Aqueles que hoje vão aderir ao protesto do movimento "Que se lixe a troika", impulsionador da manifestação do passado dia 15 de Setembro, defendem a queda do Governo e a saída da troika de Portugal. Estas são duas das razões que me levam a não aderir a este movimento de protesto.
Não nego a importância de fazer ver aos nossos governantes a insatisfação que grassa no país pelo estado a que chegámos, tanto ao nível da redução do poder de compra das famílias, como no que respeita ao aumento das famências e do desemprego: sinais evidentes do empobrecimento do país. O direito à liberdade de expressão e à contestação não pode ser coartado, desde que essa liberdade seja efectivada de forma responsável, sem injúrias e sem violência.
Agora, não posso concordar com os pressupostos que baseiam a manifestação de hoje: ignora tudo aquilo que nos conduziu à situação de bancarrota, faz tábua rasa da acção irresponsável dos governos que obrigaram a que recorressemos à ajuda externa e defende algo que considero pouco sensato, visto que a saída do actual Governo tornaria o país ingovernável, bem ao estilo italiano.
Se a manifestação tivesse outros pressupostos até a poderia apoiar. Se fosse uma manifestação de contestação contra a situação a que os sucessivos governos nos conduziram, sem deitar as culpas apenas em cima deste governo e da troika (como se os anteriores nada tivessem que ver com o estado a que chegámos) o carácter apartidário e independente da manifestação seria mais evidente e, certamente que aí, o apoio de muita gente que não esquece o passado seria maior.
9 comentários:
Vi logo que tinha de ser um boy laranja
«Se no próximo dia 2 de Março voltarmos a assistir a uma manifestação ordeira como a que ocorreu no último 15 de Setembro estaremos na presença de uma nova fase do ideal contestatário, imune a partidos e sindicatos, e assente no poder das redes sociais para aglutinar gente de várias proveniências etárias e sociais e que sentem a necessidade de manifestar a sua desilusão com o poder político que nos governa.»» Isto escreveu você ali em baixo, há uns dias. E agora, depois das manifestações ordeiras com gente de todas as idades e classes sociais na rua, escreve esta coisa inqualificável. Não tem um pingo de vergonha na cara? Decência diz-lhe alguma coisa? Afinal que espécie de ser humano é você?
Francisco
Caro Francisco, está a confundir as coisas. O que escrevi antes e que você relembra muito bem não entra em contradição com o que escrevi a propósito da manifestação de ontem.
De facto, estamos na presença de uma nova fase do ideal contestatário, assente na força das redes sociais.
Agora, isso não me impede de discordar dos objectivos que se pretendem alcançar com estas manifestações. Protestar é salutar. Já exigir a demissão do Governo parece-me um disparate, tendo em conta a situação que vivemos.
Por outro lado, seria perigosíssimo estarmos a abrir um precedente de demitir Governos com base em manifestações.
Mas, há algo de diferente entre a manifestação de Setembro e a de ontem. É que ontem ficámos a saber que é gente do Bloco de Esquerda que está por detrás deste movimento. Antes não se sabia...
De resto, o Francisco poderia ser mais concreto naquilo que não gostou de ler no meu artigo. Até porque eu respeito aqueles que foram à manifestação e até compreendo as suas intenções, apesar de discordar que a manifestação constitua factor suficiente para demitir um Governo. Mal estaria a democracia se estivesse refém de manifestações!
Coitadinho do representante do movimento dos Reformados Indignados... Está assim porque a sua reforma passou de 40 mil euros para 10 mil...
É preciso ter lata. Esta gente vive na La La Land...
Muito bom o seu blog. Parabéns:-)
Prof. do Ens. Secundário a ganhar,25 anos de serviço, no ativo, muito menos do que um prof. reformado.
Correção:
Prof. do Ens. Sec., 25 anos de serviço, no ativo, a ganhar muito menos do que um prof. reformado.
Acabou de dar a notícia de que na Suiça há um tecto para o ordenado dos gestores. Tb. como deve saber, todos os reformados recebem o mesmo valor: 1.700 euros, independentemente de tudo o resto.
Claro está , que neste nosso país, algo assim nunca seria aceite...
Caro anónimo (porque razão não indica o seu nome?), o que o Governo tem feito ao nível dos reformados é muito simples: proteger os que têm reformas mais baixas e exigir aos que têm reformas mais elevadas (muitas vezes auferidas com base nos erros cometidos no passado) que tenham maiores cortes. Chama-se a isto aplicar a lei com base em preocupações de âmbito social: poupar os mais frágeis aos cortes e aplicá-los de forma crescente, conforme os rendimentos.
A figura a que se prestou Filipe Pinhal ilustra bem até que ponto é que os que têm mais são os menos solidários.
Já agora aquela professora aposentada da Sec. D. Maria de Coimbra (líder de um movimento de reformados) bem que podia dizer quanto recebe de reforma para percebermos que, muitas vezes, a falta de solidariedade intergeracional está mais patente nos mais velhos e naqueles que melhor recebem...
Exatamente!
Anónimo anterior que passa a denominar-se MJ:-)
Este blog denuncia logo um boy laranja da burguesia Viseense!
Viva durante uns anos com o ordenado mínimo, sem internets e outras mordomias, e depois venha escrever as coisas do mundo real...
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