quarta-feira, outubro 17, 2012

O Portugal que temos...

Por estes dias, uma das frases que mais se ouve é: "Os ricos que paguem a crise!". Muitos dos comentadores que surgem nos noticiários a falarem sobre os tempos de austeridade que estamos a viver criticam o Governo por imputar à classe média grande parte dos sacrifícios.
Ora, seria bom que muitos destes "pseudo-entendidos" na matéria parassem um pouco para pensar sobre o país em que vivem. É que, apesar de sermos um país desenvolvido, não somos um país rico. De facto, embora tenhamos uma boa classificação no Índice de Desenvolvimento Humano (indicador utilizado pela ONU para medir o grau de desenvolvimento dos países), a verdade é que se formos analisar a distribuição dos rendimentos das famílias portuguesas o que mais sobressai à vista é o elevado peso de famílias da classe baixa e da classe média-baixa. Ou seja, Portugal é daqueles países que sem grandes riquezas, consegue apresentar um nível de desenvolvimento bastante interessante. Basta reparar que, em 2011, dos 187 países analisados em termos de riqueza, saúde e educação a nível mundial, apenas 47 são considerados como países de desenvolvimento elevado, sendo que Portugal surge neste grupo de países no lugar 40º, por via dos enormes progressos verificados na década de 1980 e 1990 em termos de acesso à saúde e à educação. Pena é que os governos socialistas dos últimos 15 anos tivessem desperdiçado tantos recursos em auto-estradas, aeroportos e outras obras de utilidade, no mínimo, duvidosa! Em termos económicos, embora, não tenhamos grandes riquezas, a aposta no turismo e nalguns produtos específicos, como o vinho, a cortiça, os têxteis e o calçado, entre outros, propiciam-nos um PIB razoável.
Ora, se analisarmos os dados relativos à distribuição dos agregados familiares por rendimento anual disponível (dados disponíveis na Pordata), verificamos que a classe alta, em Portugal, não atinge 2% dos agregados familiares. Ou seja, não temos ricos suficientes para lhes imputarmos todos os sacrifícios da austeridade. Portanto, o argumento "dos ricos que paguem a crise" cai pela base! Por outro lado, abundam os agregados familiares considerados como pertencentes à classe baixa (mais de 2 milhões de agregados familiares, ou seja, quase 40% das famílias), pelo que se torna inevitável que seja a classe média a sofrer os efeitos da austeridade.
Seria bom que aqueles que criticam de boca cheia o empobrecimento da classe média portuguesa, conhecessem um pouco melhor o país em que vivem! Temos três milhões de pobres (os que vivem com um rendimento mensal inferior a 365 euros), os ricos são pouco mais de 50000 agregados familiares (taxados a mais de 50% no IRS, mais os impostos acrescidos nos bens imóveis e capitais), pelo que o grosso dos sacrifícios terá que, invariavelmente, recair na classe média. 
Quanto a alternativas credíveis (aquelas que implicam valores significativos na diminuição das despesas e de aumento das receitas), continuo sem ver nada!!! Se a alternativa for rasgar o memorando de entendimento com a troika ou sair da UE, então nem vale a pena argumentar mais...

14 comentários:

Anónimo disse...

Quer alternativas? Eu dou-lhe alternativas:
- redução do número de deputados;
- acabar com subsídios e subvenções, dos deputados e toda a classe política;
- reforma aos 65 anos para todos os cidadãos (eles incluidos, os que estão reformados voltem ao activo!);
- fim das frotas de luxo, para se deslocarem andem de transporte público ou em viatura própria se quizerem (se não que vão para o c@xxxxx! a ver se me importo);
- fim dos subsídios de deslocação e das ajudas de custo, o estado tem muitos imóveis e quarteis fechados a precisar de uso, durmam lá, se quizerem;
- recebam o subsídio de almoço igual ao de qualquer outro funcionário público e usem as cantinas do estado... há muitas em Lisboa (acabe-se de vez com a vergonha que são as refeições «gourmet» da assembleia da república);
- viaturas oficiais - apenas é necessário uma frota muito reduzida de automóveis em condições, concordo, mas que os comprem a pronto e os utilizem até ao limite - não interessa se andam num mercedes 500 sel com 40 anos ou com 2... não estão lá para passar modelos, estas viaturas só sairiam em cerimónias oficiais, pelo que bastaria apenas um motorista para cada um, que entrementes até poderia desempenhar outras funções noutro lado;
- o mesmo para com as residências oficiais, que sejam mantidas em condições, mas que apenas sejam usadas em cerimónias oficiais - se fizer contas sai mais barato manter estas «carraças» num hotel de 5 estrelas do que os deixar utilizar os palácios;
- todo o político que se reforme, reforma-se mesmo (aos 65 como os outros)! não mete mais a peida em cargo nenhum, vai para a sua casa e deixa de beneficiar de todas as regalias inerentes ao desempenho do cargo (isto é mais para os ex PR), e não precisa nada de viaturas do estado nem de segurança, nem de mais coisa nenhuma (sabemos como é difícil pagar todas as contas com as suas reformas de miséria!) Que passe à condição de vulgar cidadão, já fez as contas de quanto custam esses trambolhos todos ao estado ao fim do mês? É que ainda por cima são os deputados, os ministros, os PR's, ...... todos os anos há cada vez mais, muitos com 40 anos de idade, já viu se duram todos até à idade so soáres? Que não morre nem que o matem (e olhem que o maior favor que este gajo fazia à nação era morrer!);

Anónimo disse...

