sábado, fevereiro 09, 2013

O facilitismo estende-se às universidades

Há uns dias atrás o Público noticiava que existem politécnicos e universidades que concedem uma bonificação na nota final de curso aos alunos que têm um percurso escolar "exemplar", ou seja, que completam o curso no número de anos previstos, sem qualquer chumbo pelo meio. Há situações em que a média final de curso pode ser acrescida de um valor!
De facto, a proliferação de institutos e universidades um pouco por todo o país, isto já para não falar das instituições de carácter privado, fez com que a qualidade média do ensino ministrado no superior decaísse a pique. É a velha lógica da lei da oferta e da procura, só que agora aplicada ao ensino superior. Com centenas de cursos a invadir o país a qualidade média dos mesmos decai e apenas alguns (os do costume!) continuam a ter como pressupostos básicos a exigência, o rigor e a qualidade.
Se há uns atrás foi no ensino não superior que se verificou a banalização do facilitismo, situação provocado pela massificação do acesso ao ensino, agora é já no superior que a epidemia facilitista chegou em força. Já não bastava termos cursos em que a média de entrada é de 9,5 valores e a forma como quem tem mais de 23 anos consegue entrar no ensino superior! Agora, basta que um aluno faça aquilo que tem obrigação de fazer (estudar e fazer o curso nos anos devidos) que também recebe um prémio: uma bonificação da sua nota. Qualquer dia inventam mais qualquer coisa para premiar os alunos que não chumbam (por exemplo, permitir a entrada direta nos politécnicos a alunos que terminem um curso profissional no secundário!) e o facilitismo não pára... Não será por acaso que os politécnicos dizem querer apoiar as escolas secundárias na ministração dos cursos profissionais. É no que dá termos politécnicos a mais e alunos a menos!
A autonomia do ensino superior é positiva quando os interesses financeiros não se colocam acima dos interesses pedagógicos. Ora, sabemos que o lóbi dos politécnicos e das universidades tem um interesse a preservar: o posto de trabalho de milhares de docentes universitários. Deste modo, ninguém fala em encerrar politécnicos ou pólos universitários e todos dizem que têm uma missão a cumprir em prol do desenvolvimento regional. À custa de quê? Da menorização da exigência que no ensino superior deveria ser bem elevada...
Urge uma reforma séria de todo o ensino superior e se para isso for necessário retirar autonomia aos politécnicos e universidades que se retire. É que há quem não saiba compatibilizar exigência com autonomia e muitos reitores não o sabem!!!

4 comentários:

Varandas disse...

É verdade. Muito do ensino superior que existe em Portugal deixa muito a desejar e parece cada vez mais assemelhar-se a um mero negócio.
E já nem me refiro a muita da investigação que é feita. Se há bons exemplos, também há e não são poucos, casos de trabalhos de investigação muito duvidosos. Aliás muitos professores universitários inventam trabalhos e cursos apenas para justificarem a manutenção do seu posto de trabalho.
As universidades portuguesas são um verdadeiro antro de promiscuidade e leviandade, onde os professores fazem o que querem, dão as aulas que querem e como querem, apenas pensam nas suas teses e investigações e em conseguirem subsídios para os seus trabalhos.

Orlando disse...

Porque é que o Pedro nunca escreveu nada sobre a vergonha que se passa em muitas das universidades privadas criadas no tempo do cavaquismo e que venderam canudos a muitos ministros de agora? Isso é que é negócio. Um negócio vergonhoso de que Relvas e outros beneficiaram.
Aliás porque é que o Pedro nunca escreveu nada sobre a forma como o ministro Relvas se licenciou? Partidarite aguda não é?

Anónimo disse...

Há pior que os politécnicos. Ao Relvas, por exemplo, subiram as notas por acabar antes do previsto!

Anónimo disse...

Eh! eh!

Então o relvas deve ter saído de lá com média de 35!... Acabou antes de ter começado!