sexta-feira, maio 12, 2006

Not Made in Portugal

É impressionante e muito triste o que se passa com a nossa indústria têxtil! E, apesar de enquanto cidadãos, darmos a entender que nos preocupamos com esta situação, enquanto consumidores, assobiamos para o lado...
Nos últimos dias tenho ido com a minha esposa e filhota às compras pelo Shopping do Fórum Viseu, já que, com a aproximação do baptizado da nossa Diana, temos que fazer uma série de compras de vestuário. Ora, enquanto mãe e filhota se entretêm com o veste e despe de camisas, calças e demais acessórios, eu vou-me distraindo a analisar a proveniência das peças de roupa de marcas como a Mango, a Zara, a Stradivarius ou a Salsa. Ora, a verdade é que a grande maioria dos artigos destas lojas têm na etiqueta "made in China", "made in Marocco", "made in Indonesia", "made in India" , e muitos outros países que se aproveitam de mão-de-obra barata e sobre-explorada.
E, por cá, o que temos? Uma indústria têxtil que definha a olhos vistos, com dezenas de empresas que, todos os meses, encerram e deixam no desemprego centenas de trabalhadores. Por outro lado, a UE parece não ter força política suficiente para se impor face ao comportamento destes países do Oriente e do Norte de África...
E, nós lá continuamos a adquirir produtos que, apenas por serem de marca, conseguem enormes vendas, esquecendo-nos que muitos desses artigos são produzidos por pessoas mal pagas e sem direitos laborais, sendo muitas delas crianças...

3 comentários:

Ralf Wokan disse...

Prezado Pedro,
tema: "artigos são produzidos"
O quê é um "produto" ?
Um produto tem varios "factores":
Ideia,decisão,matéria prima,mão-de obra,embalagem, marketing, transport, colocação, after-sales-service, controlo.....

Por isso "pessoas mal pagas" não produzem nada mas sim "causam custos" dos produtos.

Infelizmente ninguém em Portugal quer "produzir" !

Os Portugueses não "vendem produtos" mas sim "arendam horas de utilização de maquinas e pessoal"
Todo além disso (99 % das decisões que faz um produto)fica na responsabilidade do "cliente".

O cliente é sempre um produtor, um arquitecto de texteis, que só precisa de "trolhas" que cumprem as ordens.
Os "compradores" na Alemanha nunca receberam uma oferta das fábricas Portuguesas.
Os compradores das centrais de compras querem comprar directamente em Portugal mas não há ofertas !

A propriedade dos texteis "feitas" (!) em Portugal muda de fábrica para o comprador ainda em solo portugues.
Ergo:
Nem sequer deviamos falar de uma "exportação portuguesa" porque o transport e decidido, pago e controlado pelos compradores e nunca pelos Portugueses.
Um "fabircante" faz o papel de ser o "agente do cliente" dentro da própria empresa.
"Age" por que o cliente manda.
Mas não produz nada em nome próprio.

Prezado Pedro, sou grande amigo de Portugal, da história, da cultura, da música, das pessoas.

Mas quando os Portugueses falam mal da "produtividade dos trabalhadores" (que é melhor em Portugal do que na Alemanha !) é querem aumentar a produtividade eu não sei, se devia rir ou chorar..

Exemplo:
Os produtores de texteis são como criadores de gado.
O gado "mirandes" é o melhor que há, a qualidade de texteis é boa, Portugal está perto, tem maquinas, spare-parts, trabalhadores trainados, tem tudo !

Mas quando um responsável vê um "fabricante" de texteis numa feira isto é como um criador está presente com uma vaca gorda e bonita.

Infelizmente ninguém quer comprar "vacas" mas sim "carne picada", "costeletas" etc.

Mas as "oficinas portuguesas do ramo textil" continuam a espera dos produtores que "pedem" o favor der serem atendidas.....
Estes compram em Asia.

A "comercialização" da "materia prima" portuguesa (os artigos feitos em fábricas) é cara demais.

Mas os fabricantes não querem nem produzir, nem comercializar, nem fazer decisões...

Cumprimentos
Konrad

IsaMar disse...

É lamentável esta situação...mas é uma realidade.
Qualquer dia são os Espanhóis que irão tomar conta de tudo...

fica bem

AnaCristina disse...

É muito complicado essa situação.
Cada vez acredito mais que temos bons trabalhadores mas péssimos patrões...

e na Industria textil, isso vê-se claramente!