- sentar no banco dos réus todos os palhaços que passaram pelo governo e são culpados do estado a que isto chegou;
- expropriar-lhes todos os seus bens, caso se verifique a sua culpa (aqui seria bom julgá-los num tribunal tipo Haia, para não termos uma enorme repetição de isaltinos!);

Agora vou jantar, mas se não ficar satisfeito tenho muitas mais ideias! Faça as contas àquilo que falei e veja se não ajudava bastante?

Um abraço

Anónimo disse...

Eu já as fiz!

Anónimo disse...

Deixei um bife a meio para vir aqui dizer outra fundamental:
- APENAS uma câmara municipal por distrito, sendo que as condições seriam exactamente as mesmas referidas antes,...

Faça as contas e veja a poupança!

Pedro disse...

Caro anónimo (mas porque não apresenta o seu nome?), fiz as contas por alto às suas propostas e pode crer que as mesmas não atingem sequer 1% do défice deste ano. São, como se costuma dizer, trocos!
É que é bom que se saiba que o nosso défice é, actualmente, superior a 5 mil milhões de euros. Sim, leu bem: cinco mil milhões de euros (a diferença entre o que o Estado arrecada com os impostos e o que gasta nas múltiplas despesas que tem).
Ora, este valor é que tem vindo a engordar a nossa dívida pública. E lembre-se que no último Governo de Sócrates o défice foi de cerca de 10 mil milhões de euros!!!
As suas propostas, embora meritórias, não passam de trocos para a despesa total do Estado.
Isso não quer dizer que discorde das suas propostas. Bem pelo contrário! Mas, acredite que a poupança dessas poucas dezenas de milhões de euros não chegariam para reduzir uma décima do nosso défice.

Júlio disse...

É verdade, somos um país com muitos pobres, alguma classe média e pouquissimos ricos. Por isso quem é que deveria pagar a crise? A classe média, claro está!

Anónimo disse...

É verdade, são trocos!

Mas acontece que nas minhas contas, passa os 3%!

Não deixam de ser trocos, mas a moral que dava ao povo e a legitimidade que lhes dava a eles era outra!

- fim dos «subsídios às campanhas eleitorais» - não deixando de ser mais alguns trocos - temos (por enquanto) uma televisão pública, que a façam por esse canal! Todos os partidos proponentes a um cargo político teriam o mesmo tempo de antena na televisão pública, sendo que para reduzir as injustiças seria proibido fazer campanha de outra forma!

São mais uns trocos de algumas dezenas de milhar de euros, que a juntar aos anteriores trocos...

um abraço

Pedro disse...

Está a ver que são uns trocos! E fazendo bem as contas não chegam a 3% do défice. Essa propostas poderiam originar uma poupança que não chegaria aos 100 milhões de euros, o que não chega sequer a 1% do nosso défice orçamental!
Mas, concordo consigo que mais vale uns trocos do que nada.
A questão principal é que estes trocos não seriam suficientes para aliviar a carga fiscal que vamos ter em 2013 e que tantos criticam.

Nan disse...

Pedro, desculpe lá, mas imputarmos não tem hífen. O «mos» só se separa quando é pronome, ou melhor, contracção de pronomes (me, ou seja a mim + os).

Pedro disse...

Nan, descanse que está desculpada, mas isso parece-me mais cinismo do que propriamente outra coisa.
Vou-lhe explicar: só não se engana quem não escreve e se me enganei é porque escrevii depressa sem reler. Aliás, quem escreve muito sujeita-se a errar. Mas, obrigado pela preocupação!
Escusava era de vir com explicações de gramática, pois isso é prova de cinismo e mania de superioridade. Não lhe fica bem.
PS - Escrevi sem reler. Se encontrar um erro já sabe a razão.

Nan disse...

Mania da superioridade tem você que dá explicações tontas e alicerçadas unicamente na sua adesão cega ao PSD. Tentei uncamente impedir que o seu artigo continuasse com erros de ortografia. Mas descanse, que o seu desprezo patético é-me indiferente. Não me insulta quem quer, insulta-me quem eu deixo. Cresça e apareça, jovenzinho...

Pedro disse...

A Nan apresenta o típico comentário de quem tem a mania da superioridade assente na idade mais avançada: "cresça e apareça, jovenzinho". É pena...
Como se a idade, nos dias de hoje, fosse sinal de maior lucidez ou de melhor compreensão das coisas. E mesmo a experiência não significa maior qualidade profissional.
Enfim, tenho pena que a Nan envereda pela solução mais fácil: a de desistir de argumentar de forma séria e preferir a desconversa. É que vejo-a mais a mandar bocas do que a apresentar ideias e alternativas claras.
Não estamos no tempo da ditadura salazarista, em que os mais velhos é que sabiam tudo...

Anónimo disse...

Você é realmente fantástico!
Quer idéias alternativas, mas não as aceita, diz respeitar os outros mas fica ofendido se o confrontam com a suas próprias falhas!
Ademais «Errare humanum est», ninguém aqui é uma máquina! Acontece, basta-lhe admití-lo com serenidade... o povo é sereno!

Já agora, e de forma a que melhor compreenda a explicação da Nan, é como, por exemplo, chuparmos (quando somos dois) e chupa-mos (quando eu lhe sugiro a acção de chupar).

Um abraço e não se aborreça!

BlueShell disse...

...xiiii...eu logo vi que era novito ...uma criança ainda...estava-se mesmo a ver!!!
Está explicado...tudo!