

contradicoes disse...

O grande problema neste caso concreto é que as técnicas responsáveis pela avaliação das situações comportamentais destas famílias onde a toxicodependência e o alcoolismo são a principal causa de procedimentos condenáveis, insistem em manter os filhos mal tratados com os respectivos pais. E claro o resultado só pode ser este, o agravamento da situação da criança face aos comportamentos condenáveis dos pais. Lamentável depois é que quando são denunciadas as situações vêm logo desculpar-se alegando desconhecimento duma realidade cada vez mais presente na nossa sociedade. Aproveito para lhe desejar um Natal cheio de felicidade
junto dos que lhe são queridos. Com um abraço do Raul

Anónimo disse...

Também conheço bem Viseu.
Também me despertou especial atenção e repúdio.
Também a mim o que me faz ficar particularmente chocada não são as histórias (ou estórias) que se repetem mas as atitudes perante estas...que não se transformam.
Parabéns por mais esta chamada de atenção. Nunca são demais.