quinta-feira, setembro 01, 2005

Regresso ao trabalho

Depois de uma semana de descanso por terras magníficas do Gerês e agora que as baterias já estão "recarregadas", é tempo de voltar ao trabalho e à escrita. Ora, neste primeiro artigo depois das férias, poderia vir aqui escrever sobre os incêndios deste Verão, os anúncios da desistência acobardada de Alegre ou do avanço arrogante de Soares à Presidência da República, do terrível furacão que assolou Nova Orleães ou do regresso das campanhas autárquicas à ordem do dia. Mas não... Decidi-me por retornar ao tema a que me tinha referido no meu último artigo: a vida de professor...
Pois é, como tinha previsto, nos últimos três dias, depois de várias semanas em que o tema da Educação parece ter estado arredado das primeiras páginas dos jornais, eis que voltamos à conversa de sempre: publicadas as listas de colocação de professores, os sindicatos da educação emergem da "maresia" por onde tinham andado e voltam à carga com anúncios de manifestações e greves contra a política de recrutamento de docentes vigente em Portugal. FENPROF e FNE aproveitam-se de mais de uns largos milhares de novos desempregados para voltarem à sua rotina de propaganda eleitoralista.
Quanto à actuação da Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que é pouco dada a aparições públicas, continua tudo na mesma: as vagas em quadro de escola e de zona são insuficientes para preencher a oferta de docentes existente, mas, mesmo assim, continuam a abrir centenas de vagas nas universidades públicas e privadas para a frequência de cursos do ramo educacional; continuam a proliferar escolas com 30 alunos por turma, sem se dar prioridade ao sucesso escolar; as ajudas de custo de transporte e alojamento na função pública parecem continuar a ser privilégio só de alguns (como os juízes), enquanto há professores que vão leccionar a centenas de Kms da sua área de residência, sem que isso pareça ser importante para a tutela...
A ver vamos quais vão ser as medidas de fundo que este Ministério da Educação irá implementar, depois de quase meio ano em que nada de novo aconteceu na área da educação, a não ser o alargamento da componente horária dos professores e do congelamento das carreiras... Quanto ao sucesso escolar, parece que esta equipa ministerial está pouco interessada em fazer algo nesta matéria...

5 comentários:

crack disse...

Gostaria de que o mendonça concretizasse um pouco o trabalho que vê, explicitando ainda as premissas em que baseia a sua conclusão sobre a competência da Srª Ministra.

AnaCristina disse...

Se a Sra Ministra não aparece porque trabalha, isso é bom.
Agora o facto é que alguma coisa tem que se fazer aos desempregados professores. Mas acho que, a montante, se deviam limitar as vagas nos cursos de ensino. Se há excesso, porquê mais?
Obviamente, as universidades não têm interesse nisto.
E a gente continua assim...

M.B. disse...

Amigo Peixoto, já tem novidades quanto ao ensino. Aguardo comentários...

Pedro disse...

Caro Gaspar, no seu comentário deve estar a referir-se ao anúncio em pleno comício do PS (que falta de gosto!!!) da possibilidade dos professores (serão os do quadro de escola ou do quadro de zona?) poderem ficar vinculados a uma escola por três ou quatro anos...
Ora, o que lhe posso dizer quanto a esta notícia é que não se pode deitar foguetes antes da festa, até porque ainda falta saber os contornos desta medida. É que se o objectivo for continuar a ter professores longe de casa, não por um ano, mas logo por três ou quatro, ninguém sairá beneficiado...
Portanto, teremos que esperar para ver. Quanto ao local escolhido para fazer este anúncio, que sabe a pouco, apenas uma palavra: vergonhoso...

M.B. disse...

Caro Pedro. Até a Visão reconheceu o mérito da Ministra da Educação no arranque do ano lectivo deste ano. Mas sobre isso não fala. Ou será que é impossível dizer bem de uma ministra da educação? Nunca conseguirá resolver todos os problemas dos professores de uma só vez, mais vale que vá reconhecendo as melhoras à medida que elas vão surgindo.