segunda-feira, junho 24, 2013

A caminho dos 4 milhões de pensionistas!!!

O diário "The Washington Post", um dos jornais mais lidos nos EUA, deu destaque na capa de hoje ao período difícil que Portugal atravessa, destacando a crise demográfica como um dos problemas com consequências mais nefastas com que Portugal terá que se confrontar nas próximas décadas.  
Há anos que escrevo sobre este assunto. Com a redução drástica verificada no índice sintético de fecundidade (longe dos 2,1 filhos necessários para a renovação de gerações), acompanhada de uma crescente esperança média de vida e, no actual período de crise financeira, com o aumento da emigração e a diminuição da imigração, Portugal apresenta-se, à escala mundial, como um dos países mais envelhecidos e com maiores dificuldades para inverter o actual estado de coisas.
Vejam-se apenas os dois gráficos que aqui apresento. O índice de renovação da população activa, que compara a população que está a entrar no mercado de trabalho com a população que está prestes a entrar na idade da reforma, está desde há 12 anos em queda livre. De facto, desde 2010 que o número de pessoas potencialmente a sair do mercado de trabalho (pessoas dos 55 aos 64 anos de idade) não é compensado pelo número de pessoas potencialmente a entrar no mercado de trabalho (pessoas com 20 a 29 anos de idade). No ano passado, por cada 100 pessoas potencialmente a sair do mercado de trabalho apenas 89 estariam potencialmente a entrar no mercado de trabalho.
E, se analisarmos a evolução do número de pensionistas, este já ultrapassa os 3 milhões e meio,  num país com pouco mais de 10 milhões de habitantes. Se a estes juntarmos 1 milhão de desempregados, mais as largas dezenas de milhares de pessoas que vivem do rendimento social de inserção e os cerca de 550 mil funcionários públicos, então facilmente chegamos à conclusão que mais de metade dos portugueses vivem à custa do Estado.
Ora, com cada vez menos jovens e um número crescente de idosos, torna-se evidente que urge avançar-se com a reforma da Segurança Social. Sem esta reforma, corre-se o sério risco de em poucos anos deixar de haver dinheiro para garantir as reformas daqueles que hoje descontam para as pensões que actualmente são pagas aos idosos.
Já lá vão dois anos desde que este Governo tomou posse e não há forma de PSD e PS se entenderem sobre a reforma de Segurança Social. O "The Washington Post" descreve Portugal como um país envelhecido, sem esperança e triste. Com uma natalidade tão baixa, uma emigração galopante e o rápido envelhecimento  a que assistimos na população portuguesa, há que, rapidamente, fazer algo relativamente à demografia portuguesa. Sim, porque o envelhecimento não tem de ser uma fatalidade. Basta que  se concretize uma verdadeira política de apoio às famílias com filhos...

5 comentários:

Farto dos políticos disse...

Pois basta. E é isso que o seu PSD tem feito???

Pedro disse...

Infelizmente, ainda não tivemos em Portugal nenhum governo que concretizasse uma verdadeira política de apoio às famílias que têm filhos.
E essa política não deve ser feita à custa de pequenos "analgésicos" como os abonos de família, mas sim com medidas realmente eficazes, como a conciliação da vida laboral com a vida familiar e a aplicação de uma política fiscal que discrimine positivamente as famílias que têm filhos...

Farto dos políticos disse...

Então se é isso que pensa, posso perguntar-lhe o que distingue o PS do PSD, neste caso?

Pedro disse...

Eu sei que vai discordar do que vou escrever, mas há uma diferença óbvia ao nível da responsabilização: desde 1995 até Portugal ter sido resgatado da situação de bancarrota, o PSD esteve 3 anos no poder, enquanto que o PS esteve 13 longos anos no poder...
Ora, se entre 1985 e 1995, os governos de Cavaco Silva foram reconhecidamente governos em que foram dados importantes passos ao nível dos direitos sociais, já nos 16 anos que se seguiram foram sobretudo os (des)governos socialistas que trataram de "afundar" o nosso país. E é claro que, em tempo de resgate da troika, não é de esperar que ocorram grandes novidades ao nível das políticas de apoio às famílias. Infelizmente...

Farto dos políticos disse...

"E é claro que, em tempo de resgate da troika, não é de esperar que ocorram grandes novidades ao nível das políticas de apoio às famílias", diz o Pedro. Isso não é absolutamente verdade, pois basta lembrar que, com crise ou sem crise, o dinheiro nunca falta para as mordomias que vão para os do costume, ou para injectar dinheiro nos bancos, ou outras patifarias do género, como reformas obscenas, indemnizações a gestores de empresas públicas e etc, etc...
Mas mesmo que fosse verdade, também se pode argumentar que, se houve de facto progressos entre 1985 e 1995, esse foi o período em que o dinheiro entrado via CEE no nosso país foi a rodos. E toda a gente sabe que esse dinheiro, em grande parte dos casos, foi muito mal utilizado. Ou seja, em vez de resolver muitos dos problemas, apenas os mascarou, a tal ponto que, pouco tempo depois, estamos na situação em que estamos. E isso, apesar de o PS ter muita culpa (ou mesmo a maioria dessa culpa) não iliba de modo nenhum o PSD.
Já agora, acrescento que este artigo é extremamente preocupante, pois a situação que e retratada, além de muito grave, é uma situação que não se vai inverter no curto, nem sequer no médio prazo. E mesmo no longo prazo, só em circunstâncias muito favoráveis, ou seja, bem diferentes das actuais.