segunda-feira, agosto 22, 2005

Com tantos planos, o que se pode esperar?

Depois do Primeiro-Ministro ter regressado de quinze dias de férias no Quénia é que o Presidente da República se lembrou de vir a público dizer o que pensa sobre os incêndios que deflagram por este Portugal fora...
Sampaio veio com a conversa do costume: que é necessário apoiar os bombeiros, que urge ser-se solidário, que interessa prevenir, que é importante saber as causas dos fogos florestais e que é imprescindível planear... Nada de novidades. Nem sequer teve coragem de repreeender o chefe do Governo pela prova de desprezo que demonstrou ter com o povo português ao não querer encurtar as suas férias...
Quanto ao planeamento de que deve ser alvo a floresta portuguesa, falar é fácil. O pior é concretizá-la. Eu bem percebo a ideia do caro Congeminações, mas será que um dos problemas do sector florestal, entre muitos outros, não é precisamente a excessiva mania de planear que existe em Portugal? É que, não tenhamos dúvidas: o processo de planeamento é importante, mas quando temos planos que se contradizem entre si, o resultado não pode ser muito benéfico.
Ora vejamos: são os Planos Regionais de Ordenamento do Território, os Planos Regionais de Ordenamento Florestal, os Planos de Defesa da Floresta contra Incêndios, os Planos de Desenvolvimento Sustentável da Floresta Portuguesa, os Planos Municipais de Intervenção na Floresta, os Planos Directores Municipais, os Planos Intermunicipais de Intervenção na Floresta, os Planos Zonais das Áreas Protegidas, os Planos Orientadores de Prevenção, entre muitos mais planos... Com tantos planos, a sobreposição e a contradição é mais do que inevitável.
Não seria melhor intervir à escala municipal? Para quando uma verdadeira política de defesa do municipalismo, onde as Câmaras Municipais possam ter competência e meios suficientes para intervir junto dos proprietários florestais e das comunidades locais na defesa da floresta? E, já agora, que a fiscalização seja levada a séria, tanto para as autarquias, como para o proprietário florestal. Entretanto, a floresta portuguesa continua a arder...

3 comentários:

Anónimo disse...

pois é a floresta vai ardendo ....
tens razão quando falas da ausencia de planos de prevenção.
só me questiono de uma coisa: todos os anos é sempre a mesma coisa..porque é que ainda não houve uma mudança?
será necessário chegarmos a esta calamidade para então haver uma alteração comportamental?
penso que agora com a ajuda da comunidade europeia haverá mais atenção... veremos.

Pedro disse...

Caro Rajodoas, concordo em absoluto com a primeira parte do seu comentário. No entanto, termos um excessivo número de planos é o mesmo que termos desordenamento.
Agora, acho que não me fiz entender plenamente. Eu defendo que os municípios devem ter uma intervenção mais activa e responsável na defesa da floresta portuguesa. Mas penso que é suficiente que exista um plano nacional que sirva de base aos planos municipais, já que cada município tem as suas próprias características de relevo, clima, vegetação, etc...
Quanto à incompetência dos municípios, olhe que uma árvore não faz uma floresta. E, a verdade é que se alguns Presidentes de Câmara têm feito disparates por este País, também é verdade que muito do que se tem feito de positivo em muitos concelhos de Portugal se deve às políticas de escala municipal...
Confusão e excesso de competências e de autoridades é que não...

Anónimo disse...

best regards, nice info » » »